O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pieguice: sentimento bem distribuido na terra...

Todo mundo tem dó dos coitadinhos. Só não se perguntam quem é que vai pagar a conta da caridade.
Alguns anos atrás, escrevi um artigo intitulado interrogativamente:

Estaria aumentando o número de idiotas no mundo? (podem procurar em meu site que está em algum lugar...)

Hoje eu já não perguntaria mais, pois tenho certeza que sim...
Paulo Roberto de Almeida

Não existe almoço de graça
LUIZ FELIPE PONDÉ
Folha de S.Paulo, 27/076/2011

"Bleeding hearts" é como são chamados pelos conservadores esses teenagers da política

A EUROPA ESTÁ em chamas pelo medo da dissolução da União Europeia. No Brasil, os defensores dos direitos dos imigrantes ilegais na Europa ainda se aferram à imagem adolescente de que o continente deve receber "todo mundo", numa conta infinita a ser paga pela colonização.
Não existe almoço de graça, mas tem muita gente, que normalmente não paga o almoço, que não sabe disso ou finge que não sabe.
A atitude é adolescente porque essa gente que grita contra a "direita" europeia (que cresce à medida que os países vão falindo) não pagaria um sanduíche para um estranho, mas acha que os europeus devem pagar comida, casa, hospital e escola até para os ilegais. A recusa em entender isso só piora as coisas.
O que me assusta é como gente grande pode ter sido contaminada por tamanha infantilidade em termos de análise política e social. O filósofo da vaidade, Rousseau (século 18), assim chamado por Burke (também do século 18), crítico dele e da revolução francesa, é muito responsável por esse absurdo, além do velho Marx.
"Bleeding hearts" é como são chamados pelos conservadores americanos esses teenagers da política.
O problema de países como Portugal, Espanha e Grécia é que não se pode ganhar como eles e gastar como franceses e alemães. Uma hora a casa cai.
Recentemente, conversando com um médico brasileiro que ficou um mês trabalhando num hospital importante em Bruxelas, especializado em câncer, fiquei sabendo dos absurdos do sistema de saúde da Bélgica.
A Bélgica deverá acabar em breve por conta do impasse de ser um país que reúne flamengos (etnicamente próximos dos holandeses) e belgas franceses e por isso não consegue formar um governo decente.
Lá, estrangeiros ilegais recebem mais direitos a tratamento médico do que cidadãos belgas. Funcionários belgas do hospital em questão falam disso com grande rancor. Quem aguenta isso?
Tudo bem que a Bélgica, dizem, foi o colonizador mais cruel da África (Joseph Conrad imortalizou a violência da colonização belga do Congo em seu monumental "Coração das Trevas"), mas até onde se pode pagar uma "conta" dessas?
Semelhante é o caso brasileiro e o absurdo do país ficar "sustentando" o Paraguai via Itaipu. Quando o governo brasileiro, por afinidade ideológica com o governo paraguaio, decide que deve aumentar a "contribuição" dada ao Paraguai por Itaipu, quem paga a conta é você através de seu trabalho e de suas agonias cotidianas. Legal, não? Você paga imposto para doar dinheiro para o Fernando Lugo, presidente do Paraguai, posar de "defensor de su pueblo".
Quando acordar de manhã, pense: "Opa, hoje tenho que correr de um lado para o outro pra mandar dinheiro para o Paraguai".
Claro que tem gente que diz que devemos muito ao Paraguai pelo que fizemos lá durante a Guerra do Paraguai, mas até onde essa história é verdadeira? Aconselho a leitura do "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil" do Leandro Narloch (Ed. LeYa), para aprender um pouco mais sobre esse mito que destruímos uma nação que marchava para ser um país perfeito sob a batuta de seu ditador Solano Lopez.
Calma, não se trata de ser insensível com o sofrimento dos mais fracos. Sei que o coro dos humilhados e ofendidos gritará, mas não o temo. Trata-se sim de perceber que o mundo não é o que um centro acadêmico pensa que é.
Pensemos numa situação hipotética. Imagine que tivéssemos um número gigantesco de imigrantes de países pobres entre nós. Agora imagine que eles tivessem mais direitos a saúde pública que você, que trabalha como um cão e que paga impostos extorsivos, como é o caso no Brasil e na Europa.
O que você pensaria disso? Você aceitaria sustentar pessoas que se mudam para a sua casa a fim de lá viver às suas custas?
Alguém sempre paga a conta e quando se tenta fechar os olhos à sangria que é bancar o crescimento de imigrantes (ilegais ou não) na Europa, a tendência inevitável é que radicais de direita sejam eleitos.
Quando você se "revoltar" contra isso, doe uma parte da sua grana para a África.

Com acucar, sem afeto...: o avanco do diabetes pelo mundo afora

Provavelmente os mais açucólatras do mundo são os habitantes da Micronésia, numa das raras demonstrações de suicídio coletivo que possa existir...

Charts, maps and infographics
Daily chart - Diabetes
Sugar rush

The Economist, June 27th 2011
The progress of a disease over thirty years

THE number of adults with diabetes more than doubled between 1980 and 2008, according to a new study led by Professor Majid Ezzati of Imperial College London and Goodarz Danaei at Harvard University and published in the Lancet. This jump is not quite as horrific as the numbers might initially suggest, because ageing helped push up rates. But a good 30% of the increase was caused by higher prevalence of diabetes across age groups. Obesity seems to be a main culprit; the authors found a high correlation between rising rates of diabetes and a rise in body mass index. The global leap masks considerable variation between the sexes and among regions. Across the world the rate of diabetes rose by 18% for men and by 23% for women, to 9.8% and 9.2% respectively. In some countries the gap between the sexes was more dramatic. In Pakistan, for example, rates jumped by 46% for men and by 102% for women. The highest incidence of all is found in the Marshall Islands, where more than a quarter of all adults had diabetes in 2008. America has lived up to its hefty reputation. Women’s rate of diabetes jumped 79%, something that has contributed to a decline in life expectancy among some groups. And once again, French women are the envy of the world. Rates there fell by 11.2%.

Brasil amplia leque de relacoes diplomaticas - Correio Braziliense

Diplomacia brasileira ganha força no país e no exterior
Tatiana Sabadini
Correio Braziliense, 26/06/2011

Aos 51 anos, Brasília hospeda 124 embaixadas e é a 13ª capital mais "frequentada" do mundo. Número de representações do país no estrangeiro também tem grande expansão

Brasília – Faltavam dois meses para inauguração da capital federal, em 1960, quando a primeira embaixada estrangeira foi inaugurada. Cinco décadas depois, a envergadura da política externa e a importância do Brasil como ator global fizeram do país destino cobiçado de missões internacionais. Brasília ocupa hoje a 13ª posição entre as 20 principais sedes de postos diplomáticos, à frente de capitais europeias como Madri e Viena. É a única representante da América do Sul no ranking.

A capital chega ao cinquentenário hospedando representações de 124 países e consolida uma posição de destaque. "É algo muito significativo para o Brasil. É sinal de grande interesse em um relacionamento com o país", afirma Tovar da Silva Nunes, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Atualmente, mais 13 países demonstram interesse em abrir embaixada no Brasil, segundo apuração da reportagem. Entre eles estão Afeganistão, Butão, Cazaquistão, Ilhas Fiji, Jamaica, Mongólia e Serra Leoa. Em recente visita a Washington, o chanceler Antonio Patriota reuniu-se com uma delegação do Barein, que também manifestou desejo de ampliar sua representação em Brasília, gesto que poderá ter a recíproca por parte do governo brasileiro. Para instalar uma missão em outro país, é necessário seguir um processo administrativo definido na convenção sobre relações diplomáticas. A ação pode durar dias ou meses e depende muito da rapidez do requisitante.

A escolha do embaixador é um ponto importante para o desenvolvimento da relação bilateral. Para começar, ele precisa ser aprovado pelo governo anfitrião e ter conhecimento para representar seu papel. "É ele quem interpreta o que é possível em um relacionamento bilateral e quais são os valores de um país. Ele nos indica o melhor caminho para a interlocução", aponta Tovar Nunes. Segundo o diplomata, a grande tarefa está em "decodificar os modos de comportamento de um país e seus interesses políticos e econômicos".

RECÉM-CHEGADOS
O Brasil recebeu 28 novas embaixadas desde 2003, grande parte de países africanos. O interesse cresceu com a mudança política externa no governo Lula, que multiplicou as representações brasileiras na África. "A evolução favorável dos países emergentes ajudou o governo a desenvolver isso, e a atuação do ex-presidente, pelo carisma e pela perseverança na cooperação com a África e a Ásia, determinou o aumento do interesse pelo Brasil", afirma o porta-voz do MRE.

Entre as missões diplomáticas que desembarcaram em Brasília nos últimos oitos anos está a de Barbados. A pequena ilha caribenha instalou seu representante em fevereiro de 2010, de olhos na cooperação sul-sul. "O Brasil é uma das grandes economias emergentes e tem um papel importante no nível regional e internacional. Na última década, nossa relação cresceu e temos acordos na área de saúde, técnica, educacional e cultural. Esperamos ajudar nossos empresários a desenvolver relações comerciais e esperamos que exista uma missão de comércio no Brasil, em futuro próximo", comenta a embaixadora Yvette A. Goddard.

Muitos países decidem fincar sua bandeira no Brasil, apesar da distância geográfica e cultural, pela importância internacional. "Para a amizade, nenhuma distância é muito grande", afirma Syed Ahmed Maroof, ministro da embaixada do Paquistão. "Nós trabalhamos juntos para expandir as relações bilaterais em todas as áreas, com um foco maior em projetos econômicos. As ligações de negócios entre os dois países estão crescendo fortemente, até mesmo neste aspecto as distâncias geográficas não têm significado", completa.

O Brasil mantém 132 embaixadas e, desde 2002, abriu 218 postos – entre eles também consulados, escritórios e representações. Agora, no governo Dilma Rousseff, o país não deve ampliar os horizontes diplomáticos na mesma intensidade dos últimos oito anos. A única embaixada aberta em 2011 foi em Libreville, no Gabão. "Por enquanto, é difícil expandir, porque já abrimos (representações) em muitos países. Estamos em um momento de estabilidade, empenhados a desenvolver o trabalho nesses postos, e estamos colhendo os frutos de uma crença no diálogo com a África", declara Tovar Nunes.

A piada da semana: ministro quer hackers no governo...

Poderia ser uma piada por dia, pois existe material para tanto, mas vamos ficar na piada da semana, para não inflacionar demais este blog com coisas de baixa qualidade intelectual, o que desmentiria a sua vocação para debates inteligentes.
Uma distração com besteirol por semana basta.
Portanto, vamos ao que leio na manchete do dia:

Ministro quer chamar hackers para trabalhar no governo
(Agência Estado)
Mercadante minimizou ataques; segundo ele, ativistas ajudariam a modernizar os portais do Planalto

Bem, eu não tenho nenhuma dúvida de que os hackers -- que o ministro chama de ativistas, enquadrando-os, portanto, na mesma categoria do terrorista italiano que é bem-vindo no Brasil e logo ganhará um emprego de escritor oficial de alguma ONG, ou quem sabe até?, no governo -- fariam muito, e facilmente, para melhorar um governo que parece claudicar no caminho da modernidade (onde mesmo fica a direção da modernidade?).
Resta saber apenas se eles serão pagos por tarefa, por dia (ou por hora), ou se serão contratados por um determinado período...
Paulo Roberto de Almeida

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Addendum em 28/06/2011:
Enviado por meu amigo Mario Machado, que merece esta promoção de comentário:

Seguindo a mesma lógica: Contrabandistas e traficantes ajudam a modernizar a segurança das fronteiras. E os bandidos que fogem da cadeia cumprem dever patriótico de reforçar a segurança dos presídios.

Governo barata tonta: custos da indefinicao - Marcelo de Paiva Abreu

Gastar menos e gastar melhor
Marcelo de Paiva Abreu*
O Estado de São Paulo, segunda-feira, 23.6.2011

As notícias das últimas semanas sugerem que o governo está ilhado e paralisado. Em política, a natureza também detesta o vácuo. Sucessivas crises políticas que põem em risco a brancaleônica coalizão governamental emergem em meio a marchas e contramarchas envolvendo temas em muitos casos de importância secundária. Enquanto isso, o governo mostra carecer de plano de voo em relação a decisões que são vitais para que o País cresça de forma rápida e sustentada nas próximas décadas.

Em meio às controvérsias sobre o caso Battisti, regras sobre o prazo de sigilo de documentos e o fantástico auxílio-refeição dos juízes, o debate sobre os assuntos econômicos continua atolado na cantilena habitual sobre o quanto a taxa cambial está sobrevalorizada e como o Brasil é recordista mundial no quesito taxas de juros reais positivas. Sempre omitindo o espetacular desempenho brasileiro no ranking mundial de distribuição de crédito público subsidiado.

É cansativo insistir: a alta taxa de juros reais resulta da necessidade de conter (ou tentar conter) a inflação nos limites determinados pelo regime de metas, dada a política fiscal. Alterações significativas da política de juros requereriam ou a "flexibilização" do regime de metas, permitindo inflação maior, ou a mudança de postura quanto à política fiscal, deixando de acomodar aumento de despesas com aumentos da carga tributária. O banzo com relação a políticas de intervenção com foco em juros e câmbio deve ser exorcizado.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo encomendou ao Instituto Ipsus pesquisa sobre "o que faria você perder o sono?". A resposta de 26% dos entrevistados identificou a inflação (e 7%, o aumento de taxas e impostos). Entre os mais velhos, que têm memória inflacionária direta, a proporção sobe a quase 40%. Algo para ser digerido antes de declarações precedendo a próxima reunião do Copom...

Se o regime de metas deve pelo menos manter as metas inflacionárias atuais, o caminho que resta ao governo, ao engajar-se em esforço coerente de redução das taxas de juros reais, tem que ver com as contas públicas, de tal forma que a poupança pública volte a ser significativa e cumpra o seu papel de catalisadora da poupança privada.

É natural que o ritmo de crescimento da economia concentre as preocupações do governo. Aumentar a taxa de crescimento desejada para algo em torno de 5% ao ano requer investimentos como proporção do PIB da ordem de 23%. Prioridade no aumento da poupança pública faz parte essencial de um processo de aumento gradual da poupança doméstica e consequente redução da necessidade de poupança externa.

As preocupações governamentais não se devem centrar exclusivamente nos níveis de investimento, mas também devem levar em conta em que medida aumentos na relação investimento/PIB refletem aumentos efetivos de capacidade produtiva. Se os gastos de investimento estiverem concentrados na aquisição de máquinas e equipamentos ou contratação de serviços de construção a preços elevados, a criação de efetiva capacidade produtiva será consequentemente reduzida. Manter o custo do investimento sob controle deve fazer parte da estratégia do governo quanto à manutenção do crescimento econômico. Isso significa pôr o foco sobre os custos de máquinas e equipamentos (cerca de 50% da formação bruta de capital) e da construção civil (cerca de um terço).

Embora as estatísticas brasileiras sobre investimentos no longo prazo sejam notoriamente deficientes, não há dúvida de que, em diversos momentos, as altas taxas de formação bruta de capital fixo em parte refletiram o aumento de preços relativos de máquinas e equipamentos, bem como de construção, num mercado fechado à concorrência internacional e desprovido de disciplinas efetivas de regulação da concorrência. A inflação alta também teve o seu papel.

Embora seja importante preservar a capacidade doméstica de produzir bens de capital, é preciso ter em mente que a manutenção de tarifa de importação sobre bens de capital relativamente alta (mesmo levando em conta as reduções referentes aos ex-tarifários) tem implicações relevantes sobre o custo do investimento. A política de compras da Petrobrás ilustra o argumento. Ao optar por um produtor nacional até o limite de preços de 35% acima dos preços praticados por produtores internacionais, revela a grande importância que atribui à criação de capacidade produtiva doméstica de equipamentos para a indústria petrolífera, mas onera significativamente seus custos de investimento, sem preocupações de definir a redução das margens de proteção no decorrer do tempo. Da mesma forma, há espaço para a adoção de políticas que estimulem a concorrência na provisão de serviços de construção civil com impacto significativo no custo do investimento.

A estratégia econômica do governo deveria ter como mote: "gastar menos e gastar melhor". Remanejamentos recentes da equipe governamental sugerem grande preocupação com a eficácia gerencial. Mesmo que se aceite que essa eficácia foi comprovada - algo que poderia ser questionado -, o que se pergunta é: de que adianta talento gerencial, se o projeto do governo não tem rumo?

*Doutor em Economia pela Universidade de Cambridge, é professor titular no Departamento de Economia da PUC-Rio.

Toda solidariedade aos anarquistas: uma seita destinada a durar...

Gostaria de expressar minha solidariedade aos anarquistas, uma tribo que resiste bem aos humores do tempo, e às mudanças do capitalismo (e do socialismo também).
Como eles nunca se deixaram seduzir pelo culto irracional dos marxistas ao poder do Estado, e aos equívocos monumentais do planejamento econômico centralizado, eles conservam intacta sua crença (infundada, claro) na possibilidade de abolição do Estado e da auto-organização dos trabalhadores (sempre existe uma esperança).
Eles não se contaminaram, assim, com as imensas bobagens cometidas pelos socialistas marxistas ao longo do século XX, como tampouco com os crimes cometidos em nome da fidelidade à causa do comunismo de tipo soviético, embora possam partilhar de algumas outras ilusões comunistas e ter cometido também sua cota de crimes políticos (na guerra civil espanhola, por exemplo, quando saíram fuzilando padres e freiras a torto e à direita, mas não à esquerda...).
Quanto ao dilema colocado pelo companheiro, ou camarada Danton (belo nome este, que não sei se é verdadeiro, ou apenas emprestado), sobre a encruzilhada do movimento anarquista, sinto decepcioná-lo e confirmar que minha opção vai por este caminho:

o movimento anarquista terá de se conformar, infelizmente "com a posição de crítico eterno situado além do bem e do mal (ou seja, além da prática): umbiguista, isolado, preocupado somente em manter a pureza dos quatro dogmas."

Acho que é isso, pois a outra opção, dar um
"salto qualitativo e decid[ir] converter-se em uma contribuição para os movimentos populares, cumprindo dessa maneira seu objetivo como movimento revolucionário",
não está em seu alcance fazê-lo, pois não existem classes sociais (menos ainda os trabalhadores) ou grupos outros que pretendam empreender uma ascensão e um processo revolucionário no Brasil. As classes populares estão mais interessadas em continuar consumindo o que for possível, comprar seus bens duráveis, e as classes verdadeiramente subalternas só querem ganhar uma prebenda do governo. Banqueiros e industriais, como de resto os capitalistas em geral, estão muito bem e não tem o que reclamar do atual governo da classe operária no Brasil, que quase já chegou ao paraíso (pelo menos a máfia sindical que a comanda).
Quanto aos anarquistas universitários, que são os que agitam essa seita, e publicam esses livros, eles vão continuar lutando pelos seus salários no sistema esclerosado da universidade pública e condenando o Estado burguês e a sociedade capitalista por essas injustiças.
Assim segue o mundo.
Paulo Roberto de Almeida

A Faísca Publicações Libertárias, do Brasil, anuncia a publicação do livro:
Problemas e Possibilidades do Anarquismo
de José Antônio Gutierrez Danton,
uma compilação de artigos realizada pelos organizadores, cujo conteúdo está a seguir:

Apresentação
Felipe Corrêa e Daniel Augusto de Almeida Alves

Algumas Palavras sobre a Razão de Ser deste Livro

A Organização Revolucionária Anarquista

América Latina: Problemas e possibilidades para o anarquismo

Os Problemas Colocados pela Luta de Classes Concreta e pela Organização Popular: Reflexões a partir de uma perspectiva anarco-comunista

Considerações sobre o Programa Anarquista

Sobre a Política de Alianças
Problemas em torno da construção de um pólo libertário de luta

A Importância da Crítica para o Desenvolvimento do Movimento Revolucionário
"Creio que o movimento anarquista está em uma encruzilhada: ou dá o salto qualitativo e decide converter-se em uma contribuição para os movimentos populares, cumprindo dessa maneira seu objetivo como movimento revolucionário, ou, pelo contrário, se conforma com a posição de crítico
eterno situado além do bem e do mal (ou seja, além da prática): umbiguista, isolado, preocupado somente em manter a pureza dos quatro dogmas. [...] Talvez não estejamos de acordo em tudo o que está dito aqui, mas talvez estejamos de acordo no mais importante, que é como fazer do anarquismo revolucionário algo relevante para esses milhões de pessoas que buscam uma sociedade diferente, mais justa e mais humana."
José Antonio Gutiérrez Danton

Ver a capa: http://www.anarkismo.net/article/19934

Em breve será publicada no portal Anarkismo.net uma resenha de um dos
apresentadores e organizador da compilação.

Related Link: http://www.editorafaisca.net.

Juros no Brasil - Ilan Goldfajn (um debate relevante)

A longa travessia para a normalidade: juros reais no Brasil
Ilan Goldfajn
Valor Econômico, 27/06/2011, pág. A14

Quanto mais os indivíduos preferem o consumo à poupança no presente, maior é taxa de equilíbrio.

São Paulo - Parece uma eternidade. Mas foi há menos de uma década. O circo estava pegando fogo e eu me sentei para escrever um texto1. Não era algo natural. A crise de 2002 estava instalada e, na diretoria do Banco Central (BC), nos ocupávamos do intenso dia a dia. O Brasil estava no meio do furacão e a comunidade internacional duvidava que a dívida pública brasileira seria paga. O texto argumentava que não havia razões econômicas para essa dúvida e que a trajetória da dívida futura era declinante (tinha projeções até o distante 2011!). Deve ter sido um dos textos mais contestados da minha carreira. O final, como sabemos, foi feliz. O Brasil teve uma década de sucesso e a dívida declinou de 63%, na época, para em torno de 40% do Produto Interno Bruto (PIB), hoje.
Mas nessa viagem ao passado, um fenômeno salta aos olhos. Na época, projetávamos manutenção dos superávits fiscais primários, crescimento razoável, câmbio mais apreciado (no auge da crise chegou a cerca de US$ 4 reais) e juros menores. Tudo mais ou menos em linha com o ocorrido. Mas os juros reais no Brasil permanecem acima do padrão internacional, mesmo de países de similar desenvolvimento.
Não quer dizer que os juros tenham permanecido nos mesmos patamares do passado. De fato, a economia brasileira tem experimentado uma tendência de queda dos juros reais nos últimos anos, principalmente após a adoção do regime de metas de inflação em 1999. As taxas de juros reais básicas no Brasil recuaram de 11,4% ao ano, em média, no período entre janeiro de 2000 e junho de 2004, para 9,7% entre julho de 2004 e dezembro de 2008, e para próximo de 7% mais recentemente. Mas esta ainda é uma taxa muita alta para uma economia estável e próspera como o Brasil nos últimos anos.
Como mostrado por Bacha2, há evidências empíricas de redução do juro real no Brasil em relação ao resto do mundo, e a diferença entre essas duas taxas diminuiu com a adoção do regime de metas de inflação. No entanto, controlando para os ciclos econômicos no Brasil e no resto do mundo, e para a inércia do ajustamento, a diferença entre as duas taxas permanece elevada.
"Redução do diferencial de juros exige ajuste fiscal que controle o crescimento dos gastos do governo"
Não considero que o alto nível da taxa de juros no Brasil seja um fenômeno permanente. Na sua travessia, o Brasil precisa gerar as condições para passar a ter uma taxa de juros baixa. É uma tarefa difícil, mas não intransponível. Há vários casos bem-sucedidos de redução de juros em países emergentes. A Turquia, no começo de 2003, amargava juros reais (acima da inflação) de 25% ao ano, e depois conseguiu que suas taxas convergissem para níveis de um dígito. A Polônia derrubou sua taxa de juros reais de 9% ao ano para 3%, a partir de 2001. Na América Latina, ocorreu o mesmo. No Chile, as taxas caíram de 8% para 3%, assim como houve quedas significativas no Peru.
A pergunta no Brasil é por que a transição para um patamar de juros reais tem sido tão lenta?
Tenho preferência pelas explicações fundamentais. Entendo a taxa de juro real de equilíbrio (ou neutro) como aquela que permite ao Brasil crescer no seu potencial, sem gerar pressões inflacionárias. Essa taxa depende das condições econômicas como a estabilidade, o risco percebido, a produtividade, a política fiscal (crescimento de gastos), assim como das distorções ainda existentes da economia brasileira. Depende também de quanto os brasileiros estão dispostos a poupar, em vez de consumir hoje. Quanto mais os indivíduos preferem o consumo no presente, maior é taxa de juro real de equilíbrio.
A alternativa de os juros altos serem resultado de equívocos de política monetária (mais altos que o necessário) não é compatível com os dados, pois teriam de ter durado por décadas e levariam a forças deflacionárias, com inflação sistematicamente abaixo das metas, o que não tem sido o caso.
O entendimento de por que os juros ainda são tão altos passa pela compreensão cuidadosa de seus determinantes. Na busca pelos determinantes é interessante distingui-los pela sua relevância temporal na taxa de juros de equilíbrio. Alguns podem impactar a taxa de equilíbrio apenas no curto prazo, enquanto outros mudam sua trajetória de longo prazo.
O juro real neutro de longo prazo depende dos fundamentos da economia, de fatores estruturais, alguns mencionados acima, como a produtividade, preferências intertemporais, prêmio de risco soberano, dívida pública, prêmio de risco de inflação, questões institucionais, etc. São fatores diretamente associados ao comportamento da poupança no longo prazo.
"O melhor a fazer é conduzir a política monetária de forma pragmática e avaliar continuamente o seu impacto"
O juro real de equilíbrio de curto prazo depende do juro real de longo prazo e de elementos conjunturais. Mudanças temporárias no ritmo de crescimento da economia global, assim como acelerações cíclicas no gasto do governo ou alterações na taxa de câmbio real afetam o juro real de equilíbrio no curto prazo.
Introduzo aqui já a minha preferência pela explicação da insuficiência de poupança doméstica, como já introduzido por André Lara Resende3 neste espaço, como explicação para a manutenção dos juros altos nessa transição para a normalidade. Os juros servem para inibir o consumo privado e estimular a poupança, na ausência de poupança pública suficiente para financiar os necessários investimentos.
Estimativas de um estudo recente com Aurelio Bicalho4 identificam que a redução do diferencial de juros em relação a outras economias exige um ajuste fiscal que controle o crescimento dos gastos do governo.
Os resultados também revelam que o prêmio de risco-país, a dívida pública em proporção do PIB e o crédito em proporção do PIB, todos com defasagens, afetam o nível da taxa de juro real e explicam a trajetória de queda observada nos últimos anos. Mostram também que a taxa de juros real de equilíbrio de longo prazo tem se reduzido nos últimos anos, mas o nível estimado continua bastante elevado quando comparado a outras economias emergentes.
O impacto do prêmio de risco e da dívida pública na taxa de juro real é coerente com outros resultados encontrados na literatura. As estimativas mostram também que o aumento do crédito em proporção do PIB contribui, com longas defasagens, para a redução do juro real de equilíbrio de longo prazo. Essa relação pode ser reflexo do impacto de avanços na estrutura institucional do mercado financeiro, que estaria sendo captada pela variável crédito. Uma melhora na estrutura dos mercados poderia, por exemplo, ampliar as opções de ativos em termos de retorno, risco e liquidez disponíveis para os poupadores. Isso funcionaria como um estímulo à poupança, o que diminuiria a taxa de juro real de equilíbrio. O aumento do crédito na economia pode estar relacionado a esse avanço nas estruturas dos mercados, com o desenvolvimento de novos produtos, o que tenderia a reduzir a taxa de juros. Mas para que o crédito contribua para a redução da taxa de juro real de equilíbrio de longo prazo, é necessário que sua expansão seja determinada por fatores estruturais, como a redução da assimetria de informação, avanço institucional que acelere a recuperação do colateral e desenvolvimento de novas estruturas financeiras (caso contrário, o efeito no curto prazo pode ser o inverso).
Mas há outras explicações na literatura para a taxa de juros elevada. Uma delas é a existência de incerteza jurisdicional e ausência de conversibilidade da moeda desenvolvida por Persio Arida, Edmar Bacha e Andre Lara Resende5. A incerteza jurisdicional afeta a poupança e evita o desenvolvimento de um mercado de crédito de longo prazo. A ausência da conversibilidade da moeda pressiona as taxas de juros de curto prazo, pois os poupadores exigem uma taxa maior para alocar seus recursos no mercado de dívida local. Esses fatores institucionais afetam a curva de poupança doméstica e o fluxo de capitais, influenciando a taxa de juro real de equilíbrio.
Considerando dados de diversos países, os estudos mostram que o efeito da dolarização (ou a falta de conversibilidade da moeda) é significativo6, embora pequeno, em explicar o nível mais alto da taxa de juro real no Brasil. Os resultados também evidenciam a importância do risco de crédito soberano em explicar o nível da taxa de juro real. Países de classificação de risco grau de investimento possuem taxas de juros reais de cerca de 2 pontos percentuais mais baixas do que países com classificação de risco pior. No longo prazo, essa diferença pode chegar a 4 pontos percentuais.
A trajetória recente dos juros parece confirmar os resultados do estudo com Aurelio Bicalho. Esse identifica que a recente crise internacional reduziu temporariamente a taxa de juro de equilíbrio de curto prazo, mas o mesmo não parece ter ocorrido com a taxa de equilíbrio de longo prazo. A queda da atividade econômica global reduziu o crescimento do país, permitindo que a taxa de juro real ficasse abaixo da taxa neutra de longo prazo para equilibrar a economia através dos estímulos ao consumo e ao investimento. Notamos, também, que a incerteza sobre o nível do juro real de equilíbrio de curto prazo aumentou substancialmente durante a crise internacional. Essa incerteza refletiu, em grande medida, a intensidade do impacto do crescimento mundial na economia doméstica, além da intensidade dos impactos das medidas anticíclicas adotadas durante a crise.
O impacto da crise no juro de equilíbrio de curto prazo teve consequências na condução da política econômica naquele momento. No auge da crise, o Banco Central reduziu a taxa de juros para estimular o crescimento. Ao mesmo tempo, o governo adotou uma política fiscal expansionista via aumento de gastos e redução de impostos. Além disso, utilizou o canal de crédito como instrumento para incentivar a atividade econômica. A partir do momento em que essas medidas começaram a atuar na economia e o mundo voltou a crescer, a taxa de juro real de equilíbrio de curto prazo inverteu a sua trajetória de queda e passou a subir em direção à taxa neutra de longo prazo.
No início de 2010, as estimativas mostravam que a taxa de equilíbrio de curto prazo estava próxima da neutra de longo prazo. Logo, os estímulos monetários e fiscais deveriam ser retirados, pois o risco era um aquecimento exagerado da atividade econômica, com elevação das pressões inflacionárias. No final de 2010 e início de 2011, esses estímulos começaram a ser retirados.
A dinâmica da taxa de juros real de equilíbrio é de suma relevância para a condução da política monetária. É através dos desvios entre a taxa de juros efetiva, que é afetada pelas decisões do Banco Central, e a taxa de juro de equilíbrio de longo prazo que a autoridade monetária estimula ou contrai a demanda agregada com o intuito de alcançar seu objetivo final, que é o de manter a inflação na meta.
É importante reconhecer que há um alto grau de incerteza nas estimativas das taxas de juros de equilíbrio. As evidências internacionais mostram que é bastante incerta a estimativa da taxa de juro real de equilíbrio em diferentes países, mesmo para aqueles com taxas muito inferiores e com menor volatilidade do que a taxa do Brasil. De fato, os intervalos das estimativas para a taxa de juro real de equilíbrio em diversos países revelam o grau de incerteza que cerca essas variáveis. É comum um intervalo de 1 ponto nessas estimativas, mesmo para economias com níveis baixos de taxas de juros. No Brasil, onde a taxa de juros tem tido uma tendência de queda, como evidenciam os dados e as nossas estimativas, e o nível da taxa ainda é bastante elevado, quando comparado aos padrões internacionais, é provável que o grau de incerteza seja ainda mais alto.
Dadas as elevadas incertezas associadas às medidas das taxas de equilíbrio, acreditamos que o melhor que a autoridade monetária possa fazer é conduzir a política monetária de forma pragmática, avaliando continuamente o impacto de suas ações sobre a economia. Deste modo, a política monetária deve continuar baseando-se nos sinais advindos da inflação, da atividade e de outras variáveis macroeconômicas, permitindo que mudanças estruturais sejam percebidas sem mais demoras.
As evidências acima sugerem que a opção da sociedade por gastos públicos crescentes (vários destes legítimos) tem contribuído para retardar o processo de convergência da taxa de juro real de equilíbrio para níveis internacionais tanto no curto prazo quanto no longo prazo. A redução do crescimento dos gastos correntes, tudo o mais constante, aumentaria a poupança da economia e reduziria o juro real de equilíbrio. Uma queda consistente dos juros possibilitaria um conjunto de desenvolvimentos que não são viabilizados com juros altos, como o alongamento dos horizontes dos poupadores e dos investidores, fundamental ao financiamento do investimento no Brasil.
A estabilidade macroeconômica e a credibilidade da autoridade monetária têm exercido papel fundamental na redução dos prêmios de risco, permitindo a queda da taxa de juros real de equilíbrio de longo prazo. Aliado a isso, uma política fiscal voltada para a redução dos gastos públicos contribuiria para acelerar esse processo e fazer com que no futuro o Brasil tenha taxas de juros reais mais próximas dos padrões internacionais.

Notas:
1 Goldfajn, I. Há razões para duvidar de que a dívida publica é sustentável? Nota Técnica do Banco Central do Brasil número 25, Julho 2002.
2 Bacha, E. Além da Tríade: Como Reduzir os Juros? Novos Dilemas da Política Econômica - Ensaios em Homenagem a Dionísio Dias Carneiro, Eds: Bacha, E. e De Bolle, M., LTC, 335p, 2011
3 Lara Resende, A. Juros: Equívoco ou jabuticaba, Valor 16/06
4 Goldfajn, I. e Bicalho, A. A Longa Travessia para a Normalidade: Os Juros Reais no Brasil. Novos Dilemas da Política Econômica - Ensaios em Homenagem a Dionísio Dias Carneiro, Eds: Bacha, E. e De Bolle, M., LTC, 335p, 2011
5 Arida, P., Bacha, E., e Lara-Resende, A. Credit, Interest, and Jurisdictional Uncertainty: Conjectures on the Case of Brazil. IEPE/CdG, 1-25, 2004.
6 Bacha, E., Holland, M. e Gonçalves, F. A Panel-Data Analysis of Interest Rates and Dollarization in Brazil. Revista Brasileira de Economia. 63, n.4, 341-360, 2009
Agradeço a Aurelio Bicalho pela contribuição a este artigo.

Ilan Goldfajn é economista-chefe do Itaú Unibanco e sócio do Itaú BBA.

Este é o nono de uma série de artigos sobre a conjuntura econômica atual, com foco maior nos problemas de câmbio, juros e inflação, feitos por renomados economistas a pedido do 'Valor'. Amanhã publicaremos o artigo de Márcio Holland.

Como eleger um presidente (ou uma presidenta) e afundar o pais em seguida...

Tirando o ridículo do "presidenta" -- que é como o próximo comunicado da cúpula presidencial do Mercosul apresentará as duas em causa: "As presidentas e os presidentes do Mercosul se reuniram em Assunção blá, blá, blá..." -- sobra a tragédia do mecanismo de sustentação da popularidade de certos "chefes" de Estado: comprando votos nas classes populares.
Receita segura para afundar o país, em qualquer circunstância, e para deformar completamente as regras do jogo aplicadas em economias de mercado: não é preciso ser competitivo e buscar ganhos de produtividade, na base do investimento e da pesquisa tecnológica; basta ir à capital e convencer os decisores de que é preciso uma ajudinha aqui, outra ajudona acolá...
Paulo Roberto de Almeida

Argentina gasta 3% do PIB com subsídios
Daniel Rittner
Valor Econômico, 27/06/2011

Auxílio do governo faz com que conta de luz diária de uma família custe menos que um alfajor

Buenos Aires - O governo argentino já gasta mais de 3% do PIB para manter praticamente congeladas, desde a megadesvalorização do peso em 2002, as tarifas de serviços públicos como energia elétrica e ônibus urbanos. A conta deverá alcançar pelo menos US$ 13,5 bilhões neste ano, mas ainda pode subir, dependendo do nível da demanda. Mesmo nas estimativas mais conservadoras, isso equivale a todo o dinheiro arrecadado com as retenções - os impostos às exportações de produtos agrícolas que estiveram no centro da maior crise política do mandato da presidente Cristina Kirchner - ou aos juros pagos anualmente aos credores externos após a reestruturação da dívida pública em moratória.

Economistas e cientistas políticos ouvidos pelo Valor afirmam que os subsídios às tarifas se tornaram um dos principais nós a serem desatados pelo próximo presidente da Argentina, a partir de 2012. Por um lado, os especialistas advertem que esses subsídios são insustentáveis do ponto de vista fiscal. Nos últimos cinco anos, eles mais do que quadruplicaram como proporção do PIB. Por outro lado, retirá-los pode gerar uma hecatombe política, além de jogar no lixo uma das poucas âncoras contra a inflação, cuja taxa anualizada está próxima de 25%, segundo medições independentes - o índice oficial aponta de 10%.

Cristina e seus ministros nem mencionam o assunto. A oposição fala, no máximo, em reduzir gradualmente os subsídios. Não passa pela cabeça de ninguém eliminá-los no curto prazo. "Isso está descartado", acredita Fabián Perechodnik, diretor da Poliarquía, principal consultoria política do país. Para ele, porém, será "um dos grandes temas" macroeconômicos do próximo governo.
As distorções começaram após o fim da paridade entre peso e dólar. Para evitar uma disparada nos preços, em um momento em que metade dos argentinos se encontrava abaixo da linha de pobreza, as tarifas foram praticamente congeladas e as empresas de serviços públicos passaram a receber subsídios. Mas esses subsídios se concentram na cidade e na Província de Buenos Aires, onde está 48% da população nacional.

Um exemplo é o que ocorre no setor elétrico. Os consumidores residenciais de Buenos Aires pagam US$ 1,72 de luz por cada 100 quilowatts-hora (kWh) em um mês. Esses valores aumentam para US$ 7,88 e US$ 8,64 nas distribuidoras de energia elétrica de Santa Fé e de Córdoba, respectivamente, as duas outras Províncias mais habitadas do país. Mesmo no último caso, no entanto, a tarifa representa menos da metade do que é cobrado pela Light, no Rio de Janeiro.

Há duas grandes razões para explicar a concentração dos subsídios em Buenos Aires. Uma é política: a capital e sua região metropolitana reúnem cerca de um terço dos eleitores do país. Outra é econômica: é ali que o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) mede a inflação oficial.

"A sustentabilidade fiscal do futuro governo não está em discussão profunda, o que não é algo menor, dado o histórico da Argentina. Mas a questão dos subsídios certamente está entre os três principais pontos macroeconômicos a resolver pelo próximo presidente", diz Ricardo Delgado, diretor da consultoria Analytica. Ele chama a atenção para a imprevisibilidade dos gastos. Para este ano, por exemplo, o governo reservou orçamento de 20 bilhões de pesos (quase US$ 5 bilhões) para subsidiar as tarifas de energia elétrica e de gás. "O inverno ainda nem chegou e já foram executados 75% do que estava planejado", observa.

Uma curiosa campanha publicitária na televisão argentina, bancada pela iniciativa privada, demonstrou recentemente a defasagem das tarifas públicas. A propaganda dizia que "toda a luz de uma casa durante o dia inteiro" custa o equivalente a um alfajor.

O transporte coletivo também consome grandes volumes de subsídios. Sem o aporte do governo, a passagem de ônibus na capital deveria valer 4,79 pesos (US$ 1,20), segundo a Fundação Pensar, ligada ao PRO, partido de centro-direita do prefeito Mauricio Macri. Com os subsídios, custa 1,25 pesos. O mesmo ocorre com o metrô: o bilhete sai por 1,10 peso - embora seu valor real chegue a 5,23 pesos.

Para a fundação, três em cada quatro passageiros de ônibus têm condições de pagar mais pelo transporte. Mas a maioria prefere continuar usufruindo as tarifas baixas. "Nossas pesquisas indicam que mais de 50% da população defende a manutenção dos subsídios como estão hoje", diz Perechodnik, da Poliarquía.

Pausa para... arvore genealogica do seculo 21 (e alem...)

Acho uma bobagem monumental, mas os antropólogos talvez expliquem a confusão...

Tempos modernos....
Fim da árvore genealógica


Mãe, vou casar!
Jura, meu filho ?! Estou tão feliz ! Quem é a moça ?

Não é moça. Vou casar com um moço.. O nome dele é Murilo.
Você falou Murilo... Ou foi meu cérebro que sofreu um pequeno surto psicótico?

Eu falei Murilo. Por que, mãe? Tá acontecendo alguma coisa?
Nada, não... Só minha visão que está um pouco turva. E meu coração, que talvez dê uma parada. No mais, tá tudo ótimo.

Se você tiver algum problema em relação a isto, melhor falar logo...
Problema ? Problema nenhum. Só pensei que algum dia ia ter uma nora... Ou isso.

Você vai ter uma nora. Só que uma nora... Meio macho.
Ou um genro meio fêmea. Resumindo: uma nora quase macho, tendendo a um genro quase fêmea... E quando eu vou conhecer o meu. A minha... O Murilo ?

Pode chamar ele de Biscoito. É o apelido.
Tá ! Biscoito... Já gostei dele.. Alguém com esse apelido só pode ser uma pessoa bacana. Quando o Biscoito vem aqui ?

Por quê ?
Por nada. Só pra eu poder desacordar seu pai com antecedência.

Você acha que o Papai não vai aceitar ?
Claro que vai aceitar! Lógico que vai. Só não sei se ele vai sobreviver.. . Mas isso também é uma bobagem. Ele morre sabendo que você achou sua cara-metade. E olha que espetáculo: as duas metade com bigode.

Mãe, que besteira ... Hoje em dia ... Praticamente todos os meus amigos são gays.
Só espero que tenha sobrado algum que não seja... Pra poder apresentar pra tua irmã.

A Bel já tá namorando.
A Bel? Namorando ?! Ela não me falou nada... Quem é?

Uma tal de Veruska.
Como ?

Veruska...
Ah !, bom! Que susto! Pensei que você tivesse falado Veruska.

Mãe !!!...
Tá.., tá..., tudo bem...Se vocês são felizes. Só fico triste porque não vou ter um neto ..

Por que não ? Eu e o Biscoito queremos dois filhos. Eu vou doar os espermatozóides. E a ex-namorada do Biscoito vai doar os óvulos.
Ex-namorada? O Biscoito tem ex-namorada?

Quando ele era hétero... A Veruska.
Que Veruska ?

Namorada da Bel...
"Peraí". A ex-namorada do teu atual namorado... E a atual namorada da tua irmã . Que é minha filha também... Que se chama Bel. É isso? Porque eu me perdi um pouco...

É isso. Pois é... A Veruska doou os óvulos. E nós vamos alugar um útero...
De quem ?

Da Bel.
Mas . Logo da Bel ?! Quer dizer então... Que a Bel vai gerar um filho teu e do Biscoito. Com o teu espermatozóide e com o óvulo da namorada dela, que é a Veruska.

Isso.
Essa criança, de uma certa forma, vai ser tua filha, filha do Biscoito, filha da Veruska e filha da Bel.

Em termos...
A criança vai ter duas mães : você e o Biscoito. E dois pais: a Veruska e a Bel.

Por aí...
Por outro lado, a Bel....,além de mãe, é tia... Ou tio... Porque é tua irmã.

Exato. E ano que vem vamos ter um segundo filho. Aí o Biscoito é que entra com o espermatozóide. Que dessa vez vai ser gerado no ventre da Veruska... Com o óvulo da Bel. A gente só vai trocar.
Só trocar, né ? Agora o óvulo vai ser da Bel. E o ventre da Veruska.

Exato!
Agora eu entendi ! Agora eu realmente entendi...

Entendeu o quê?
Entendi que é uma espécie de swing dos tempos modernos!

Que swing, mãe ?!!....
É swing, sim ! Uma troca de casais... Com os óvulos e os espermatozóides, uma hora no útero de uma, outra hora no útero de outra.....

Mas...
Mas uns tomates! Isso é um bacanal de última geração! E pior... Com incesto no meio..

A Bel e a Veruska só vão ajudar na concepção do nosso filho, só isso...
Sei !!! ... E quando elas quiserem ter filhos...

Nós ajudamos.
Quer saber ? No final das contas não entendi mais nada. Não entendi quem vai ser mãe de quem, quem vai ser pai de quem, de quem vai ser o útero,o espermatozóide. .. A única coisa que eu entendi é que...

Que.... ?
Fazer árvore genealógica daqui pra frente... vai ser difícil.

domingo, 26 de junho de 2011

Nova homenagem a Paulo Renato Souza: Simon Schwartzman

Do blog do Simon Schwartzman:

Simon's Site
Simon Schwartzman's site & blog

Paulo Renato de Souza
Simon Education, 26/06/2011

Paulo Renato de Souza, 1945-2011

Ministro da Educação nos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso, Paulo Renato fica na história como o responsável por duas das principais revoluções na educação pública do país, a institucionalização dos sistemas de avaliação da educação brasileira em todos os níveis, através do INEP, e o Fundo de Manutenção do Ensino Fundamental, o FUNDEF, transformado depois em FUNDEB, que garantiu que os recursos constitucionais destinados à educação fossem efetivamente utilizados para isto.
Paulo Renato teve também uma grande frustração, que foi quase não ter conseguido mexer na educação superior pública. O episodio mais lembrado desta história foi a recusa em nomear o candidato que encabeçava a lista de indicados pela UFRJ para o cargo de reitor, partindo da premissa de que esta indicação não poderia ser simplesmente uma decisão corporativa da instituição, mas deveria tomar em conta o fato de que se tratava de uma universidade financiada com recursos públicos e que deveria responder também às políticas mais gerais de um governo legitimamente eleito, o que gerou uma greve prolongada e fortemente politizada. Tentou tornar as universidades mais autônomas e responsáveis pela gestão de seus recursos, pela implantação de orçamentos globais associados a metas de desempenho, projeto que não prosperou; criou o Exame Nacional de Cursos, o Provão, que pela primeira vez produziu dados sobre a qualidade dos cursos superiores no país, mexeu com o ensino privado, mas não chegou a afetar o setor público; e foi responsável pela criação da Gratificação de Estímulo à Docencia, a GED, uma tentativa de vincular a remuneração dos professores ao número de aulas dadas, melhorando a desastrosa relação professor / aluno nas universidades públicas, que acabou sendo incorporada aos salários. No período de retração econômica ao final dos anos 90, manteve estáveis os gastos públicos com o ensino superior, tendo sido acusado por isto de responsável pelo ”arrocho salarial” dos professores.
De lá para cá, como antes dele, ninguém ousou cobrar nada das universidades federais. Depois, com o crescimento da economia, os salários aumentaram, os cargos se multiplicaram, e novas universidades foram sendo criadas. As disputas desapareceram e, com elas, a tentativa de fazer com que estas instituições definissem com clareza suas metas e cumprissem efetivamente as finalidades para as quais foram criadas.
Paulo Renato fez do Ministério da Educação uma agência efetiva de políticas públicas voltada para os interesses do país, e não uma simples lugar de distribuição de benefícios para sua clientela. Sucedeu em muitas coisas, não conseguiu outras, mas abriu caminhos e apontou direções que precisam ser retomadas.

A grande depressao de 1946 (que nao existiu) - Keynesianos vs Austriacos

Um artigo que me foi recomendado pelo Gabriel Oliva (estudante de economia baiano, na FEA-USP), apreciador da Escola Austríaca de Economia:

"The Great Depression of 1946", Richard K. Vedder and Lowell Gallaway
The Review of Austrian Economics, vol. 5, n. 2, 1991, p. 3-32
link: http://econstories.tv/wp-content/uploads/2011/05/The-Great-Depression-of-1946.pdf

Transcrevo a mensagem do Gabriel e recomendo a leitura do artigo acima:

- Os economistas keynesianos na época em que a guerra estava terminando estavam todos fazendo previsões catastróficas sobre o que aconteceria com a economia americana depois de terminada a 2ª Guerra Mundial. Eles diziam que haveria uma profunda depressão econômica. O Hayek foi um dos poucos nessa época que falava que isso tudo era uma bobagem. Tem um trabalho interessante que fala sobre isso com o título irônico de "The Great Depression of 1946" disponível nesse link: http://econstories.tv/wp-content/uploads/2011/05/The-Great-Depression-of-1946.pdf

-Hayek, e o seu mentor Mises, foram um dos pouquíssimos economistas que previram a Grande Depressão de 1929. Em Fevereiro de 1929, Hayek escreveu: "O boom entrará em colapso nos próximos meses". No verão do mesmo ano, Mises rejeitou um alto posto num dos bancos mais importantes da Europa, com a justificativa de que "...uma grande recessão está chegando e eu não quero que o meu nome esteja de alguma forma relacionado a ela". Na minha opinião, a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos, desenvolvida exatamente por Mises e Hayek, é a única que consegue explicar de forma satisfatória a ocorrência desse fenômeno. Sobre essa teoria, eu recomendo o seguinte artigo do prof. Ubiratan Iorio (UERJ): http://www.ubirataniorio.org/teoria.pdf

(...)
-Não existe tal coisa como uma "teologia" do liberalismo. A retratação dos liberais como sendo "fundamentalistas" de livre-mercado é quase sempre feita por gente que não entende absolutamente nada dos pensadores liberais, principalmente os economistas. Existem diversas teorias extremamente sérias que embasam a defesa das liberdade providas por estudiosos de várias matizes econômicas como a Escola Austríaca, a Escola de Chicago, a Escola da Escolha Pública e a Escola das Expectativas Racionais, entre outras. Quem fala que a defesa do liberalismo econômico só pode ser feita através de uma profissão de fé no livre mercado demonstra que desconhece completamente as teorias desenvolvidas por essas Escolas Econômicas.

Voilà, c'est tout dit!
Paulo Roberto de Almeida

De volta a uma vergonha nacional: o caso Battisti (Ferreira Gullar)

Razões que a razão desconhece
FERREIRA GULLAR
Folha de S.Paulo, 26/06/2011

Afinal, quem é Cesare Battisti para merecer o amparo especial de nossas autoridades e instituições?

O CASO Cesare Battisti parece exigir reflexão, tal o impacto que causou a decisão do Supremo Tribunal Federal ao confirmar a do presidente Lula, negando-lhe a extradição.
Como se sabe, a extradição foi pedida pelo governo italiano, conforme os termos do tratado assinado pelos dois países. Battisti havia sido condenado, na Itália, à pena de prisão perpétua pelo assassinato de quatro pessoas.
De acordo com aquele tratado, a extradição pode ser negada em caso de crime político. Sucede que os homicídios por ele cometidos se caracterizavam como crimes comuns, o que foi reconhecido pelo STF, em 2009, autorizando sua extradição para a Itália. No entanto, nessa mesma ocasião, admitiu caber ao presidente da República consumar ou não a extradição.
Pois bem, Lula ficou com o processo até o último dia de seu governo para, só no derradeiro momento, negar a extradição do italiano. A todos nós surpreendeu o ato do presidente da República, contrariando uma decisão de alta corte de Justiça do país. Em que se funda tal arbítrio, se aquela corte reconheceu que os crimes cometidos justificavam o pedido de extradição?
A principal alegação do procurador-geral de Justiça foi que Battisti, se devolvido a seu país, estaria sujeito a tratamento arbitrário e vingativo, argumento destituído de lógica, uma vez que a Itália vive sob regime democrático. O mais incompreensível de tudo isso é que o STF, ao apreciar a decisão de Lula, contrária a seu julgamento anterior, voltou atrás, aceitou a permanência de Battisti no Brasil e mandou soltá-lo.
Acresce o fato de que, tendo entrado clandestinamente no Brasil portando documentos falsos, não pode ser aceito como visitante legal ou imigrante. Tampouco pode ser admitido como refugiado político, já que não foi nessa condição que entrou no país. Teria que ser expulso, mas, como esta é a terra do jeitinho, logo um jeito se deu para legalizar-lhe a situação à margem da lei.
Mas, afinal de contas, quem é de fato Cesare Battisti, para merecer o amparo especial de nossas autoridades e instituições? O que faz dele um personagem importante a ponto de levar o presidente da República e o STF a porem em risco nossas relações com um país cujo povo faz parte de nossa história?
Cesare Battisti, depois de militar no Partido Comunista Italiano, dele se afastou para ingressar em organizações que desejavam chegar ao poder pelas armas. Praticou atentados, assaltou cidadãos e terminou condenado a seis anos de prisão.
Na cadeia, conheceu o teórico de uma organização terrorista, chamada Proletários Armados pelo Comunismo. Isso no final da década de 1970, quando a Itália vivia sob regime democrático e quando qualquer cidadão poderia candidatar-se e disputar o poder pelo voto.
Mas aqueles "revolucionários" -que não tinham voto algum e, por isso, jamais chegariam ao poder democraticamente- queriam alcançá-lo pela força das armas. Como também não eram mais que um pequeno grupo de cretinos sectários, voltaram-se para os atentados e assaltos, a fim de roubar o dinheiro dos cidadãos e comprar armas.
Foi assim que Battisti matou quatro pessoas: uma porque a considerava fascista; outra que era chofer da penitenciária onde estivera preso, e as outras duas -um joalheiro e um açougueiro-, para lhes roubar dinheiro.
O resultado dessa série de atos criminosos e irresponsáveis foi a prisão de seus autores e o fim da tal organização. Battisti então fugiu para a França, de onde, ao ter sua extradição decretada, fugiu para o Brasil. Foi então que escreveu um livro onde dizia renunciar à conquista do poder pela violência e passou a usar esse argumento para não pagar pelos crimes cometidos.
Mas de que vale essa renúncia feita depois que sua organização havia sido desmantelada pela repressão e ele mesmo já não podia viver em seu país? Iria fazer revolução armada na França ou no Brasil? E a vida das pessoas que ele matou, quem paga por ela? Com a palavra o ex-presidente Lula e os ministros do STF, que lhe garantiram a impunidade.
Resumo da ópera: o cara matou quatro pessoas inocentes, foi condenado à prisão perpétua, fugiu, entrou no Brasil ilegalmente mas, ainda assim, obteve o apoio de nossas autoridades para aqui viver livre e impune.

Um inimigo do governo, que horror -- sempre vendo o lado ruim das coisas

Esse jornalista não tem jeito e não tem equilíbrio: em tudo ele vê uma coisa ruim do governo (ou várias coisas ruins ao mesmo tempo).
Vai ser pessimista assim lá em... Pasárgada!

Petista venceu disputa para a FAO. Pior para a FAO!
Reinaldo Azevedo, 26/06/2011

Posso até decepcionar alguns amigos e admiradores com certas opiniões que tenho. Acontece com freqüência. Como não penso por bloco — isto é, rejeito idéias que vêm em pacotes —-, muitos me esperam mais conservador onde posso ser um tanto ousado; outros cobram alguma ousadia onde me mostro inamovível, e assim vai… Costumo pensar cada coisa em sua natureza. Jamais me obrigo a gostar do que não gosto para que não me achem “incoerente”. Mas me desviei um pouco. Eu queria dizer o seguinte: posso até decepcionar alguns amigos e/ou admiradores às vezes. Mas jamais decepcionarei um petralha! Nunca! Eles não gostarem de mim é um imperativo ético… para mim!!! Por que isso?

O petista José Graziano venceu a disputa para o cargo de diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). E lá veio a petralhada: “Quero ver você falar mal disso também…” Como??? “Disso também???” Mas essa é uma das tarefas mais fáceis que tenho. Graziano responde por um estonteante fracasso do governo Lula: o Fome Zero. Quem ainda se lembra daquela patacoada? Durante quase um ano, o Apedeuta insistiu na sua “revolução”. E acabou fazendo o que os petistas sempre fazem: copiar tucano. Juntou todos os programas sociais do governo Fernando Henrique Cardoso no Bolsa Família.

Eu posso provar o que digo, entendem? No dia 9 de abril de 2003, com o Fome Zero empacado, Lula fez um discurso no semi-árido nordestino, na presença de Ciro Gomes, em que disse com todas as letras que acreditava que os programas que geraram o Bolsa Família levavam os assistidos à vagabundagem. Querem ler? Pois não! Segue em vermelho.

Eu, um dia desses, Ciro [Gomes, ministro da Integração Nacional], estava em Cabedelo, na Paraíba, e tinha um encontro com os trabalhadores rurais, Manoel Serra [presidente da Contag - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura], e um deles falava assim para mim: “Lula, sabe o que está acontecendo aqui, na nossa região? O povo está acostumado a receber muita coisa de favor. Antigamente, quando chovia, o povo logo corria para plantar o seu feijão, o seu milho, a sua macaxeira, porque ele sabia que ia colher, alguns meses depois. E, agora, tem gente que já não quer mais isso porque fica esperando o ‘vale-isso’, o ‘vale-aquilo’, as coisas que o Governo criou para dar para as pessoas.” Acho que isso não contribui com as reformas estruturais que o Brasil precisa ter para que as pessoas possam viver condignamente, às custas do seu trabalho. Eu sempre disse que não há nada mais digno para um homem e para uma mulher do que levantar de manhã, trabalhar e, no final do mês ou no final da colheita, poder comer às custas do seu trabalho, às custas daquilo que produziu, às custas daquilo que plantou. Isso é o que dá dignidade. Isso é o que faz as pessoas andarem de cabeça erguida. Isso é o que faz as pessoas aprenderem a escolher melhor quem é seu candidato a vereador, a prefeito, a deputado, a senador, a governador, a presidente da República. Isso é o que motiva as pessoas a quererem aprender um pouco mais.

Voltei
Viram só? Para Lula, o Bolsa Família tirava do pobre a vontade de plantar macaxeira. O Fome Zero era uma bagunça sem solução. Assim, no dia 20 de outubro de 2003, o Apedeuta, segundo quem os programas de renda geravam vagabundos, editou uma Medida Provisória criando o Bolsa Família, que juntava, entre outros programas, o Bolsa Escola (criada por Paulo Renato) e o Programa Nacional de Renda Mínima, criado por Serra no Ministério da Saúde. Não acreditem em mim. Acreditem no texto da MP, de que segue um trecho:
(…) programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação - “Bolsa Escola”, instituído pela Lei n.° 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação - PNAA, criado pela Lei n.° 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Saúde - “Bolsa Alimentação”, instituído pela medida provisória n.° 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto n.° 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto n.° 3.877, de 24 de julho de 2001.

Isso quer dizer que o programa de Graziano tinha ido para a cucuia. E daí? Os estrangeiros não sabem disso, e o Brasil fez uma campanha intensa, opondo um tantinho os países pobres contra o ricos — e se fazendo representante dos pobres, claro. Por 92 votos a 88, Graziano venceu Miguel Ángel Moratinos, ex-ministro de Relações Exteriores da Espanha. Para sorte dos países que dependem da FAO, torço sinceramente para que ele não demonstre naquele organismo a incompetência comprovada que demonstrou no Brasil.

Primeira vitória em meio a derrotas
Eu estou entre aqueles que não vêem grandes avanços de conteúdo na política externa brasileira. Por enquanto, acho que a diferença é mais de retórica, de estilo, o que não deixa de ser, vá lá, uma manifestação positiva. O fato é que o Brasil obteve a primeira vitória na disputa por um organismo multilateral em nove anos de petismo, o que dá prova da incompetência do Itamaraty nesse tempo. Abaixo, a listinha que vocês conhecem com as derrotas e as besteiras feitas pelo ministério. Volto para encerrar:

LISTA DE BESTEIRAS E DERROTAS DE CELSO AMORIM:

NOME PARA A OMC
Amorim tentou emplacar Luís Felipe de Seixas Corrêa na Organização Mundial do Comércio em 2005. Perdeu. Sabem qual foi o único país latino-americano que votou no Brasil? O Panamá!!! Culpa do Itamaraty, não de Seixas Corrêa.

OMC DE NOVO
O Brasil indicou Ellen Gracie em 2009. Perdeu de novo. Culpa do Itamaraty, não de Gracie.

NOME PARA O BID
Também em 2005, o Brasil tentou João Sayad na presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Deu errado outra vez. Dos nove membros, só quatro votaram no Brasil - do Mercosul, apenas um: a Argentina. Culpa do Itamaraty, não de Sayad.

ONU
O Brasil tenta, como obsessão, a ampliação (e uma vaga permanente) do Conselho de Segurança da ONU. Quem não quer? Parte da resistência ativa à pretensão está justamente no continente: México, Argentina e, por motivos óbvios e justificados, a Colômbia.

CHINA
O Brasil concedeu à China o status de “economia de mercado”, o que é uma piada, em troca de um possível apoio daquele país à ampliação do número de vagas permanentes no Conselho de Segurança da ONU. A China topou, levou o que queria e passou a lutar… contra a ampliação do conselho. Chineses fazem negócos há uns cinco mil anos, os petistas, há apenas 30…

DITADURAS ÁRABES
Sob o reinado dos trapalhões do Itamaraty, Lula fez um périplo pelas ditaduras árabes do Oriente Médio.

CÚPULA DE ANÕES
Em maio de 2005, no extremo da ridicularia, o Brasil realizou a cúpula América do Sul-Países Árabes. Era Lula estreando como rival de George W. Bush, se é que vocês me entendem. Falando a um bando de ditadores, alguns deles financiadores do terrorismo, o Apedeuta celebrou o exercício de democracia e de tolerância… No Irã, agora, ele tentou ser rival de Barack Obama…

ISRAEL E SUDÃO
A política externa brasileira tem sido de um ridículo sem fim. Em 2006, o país votou contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas, no ano anterior, negara-se a condenar o governo do Sudão por proteger uma milícia genocida, que praticou os massacres de Darfur - mais de 300 mil mortos! Por que o Brasil quer tanto uma vaga no Conselho de Segurança da ONU? Que senso tão atilado de justiça exibe para fazer tal pleito?

FARC
O Brasil, na prática, declara a sua neutralidade na luta entre o governo constitucional da Colômbia e os terroristas da Farc. Já escrevi muito a respeito.

RODADA DOHA
O Itamaraty fez o Brasil apostar tudo na Rodada Doha, que foi para o vinagre. Quando viu tudo desmoronar, Amorim não teve dúvida: atacou os Estados Unidos.

UNESCO
Amorim apoiou para o comando da Unesco o egípcio anti-semita e potencial queimador de livros Farouk Hosni. Ganhou a búlgara Irina Bukova. Para endossar o nome de Hosni, Amorim desprezou o brasileiro Márcio Barbosa, que contaria com o apoio tranqüilo dos Estados unidos e dos países europeus. Chutou um brasileiro, apoiou um egípcio, e venceu uma búlgara.

HONDURAS
O Brasil apoiou o golpista Manuel Zelaya e incentivou, na prática, uma tentativa de guerra civil no país. Perdeu! Honduras realizou eleições limpas e democráticas. Lula não reconheceu o governo.

AMÉRICA DO SUL
Países sul-americanos pintam e bordam com o Brasil. Evo Morales, o índio de araque, nos tomou a Petrobras, incentivado por Hugo Chávez, que o Brasil trata como uma democrata irretocável. Como paga, promove a entrada do Beiçola de Caracas no Mercosul. Quem está segurando o ingresso, por enquanto, é o Parlamento… paraguaio! A Argentina impõe barreiras comerciais à vontade. E o Brasil compreende. O Paraguai decidiu rasgar o contrato de Itaipu. E o Equador já chegou a seqüestrar brasileiros. Mas somos muito compreensivos. Atitudes hostis, na América Latina, até agora, só com a democracia colombiana. Chamam a isso “pragmatismo”.

CUBA, PRESOS E BANDIDOS
Lula visitou Cuba, de novo, no meio da crise provocada pela morte do dissidente Orlando Zapata. Comparou os presos políticos que fazem greve de fome a bandidos comuns do Brasil.

IRÃ, PROTESTOS E FUTEBOL
Antes do apoio explícito ao programa nuclear e do vexame de agora, já havia demonstrado suas simpatias por Ahmadinejad e comparado os protestos das oposições contra as fraudes eleitorais à reclamação de uma torcida cujo time perde um jogo.

Encerro
A coisa não deixa de ter sua graça. De todos os candidatos que o Brasil apresentou para disputar cargos em organismos multilaterais, Graziano é, sem dúvida, o pior, uma vez que é de incompetência comprovada. E foi justamente com ele que venceu.

Pronto! A petralhada não tem por que se decepcionar!

Minha modesta homenagem a um batalhador da educacao - Paulo Renato Souza

Morreu um ex-ministro da educação, Paulo Renato Souza, com quem me encontrei uma única vez na vida (minha e dele): quando ele passou por Washington, em 2002, para uma reunião de coordenação com seu colega americano, num esforço de ampliar a cooperação universitária e de pesquisas entre instituições do Brasil e dos EUA na área da educação superior, sendo que um dos resultados é convênio FIPSE-CAPES, que me parece ainda hoje operacional.
Isto para dizer que o conheci pouco, quase nada, embora sempre tenha lido sobre ele e sobre sua obra nessa área, desde a fase em que ele era reitor da UniCamp (e já enfrentava as greves das máfias sindicais de professores e funcionários).
Ou seja, não estou habilitado a falar sobre ele, e não pretendo escrever nada de significativo de minha parte, pois não pertenço a essa esfera e não tenho competência para argumentar a respeito, embora eu esteja na área, como professor "intrometido" e me interesse muito, claro, até me angustio, pela situação lamentável (que não é culpa dele) da educação no Brasil.
Como ouvi ou li, de relance, comentários pavorosos de energúmenos sobre o ex-ministro -- por exemplo, a de que ele pretendia "vender" a educação do Brasil para o Banco Mundial, ou de que foi ele, enquanto secretário da educação em SP que "retirou o Piauí de um livro escolar -- creio que cabe restabelecer um pouco da verdade dos fatos sobre a obra do ministro.
Faço-o utilizando um post de um conhecido jornalista, que foi a única matéria que encontrei que não se contentou com os elogios habituais -- muita hipocrisia, como sempre -- mas que se dedicou a reunir números e dados objetivos.
Quem tiver argumentos objetivos, também, pode escrever. Dispenso elogios ou ofensas.
Paulo Roberto de Almeida

O trabalho exemplar de Paulo Renato e a máquina petista de moer reputações
Reinaldo Azevedo, 26/06/2011

Falei com Paulo Renato a última, e pela última, vez na festa de aniversário de Fernando Henrique Cardoso, no dia 10, na Sala São Paulo. Era um homem inteligente, um formulador de políticas públicas e um operador competente. Eu o provoquei: “Ministro, o senhor também acha que ler um livro antes de matar pessoas é moralmente superior a matá-las sem ler?” Eu fazia uma alusão, obviamente, ao atual ocupante do Ministério da Educação, Fernando Haddad, que havia se saído com essa pérola em depoimento numa comissão do Senado. Elegante, discreto, Paulo Renato sorriu: “Ô, Reinaldo, eu acho que ele se atrapalhou; certamente não quis dizer aquilo…” Provoquei mais um pouco: “Tucanos sempre tentando fazer um petista parecer melhor do que é; já os petistas, com vocês, fazem o contrário…” Ele assentiu, mas só um pouquinho: “É, talvez você tenha razão…” E falamos por algum tempo sobre outros assuntos, especialmente sobre o homenageado da noite.

É isto: morre Paulo Renato Souza, um homem público notável, cuja obra foi incansavelmente vilipendiada pelos petistas, e as notas de condolências da presidente Dilma Rousseff e de Haddad podem fazer justiça tardia a seu trabalho, mas não têm força para apagar da história a tentativa de desconstruir o trabalho que ele comandou ao longo de oito anos no MEC e, mais recentemente, como titular da secretaria de Educação do governo de São Paulo, na gestão José Serra.

Como ministro de FHC, Paulo Renato comandou a universalização do ensino básico, criou o Enem, o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o Exame Nacional de Cursos, apelidado de “provão” — depois chamado de Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes). O “provão” teve, nos primeiros anos de aplicação, papel fundamental na qualificação das universidades públicas e privadas. O exame foi bastante descaracterizado pela gestão petista.

Paulo Renato também foi decisivo para a criação do Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), em 1996. Para não variar, os petistas combateram bravamente o fundo e, atenção!, votaram contra a sua criação, o que é um escândalo, uma das muitas indignidades do partido. No poder, o que fizeram os petistas? Rebatizaram o Fundef, passando a chamá-lo “Fundeb” (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), sob o pretexto de que passaria a atender também ao ensino médio.

Na campanha eleitoral do ano passado, esta mesma Dilma que reconhece agora o trabalho de Paulo Renato — num tributo que o vício presta à virtude como expressão clara da hipocrisia — afirmava que o fundo era obra do… PT!!! Coube também a Paulo Renato transformar o Bolsa Escola, experiência iniciada em Campinas pelo prefeito tucano José Roberto Magalhães Teixeira, num programa de alcance nacional. Ele foi incorporado depois pelo Bolsa Família. Vale dizer: o governo Lula inventou o Fundeb, que já existia; inventou o Bolsa Família, que já existia; inventou o Enade, que já existia; inventou o Luz Para Todos, que já existia; inventou até a política econômica, que também já existia!!!

O PT é, em suma, o maior inventor de obras alheias da história!

Secretário de Educação
Na Secretaria de Educação de São Paulo, na gestão Serra, coube a Paulo Renato aprofundar o sistema de promoção do professorado por mérito, estabelecer um currículo mínimo e criar a Escola do Professor, para a qualificação da mão-de-obra. Mais uma vez, o PT, por meio de seu braço sindical, a Apeoesp, tentou sabotar a qualidade, mas o programa se consolidou, e São Paulo viu melhorar seu desempenho nos exames nacionais. Paulo Renato, reitero, não era apenas um bom formulador de políticas públicas: também era um executivo competente, qualidades que já tinha evidenciado como reitor da Unicamp.

Como homenagem à verdade e, no caso, a seu trabalho, cumpre lembrar alguns números, publicados aqui em dois posts em agosto do ano passado:

1 - Lula afirma por aí ter criado 13 universidades federais. É mentira! Com boa vontade, pode-se afirmar que criou apenas seis; com rigor, quatro. Por quê? A maioria das instituições que ele chama “novas universidades” nasceu de meros rearranjos de instituições, marcados por desmembramentos e fusões. Algumas universidades “criadas” ainda estão no papel. E isso, que é um fato, está espelhado nos números, que são do Ministério da Educação;

2 - Poucos sabem, certa imprensa não diz, mas o fato é que a taxa média de crescimento de matrículas nas universidades federais entre 1995 e 2002 (governo FHC) foi de 6% ao ano, contra 3,2% entre 2003 e 2008 - seis anos de mandato de Lula;

3 - Só no segundo mandato de FHC, entre 1998 e 2003, houve 158.461 novas matrículas nas universidades federais, contra 76.000 em seis anos de governo Lula (2003 a 2008);

4 - Nos oito anos de governo FHC, as vagas em cursos noturnos, nas federais, cresceram 100%; entre 2003 e 2008, 15%;

5 - Sabem o que cresceu para valer no governo Lula? As vagas ociosas em razão de um planejamento porco. Eu provo: em 2003, as federais tiveram 84.341 formandos; em 2008, 84.036;

6 - O que aumentou brutalmente no governo Lula foi a evasão: as vagas ociosas passaram de 0,73% em 2003 para 4,35% em 2008. As matrículas trancadas, desligamentos e afastamentos saltaram de 44.023 em 2003 para 57.802 em 2008;

7 - Sim, há mesmo a preocupação de exibir números gordos. Isso faz com que a expansão das federais, dada como se vê acima, se faça à matroca. Erguem-se escolas sem preocupação com a qualidade e as condições de funcionamento, o que leva os estudantes a desistir do curso. A Universidade Federal do ABC perdeu 42% dos alunos entre 2006 e 2009.

8 - Também cresceu espetacularmente no governo Lula a máquina “companheira”. Eram 62 mil os professores das federais em 2008 - 35% a mais do que em 2002. O número de alunos cresceu apenas 21% no período;

9 - No governo FHC, a relação aluno por docente passou de 8,2 para 11,9 em 2003. No governo Lula, caiu para 10,4 (2008). É uma relação escandalosa! Nas melhores universidades americanas, a relação é de, no mínimo, 16 alunos por professor. Lula transformou as universidades federais numa máquina de empreguismo.

10 - Cresceu o número de analfabetos no país sob o governo Lula - e eu não estou fazendo graça ou uma variante do trocadilho. Os números estão estampados no PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), do IBGE. No governo FHC, a redução do número de analfabetos avançou num ritmo de 0,5% ao ano; na primeira metade do governo Lula, já caiu a 0,35% - E FOI DE APENAS 0,1% ENTRE 2007 E 2008. Sabem o que isso significa? Crescimento do número absoluto de analfabetos no país. Fernando Haddad sabe que isso é verdade, não sabe? O combate ao analfabetismo é uma responsabilidade federal. Em 2003, o próprio governo lançou o programa “Brasil Alfabetizado” como estandarte de sua política educacional. Uma dinheirama foi transferida para as ONGs sem resultado - isso a imprensa noticiou. O MEC foi deixando a coisa de lado e acabou passando a tarefa aos municípios, com os resultados pífios que se vêem.

Encerro
Muitos tucanos, por delicadeza, tornam os petistas melhores do que são. Não sou tucano. Pretendo tratá-los apenas com justiça. A justiça que sempre negaram a Paulo Renato Souza. Uma hora essa mistificação acaba, e terá início o resgate também do trabalho dos vivos.

Aprendizado na acao - Claudio Moura Castro (OESP)

Aulas de recuperação
Claudio de Moura Castro
O Estado de S.Paulo, 26 de junho de 2011

Escolas públicas de BH usam com sucesso o método 'action learning', que é reunir grupos com dificuldades parecidas para se ajudarem

Após a 2ª Guerra Mundial, as minas de carvão inglesas foram nacionalizadas. Tempos depois, o presidente da estatal notou que algumas delas produziam pouco, apesar de semelhantes a outras muito eficazes. Como não encontrava as razões da diferença, resolveu consultar um amigo, do tempo em que eram colegas na Universidade de Cambridge.

Foi então conversar com Reginald Revans, aluno do Barão de Rutherford (Prêmio Nobel) no celebrado Cavendish Lab, onde se doutorou em astrofísica. Só que Revans achou pouca graça em ficar vigiando estrelas e preferiu enveredar para os campos então virgens da administração (se fosse no Brasil, não deixariam um astrofísico ensinar administração, pois tem o diploma errado!). Contando com sua competência nos novos interesses, o amigo queria que desvendasse os mistérios das minas de carvão.

Após uma longa explicação veio a pergunta: "Reggie, você pode descobrir por que essa mina funciona e a outra não?" Responde o astrofísico: "Só daqui a três meses". O executivo insistiu, mas a resposta permanecia a mesma, precisava de três meses. Impaciente, pergunta o que ele ia fazer de tão importante nesse tempo. "Ora, se é para entender de carvão, tenho que passar pelo menos três meses trabalhando nas profundezas de uma mina."

Como havia sido atleta olímpico, aguentou o regime da pá e picareta nas galerias abafadas. Passados os três meses, com muitos calos nas mãos, dá-se um novo encontro e vem a inevitável pergunta: "O que há de errado com aquela mina?" A resposta é cristalina: "Não sei e não vou saber. Mas já sei como resolver o seu problema. Quem sabe das minas são os capatazes e mineiros que lá trabalham por décadas. Vamos criar reuniões periódicas entre os da mina boa e os da ruim. Eles saberão decifrar o problema e encontrar a solução".

Estava então criado o método do action learning (que não tem tradução estabelecida para o português). É baseado na ideia de gerar condições favoráveis aos que vivem o problema no seu cotidiano para que possam encontrar soluções. De fato, ninguém conhece tão bem as dificuldades. Portanto, é deles que virão as melhores soluções .

Afogadas no círculo vicioso do seu cotidiano, as pessoas apenas sentem o enguiço, mas não chegam a defini-lo com precisão e, ainda menos, têm a disposição para resolvê-lo. O método do action learning consiste em criar condições materiais e psicológicas para que essas mesmas pessoas se dediquem com otimismo a enfrentar os problemas que as cercam. Um elemento crítico no método é a interação de pessoas de origens diferentes, mas que convivem com dificuldades semelhantes. Uns ajudam os outros, com estímulos e conhecimentos tácitos daquele assunto. Ao longo do tempo, o método se sofistica, sendo usado nas condições mais variadas, em empresas, hospitais e polícia.

Faz uns cinco anos, a Associação Comercial de Minas Gerais decide fazer alguma coisa em benefício da educação. Junta-se a ela a Fundamig (a fundação das fundações empresariais de Minas) e mais a Amcham, todas sob a liderança de Evando Neiva e Antônio Carlos Cabral. Cria-se então a Conspiração Mineira pela Educação, alusiva à tentativa de independência, em 1789. Decorridos mais de dois séculos, a nova Conspiração é ainda a busca da liberdade, mas desta vez, pelo caminho do bom ensino. Marca seu lançamento a Carta do Caminho, fazendo jogo de palavras com a de Pero Vaz de Caminha.

Diante da iniciativa, o então vice-governador sugeriu que o trabalho inicial se concentrasse na região do Serra Verde, no norte de Belo Horizonte. Trata-se de uma área socialmente problemática e contígua ao Centro Administrativo, em plena construção naquele momento.

Mas o que fazer para ajudar as 70 e tantas escolas da região, algumas delas em áreas conflagradas? Começamos ouvindo oito diretoras recitarem as mazelas de suas escolas. A desgraceira não era pouca, aliás, de educação quase nada se falou.

Veio-me então a lembrança de Revans, que havia conhecido na Europa na década de 80 (ocasião em que me fez a narrativa acima). Action learning em Belo Horizonte? Apesar de desconhecida, a ideia foi festejada. Mas o desfecho inicial me assustou, pois fiquei encarregado de encontrar alguma pessoa que soubesse aplicar o método. Na verdade, jamais soube de action learning no Brasil.

Como todos que se veem sem inspiração, entro no Google. No Brasil, só encontro duas referências: um evento em que se mencionava o termo e uma grande consultora internacional que sabia aplicar (Caliper). Apesar de intimidado pelas perspectiva de honorários semelhantes aos que cobra da Gerdau, escrevi para a empresa. A resposta veio logo, mostrando interesse. Nesse momento, já antecipava o embaraço diante de um orçamento muitas vezes maior do que uma iniciativa filantrópica poderia enfrentar. Mas escrevi assim mesmo, explicando o escopo do trabalho.

Minha surpresa não poderia haver sido maior quando chegou a resposta. Um escocês chamado George Brough ofereceu-se para fazer o trabalho, como sua contribuição voluntária, sem cobrar, desde que tivesse passagens para vir de Curitiba. Trazê-lo a cada 15 dias era financeiramente viável.

Reunimos umas 50 diretoras e explicamos o método. George disse que cada diretora deveria identificar o problema mais sério que encontrava na sua escola e gostaria de enfrentar. Obviamente, ninguém entendeu muito. A perplexidade foi geral e, ao acabar o encontro, já antecipava um desastre de maiores dimensões. A reunião seguinte tampouco foi alvissareira, apesar da fleuma e tranquilidade do escocês. "É assim mesmo, sempre começa parecendo que não vai dar certo."

E ele tinha razão. As diretoras escolheram cinco temas, todos relevantes: falta de motivação dos alunos, falta de motivação dos professores, integração família/escola, pacificação da escola e desempenho dos alunos (indicadores de aprendizagem). Os grupos com interesses comuns foram formados, com reuniões quinzenais, incluindo lanchinho no intervalo. Tudo sob a batuta do nosso George.

Passa o tempo, o trabalho toma corpo e, um par de anos depois, começam a aparecer os resultados. Cada escola tomava suas providências, inventava modas e seguia em frente, sempre trocando figurinhas com as outras que lidavam com o mesmo problema. Um questionário permitiu uma avaliação inicial do que estava sendo feito e dos primeiros resultados.

Apesar de baseados em impressões e apreciações subjetivas, dava para ver que haviam crescido muito as teias formadas com parceiros fora da escola, como igrejas, ONGs e instituições da sociedade civil. Curiosamente, uma contagem simples das instituições externas mostrou que a Polícia Militar era a parceira mais frequente (talvez por ser adorada pelas diretoras). Multiplicavam-se as iniciativas e projetinhos com alunos (do tipo Cantinho de Leitura e outros).

Progressivamente, de encontros em um clube, as reuniões passam para um revezamento entre escolas. Isso corresponde à criação de um Fórum de Diretores. A escola da vez se prepara para a visita das diretoras e ensaiam-se os alunos para mostrar o que estão fazendo. A diretora e professores preparam PowerPoints sobre suas iniciativas. O evento é uma grande festa, terminando com uma mesa de salgados e doces (ao que parece, comer é essencial para o êxito). A próxima reunião será a 36ª. Nada mau para uma iniciativa que parecia capenga no primeiro dia e custou a arribar.

Chama atenção o custo modestíssimo de criar e fazer andar esse grande circo: lanchinho, algum transporte e pouco mais. Obviamente, não há custos para o trabalho voluntário de das lideranças (se cobrados, seriam altíssimos, considerando serem executivos bem-sucedidos) e nem dos muitos programas oferecidos por dezenas de parceiros dos três setores (lembremo-nos, a Conspiração é uma aliança intersetorial do Estado, da iniciativa privada e do Terceiro Setor).

No bojo do action learning, muitas atividades paralelas vão aparecendo. Frequentemente há conferências por pessoas de fora, criando variedade e abrindo uma janela para o mundo. Houve um claro interesse dos organizadores em universalizar os conhecimentos sobre sistemas nacionais e estaduais de avaliação (Prova Brasil, Ideb, Pro-Alfa, Proeb). Em uma escola, amadurece um programa bem-sucedido de promover lideranças dentre os alunos (é parte do programa do Instituto Unibanco). Há também concursos de redação para premiar alunos nos quais os vencedores ganham um dia de visita ao museu de arte contemporânea do Inhotim.

Sob todos os pontos de vista, podíamos ver que se tratava de uma iniciativa bem-sucedida. Tinha variedade e uma participação crescente das escolas (de 50 escolas no primeiro Fórum, para mais de 100 nos dias que correm, além de centenas de observadores que acompanham os encontros). Mais importante, os encontros viraram uma rotina bem-vinda para as equipes das escolas.

Mas faltava um elemento crucial. As avaliações disponíveis eram subjetivas e qualitativas. Todos achavam que estava "dando certo". Mas e os números? E as avaliações externas? Obviamente, só com o transcurso do tempo cria-se o intervalo necessário para comparar dois momentos usando o mesmo instrumento de avaliação.

Hoje isso já aconteceu. Em 2007, a média nacional do Ideb era de 3,4, enquanto a média das escolas da Conspiração era de 4,4. Em 2009, o Ideb nacional passou a 3,6, enquanto as escolas da Conspiração atingiram 5,3. É um salto muito grande, tomando como comparação a evolução do Brasil nesse indicador.

São resultados muito impressionantes. Naturalmente, nem tudo se deve à Conspiração Mineira ou ao action learning. Mas é que não houve tantas iniciativas afora essas. Portanto, é apropriado atribuir pelo menos boa parte dos resultados ao que fizeram os "conspiradores".

Nomes, definições e detalhes das formas de intervenção não interessam muito. As lições mais importantes vêm do espírito do método. Quando começamos, qualquer um dos responsáveis pela iniciativa poderia haver trazido a sua considerável experiência para sugerir às escolas como deveriam proceder. É isso que se faz com muita frequência. Mas, felizmente, nem identificamos os problemas e nem prescrevemos as soluções. Em vez disso, começamos perguntando aos diretores quais eram as dificuldades que os afligiam. Em seguida, criamos as condições materiais e emocionais para que trabalhassem conjuntamente na sua solução. Esse é o espírito do action learning. Deu certo! Thank you, Professor Revans. Thank you, George Brough.

CLÁUDIO DE MOURA CASTRO É DOUTOR EM ECONOMIA E PESQUISADOR EM EDUCAÇÃO, ASSOCIADO AO GRUPO POSITIVO. NO CASO DA CONSPIRAÇÃO, VEM ATUANDO COMO ASSESSOR TÉCNICO, SUGERINDO ATIVIDADES E PROGRAMAS, MAS NÃO ENTRANDO DIRETAMENTE NA SUA IMPLEMENTAÇÃO.

Duas homenagens, duas falacias academicas, dois trabalhos futuros...

Acabo de escrever o 15. exercício da série falácias acadêmicas, desta vez dedicado ao "modo repetitivo de produção", ou seja, a vulgarização sem sentido do marxismo vulgarizado. Vou publicar no mês que vêm, depois de uma boa revisão.
No momento, encontro mais dois motivos para escrever novos trabalhos sobre as falácias acadêmicas mais comuns, presentes em nossas universidades.
Se eu me atrevo a buscar as razões teóricas e as raízes intelectuais do atraso brasileiro -- que como sempre digo, antes de ser material, é mental -- eu as encontro em diversas personalidades celebradas continuamente, e que de verdade buscaram a melhoria do Brasil, mas pelas vias erradas, fazendo diagnósticos equivocados e receitando prescrições pouco adequadas, quando não totalmente erradas, para "curar" os maiores problemas brasileiros: a falta de educação de seu povo, e a baixa inserção de sua economia nos circuitos capitalistas.
Paulo Freire e Milton Santos são dois desses patriotas equivocados.
O fato de que eles estejam sendo homenageados como grandes homens e brilhantes intelectuais só me faz prenunciar a persistência do atraso mental e do retardo material.
Pena, o Brasil poderia ser melhor do que é, se tivesse intelectuais mais realistas e menos ideológicos.
Vou fazer dois ensaios sobre as falácias de cada um deles.
Paulo Roberto de Almeida

PT na Câmara dos Deputados
Informes da Liderança do PT
INF 4738, Ano XX, Segunda-feira, 27 junho de 2011

Câmara homenageia educador Paulo Freire

Numa iniciativa do deputado Fernando Ferro (PT-PE), a Câmara realiza sessão solene hoje, às 10h, em homenagem ao educador e filósofo Paulo Freire, que, se estivesse vivo, completaria 90 anos em 2011.

De acordo com Fernando Ferro, Paulo Freire deu significado à leitura. “Com seu método revolucionário de alfabetização foi, de forma articulada, com método, rigor científico, compromisso social e político, o primeiro neste país a enfrentar o flagelo da ignorância e da falta de oportunidade. Com sua vontade e seu propósito, Freire não apenas ensinou a ler as letras do alfabeto, mas deu significado à leitura, uma função social”, ressaltou.

Paulo Freire, acrescentou o parlamentar petista, “chamou homens e mulheres que não tinham nenhuma esperança de participar ativamente da dinâmica cívica, por falta total de informação, para uma situação de protagonismo social”.

Segundo Fernando Ferro, Paulo Freire foi além. “Ensinou a escrever, formando senso crítico, estimulando a formação da opinião e a criticidade. É a partir desse movimento, que o Brasil percebe a necessidade de se criar uma política de combate ao analfabetismo. Ele mesmo dizia que a escolarização era um forte elemento para a formação da consciência do cidadão.

Então, é importante reforçar a importância deste homem para a concretização do processo democrático brasileiro”, destacou Fernando Ferro.

Milton Santos será homenageado amanhã na Câmara

O intelectual, pesquisador, político, jornalista e geógrafo Milton Santos, que completou 10 anos de morte no dia 24 de junho, será homenageado pelo Congresso Nacional. A sessão em homenagem a um dos mais importantes intelectuais da história do Brasil será realizada amanhã, às 10h, no plenário da Câmara dos Deputados.

A sessão requerida pelo deputado Luiz Alberto (PT-BA) tem como objetivo realçar a importância de Milton Santos para a sociedade brasileira. Será uma forma de repercutir no parlamento as contribuições do geógrafo ao País. Milton Santos dedicou toda a sua obra ao entendimento das supra e sobre-estruturas formativas das desigualdades entre os homens e as sociedades ao redor do mundo.

A mesa da sessão será composta pelo governador da Bahia, Jaques Wagner; pela ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros; pelo ministro da Educação, Fernando Haddad; pelo presidente da Fundação Palmares, Eloi Ferreira de Araújo; pelo ministro das Relações Exteriores, Antônio de Aguiar Patriota; pelo presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli; e pelos reitores das Universidades de Brasília, José Geraldo de Sousa Junior; do Recôncavo, Paulo Gabriel Nacif; e da Bahia, Dora Leal Rosa.

Representações diplomáticas dos países onde Milton Santos atuou como professor, pesquisador e consultor, no período de 1964 a 1978, também marcarão presença na sessão solene: França, Portugal, Espanha, Tanzânia, Guiné Bissau, Senegal, Costa do Marfim, Mali, Nigéria, África do Sul, Japão, Venezuela, Costa Rica, México, Canadá e Estados Unidos

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Addendum em 30/06/2011:

O post acima foi reproduzido (sem que eu soubesse, mas fui avisado pelo inefável e indispensável Google Reader) no Orkut, por algum leitor de me blog cuja identidade ou motivações desconheço.
Está neste link: http://www.orkut.com.br/CommMsgs?cmm=2078498&tid=5622279960502882176&start=1
O fórum se chama "Repúdio à ignorância política" e tem 69.885 membros, o que não é pouca coisa, convenhamos (mas desconheço se todos leem cada um dos posts).

Mas isso é o de menos. O interessante (e eu digo interessante num sentido altamente "interessante", ou seja, sociológico) é ler os comentários feitos em seguida, o que é revelador do que pensam (ou do que não pensam, justamente) alguns dos nossos jovens estudantes, acadêmicos (talvez até alguns professores) a respeito da educação brasileira. Só posso constatar alguma confusão mental, alguma vontade de confrontar, sem procurar argumentos substantivos: apenas frases, reações, parece que tudo é uma maravilha e que nossa educação é um problema para extra-terrestres.
Paulo Roberto de Almeida

Anônimo
up up up

26 jun (4 dias atrás)
Anônimo
Pena, o Brasil poderia ser melhor do que é, se tivesse intelectuais
mais realistas e menos ideológicos. (2)

26 jun (4 dias atrás)
Anônimo
Todos os ditos educadores no Brasil podem ser considerados os Reis da Bosta porque conseguiram fazer a pior coisa educacional do mundo.
medalha de ouro absoluta pela incompetencia.

26 jun (4 dias atrás)
Anônimo
Nelson Rodrigues já dizia.
O sectário do Mises sofre da SINDROME DE VIRA-LATAS

26 jun (4 dias atrás)
Anônimo
Milton Santos e Paulo Freire são reconhecidos MUNDIALMENTE, mas a patuléia tupiniquim não gosta. Deve ser pelos sobrenomes...rs

26 jun (4 dias atrás)
Anônimo
Milton Santos e Paulo Freire são referências MUNDIAIS.
Servem para o MUNDO, mas não servem para o Brasil?
Vai entender!

26 jun (4 dias atrás)
Anônimo
Paulo Freire e seu legado (video)
http://www.youtube.com/watch?v=kaaG1wTBdNM

26 jun (4 dias atrás)
Anônimo
A depender desses "entendidos" do Miserê, no Brasil de hoje, só o Olavo de carvalho,
Nelson Motta, Jabor e esse tal de diplomata são geniais.
Esse COLABOSTA cola cada uma...
tsc.. tsc...

26 jun (4 dias atrás)
Anônimo
Paulo Roberto de Almeida precisa comer muito feijao com arroz e tutano para chegar ao nivel de Paulo Freire ou Milton Santos,qto mais criticar a obra dos dois.

sábado, 25 de junho de 2011

O caminho da servidao e o crescimento social-democratico: um debate (curto)

Um comentarista, anônimo mas identificado (sim, existem essas contradições), me escreveu a propósito do post contendo a frase da Margareth Thatcher:

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "A frase do seculo - socialismo, segundo Margareth ...":

Um artigo sobre uma obra de Hayek de 1945, bastante atual!

http://robertobondarik.blogspot.com/2011/05/estrada-da-servidao-de-friedrich-hayek.html

Paulo, após a 2a guerra mundial o mundo não viveu uma "era de ouro", justamente por causa dessa social-democracia? Uma das causas da depressão de 29 ou da grande guerra não foi justamente a desregulamentação econômica do século XIX? A História corrobora a "teologia" do liberalismo?
Pergunto não atacando o liberalismo, pois sou liberal, mas com o ceticismo da razão (ou racionalismo cético?).

Respondo brevemente [PRA]:

Roberto,
Grato por enviar esse scan que você fez da obra do Friedrich Hayek resumida numa edição de 1945 da Reader's Digest, traduzida para o Português. Não sabia desse texto, embora a obra já esteja traduzida integralmente e publicada pelo Instituto Liberal do Rio de Janeiro.

Respondo rapidamente a suas questões por estar agora engajado em outro trabalho (mas vou reter os pontos para um trabalho mais amplo).

O fato de o mundo capitalista ocidental ter ingressado numa "era de ouro" após 1945 -- os trinta anos gloriosos, segundo Fourastié -- não tem muito a ver com o fato de ele ser social-democrata, e apenas parte disso é verdade.
Os EUA atravessaram os anos 1950 sob um governo republicano, conservador, portanto, assim como a Alemanha e a Itália, cristã-democratas. A França teve crises políticas e o general De Gaulle que assumiu em 1958 era um cristão-liberal, também. A Inglaterra teve governos trabalhistas, mas não o tempo todo.
Em qualquer hipótese, tanto social-democratas quanto conservadores-liberais praticaram, sim, políticas distributivistas e de bem-estar social (o chamado welfare state), mas isso no quadro de um processo de reconstrução, de recuperação, de retomada de energias e capacidades perdidas durante a guerra e sob a generosa cobertura financeira e militar americana, que abriu seus mercados aos europeus (que continuaram praticamente discriminações e desvalorizações de suas moedas para fins de competitividade e ganhos de mercado).

Você se engana com a desregulamentação do século XIX, assim como está errado em considerar que foi esse liberalismo que provocou a crise de 1929.
Recomendo que você leia um outro livro editado pelo Instituto Liberal:

Paul Johnson:
Os Tempos Modernos (mas pode comprar pela internet o Modern Times)

Esse livro vai revisar algumas concepções errôneas que muitos têm sobre a economia do século XX.

Não existe, simplesmente, "teologia" do liberalismo, e sim alguns princípios gerais sobre a liberdade de mercados e o poder da iniciativa privada.
Quaisquer que sejam as diferenças pontuais, você não pode recusar o fato de que os países mais prósperos e que ficaram mais ricos foram os que se aproximaram mais do liberalismo, não os que estiveram na outra ponta, na economia estatal ou socialista.
No largo espectro que leva de uma a outra ponta, existem histórias diferenciadas, por certo, e mesmo alguns países "estatizados" ficaram ricos, mas no cômputo geral se pode ver que as economias de mercado tiveram melhor desempenho do que as puramente mercantilistas e socialistas.
Paulo Roberto de Almeida