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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

843) Subdesenvolvendo a Africa...

É o que fazem todos esses artistas (Angelina Jolie, Bono e outras almas piedosas), cada vez que eles pretendem "ajudar" a África...
Desde que eu li os trabalhos do economista britânico Peter Bauer, ainda nos anos 1970, convenci-me de que todos esses programas de ajuda oficial ao desenvolvimento, em especial de assistêncai à África, eram eminentemente negativos do ponto de vista de seu desenvolvimento, na medida em que aprofundavam a dependência desses países da suposta ajuda do Ocidente (sem mencionar o desvio de recursos pelas ditaduras habituais).
O tema vem sendo retomado, recentemente, pelo economista William Easterly, que já trabalhou na África para o Banco Mundial, e voltou convencido de que todos esses programas fazem mais mal do que bem ao continente (e presumivelmente, também, a outros países pobres em outras regiões).
Abaixo um transcript da revista Foreign Policy, que discute a questão:

Are Angelina, Bono, and the U.N. hurting Africa?
Foreign Policy, 06/02/08
Christine Y. Chen

William Easterly
If there is a "bad boy of development studies," it's NYU economist Bill Easterly. When he spoke recently on a Davos panel with Bill Gates, Ellen Johnson Sirleaf, and Paul Wolfowitz about the usefulness of foreign aid, moderator Fareed Zakaria gently poked fun at Easterly by calling him the "devil." He may not be the devil, but he's certainly the devil's advocate, constantly questioning whether traditional conceptions of foreign aid are actually helpful to poor countries. He's done it in the pages of FP, in "The Utopian Nightmare" a couple years ago, and more recently in "The Ideology of Development."

Now, Easterly is turning his contrarian guns on the United Nations, asking, "Are the Millennium Development Goals Unfair to Africa?" At a luncheon I attended today at Brookings, his answer was, unequivocally, yes. Virtually everyone agrees, he began, that by the time we hit the MDGs' deadline in 2015, Africa will have failed all of them. Africa will not have reduced its poverty rate by half; it will attain neither universal primary education nor gender equality in schools; child mortality will not be reduced by two thirds, and so on. Easterly then went down the list of goals, claiming they were all unfair and biased to begin with. Africans, he said, never had a chance of attaining them. His argument was pretty wonky—with lots of charts and graphs showing how the U.N. should be measuring rates of change and growth in Africa, rather than absolute figures, and how the MDGs were arbitrarily designed and made Africa look worse than it really is. I found it quite convincing. Eventually you'll be able to download a transcript here to judge for yourself, or you can download the original paper (pdf).

What Easterly said made sense, and yet I couldn't help thinking, "So what?" Easterly says the MDGs paint Africa unfairly. But does that really matter if more attention leads to more investment in Africa? And even if you think the MDGs are just another meaningless U.N. project, the fact that people pay attention to them must stand for something.
Easterly is famous for opposing much of the research of anti-poverty crusader Jeffrey Sachs (in his talk, he even joked that he's mandated to take potshots at Sachs at least once in each speech), and for being highly skeptical of the efforts of celebrities like Bono, Madonna, and Angelina Jolie. He thinks they give off a neocolonial air, the sense that Africa needs the West for salvation. Asked if all the attention brought by such celebrities was helping, Easterly said he didn't think so. Quite the opposite: He thought the kind of attention Africa gets because of celebrities, or because of failing the MDGs, does more harm than good because it reinforces stereotypes that Africa needs to be dependent on the West to be lifted out of poverty.

What do you think? Do celebrities help or hurt? Is the U.N. setting unfair, arbitrary goals? Share your thoughts at passportblog@ceip.org

3 comentários:

Anônimo disse...

Sem querer dizer o óbvio, mas ações assistencialistas servem somente como um "pontapé inicial", para podermos ajudar as pessoas que necessitam de algo imediatamente, caso junto com essa ação venha o compromisso de reformas estruturalistas. Reformas essas que não somente não deixam o país, comunidade, etnia, dependentes como fazem as ações assistencialistas, mas provêm os meios para aquele grupo de indivíduos conseguirem uma melhora de vida, reconhecimento cultural e respeito.

Vale conferir, para assunto mais aprofundado, o texto da filósofa Nancy Fraser "Da redistribuição ao reconhecimento?".

PS.: É engraçado que Milan Kundera relata em seu livro "A insustentável leveza de ser" que um de seus personagens, se não me engano Tomas, se lembra desde que era criança de episódios nos quais artistas e personalidades políticas, sem vínculo algum com o local, faziam suas "excursões" com o pretexto de mudar a realidade do local; o engraçado é ver a ironia que esse episódio é tratado por ele.

Anônimo disse...

Olá meu caro Paulo Roberto,

Como vão as coisas? Não tenho "blogado" muito ultimamente, mas ando às voltas com várias leituras e estou ansioso para o início do mestrado, que começa no dia 3 de março, na PUC.

Devo avisá-lo que o meu blog mudou de endereço, estou em http://www.claudiotellez.org/ . O endereço antigo do blogspot, que está linkado aqui foi ocupado por, digamos, propagandas de sites não muito "católicos"... :)

Um forte abraço!
Claudio

Eduardo Rodrigues, Rio disse...

Descobri Marcel van Hattem recentemente, e gostei muito de um texto dele falando sobre a pobreza na África sem o uso de lugares-comuns.

-- Por que a África é tão pobre? --
Marcel van Hattem
http://blog.marcelvanhattem.com/2012/01/por-que-africa-e-tao-pobre.html