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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

972) IPEA novamente: os comentarios se multiplicam

Depois que eu transcrevi um post do Blog do Reinaldo Azevedo neste blog (ver abaixo, post 967), recebi diversos comentários e algumas indicações de novos posts, como este, que transcrevo abaixo, de um blog de sete alunos do curso de economia da PUC-Rio.

Segunda-feira, 15 de Dezembro de 2008

Pintaram o Ipea de preto

Ocorreu a morte anunciada do Ipea. Todas as pessoas que acompanham o que vem acontecendo no Insituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea, desde que Marcio Pochman chegou a sua presidência, esperavam por uma prova ruim para a seleção dos futuros integrantes do órgão. Foi pior.

A prova de conhecimentos básicos, comum a todos os cargos, não estava ruim, apenas refletia o fraco conteúdo presente no edital, já comentado nesse blog. Apenas uma pergunta trivial sobre econometria.

Já a prova de conhecimentos específicos foi estapafúrdia. Poderia discorrer sobre o absurdo e a tendênciosidade da prova, mas suas questões falam por si só:

Certo ou errado?: “A especulação financeira vislumbra como luz no fim do túnel o brilho do tesouro nacional.”

Certo ou errado?: "O termo neoliberalismo designa uma corrente de organização da atividade econômica que capciosamente ecoa um movimento histórico com o qual em realidade e na prática não partilha fundamentos e princípios."

Certo ou errado?: "Para os Estados, a tecnologia afeta a soberania."

Corpo de um texto da prova: "O Consenso de Washington -a infame lista que apontava a autoridades monetárias de países em desenvolvimento o que fazer e o que não fazer- havia se dilapidado em grande parte."

Não pára por ai. Inúmeros são os exemplos de atrocidades e idelogias nessa prova, quem quiser pode postá-los nos comentários.

O número de pessoas que entrará por esse concurso será grande, além da intenção da presidência de usar essa prova para criar uma reserva de futuros "pesquisadores". Se nada for feito contra esse concurso, e dificilmente algo será, o Ipea como instituto de pesquisa econômica aplicada morreu.

Defensores da nova presidência argumentavam que o Ipea seria um Instituto de Pesquisa Estratégica. Com esse exame de seleção, nem isso poderá ser. Será no máximo um órgão para reproduzir a ideologia do momento, um porta-voz de luxo do governo.

Postado por Tiago Caruso às 07:13 29 comentários
Marcadores: prova Ipea

4 comentários:

Anônimo disse...

Acho que você pode mais do que reverberar opiniões do Reinaldo Azevedo. Quem passa aqui normalmente conhece esse blog...

Recomendo mesmo, nesse caso, o Olavo de Carvalho, que não tem vergonha de enunciar seus pressupostos. E diz com todas as letras que o Governo Lula, pra ele, é um agente da máfia internacional composta por ONGs, pelo Foro de São Paulo e pelo governo russo, e controlada, evidentemente, pela máfia chinesa aliada aos teólogos da libertação.

Leia lá. E tome cuidado com o Reinaldo Azevedo. Leia, pra entender, mas não saia acreditando...

Paulo Roberto de Almeida disse...

Glaucia,
Acho que você me toma por um ingênuo, que sai por ai acreditando em tudo o que lê.
Sou suficientemente esclarecido para saber distinguir o que é uma exposição honesta da realidade, e o que são expressões do pensamento, opiniões, argumentos, análises que podem pecar pela parcialidade, pela ideologia, pela posição partidária, ideológica, filosófica ou religiosa do seu autor.
Não costumo ler Olavo de Carvalho, embora por vezes eu "caia" sobre um texto dele. Me parece que ele chegou num ponto de exacerbação da paranóia anti-comunista que mesmo as exposições factuais que ele promove, no meio de seus textos, perdem a eficácia por justamente estarem envelopadas num molho ideológico extremamente marcado por um anti-comunismo ultrapassado.
Ele tem razão em grande parte do que diz, sobre a extrema mediocridade e desonestidade intelectual do pessoal da esquerda. Eu não tenho nenhum problema em dizer isto, porque também me considero de esquerda, ou pelo menos progressista, interessado na educação dos pobres, na redistribuição de riqueza via setor produtivo, e não por benesses estatias, e na correção das maiores desigualdades sociais via educação e benefícios coletivos, sem qualquer concessão classista ou sobretudo racial. O pensamento da esquerda é mediocre porque ele não sabe apreciar de onde vem a verdadeira riqueza, concentrando-se apenas no distributivismo estéril a partir do Estado (que, como todos sabem, não produz absolutamente, apenas retira recursos da própria sociedade). O Olavo de Carvalho, de toda forma, acha que esse pessoal que hoje ocupa o poder está interessando em construir o comunismo, via socialização do Brasil, quando eles estão apenas interessados em seu próprio poder, quando não nas benesses materiais associadas ao poder. Ninguém hoje, no Brasil, nem mesmo o PCdoB, quer ou deseja o socialismo: eles apenas querem se dar bem na sociedade capitalista, extraindo a sua renda de banqueiros e capitalistas...
Por isso, a paranoia anticomunista do Olavo não me parece apenas ridicula, ela é patética.
O Reinaldo Azevedo é diferente, inclusive porque não é um ideólogo, como o Olavo, mas basicamente um jornalista que pensa com a sua própria cabeça (o que poucos fazem). Repare que todos os seus posts, absolutamente todos, começam com uma exposição de fatos, e a partir daí ele acrescenta seus comentários.
Ora, pode-se não gostar dos fatos, mas eles não deixam de existir por causa disso. Quem prefere eludi-los, está enganando a si próprio, e isso é de uma burrice atroz. Pode-se não gostar do que o Reinaldo Azevedo escreve, mas esse comentário de "acreditar em tudo o que ele diz" é uma forma de auto-engano. Estamos discutindo fatos, não apenas trocando opiniões.

Anônimo disse...

Bem, reinaldos e olavos à parte, é preciso reconhecer: a prova é uma tragédia, e a gestão Pochmann realmente tornou o órgão uma filial do chavismo...

Paulo Roberto de Almeida disse...

Certo, correto, concordo inteiramente com você. Leio, ocasionalmente, os comentaristas, mas não meu pauto por eles. Basicamente eu me informo através da imprensa e de fontes de informação fiáveis.
Estando no Estado brasileiro, residindo em Brasília, conversando com gregos e goianos, funcionários públicos e outros, posso formar uma idéia precisa de como funciona, ou não, o Estado brasileiro atualmente. E o que vejo me assusta profundamente, pois constato um assalto constante do Estado por um bando de abutres vorazes, a partir do Parlamento e no funcionalismo público em geral, problema exacerbado pela existência de um número excessivo de cargos em comissão, que vem sendo aparelhados por parasitas subservientes ao poder, geralmente medíocres intelectualmente -- como convém e corresponde a parasitas -- e absolutamente coniventes com todas as medidas (algumas delas ilegais) que emanam dos atuais donos do poder.
O quadro é tanto mais assustador que sabemos que o crescimento do Estado vai retirar cada vez mais recursos da sociedade e tornar nosso crescimente (se houver) crescentemente irrisório. Os gastos públicos com despesas correntes não diminuem apenas os investdimentos diretos do Estado no setor produtivo e na infra-estrutura, mas eles diminuem também, ou pelo menos inibem os investimentos privados, pelas distorções que criam e pelo chamado crowding-out.
Estamos condenados a isso nos próximos anos e no futuro previsível.
Quanto à mediocridade dos concursos públicos, entre eles o do IPEA, ela se deve à mediocridade dos quadros que hoje ocupam essas funções, se não resultar, obviamente, de pura desonestidade intelectual, que também costuma caracterizar esse pessoal.
Paulo Roberto de Almeida