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terça-feira, 28 de abril de 2009
1084) Turismo academico (21): Museus de Nova York, os novos sao os melhores
Novos museus em New York
Começamos a segunda-feira (um dia, aliás, no qual a maior parte dos museus estão fechados) por uma visita à coleção Rubin de arte himalaia, situado no Chelsea, rua 17. Incrivel como esse tipo de iniciativa prospera nos EUA: um casal de judeus, sem nenhuma vinculação especial com a Ásia ou sua cultura, começa, muitos anos atrás, a colecionar peças de arte himalaia, por puro gosto pessoal. A coleção cresce, começa a ocupar toda a casa, e daí surge a idéia de fazer um museu, com a ajuda dos amigos (que nunca falham) e de outras instituições.
Ai, basta encontrar uma palacete em NY (o que não é muito dificil), derrubar tudo por dentro, deixando a fachada, com a ajuda de algum arquiteto judeu que não cobra nada por isso, e zut, voilà, surge um novo museu, espetacular, inteiramente dedicado à arte himalaia (sobretudo Nepal e Tibete, mas tambem India e Paquistão, o que é inevitável), com peças inacreditáveis, que "aparecem" não se sabe bem como, mas que não são vistas nos museus de arte asiática tradicional (em todo caso, vi peças que nunca tinha visto iguais no Guimet de Paris, ou na Sackler e Freer de Washington).
Recomendo, absolutamente, inclusive porque além das coleções permanentes, sempre estão apresentando exibições especiais e temporárias, com peças coletadas em outros museus ou, o que é mais importante, em coleções particulares (e que portanto nunca serão mais vistas, a não ser em casos de doações, o que aliás ocorre muito frequentemente nos EUA).
Jewish Museum (Quinta Avenida, não muito longe do Museu of Design e da Guggenheim)
Outro museu espetacular, imperdível, construído (sempre totalmente renovado por dentro) dentro do antigo palacete dos Warburg (uma dessas familias de banqueiros riquíssimos da belle époque), e que abriga não apenas peças de coleções, mas toda uma exibição didática, com todos os recursos de mídia, sobre alguns milhares de anos da história do povo judeu. Imperdível, também, sobretudo porque eles reconstroem a experiência do povo judeu através das eras em diferentes continentes e nas três grandes divisões do povo judeu depois da diáspora: os que ficarem na terra de Israel, os de tradição sefardita (que foram para a Espanha, e depois se espalharam pelo mundo ocidental e oriental, depois do Edito de Expulsão, de 1492), e os askenazi (concentrados na Europa do norte, da Alemanha à Rússia, os que mais sofreram perseguições).
Convido os interessados a visitarem o museu pelo seu site online, pois não saberia descrever com fidelidade tudo o que vi durante algumas horas.
Sim, apenas uma lembrança (que já tinha me surpreendido anos atrás, quando soube desse atraso espanhol de quatro séculos): apenas em 1966 foi introduzida uma emenda ao Fuero de los Españoles, que deu liberdade religiosa aos judeus e revogou o édito de expulsão de 1492. Demorados esses espanhóis...
As lojinhas de museus também são excelentes e não apenas para lembrancinhas, para livros de qualidade também. Além dos catálogos próprios e das exposições especiais, fiquei lendo o prefácio e a introdução de um livro de um historiador americano-luxemburguês, Arno J. Meyer, que conheci anos atrás em Paris, autor de um excelente livro de revisionismo histórico sobre a Europa da belle époque, The Persistence of Old Regime (já traduzido e publicado no Brasil). Seu livro mais recente é uma história progressista do Estado de Israel: From Plougshares to Swords: From Zionism to Israel (London; Verso, 2008).
Não comprei porque já não tenho mais onde colocar um hardcover, não porque custa 34 dólares (embora pretenda comprá-lo por 6 ou 8 dólares dentre em breve, na abebooks.com) e escrever ao autor, que é emérito de Princeton.
Bem, acho que seria preciso um ano de NY, apenas para fazer as novidades, não o que já existe catalogado nos guias turísticos. Vou precisar de um sabático inteiro...
New York, 27 de abril de 2009
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