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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Brasil: colonia da China?

Quem pergunta não sou eu.
Quem afirma é o presidente da ABIMAQ...
Nem a Noruega pode ser classificada de exportadora de petroleo rica. Ela já era rica antes de descobrir petróleo no Mar do Norte, e ficar um pouco mais rica. Mas não é isso que a faz rica.
Muito pelo contrário. É a educação de seu povo...
Paulo Roberto de Almeida

BRASIL VIRA COLÔNIA DA CHINA, DIZ PRESIDENTE DA ABIMAQ
O Estado de S.Paulo, 28/4/11

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, disse hoje, durante entrevista coletiva para apresentação dos números do setor em março, que "o Brasil está virando uma colônia da China". Ele fez o comentário ao analisar a divisão da balança comercial da indústria de bens de capital por destinos de exportações e importações.
O principal destino das máquinas brasileiras foram os Estados Unidos, que no primeiro trimestre compraram o equivalente a US$ 411,44 milhões, crescimento de 47,12% sobre os US$ 279,67 milhões apurados em igual período do ano passado. Seguem os Estados Unidos a Argentina, a Holanda, o México e a Alemanha, nesta ordem.
No que se refere a importações, os Estados Unidos foram o país de quem o Brasil mais comprou máquinas. O crescimento das importações foi de 30,05% no primeiro trimestre de 2011 em relação ao mesmo período do ano passado - elas passaram de US$ 1,295 bilhão para US$ 1,684 bilhão. Mas a China ficou em segundo lugar, com US$ 965,92 milhões, valor que representou crescimento 53,51% sobre os US$ 629,23 milhões dos três primeiros meses do ano passado.
Para Aubert Neto, isso é fruto da política de juros e câmbio praticada pelo governo federal. "Não é a indústria que não tem competitividade, é o Brasil", disse, acrescentando que um setor que consegue exportar para países de Primeiro Mundo não pode ser considerado pouco competitivo. Ele defendeu a redução da taxa básica de juros como forma de resolver os problemas enfrentados pela economia brasileira.
Segundo Aubert Neto, com exceção da Noruega, não existe nenhum país exportador de commodities rico. "Me fale um, tirando a Noruega, que é um país exportador de petróleo rico", desafiou. Ele acrescentou que, por outro lado, fica difícil apontar um país exportador de máquinas e equipamentos que seja pobre. "Enquanto tivermos esse câmbio sobrevalorizado, ficará difícil competir com a China."
O presidente da Abimaq também atribuiu a queda do Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) do setor de máquinas e equipamentos à valorização do real. Ele fez um contraponto entre a queda do Nuci e o crescimento do número de empregados do setor. O Nuci do setor fechou em 80,5% em março, ante 82,3% no mesmo mês do ano passado. O número de empregados, por sua vez, cresceu 0,4% em março comparativamente a fevereiro, para 256.402 trabalhadores.
"Estamos contratando gente não mais para produzir, mas para montar máquinas importadas da China", disse Aubert Neto, salientando que a indústria nacional não precisa mais nem traduzir os manuais que acompanham as máquinas chinesas, pois eles já vêm em português.

Um comentário:

Blog do Tarrasch disse...

O fato relevante é que a indústria está contratando, pouco importa se é para montar máquinas importadas da China.
O empresariado precisa parar de chorar e se adequar à nova realidade, aceitando o "tremendo sacrifício" de reduzir as suas margens.
Se quiserem enfrentar os chineses, que as reduzam, além de aceitar praticar preços internos similares aos preços internacionais.
Veja o caso das siderúrgicas, habituadas a impor preços domésticos 30% maiores que os de exportação até meados de 2010.
Esse pessoal da FIESP chora (e bastante!