Eu nunca deixarei de me surpreender com o tamanho das malversações que cercam toda e qualquer politica industrial conduzida diretamente pelo Estado. Lembro-me perfeitamente que essa "fábrica de chips" foi anunciada com certa fanfarra, como sendo o começo da libertação do Brasil da importação de circuitos integrados, um dos principais componentes nos déficits setoriais da balança comercial.
Pois bem, vejam o que resultou, ou melhor não resultou.
Acho que tenho de me surpreender, sim, e sentir nojo, aliás, pelo dinheiro público desperdiçado...
Paulo Roberto de Almeida
Ex-presidente confirma que a fábrica gaúcha de chips não funciona e foi um antro de malfeitorias
Coluna de Políbio Braga, 20/06/2011
Anunciada como o início da mudança da matriz industrial do RS, que pularia diretamente da agroindútria para a civilização pós-industrial, a fábrica de chips de Porto Alegre, o Ceitec, passou ao centro de um furacão de denúncias de patifarias e malversação de dinheiro público que envolve fundo o governo Lula e seu aliado, o PSB do Rio Grande do Sul, do deputado Beto Albuquerque, que bancou politicamente o empreendimento e nomeou quase todas as diretorias. O ministério foi do seu Partido durante todo o governo Lula.
. O Ceitec já consumiu R$ 300 milhões e até agora não produziu chips ? o dobro do previsto inicialmente. As obras sofreram 13 aditivos em seis anos e estão na mira do Tribunal de Contas da União. Uma auditoria identificou várias irregularidades na construção, inclusive superfaturamento de ao menos R$ 15,8 milhões, além de problemas na licitação conduzida pela gestão anterior. Nos bastidores, Mercadante classificou a situação como ?um escândalo?.
. Desde o ano passado, circula em Porto Alegre uma cópia da carta de demissão de Eduard Weichselbaumer, que vive hoje na Califórnia, na qual ele revela que os equipamentos da fábrica estão tecnologicamente ultrapassados e simplesmente não funcionam, apesar de terem sido reformados.
. O editor almoçou com Eduard Weichselbaumer mais de uma vez. O executivo tem pedigree internacional e o editor avisou a ele que se daria mal no caso de prosseguir administrando ?empresarialmente? como fazia. O alemão disse ao editor, em off (agora esta informação é pública, conforme reportagem deste domingo da Istoé), que o então ministro do PSB decidiu atrasar a obra em 5 anos, quando poderia ter feito tudo em um ano.
. Confrontado pela revista Istoé neste final de semana, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloísio Mercadante, o chefe dos Aloprados, que visitou o Cietec no dia 25 de abril, um ano depois da inauguração avisou:
- O PSB que armou essa bomba, ele que a desarme.
CLIQUE AQUI para ler o que mais escreveu o editor sobre o assunto.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
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Um comentário:
Eu como não acredito em nenhum tipo de política industrial, não me surpreendo com o relato. Política industrial vem da competência de um povo que se constrói nas universidades e centros tecnológicos publicos e privados. E tudo isso é apenas uma condição necessária. Para que se tenha todas as condições, precisamos de ambiente competitivo. O pior é que todos os partidos odeiam esse tal de ambiente competitivo. Qual a saída, se pela política está quase impossível?
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