Já disse, em postagem imediatamente anterior, que alguém não gosta do que escrevo.
Quem será esse alguém?
Não tenho a menor ideia, ou melhor tenho uma ideia de quem seja, mas isso não tem a menor importância.
Fazem parte desse exército das sombras, que existem em todos os projetos proto e para-totalitários, que precisam controlar não só os corações e mentes, mas também os punhos e os teclados de dissidentes da verdade única do momento. Eles trabalham com mercenários pagos, que ficam vasculhando tudo, ou que recebem informações de vigilantes voluntários, gente ideologicamente comprometida com o projeto totalitário, e que não se conforma que um ridículo "gaulês" de província ouse desafiar, encore et toujours, os ukases do império vencedor.
Como disse antes: não me preocupo com isso.
Não pertenço a nenhum partido, a nenhum movimento, não atuo em coordenação com ninguém. Sou eu, apenas, e minha consciência, e meus instrumentos de trabalho (que eles tentam também controlar, com a tal de "governança da internet", ou a nefanda "democratização da mídia").
Bem, para facilitar o trabalho deles, mas para que eventuais leitores desatentos saibam do que está em causa, reproduzo aqui, sem tirar nem por nada, pequeno artigo feito para informar sobre alguns números que estavam disponíveis na ocasião.
Eu sou assim: tendo dados empíricos comprováveis, eu divulgo, para melhor informação de meus 18 leitores. Quem quiser que tire suas conclusões, gostando ou não.
Paulo Roberto de Almeida
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 27 de outubro de 2014
Nos dias 5 e 26 de outubro
de 2014, o Brasil foi às urnas, e a população escolheu os seus dirigentes
estaduais, os seus representantes no Congresso e, mais importante, o novo chefe
de Estado, que, de acordo com suas atribuições constitucionais, possui mais
poderes do que em outros regimes republicanos presidencialistas. O novo chefe
de Estado é o mesmo que já vinha exercendo suas funções desde 1o. de
janeiro de 2011, e deverá permanecer no cargo, salvo acidente de percurso, até
31 de dezembro de 2018.
Pela primeira vez em nossa
história política, um mesmo partido exercerá o comando do país durante quatro
gestões sucessivas, ainda que em coalizão com outros partidos. Mas, as eleições
também denotaram, por um lado, uma grande divisão no eleitorado – dada a
pequena margem de diferença entre os resultados dos dois concorrentes no
segundo turno – e, por outro lado, o grande número de abstenções ou de votos
nulos e brancos. Com efeito, sobre um eleitorado total de quase 143 milhões de
eleitores, a atual presidente foi reeleita com 54,5 milhões de votos, ao passo
que os abstencionistas somaram mais de 30 milhões; se somarmos aos ausentes os
que votaram nulo ou branco (mais de 3 milhões), o número dos que se abstiveram de
escolher um ou outro dos dois candidatos parece extremamente elevado, 26%,
sendo que a votação efetiva na candidatura vencedora alcança apenas 38% do
eleitorado.
Trata-se, portanto, de uma
eleição que parece revelar uma fratura no país, como já indicaram vários
analistas políticos, com efeitos sobre a composição do futuro gabinete
ministerial e sobre a formulação e a implementação de políticas públicas. Cabe,
nesse sentido, registrar a nítida regionalização do mapa eleitoral, com a
predominância do voto na candidata da continuidade no Norte e Nordeste, em
estados claramente dependentes do programa Bolsa Família. Assim, no Maranhão,
79% dos votantes se pronunciaram pela candidatura oficial, no Piauí, 78%, no
Ceará 77% e 70% em Pernambuco. Ora, no Maranhão, exatamente 50% dos habitantes,
ou 3,4 milhões de pessoas, sobre uma população total de 6,6 milhões, são
beneficiários do Bolsa Família. No caso do Piauí, essa proporção alcança 48% da
população, 43% no Ceará e 40% em Pernambuco. Os demais estados do Nordeste se
distribuem entre 36 e 45% de dependência do programa governamental, proporção
que tem o seu menor índice em Santa Catarina, com apenas 8%, e em São Paulo,
com 10%. Tem-se aí um retrato perfeito do mapa eleitoral que emergiu dessas
eleições, e que parece que será confirmado no futuro previsível.
O exercício da democracia
consiste exatamente na expressão da vontade popular quanto às políticas que a
população espera ver implementadas pelos seus representantes e dirigentes. O
Brasil parece encaminhar-se para um mapa eleitoral que indica claramente a
divisão entre estados contribuintes líquidos para a riqueza nacional (em
proporção superior a 65% do PIB) e estados recebedores de transferências
federais, a diversos títulos. A correlação entre o voto na candidatura oficial
e a dependência em proporção superior a 25% das famílias está nitidamente
expressa no resultado das urnas.
Paulo Roberto de Almeida
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