sábado, 31 de janeiro de 2015

Portugal e seus judeus sefarditas: 500 anos de atraso e de injusticas

Demorou (mais ou menos 500 anos) mas chegou a reparação: Portugal começa a oferecer dupla cidadania a todos os que puderem provar ascendência judeo-sefardita, ou seja, os descendentes daqueles que foram expulsos numa das ações mais estúpidas já perpetradas, junto com a Espanha vizinha, contra seus próprios interesses nacionais.
Sem deixar de cometer um crime contra uma de suas comunidades mais brilhantes, os dois reinos ibéricos se condenaram a um atraso monumental, ao se privarem dos melhores cérebros que poderiam ter em todas as áreas do conhecimento humano. Poderiam ter sido dois países razoavelmente desenvolvidos, e escolheram o atraso, o retrocesso científico, a carolice esterilizante, a estreiteza mental.
Os que retornarem agora serão provavelmente os menos preparados dos sefarditas que ainda existem espalhados pelo mundo, aqueles que na verdade buscam um passaporte europeu por diversas razões econômicas, não necessariamente os melhores dessa comunidade menos "nobelizável" que os judeus askenazis.
Os nazistas cometeriam o mesmo erro, a mesma estupidez fundamental quase 450 anos depois, por vezes nas mesmas condições de humilhação: não se podia vender propriedades e bens e levar consigo a fortuna resultante; ouro, apenas sob forma de algumas joias pessoais (como aneis ou relógios de uso pessoal), e neste caso do hitlerismo monstruoso sem qualquer possibilidade de "conversão", como ainda foi oferecida aos judeus ibéricos. Muitos morreram, outros foram obrigados a se converter, muitos preferiram partir, sem quase nada consigo.

Dirigentes estúpidos são capazes de condenar seus países ao atraso, inclusive aqueles que no Brasil dos anos 1930 e 40, por exemplo, proibiam o ingresso de judeus que buscavam desesperadamente fugir do nazismo. 
Paulo Roberto de Almeida

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