O Chanceler alemão Merz: "Caros amigos, as décadas da Pax Americana chegaram ao fim para nós na Europa, e para nós na Alemanha também. Ela não existe mais como a conhecíamos. É assim mesmo. Os americanos estão agora buscando seus próprios interesses de forma muito, muito agressiva. E isso só pode significar uma coisa: que nós também devemos buscar os nossos. E, meus queridos amigos, afinal não somos tão fracos assim. Afinal não somos tão pequenos assim.". FAÇA UMA ANÁLISE DE MODO DETALHADO E CRÍTICO DESSA FALA DE MERZ. ANALISE ASPECTOS OBJETIVOS (EXPLÍCITOS) E SUBJETIVOS (IMPLÍCITOS) DE TAL FALA. CONSIDERE AINDA, NA ANÁLISE, O CENÁRIO ATUAL DA GEOPOLÍTICA, PRINCIPALMENTE NA EUROPA, COM DESTAQUE PARA A GUERRA DE AGRESSÃO DA RÚSSIA DE PUTIN NA UCRÂNIA; ALÉM DE POSICIONAMENTOS PÚBLICOS DO PRESIDENTE AMERICANO TRUMP.
A fala de Friedrich Merz, que assumiu como Chanceler da Alemanha em 2025, marca uma reavaliação profunda da política externa e de segurança alemã e europeia, sinalizando uma mudança de paradigma na ordem geopolítica global. A análise detalhada da declaração revela aspectos objetivos e subjetivos que refletem o cenário atual de incerteza.
* Análise Detalhada e Crítica da Fala de Merz
A declaração de Merz, proferida em um discurso ao parlamento ou em um evento empresarial em setembro de 2025, rompe com a "falsa nostalgia" da dependência automática dos EUA e estabelece um curso para a autonomia estratégica europeia.
- Aspectos Objetivos (Explícitos)
Fim da Pax Americana na Europa: Merz declara explicitamente que a era da Pax Americana - o período de relativa paz e ordem global garantido pela hegemonia e proteção dos EUA após a Segunda Guerra Mundial - "chegou ao fim para nós na Europa, e para nós na Alemanha também". Isso é um reconhecimento público de uma nova realidade multipolar, onde a segurança europeia não pode mais ser vista como um dado adquirido sob o guarda-chuva americano.
Busca Agressiva dos Interesses Americanos: A fala aponta que "Os americanos estão agora buscando seus próprios interesses de forma muito, muito agressiva". Isso reconhece uma mudança na política externa dos EUA, que se tornou mais transacional e focada em "America First", independentemente de quem esteja na presidência. A parceria será "menos evidente" e mais "orientada por interesses".
Necessidade de Interesses Europeus: A conclusão lógica de Merz é que "nós também devemos buscar os nossos" interesses. Isso é um apelo claro para que a Alemanha e a Europa definam e persigam proativamente seus próprios objetivos estratégicos.
Autoafirmação Europeia: A parte final, "afinal não somos tão fracos assim. Afinal não somos tão pequenos assim", é um chamado à ação e um voto de confiança na capacidade da Europa de se defender e afirmar no cenário global.
- Aspectos Subjetivos (Implícitos)
Ceticismo em relação a Trump e à OTAN: Embora Merz tenha feito declarações semelhantes em diferentes contextos, incluindo após a invasão da Ucrânia, a menção a uma administração americana que "não se importa muito com o destino da Europa" é uma referência direta aos posicionamentos públicos de Donald Trump sobre a OTAN e a defesa mútua. A fala sugere uma profunda desconfiança na garantia do Artigo 5 da OTAN sob uma potencial presidência Trump.
Urgência na Autonomia de Defesa: Implícito na fala está o reconhecimento de que a Europa precisa desenvolver capacidades de defesa independentes rapidamente. Merz defende a construção de uma defesa europeia autônoma para que o continente possa se defender sem depender exclusivamente dos EUA.
Fim do "Ocidente Normativo": Merz declarou em outro momento que o "Ocidente normativo" - a aliança de valores unida pós-Guerra Fria - "não existe mais nesta forma", sendo, no máximo, uma designação geográfica. A fala do usuário reflete essa visão de um mundo onde a ideologia comum dá lugar ao pragmatismo dos interesses nacionais.
Consequências da Guerra na Ucrânia: O cenário da guerra de agressão da Rússia na Ucrânia serve como pano de fundo para a urgência da fala de Merz. A vulnerabilidade energética e de segurança da Europa, exposta pelo conflito, solidifica a percepção de que a dependência externa (dos EUA para segurança, da Rússia para energia) é insustentável.
* Análise no Cenário Geopolítico Atual
A fala de Merz é uma resposta direta às mudanças no cenário geopolítico, que incluem:
A Guerra na Ucrânia: A guerra expôs a necessidade crítica de a Europa ter uma capacidade militar robusta e independente para lidar com ameaças regionais. A percepção de que a Rússia é uma ameaça existencial reforça o argumento de Merz pela força europeia.
O Posicionamento de Donald Trump: A retórica "America First" de Trump e suas dúvidas sobre o compromisso com a OTAN aceleraram o debate sobre a autonomia europeia. A fala de Merz pode ser interpretada como uma preparação da opinião pública alemã e europeia para um futuro sem a garantia incondicional de segurança dos EUA.
A Emergência da Multipolaridade: A ascensão de potências como China e Índia, e a reconfiguração das alianças globais (como o BRICS), indicam o fim de um mundo unipolar liderado pelos EUA. Merz reconhece essa realidade e defende que a Europa deve se posicionar como um ator global proativo, buscando novas parcerias no Sul Global para diversificar cadeias de suprimentos e influência.
* Em suma, a declaração de Merz não é apenas uma crítica aos EUA, mas um marco na transição da Alemanha e da Europa de parceiros dependentes para atores autônomos e pragmáticos na arena global, movidos pela necessidade de garantir seus próprios interesses em um mundo mais instável e imprevisível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário