Jornalistas precisam simplificar, eu sei; mais ainda os chefes de redação: “O Brasil fez isto mais aquilo”; “a diplomacia brasileira disse isto, ou aquilo”. Eu entendo, pela necessidade de concisão, espaço nos títulos.
Mas acadêmicos, analistas políticos, internacionalistas nunca poderiam incorrer nesses pecados.
Nunca é o país ou a sua diplomacia que fez isto ou que escolheu aquela postura na sua política externa. Nunca. Sempre é o governo, o dirigente maximo, o presidente ou o seu chanceler.
Se a diplomacia tem responsabilidade direta por tal escolha ou tal posição, então é o caso de dizer. Mas, via de regra, a diplomacia sempre cumpre instruções, que emanam do chefe de Estado, de governo ou da chancelaria.
Por vezes, a posição adotada numa determinada questão da agenda externa não tem nada a ver com o que recomendou a diplomacia corporativa (e pode ser até o contrário do sugerido pelos profissionais).
Já assisti esse tipo de contradição várias vezes, sobretudo quando a política externa é excessivamente partidária, ideológica, ou a quando a diplomacia presidencial é personalista ao extremo.
Já viram algo parecido?
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata e professor
Brasília, 10/12/3025
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