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domingo, 29 de dezembro de 2013

A violencia extrema na historia da Uniao Sovietica: uma ditadura baseada na forca bruta

URSS: uma história de violência

União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi marcada pela violência extrema



No dia 30 de dezembro de 1922, foi instituída a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A dominação comunista da Europa Oriental resultou a partir de uma das revoluções mais sangrentas do século XX, a Revolução Russa.
No começo do século XX, a Rússia era um império feudal, enquanto seus vizinhos já estavam num processo de industrialização. Comandada pelo czar Nicolau II, uma crise se desenrolava no país. Em 1915, através de coalizões de operários e camponeses, cidadãos exigiam o fim da monarquia, revoltados com as desigualdades sociais, principalmente entre campo e cidade.

O czar prometeu criar eleições para o Parlamento, chamado de Duma, que ficaria responsável por elaborar uma Constituição. A oposição estava dividida entre os mencheviques e os bolcheviques. Os primeiros se deram por satisfeitos com a promessa de reforma política de Nicolau, mas o partido Bolchevique, não. Liderados por Vladimir Lênin, eles exigiam o fim da monarquia, o que levou a barricadas e ataques, contidos violentamente pelo governo. Em 1917, acontece a revolução que depõe a família real e instaura um governo provisório.
A Revolução Russa e a criação da URSS foi marcada pela violência exacerbada. Essa violência começa muito antes da reconhecida exterminação da família real, com o “exército do abastecimento”. Quando foi instaurado o governo provisório, uma crise geral abalava a nação, inclusive com falta de alimentos. O exército então era mandado ao campo para buscar mantimentos para os militares e o governo. As cobranças de impostos dessas milícias armadas foram a origem da maioria dos motins e revoltas camponesas que eclodiram em 1919 e acentuaram o contraponto entre campo e cidade.
Nessa espiral de violência, mesclavam-se brutalidades “arcaicas”, como a flagelação pública, e violências “modernas” destinadas a aniquilar “o inimigo interno”, como a desocupação dos vilarejos , mandando seus moradores para campos de concentração e fuzilamentos em massa de reféns.
O Exército Vermelho dos Operários e dos Camponeses é considerado um dos exércitos mais violentos do século passado.  Em seu recém-publicado livro “Berlin: The Downfall, 1945″ (Berlim: A Queda, 1945), o historiador inglês Antony Beevor descreve as atrocidades cometidas pelas tropas vencedoras contra civis indefesos nos países derrotados, principalmente contra as mulheres, vítimas de violência sexual numa escala nunca vista nos tempos modernos. O exército buscava expansão territorial e instauração de uma União Socialista.
A onda de violência que veio de parte do Império, que reprimia os revolucionários russos, foi adotada durante a instauração socialista, em 1922, e permaneceu durante seu governo, com expurgos e mortes. A Rússia tem uma das histórias mais sangrentas dos últimos tempos. Depois de prender o czar e sua família, em 1917, toda a família real foi executada no ano seguinte.
A URSS ainda teve papel decisivo em outras guerras. Na Segunda Guerra Mundial, abriu mão de um pacto de não agressão com a Alemanha para se tornar um dos países que mais conseguiu exterminar os exércitos alemães. E ainda, na Guerra Fria, o antagonista principal dos Estados Unidos. Depois de finalizada, A União se dividiu em 14 países, sendo o principal, a Rússia.

A barbárie em Berlim

Por Igor Fuser
Causa Nacional (causanacional.net), 17/05/2013

Antony Beevor:

Berlin: The Downfall, 1945 (Berlim: A Queda, 1945

Dia 30 de abril de 1945. No topo do Reichstag, o Parlamento alemão, um soldado agita a bandeira da União Soviética sobre Berlim em ruínas. Uma década após o fim do regime comunista, essa foto ainda é motivo de orgulho para os russos, símbolo de sua vitória sobre os nazistas na Segunda Guerra Mundial. Em um livro recém-publicado, o historiador inglês Antony Beevor traz à tona imagens bem menos heróicas do avanço final do Exército Vermelho. Elaborado com base em quatro anos de pesquisas nos arquivos soviéticos antes inacessíveis e em entrevistas com mais de 50 sobreviventes, russos e alemães, Berlin: The Downfall, 1945 (Berlim: A Queda, 1945) descreve as atrocidades cometidas pelas tropas vencedoras contra civis indefesos no país derrotado, principalmente contra as mulheres, vítimas de violência sexual numa escala nunca vista nos tempos modernos. De acordo com as estimativas de dois hospitais da cidade, citadas por Beevor, entre 95 mil e 130 mil mulheres foram estupradas pelos russos em Berlim – muitas delas várias vezes seguidas, por grupos que chegavam a mais de dez soldados.
O sexo forçado com as mulheres dos inimigos vencidos figura na história de todas as guerras, desde a Antiguidade, como parte do butim dos conquistadores. Na ocupação da Alemanha pelas forças soviéticas, essa prática – agora se sabe – atingiu dimensões de pura selvageria. “Nossos soldados violaram todas as alemães que acharam em seu caminho, dos 8 aos 80 anos”, relatou a jornalista russa aposentada Natalya Gesse, que acompanhou a ofensiva como correspondente de guerra. “Eram um exército de estupradores.” Berlinenses idosos, entrevistados pelo autor, ainda se lembram dos gritos das vítimas noite adentro. Era impossível não ouvi-los, pois todas as janelas da cidade estavam quebradas. Num convento nos arredores de Berlim, a fúria sexual dos soldados não poupou ninguém. Foram violentadas freiras, meninas pequenas, mulheres grávidas e até mesmo mães que tinham acabado de dar à luz. Igual destino tiveram as russas, judias e polonesas libertadas do trabalho escravo na Alemanha nazista. Beevor deixa claro que nem todas as unidades soviéticas participaram dos abusos. Houve tentativas de manter a disciplina, como a de um general que matou um tenente ao vê-lo organizar uma fila de soldados para se servirem de uma alemã deitada no chão. Mas, como regra geral, a barbárie correu solta, estimulada pelo álcool e pelo desejo de vingar os horrores praticados pelos nazistas na URSS, onde deixaram mais de 20 milhões de mortos. As notícias da orgia de estupros na Alemanha ocupada chegaram até o ditador Josef Stalin, que preferiu se omitir. “O Exército Vermelho convenceu a si mesmo de que, por ter assumido a missão moral de libertar a Europa do fascismo, poderia fazer tudo o que quisesse, tanto no campo político quanto no pessoal”, analisa o autor.

Duas semanas após o lançamento, o livro de Beevor já atingiu o primeiro lugar na lista dos mais vendidos na Inglaterra, repetindo o sucesso de sua obra anterior, de 1998 – um relato sobre a batalha de Stalingrado apontado por especialistas como o melhor trabalho sobre o assunto. Para não ser acusado de sensacionalismo, o historiador excluiu do texto os detalhes mais chocantes, deixando-os para seu site na internet (www.antonybeevor.com). Mas a denúncia dos crimes soviéticos é só uma faceta do livro, que também revela episódios inéditos da derrocada nazista. Em meados de abril de 1945, por exemplo, a Orquestra Filarmônica de Berlim deu o último concerto durante a guerra: O Crepúsculo dos Deuses, de Wagner. À saída, militantes da Juventude Hitlerista distribuíam cápsulas de cianido – um veneno fulminante – para quem preferisse a morte a encarar o apocalipse iminente. Muitos, se soubessem o que os esperava, teriam aceitado a oferta.