O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador pai da historiografia brasileira. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador pai da historiografia brasileira. Mostrar todas as postagens

domingo, 25 de agosto de 2024

Frei Vicente do Salvador (1564-1639): pai da historiografia brasileira - Brasilis Regnum (Instagram)


 Frei Vicente do Salvador (1564-1639), foi um religioso franciscano baiano, conhecido como pai da historiografia brasileira, ou Heródoto brasileiro.

A História do Brasil de Frei Vicente Salvador, escrita em 1627, é considerada o "primeiro clássico do Brasil". Está dividido em cinco livros, descrevendo o modus vivendi na antiga colônia portuguesa. O livro está dividido em 48 capítulos que descrevem as características da colônia, seu clima, fauna, flora, seu nome, a descoberta, a colonização e a divisão de capitanias hereditárias, bem como a pressão de corsários franceses e holandeses na costa brasileira. É também um dos primeiros estudos sobre a vida cotidiana na colônia, relatando costumes matrimoniais, criação de filhos, ritos fúnebres e línguas indígenas. Guardado na Torre do Tombo de Lisboa, o manuscrito serviu de fonte para estudiosos como Frei Agostinho de Santa Maria e Francisco Adolfo de Varnhagen. Finalmente, em 1889, Capistrano de Abreu editou o livro e publicou-o pela primeira vez, no Rio de Janeiro

Frei Vicente estudou no colégio dos jesuítas, em Salvador. Estudou Direito e Teologia na Universidade de Coimbra, onde doutorou-se em cânones. Em vista do seu sucesso como administrador, diz seu biógrafo, frei Venâncio Willeke, que causou surpresa e pesar na Bahia a decisão de Vicente de abandonar o clero secular para ingressar numa ordem mendicante, a dos franciscanos, tendo recebido o hábito a 27 de janeiro de 1599 e professando a 30 de janeiro de 1600, no convento de Salvador, sendo logo transferido a Pernambuco. Segundo Willeke, Vicente fora desde cedo contagiado pelo ideal da evangelização dos indígenas, mas mantinha um especial interesse pela obra do frade Bartolomeu de las Casas e outros religiosos que defendiam os nativos. Em torno de 1603 foi nomeado para catequizar os silvícolas da Paraíba, devido ao seu conhecimento do idioma nativo e à ordem régia de fundar novas missões na área.

Em 1606 deixou as missões e passou a lecionar Filosofia no convento de Olinda, e no fim do ano o superior o escolheu para fundar o convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro.

  • Visitou o Rio de Janeiro, e em meados de 1624, estando na Bahia, caiu prisioneiro dos holandeses, sendo liberado em maio de 1625. O conteúdo principal da História do Brasil foi concluído antes de 20 de dezembro de 1627, quando dedicou a obra a Severim de Faria.
  • Frei Vicente descreve uma época em que o Brasil era uma descoberta recente, e Portugal não sabia exatamente o que fazer com ele, pois os primeiros relatos eram pobres em informação sobre especiarias raras ou metais e pedras preciosas, então o principal interesse daquele reino navegador, expansionista e mercantil, em busca de novas rotas de comércio e novas conquistas territoriais. Com isso, a atenção concentrou-se nos primeiros tempos na exploração do pau-brasil. Mas também Portugal, embora pujante, era um reino pequeno, e havia pouca gente para defender e administrar o vasto território descoberto, povoado por indígenas nem sempre amistosos e ameaçado pelas pretensões de outras potências. Suas descrições de eventos históricos e da paisagem e sua gente (nativos e colonizadores) permanecem como fonte categorizada para o conhecimento dos primórdios do Brasil.