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sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Um novo Bolsa Familia, segunfo Simon Schwartzman

 Um dos problemas que eu vejo num programa de assistência social dessa magnitude — ou seja, incorporando TODOS os que aparentam possuir uma RENDA MONETÁRIA inferior a determinado patamar — é supor que todos eles, se deixados sem a esmola do governo se deixaria morrer de inanição, o que não é verdade, pois o primeiro instinto de todo ser vivo é justamente o da sobrevivência. 

Sou pela responsabilização individual, mas favorável a um GIGANTESCO esquema de escolarização de qualidade, dando toda ajuda a crianças na escola e APENAS na escola.

Paulo Roberto de Almeida

Nova postagem no blog de Simon Schwartzman
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A evolução do bolsa família

By Simon on Sep 11, 2020 06:12 am

(publicado em O Estado de São Paulo, 11 de setembro de 2020 – ampliado)

Os programas de transferência de renda começaram no governo de Fernando Henrique Cardoso, foram ampliados no governo Lula e está aberta a discussão de como vão continuar. Pouca gente duvida de sua importância e necessidade. Se antes se pensava que a miséria era inevitável, hoje não se pode mais admitir que pessoas fiquem sem pelo menos um mínimo para se alimentarem e sobreviverem.

Nestes mais de 20 anos, muita coisa se aprendeu sobre o que funciona ou não no Bolsa Família. Ao contrário da maioria dos programas sociais brasileiros, o Bolsa Família é relativamente bem focalizado, atendendo a quem mais necessita, a partir das informações de um grande cadastro único. As transferências se dão de forma simples, sem burocracia, e o principal resultado é a redução do número de pessoas em situação de pobreza extrema. Por outro lado, as chamadas “condicionalidades”, que associam os benefícios à frequência das crianças na escola e ao atendimento nos serviços de saúde, funcionam pouco. E pela imprecisão do cadastro único existem muitas pessoas recebendo sem precisar e outras que precisam e ficam de fora.

Uma decisão importante para renovar o Bolsa Família é quanto dinheiro vai ser gasto. R$ 35 bilhões, como proposto pelo governo para 2020? Ou R$ 100 bilhões, o que talvez fosse possível se a economia melhorasse? Seja quanto for, é imprescindível avaliar a experiência até aqui e fazer o dinheiro ser mais bem empregado, focado em quem mais necessita e buscando resultados realistas.

É exatamente isso que faz a proposta do Programa de Responsabilidade Social elaborado por um grupo de especialistas liderados por Vinicius Botelho, Fernando Veloso e Marcos Mendes e patrocinado pelo Centro de Debates de Políticas Públicas de São Paulo (veja abaixo os links para o artigo descrevendo o projeto, apresentação sumária e projetos de lei e de reforma da Constituição).

A primeira e talvez principal novidade é distinguir as situações de pobreza das situações de informalidade. Pessoas que trabalham informalmente nem sempre ganham muito pouco, mas vivem na incerteza. A ideia, por isso, é criar, ao lado da transferência de renda para os que ganham pouco ou nada, um seguro simples e barato que possa ser usado para as pessoas que trabalhem informalmente. Com isto se torna possível transferir mais recursos a quem ganha menos, e estimular as que trabalham informalmente a dar informações mais fidedignas sobre sua renda, para ter direito ao seguro. 

A segunda inovação é substituir os antigos benefícios voltados para crianças e jovens por políticas mais bem enfocadas. A ideia errada do Bolsa Família era que crianças pequenas não iam à escola porque precisavam trabalhar e o problema se resolveria pagando às famílias para os filhos estudarem. Mas já então se sabia que o problema do abandono escolar é menos de dinheiro do que da má qualidade das escolas, que os estudantes, a partir dos 11 ou 12 anos, começam a abandonar porque não conseguem acompanhar as aulas e perdem a motivação.

O novo programa propõe três políticas inovadoras. Primeiro, a abertura de uma conta de poupança para cada criança na escola, que só poderia ser resgatada quando concluísse o ensino médio. Segundo, recursos para apoiar os jovens em situação de pobreza que se sobressaem nas olimpíadas de matemática e em certames semelhantes, que mobilizam anualmente milhões de jovens e permitem identificar talentos, e ficariam perdidos sem o apoio necessário. Terceiro, recursos adicionais para a expansão do programa Criança Feliz, que atende diretamente crianças e gestantes com visitas de assistentes sociais, que são muito mais efetivas do que o simples incentivo financeiro. Claro que os problemas de educação e saúde brasileiros dependem sobretudo de melhorias no funcionamento das redes escolar e de saúde, e não desses incentivos, mas eles podem dar uma contribuição importante.

Para que esse programa funcione duas outras medidas são essenciais. A primeira seria trazer para o programa recursos que hoje são gastos com salário-família e abono salarial, cuja focalização é muito mais incerta, e para isso se prevê um mecanismo de transição. A segunda, a ampliação e reformulação do cadastro único, que deveria evoluir para um cadastro universal com informações mais confiáveis sobre toda a população brasileira.

O cadastro tem hoje mais de 76 milhões de inscritos e é utilizado por cerca de 30 programas sociais diferentes, que nem sempre usam os mesmos conceitos de pobreza, família, rendimento e pobreza. Ele é alimentado pelas prefeituras, e pessoas interessadas podem pedir para ser incluídas. Com o auxílio emergencial da Covid o governo federal deparou com milhões de pessoas “invisíveis” em situação de necessidade, por estarem fora do cadastro e de outras bases de dados governamentais. A fidedignidade do cadastro deve ser aferida pelos dados censitários e amostrais do IBGE, mas com o adiamento do censo a incerteza aumenta. A unificação dos diferentes cadastros existentes no IBGE e nos Ministérios da Cidadania, da Economia, da Educação e da Saúde é uma necessidade urgente, que precisa ser feita sem comprometer a proteção das informações individuais.

As propostas do novo Programa de Responsabilidade Social são um importante salto de qualidade em relação ao Bolsa Família. E precisam ser seriamente consideradas pelo Congresso.

Links para o Programa de Responsabilidade Social: 
Texto do Projeto de Lei e de Emenda à Constituição

Justificação do Projeto de Lei

Justificação do projeto de emenda à Constituição 

O artigo sobre o projeto e a apresentação de apoio

Gustavo Franco : o enfant terrible da economia liberal

 

O aguerrido Gustavo Franco e a dupla Campos & Simonsen

"Franco, presidente do Banco Central no primeiro governo FHC, é um liberal que não ignora políticas públicas relevantes para a proteção dos mais pobres"

O Brasil, por conta da tradição católica, costuma transformar os mortos em pessoas excepcionais, independentemente da sua trajetória. Os raros seres dominados pela catalepsia ficariam perplexos com os excessos de elogios sobre a sua suposta morte. Outra maneira de prestar homenagem aos mais velhos é esperar pela idade provecta dos 80 anos, como acontece com o competente economista Affonso Celso Pastore, ou ocorreu, em abril de 1997, com Roberto Campos, ministro do Planejamento do governo Castello Branco (1964-1967), que promoveu as mais importantes reformas econômicas nos últimos 55 anos, com a colaboração decisiva de Octavio Gouvêa de Bulhões, ministro da Fazenda, e do incansável jurista José Luiz Bulhões Pedreira.

“A vantagem de se fazer uma festa de 80 anos é que, se for chata, há a certeza de que não será repetida”, disse Campos, na comemoração organizada pelo advogado e amigo Bulhões Pedreira, nos salões do Copacabana Palace. Frasista incontinente e polemista de primeira mão, Campos não escondia as suas simpatias pelo governo Fernando Henrique Cardoso e de um de seus mais importantes colaboradores, o economista Gustavo Henrique Barroso Franco, filho de um importante burocrata no governo Getulio Vargas (1950-1954), que depois se tornaria banqueiro, Guilherme Arinos Barroso Franco. Escolhido para homenagear Mario Henrique Simonsen (1935-1997) em caderno especial do “Jornal do Brasil”, Franco produziu uma verdadeira lápide para o ex-ministro da Fazenda, que morreria um ano depois da publicação do depoimento editado em 12 páginas, 1996, com a contribuição luxuosa de Dionísio Dias Carneiro (1945-2010):

“MHS convive bem conosco, cidadãos comuns, economistas simplórios, que acreditam na teoria, na tecnologia e que querem acertar. Ele observa, com uma elegância condescendente, as nossas hesitações, nosso aprendizado. MHS é o que os acadêmicos chamam de ‘referência obrigatória’. Ele fala com as estrelas e enxerga por trás das coisas, de um jeito que as outras pessoas não são capazes. É possível que passem gerações sem que se veja outro como ele”. À época, Franco, 39 anos, era o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central.

Aos 64 anos, o economista tem uma simbiose de MHS, com formação acadêmica impecável, e a ironia fina de um Bob Fields, apelido jocoso dado por um assessor nacionalista de Vargas. Bem-humorado, ele gostava da alcunha, uma alusão à sua defesa da importância do capital estrangeiro naquela economia incipiente e muito fechada dos anos 1950.

Gustavo Franco viu o céu e o inferno no governo FHC, mas sai mansamente, em janeiro de 1999, diante da forte especulação contra o real sem fazer críticas a quem serviu com grande fidelidade, tendo ajudado a montar a engrenagem que deu origem ao mais bem-sucedido plano de estabilização econômica do Brasil, o Real, reverenciado por seu guru MHS.

Apesar da estatura baixa e do corpo franzino, Franco nunca foi de levar desaforo para a casa. É um apaixonado pela escrita. Nos anos de 1988 e 1989, produziu com esmero reportagens especiais sobre a hiperinflação argentina no “Jornal do Brasil”. A hiper era o seu grande tema, que estudou como poucos. Tinha cabelos longos e barba espessa. Não deixou pedra sobre pedra. Na academia, jamais escondeu as suas críticas à politica econômica de Delfim Netto, que serviu aos governos Costa e Silva (1967-1969), Emilio Garrastazu Médici (1970-1974) e João Figueiredo (1979-1985), noves fora a intensa participação como uma espécie de assessor informal dos governos Lula 1 e Lula 2. Como se sabe, Delfim, em que pese à sua enorme competência como economista e grande mestre de gerações de profissionais, por vezes traiu a teoria, segundo Franco, para se firmar como um político. “A primeira missão de um ministro é continuar a ser ministro”, afirmava Delfim, segundo me disse Dionísio Carneiro, professor de Franco na PUC-Rio e assessor de Simonsen na Fazenda, Governo Geisel (1974-1979), além de mestre na prestigiada EPGE da vetusta FGV, início dos anos 1970.

Franco recusou um emprego rentável no BNDES para se dedicar a uma rigorosa formação acadêmica em Harvard, EUA. Volta ao Brasil equipado e suficientemente tarimbado para enfrentar, anos mais tarde, as agruras do governo Itamar Franco com inflação galopante. É dele a redação da legislação que deu origem à Unidade Real de Valor (URV), que, justiça seja feita, se baseava no conceito de uma moeda virtual tal como sistematizara a dupla Persio Arida/André Lara Resende, início dos anos 1980. Franco me disse que só foi entender a verdadeira dimensão da URV em uma viagem à sua cidade natal. Na sala com vista panorâmica para a Baía de Guanabara, saíra eufórico depois de um colóquio com Bulhões Pedreira, que trajava um terno claro e uma gravata Hèrmes: “Moeda com curso legal sem poder liberatório”. Estas sete palavras, resumidas pelo esteta do moderno direito tributário e societário, deu a certeza absoluta de que a conversão da URV para o real seria um sucesso de bilheteria. O resto da história é sobejamente conhecido do público: o Plano Real leva o candidato Fernando Henrique Cardoso a vencer com folga Lula no primeiro turno nas eleições presidenciais de 1994. Era o ponto final na super inflação.

Tempos depois, o mesmo empolgado Gustavo Franco, o baixinho que não leva desaforo, rompe com o tucanato diante de denúncias graves contra os grandes políticos do PSDB, com as exceções de um Tasso Jereissati, incansável senador a favor do Estado equilibrado e moderno.

Curiosamente, o ministro Paulo Guedes, que jamais poupou críticas à Economia da PUC-Rio, reconheceu em Franco as qualidades de um liberal verdadeiro e não de um oportunista de plantão (esqueçam os nomes, cara leitora e caro leitor). Por algumas semanas, Gustavo foi cogitado para ser o chairman do BNDES, mas os possíveis conflitos de interesse com os seus negócios privados, bem sucedidos, diga-se de passagem, o fizeram desistir da missão. Ponto para ele e para o ministro. Nem todos no Conselho de Administração tiveram a mesma dignidade. Não vamos falar de nomes.

O presidente do Banco Central no primeiro governo FHC mantém a sua coerência com o pensamento liberal sem cair na armadilha irresponsável, de ignorar políticas públicas relevantes para a proteção dos mais pobres. Da mesma forma, não tece elogios chapa branca ao governo Bolsonaro, irresponsável seja na área da saúde seja na de meio ambiente, para não falar das verdadeiras liberdades, que são tão caras a quem sempre combateu o centralismo e a autocracia do regime militar, como Franco.

Na sua importante obra acadêmica e nos mergulhos no pensamento de Fernando Pessoa, Machado de Assis e de Shakespeare – sempre tratando de economia – o melhor de Gustavo Franco está nas pílulas contidas na “Antologia da Maldade”, em co-autoria com Fabio Giambiagi. Há boas doses de um bom veneno, do sarcasmo na medida certa.

Vamos a uma seleta de frases famosas para a humanidade:

“A estabilização econômica é obviamente importante demais para ser deixada nas mãos dos economistas.” Alan Blinder (1945-) e Robert Slow (1924-), economistas americanos em 1974;

“A guerra é um assunto sério demais para se deixar unicamente nas mãos de militares.” Georges Clemenceau (1841-1929), ex-primeiro ministro da França;

“Política é uma coisa muito séria para ser deixada nas mãos de políticos.” Charles De Gaulle (1890-1970), ex-presidente da França.

E, certamente, assinaria embaixo essas frases do decálogo decantado por Roberto Campos naquela longínqua sexta-feira de um outono agradável, em 1997, no Rio:

“Os nacionalistas gastam tanto tempo odiando os outros países que não têm tempo para amar o seu próprio país”;

“O erro dos militares foi não terem feito a abertura econômica antes da abertura política; o erro dos civis foi depois da abertura política fazerem a chamada fechadura econômica”;

“Os que creem que a culpa dos nossos males está nas estrelas e não em nós mesmos ficam perdidos quando as nuvens encobrem o céu.”

Gustavo Franco está muito longe dos 80 anos, mas certamente lembra do velho pai, a quem conduzia com carinho na cadeira de rodas na sede da sua então Rio Bravo, no Centro do Rio, também assinaria esta boutade do adorável Bob Fields, no discurso na festa no Copacabana Palace:

“O Bulhões Pedreira sugeriu, a princípio, uma festa apenas para os amigos, o pessoal que criou o BNDES, a turma do governo JK (Juscelino Kubitschek). A idade mínima da festa seria 70 anos. A festa seria chamada de PVC – a Porcaria da Velhice Chegou.”

Detalhe: depois do velho Guilherme chegar na sala, Franco abria um sorriso e dizia como quem volta no tempo: “Juízo, pai”. Guilherme devolvia o sorriso, lembrando do menino travesso no casarão da Urca, bairro da Zona Sul carioca.


Trump: a maior ameaça à sobrevivência do capitalismo

 THE REPUBLICAN PARTY 

The GOP Is No Longer the Pro-Business Party

Look on my works, ye Mighty, and despair! Photo: Kent Nishimura/Los Angeles Times via Getty Imag

Climate change is making the world unsafe for capitalism. In the face of the “frequent and devastating shocks” wrought by unabated warming, the “fundamental conditions supporting our financial system” could prove impossible to sustain. Finance will struggle to perform its risk-management function if entire coastal regions become uninsurable. Banks won’t supply America’s breadbasket much credit if droughts routinely desiccate its crops. Already, private investors are failing to price assets in a manner consistent with ecological reality. Only a combination of carbon taxes that internalize dirty energy’s true social costs — and speed the development of renewables — can mitigate the physical and financial risks that lie ahead of us. Therefore, the U.S. government must aggressively intervene in energy markets while ensuring that the burden of a green transition “does not fall on low-to-moderate income households” or “historically marginalized communities,” posthaste.

This analysis does not come courtesy of Greenpeace, the Sunrise Movement, or some eggheads at the United Nations. Rather, it is a rough summary of a report commissioned by the (Trump-appointed) Commodity Futures Trading Commission (CFTC) — and written by analysts from Morgan Stanley, S&P Global, Vanguard, BP, ConocoPhillips, and Cargill — in collaboration with academics and environmentalists. (Some of those firms issued statements stipulating that they don’t necessarily endorse the report’s every particular, only its broad strokes.)

Released Wednesday morning, the report echoes the conventional wisdom among financial observers in less climate-science-averse corners of Western capitalism. Five years ago, Mark Carney, then governor of the Bank of England, warned that the planet’s warming presented three systemic risks to the global financial system: that catastrophic losses would tank the (heavily financialized) insurance industry and take financial markets down with it; that liability lawsuits from victims of climate change could suddenly erase the value of dirty-energy firms; and that failure to orchestrate a steady transition to renewables would result in a sudden and belated abandonment of trillions of dollars’ worth of fossil-fuel assets.

Last year, the economic historian Adam Toozewrote about risk No. 3 in some detail:

Assuming no spectacular breakthrough in carbon capture, if we are to stabilize temperatures below catastrophic levels, the vast majority of the world’s known fossil fuel reserves will have to stay in the ground. 


Leaving that energy untapped will mean as much as $28 trillion in lost revenue for oil, gas, and coal companies over the next 20 years. And that matters for the financial system because investors already own bonds and shares connected to those assets … If financial markets have time to adjust, even such huge losses could be absorbed. But if the changes strike lenders and investors suddenly and unexpectedly, they risk triggering … a financial heart attack, a crippling blow to bank balance sheets that radiates, as we saw in 2008, to the entire economy. In the subprime mortgage sector, which was worth around $1 trillion, losses ran to a few hundred billion dollars. The carbon bubble is far larger. 

On Wednesday, the Republican CFTC chairman Heath Tarbert discounted some of his own commission’s ideologically inconvenient findings by noting, in an interview with the New York Times, “The subcommittee’s report acknowledges that ‘transition risks’ of a green economy could be just as disruptive to our financial system as the possible physical manifestations of climate change, and that moving too fast, too soon could be just as disorderly as doing too little, too late.”

But this is a misreading of the report. Transitioning “too fast” does present a financial risk — bringing the value of all untapped fossil-fuel assets down to zero tomorrow would sow financial chaos. But there is no such thing as transitioning “too soon.” As the CFTC’s own graphic illustrates, the sooner America imposes a carbon tax, and other reforms aimed at moving capital away from oil and toward renewables, the more gradual and orderly the energy transition will be.

Graphic: NGFS

Tarbert’s error is blatant but understandable. After all, his commission’s findings can only be reconciled with his president’s agenda if they are willfully misinterpreted. Donald Trump has done virtually everything in his power to increase carbon emissions and further externalize the social costs of dirty energy. In interviews with the Times, the authors of the CFTC’s report “acknowledged that if Mr. Trump is re-elected, his administration is all but certain to ignore the report and its recommendations.” Which is to say financial analysts from some of the world’s most powerful corporations apparently see the reelection of a Republican president as a threat to the long-term stability of global capitalism.

Meanwhile, Wall Street’s largest banks reassured their clients this week that congressional Republicans will eventually acquiesce to another hefty stimulus package (as opposed to the “skinny” one that the party currently backs), with Morgan Stanley projecting a “a $1.5 trillion to $2 trillion package” by month’s end. At present, Mitch McConnell & Co. have refused to meet Nancy Pelosi’s caucus halfway on relief funding. This is in part because Republicans oppose significant fiscal aid for states and cities, a policy that enjoys the support of the U.S. Chamber of Commerce and Moody’s Analytics, which has argued that “every state needs additional federal aid” and that the “economic impacts” of states “not receiving it quickly are exceedingly high.”

These developments testify to an underappreciated fact about contemporary American politics: Contrary to popular conception, the GOP does not govern in the interests of U.S. business — or, at least, not in the long-term interests of U.S. business as a whole.

To be sure, Trump has done a great deal to benefit corporate America’s incumbent executives, especially those looking to maximize their own wealth in the run-up to retirement. Through his regressive-tax cuts and deregulatory measures, the president has saved major U.S. firms and their shareholders a bundle. The nation’s six largest banks alone have pocketed $32 billion as a consequence of Trump’s policies. And for America’s most socially irresponsible enterprises, this administration has been a true godsend. Since taking power, the Trump White House has, among other things, expanded the liberty of coal companies to dump mining waste in streams, pushed to preserve the rights of retirement advisers to gamble with their clients’ money, freed employers from the burden of logging all workplace injuries, and ended discrimination against serial labor-law violators in the bidding process for government contracts.

But the Republican Party is too corrupted by rentier and extractive industries — and too besotted with conservative economic orthodoxy — to advance the long-term best interests of American capital.

This reality has made itself conspicuous at various points over the past two decades. During the 2008 crisis, George W. Bush’s efforts to stabilize the U.S. financial system encountered sustained opposition from his party’s House caucus, relying on strong Democratic support to make it into law. Over the ensuing years, the tea party’s debt-ceiling demagoguery repeatedly threatened to force the country into a needless debt default. Under Trump’s leadership, meanwhile, the GOP dismantled much of the pandemic management infrastructure that its Democratic predecessor had built up in response to the 2014 Ebola outbreak. Once COVID-19 arrived, the president proceeded to misleadingly downplay the threat of the virusdiscourage his supporters from complying with recommended measures for containing its spread; refused to coordinate a comprehensive federal response, opting instead to let blue states bid against each other for limited supplies; convened potential super-spreader events in viral hot spots; publicly admitted that he hoped to suppress testing so as to make case counts look more favorable than they actually were; advised Americans that injecting disinfectant into their lungs might cure COVID; and blocked fiscal aid to states and cities amid a broader effort to coerce them into reopening their economies before the virus was contained.

It is impossible to say precisely how many of the 190,000 U.S. COVID deaths — or how much of the pandemic’s estimated $8 trillion domestic economic toll — would have been averted, were it not for the Trump GOP’s exceptionally irresponsible management of public health. But we do know this: Despite the fact that America’s population is younger than the European Union’s — and thus at lesser collective risk to COVID-19 — our per capita death rate is more than twice as high: If our COVID death-to-population ratio was the same as the E.U.’s, 106,000 fewer Americans would have perished from the disease.

Thus, it is not necessarily in the immediateinterest of U.S. business writ large to have a solipsistic con man in charge of the federal government, no matter how much he helps individual firms loot the public purse or skirt regulatory compliance. To the contrary, it is at least conceivable that, had the U.S. presidency not been held by an ideological movement contemptuous of the very concept of public health in 2020, American businesses would have been trillions of dollars more profitable in the coming decades than they are now poised to be.

Contra ruling-class reactionaries’ self-flattering dogmas, private enterprise is — and always has been — reliant on competent statecraft. Conservatives recognize capital’s reliance on “big government” in the realm of military defense. But in the Anthropocene, emergent diseases and climate change pose at least as large a threat to capital accumulation as any hostile foreign power. Meanwhile, in a globalized economy beset by chronic shortfalls of demand and periodic financial shocks, the GOP’s resilient skepticism about economic stimulus renders the party an uncertain friend to corporate America in its times of need. Granted, the party has largely fulfilled its duty to reflate asset prices and shore up credit markets this year. But the strength of the recovery (such as it is) is at least partly attributable to policies that originated with Democrats, and which the GOP accepted only grudgingly in March and has since refused to renew. As is, there is every reason to think that American businesses (especially small ones) would be better off if Pelosi’s caucus could set fiscal policy by fiat.

None of this is to suggest the Democratic Party reliably advances the enlightened interests of American business. In the recent past, Democratic administrations have been led astray by many of the same stale premises that presently shape GOP orthodoxy. Bill Clinton’s deregulation of finance and budget balancing lay the groundwork for a financial crisis that the U.S. economy never fully recovered from. Barack Obama’s fear of deficits (or, at least, deficit politics) led his party to pursue a grossly inadequate fiscal response to the Great Recession. Separately, Democrats are more accountable to labor, environmentalists, and other economic stakeholders whose interests are in some tension with the imperative of profit maximization, even on a long time horizon.

Nevertheless, if one accepts the reality of climate science — and the analysis of Trump’s own CFTC — it is clear that the Democratic Party is the most capable steward of American capitalism on offer. The GOP may be a more indulgent guardian. It may spoil its favorite industries rotten with gifts and permissiveness. But spare the state capacity and you’ll spoil the corporate sector. Trump may not give fossil-fuel companies a hard time for despoiling the planet, but someday they’re going to learn that — out in the real world — such misbehavior has consequences.