Bem, se finalmente aconteceu o ajuste que a FIESP esperava, seria preciso agora descobrir a quem agradecer por tão faustoso acontecimento: o Tesouro americano, o Banco Central brasileiro, os chineses, os gregos, os goianos, enfim, alguém há de ser responsável, ou culpado, por esse fenômeno fenomenal, se ouso dizer.
Então ficamos assim: o dólar se mantém a 1,85 e ninguém reclama mais: nem a FIESP, nem o BC, nem o ministro Mantega, nem o Bresser Pereira (que ainda certo tempo atrás achava que a taxa de equilíbrio estava mais próxima de 3,5, mas enfim...).
Vamos comemorar pessoal: pode mandar abrir uma garrafa de Veuve Cliquot -- como a presidente fez em NY -- agora um pouco mais cara, mas enfim, não se pode ter tudo na vida...
Paulo Roberto de Almeida
Dólar a R$ 1,85 está próximo do equilíbrio, diz diretor da Fiesp |
Gustavo Machado DCI, 30/09/2011 |
O diretor-adjunto do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Walter Sacca, disse ontem que o atual nível do câmbio, por volta de R$ 1,80 a R$ 1,85 por dólar, está muito mais próximo do que a indústria considera uma cotação de equilíbrio. "Finalmente aconteceu o ajuste que a Fiesp tanto desejava", afirmou, ressalvando que o dólar se desvalorizou em relação a moedas reconhecidas internacionalmente.
Na avaliação de Sacca, a recente alta da moeda norte-americana em relação ao real foi "súbita e acima da média". "Como todas as mudanças bruscas, temos efeitos negativos no curto prazo, mas no longo prazo teremos efeitos bons", afirmou, referindo-se à rentabilidade das exportações da indústria brasileira. No início de setembro, em entrevisa a este DCI, João Medeiros, diretor da Corretora Pioneer, afirmou que o mercado desejava o dólar ao patamar de R$ 1,89. "Este é um consenso que existe no mercado. Esperam que neste nível, os manufaturados tenham um melhor desempenho", afirmou à época João Medeiros. Apesar disso, Sacca manteve a projeção de crescimento da indústria paulista de 3,5% neste em relação a 2010. "Não haverá melhora no crescimento da indústria até o fim do ano", disse. "A evolução da produção industrial será de acomodação com viés negativo", justificou, numa referência aos termos utilizados nos comunicados do Banco Central. Essa acomodação, na avaliação dele, pode ser observada na pesquisa Sensor divulgada no mesmo dia. Em setembro, o indicador, que varia de 0 a 100 pontos, atingiu 48,9 pontos. O valor abaixo da linha corte de 50 pontos denota uma deterioração do setor. Entre os itens que compõem o Sensor, o pior resultado foi o doe estoques, com 38,1 pontos, o mais baixo desde abril de 2009. "Os estoques da indústria de transformação têm crescido muito", diz Sacca. O diretor comparou o desempenho da indústria com o do comércio, que segundo ele deve registrar expansão de 11% neste ano. "O comércio cresce com a venda de produtos importados", afirma. Entre os destaques do Indicador de Nível de Atividade (INA), Sacca cita o setor de papel e celulose, que encolheu 0,9% ante julho, com ajuste sazonal. "Foi uma queda mais acentuada que a dos demais setores da indústria e a tendência não é positiva", afirmou. De acordo com ele, isso acontece porque o País exporta celulose e importa papel. Outro setor citado por Sacca foi o de metalurgia básica, com alta de 1,2% no nível de atividade em agosto ante julho, com ajuste. "Tivemos uma recuperação neste mês, mas não suficiente para reverter a queda dos últimos meses", disse. O setor acumula retração de 1,5% nos últimos 12 meses. O destaque positivo foi o de minerais não metálicos, com alta de 1,5% ante julho, com ajuste. |
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