Recebi hoje, em minha caixa de entrada, comentário feito na postagem de um vídeo que já tem mais de um ano, mas que parece ainda atrair interessados.
O vídeo é este aqui.
https://www.youtube.com/watch?v=fWZXaIz8MUc&lc=z220v5vw3qz2zlkbq04t1aokg3gmr5xk1hxn4nyjhb4lrk0h00410&feature=em-comments
ou ainda aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=fWZXaIz8MUc
O comentário deste dia (19/02/2018) foi este aqui:
"Não entendo como um vídeo com uma analise tão profunda e tão contundente sobre politica econômica brasileira nas ultimas duas décadas, possa ter apenas um pouco mais de mil visualizações. Me entristeço muito quando abro a pagina inicial do YouTube e vejo os vídeos mais visualizados e comentados aqui, com milhões de visualizações, como os videos do Portas dos Fundos por exemplo, vídeos que não agregam em nada a formação cultural do povo brasileiro, más que, muito pelo o contrario, deterioram o pouco que resta da capacidade intelectual das pessoas. Não entendo como existam tantos investidores que patrocinam esse tipo de imbecilização das massas, tornado-os tão populares por meio de uma divulgação maciça, quase que imposta ao cidadão comum, colocando isso como algo normal e atual, até mesmo de alto nível cultural. Essa pseudo cultural tem sido levada tanto a sério no meio acadêmico, ao ponto de formadores de opinião implantarem isso na base curricular das universidades brasileiras, como as chamadas "exposições de arte moderna" providas por universidades e incentivadas por ONGs interacionais, patrocinadas quando não por bancos e multinacionais, com o próprio dinheiro público. Seria esse o fim do que restou da cultura brasileira? Fica a pergunta."
Tento responder à pergunta:
Meu caro, muito grato pela gentileza do comentário, e pela pergunta formulada, mas creio que tenho uma resposta clássica para você. As chamadas grandes massas, ou seja, o trabalhador médio, o cidadão ocupado, o pai de família, ou até o estudante, leva uma vida diária voltada para suas ocupações habituais, que já são bastante absorventes. Normal que, ao voltar-se para um vídeo, um jogo de computador, um programa de TV, um espetáculo qualquer, ele não queira ainda receber uma aula "chata", cheia de economês e de termos difíceis para o entendimento do internauta médio, e sim procure um entretenimento leve, algo divertido, coisas que o obriguem a pensar e a refletir o menos possível, mas que ao contrário lhe deem prazer, que o façam rir. Minha "aula" de história econômica e de diplomacia dos últimos quinze anos não é certamente a coisa mais leve que ele pode encontrar no computador, no YouTube. Ao contrário, produtores e publicitários tentam oferecer-lhe o que é o mais elementar possível, com toques até de mediocridade, mas que façam rir, ou apelem a seus instintos, digamos assim, mais prazeirosos do que uma preleção de economia política e de relações internacionais. Por outro lado, não é segredo para ninguém que o nível médio da educação popular vem caminhando para a mediocridade, inclusive porque foi a isso que os cidadãos foram levados pelo exemplo de um presidente que era explícito no culto da ignorância, no desapreço aos livros e ao estudo, e que tinha orgulho em dizer que tinha chegado onde chegou sem precisar de diploma, sem ter curso superior. O culto da ignorância foi extremo durante a gestão populista e demagógica do falastrão. Por isso mesmo, a resposta à sua pergunta só pode ser esta: é isto efetivamente o que restou da cultura brasileira, se essa palavra ainda se aplica. Em todos os lugares, e não só no Brasil, cultura de massa sempre significou um rebaixamento dos padrões, e isso se vê até nos países de renda mais alta. A grande massa não quer pensar: ela só quer se divertir, depois de um dia de trabalho... Espero ter satisfeito sua curiosidade.
Paulo Roberto de Almeida
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
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