Diplomatizzando

Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).

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domingo, 25 de maio de 2025

Afonso Arinos: Um Brasil Grande e Forte: entrevista por Ary Quintella pai - artigo de Ary Quintella Filho (Estado de Minas)

 

Um Brasil consciente e forte

Por aryquintella em maio 25, 2025

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Hall dos Ministros, Palácio Itamaraty, Rio de Janeiro

Minha coluna quinzenal no jornal Estado de Minas publicada ontem, 24 de maio:

Meu pai, também Ary Quintella, entrevistou em 1970 o político mineiro Afonso Arinos de Mello Franco. A conversa aconteceu na casa de Botafogo, na rua Dona Mariana, onde o ex-ministro das Relações Exteriores morava e que ainda existe, e onde eu mesmo estive quando ela servia de sede ao centro de pesquisas Brics Policy Center.

Naquele mesmo ano de 1970, meu pai conduziu entrevistas com diversos autores brasileiros para o suplemento literário do Jornal do Commercio carioca. Algumas foram publicadas, outras não. Ignoro as razões para a seleção final, ou mesmo para a escolha dos escritores. As conversas realizadas com Rachel de Queiroz e Mário Palmério, outro mineiro, viraram referência e são sempre citadas por estudiosos de suas obras.

A longa entrevista com Afonso Arinos, que eu saiba, nunca veio a público. Apenas em 2019, vinte anos após a morte do meu pai, preparando-me para partir como embaixador na Malásia, descobri, classificando seus documentos, uma pasta contendo a transcrição de todas as entrevistas. O diálogo com Afonso Arinos chamou minha atenção, talvez por vício profissional, já que o senador foi chanceler em dois períodos, de fevereiro a agosto de 1961 e de julho a setembro de 1962, que integram o que viria a ser conhecido como Política Externa Independente.

Há muito a saborear no diálogo, por causa da cumplicidade entre entrevistado e entrevistador. Meu pai explica sobre seu interlocutor: “Sua fala é tranquila e sem vacilações: absoluta sinceridade, que espouca decididamente”. Afonso Arinos comenta ter sido colega de classe no Colégio Pedro II de meu avô, o matemático, também Ary Quintella.

Um dos temas mais presentes é Guimarães Rosa. Discutem sua personalidade, seu “método de composição”. O autor de Grande Sertão: Veredas sentara-se, um dia depois de tomar posse na Academia Brasileira de Letras — quando fora saudado por Afonso Arinos — e um dia antes de morrer, na mesma poltrona na varanda da casa na rua Dona Mariana de onde meu pai conduzia o diálogo. “Guimarães Rosa gostava dessa aí”, diz o político mineiro, apontando a poltrona, e meu pai, que então apenas iniciava sua carreira literária, comenta com o leitor: “sinto um arrepio ao longo da espinha”. Recorda Afonso Arinos que “Rosa era de uma amabilidade exuberante, implacável, minuciosa, que nos obrigava a tomar cuidado para não lhe causar nenhuma decepção”. 

Casa de Afonso Arinos na rua Dona Mariana, Botafogo, Rio de Janeiro

A conversa flui, passando da literatura brasileira para a francesa, e incluindo Jânio Quadros, Che Guevara e o Papa João XXIII. Sobre a Lei Afonso Arinos, de 1951, primeira norma no Brasil contra o racismo, o político declara ter sido “a mais importante realização da minha vida parlamentar”. Afirma que sempre se dedicou à política “com esmero, por uma questão de decoro e consciência, mas sem paixão”. Famoso pela capacidade oratória, admite: “se de fato eu tivesse no coração aquela paixão que demonstrava em minha voz quando fazia discursos violentos, eu já teria morrido há muito tempo”. Meu pai pergunta: “Era simulação?”, e ele responde: “não era simulação, mas a consciência de uma representação. Aliás, é a primeira vez que digo isso com tal franqueza”.

Há momentos de indagação filosófica: “esse problema de fixação no tempo, Ary, é coisa que todos nós nos consultamos permanentemente: quem somos nós, de onde viemos, para onde vamos? Não há ninguém que tenha um pouco de capacidade de se demorar dentro de si mesmo que não esteja sempre perseguido por essas ideias”. Meu pai faz uma pergunta difícil e pertinente, considerando o ano em que se realiza a entrevista: “Não se sente frustrado ao dar aulas de direito constitucional?”. 

Indagado sobre “sua melhor experiência como chanceler”, Afonso Arinos responde: “ela se situa fora do Ministério, depois que o deixei. Durante todo o período em que fui ministro, só encontrei resistências, incompreensões e obstáculos às minhas ideias”. Só depois suas tentativas de “viabilizar a afirmação da personalidade nacional” viriam a ser aceitas. Não sente saudades do Itamaraty, “pelas injustiças” que sofreu, “de ataques feitos por interesses escusos”.

Em um de seus livros de memórias, Planalto (1968), o político estende-se sobre esse assunto e nota que a hostilidade não vinha somente do empresariado ou da imprensa. “Tudo aquilo que podia representar cultura, inteligência, independência, trabalho, nacionalismo não existia para a maior parte do grupo dominante do Itamaraty”, escreve, e condena a “frivolidade condecorada” de diplomatas. Mesmo um senador ilustre, patrício, destacado político conservador não conseguiu que seus objetivos de “criação daquela imagem de um Brasil consciente e forte” fossem aceitos.

Um tema candente no Brasil, desde a década de 1950, era o das colônias portuguesas na África, em relação ao qual o Brasil, até a presidência de Jânio Quadros, se alinhava às teses portuguesas. A mudança de orientação a partir de 1961, diz Afonso Arinos a meu pai, constituiu uma das principais razões das críticas que recebeu como chanceler, ao ser acusado de não guardar “a tradição da fraternidade luso-brasileira”, e lembra: “nós somos o maior país africano do mundo”. Avalia que o Brasil, embora não sendo “uma grande potência”, é “uma grande nação” e “deve e pode” contribuir “como força decisiva no sentido da paz mundial”.   

Como conclusão da entrevista, declara o ex-chanceler: “o grande problema da humanidade é a paz” e lamenta-se com meu pai: “nós poderemos assistir durante toda a nossa vida a essa sucessão monótona de tragédias, limitadas a tais ou quais regiões do planeta, e que desencadeiam brutalidades que não poderemos jamais compreender”. 

É desconsolador saber que, desde 1970, nada mudou.

Para ler minhas colunas anteriores no Estado de Minas, clique nos links abaixo:

Retrato de família, 10 de maio

Benção apostólica, 26 de abril

O presente malásio, 12 de abril

Eterna cobiça, 29 de março

Grandes diplomatas, 15 de março

Consternação europeia, 1º de março

Da Pampulha para Kuala Lumpur, 15 de fevereiro

Tempos de incerteza, 1º de fevereiro

O ponto de inflexão nas relações entre Brasil e Malásia, 18 de janeiro



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quarta-feira, 24 de maio de 2023

Afonso Arinos (o primeiro) e o Sertão - Danilo Gomes

AFONSO ARINOS E O SERTÃO

 

                                                                                                                        Danilo Gomes

 

 Estou duplamente honrado em estar aqui. Por me encontrar novamente na querida cidade de Arinos e porque fui convidado por Napoleão Valadares, autor do livro História de Arinos,para falar sobre o tema “AFONSO ARINOS E O SERTÃO”. É muita responsabilidade tratar de um assunto dessa magnitude! 

 O escritor que dá nome a esta bela cidade é uma das figuras mais importantes da literatura brasileira. E quem afirma isto são vários dos mais renomados críticos literários do nosso país. O nome de Arinos figura na geografia de Minas Gerais desde 30 de dezembro de 1962, quando o distrito se emancipou e depois se constituiu em cidade, graças a um grupo de honrados políticos, liderados por Saint-Clair Fernandes Valadares, bisavô de Napoleão Valadares.

 Vamos recuar um pouco no tempo, para melhor situarmos o patrono ilustríssimo desta terra enriquecida pelo rio Urucuia.

 Aquele que seria um grande prosador e estilista nasceu em 1º de maio de 1868, na cidade mineira de Paracatu. Recebeu na pia batismal o nome de Affonso Arinos de Melo Franco, filho de Virgílio de Melo Franco e de D. Ana Leopoldina de Melo Franco.

 Fez o curso primário na Cidade de Goiás, então capital da Província de Goiás (é a hoje histórica cidade chamada Goiás Velho). A família morou por algum tempo em Meia-Ponte, atual Pirenópolis, a muito apreciada Piri. Aos 13 anos começou Afonso Arinos a estudar em São João del Rei. Em 1883 mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, a fim de estudar Humanidades no Ateneu Fluminense, após o que rumou para São Paulo, onde se formou em Direito,em 1889. 

 Tinha 21 anos o nosso biografado, quando, já bacharel em Direito, retornou a Minas Gerais, fixando-se em Ouro Preto, então capital, onde, por concurso em que obteve o 1º lugar, foi professor (ou lente, como à época se dizia) de História do Brasil. Foi dele a idéia da criação do Arquivo Público Mineiro. Tornou-se um dos fundadores da Faculdade de Direito de Minas Gerais, onde lecionou Direito Criminal. Temos hoje em Belo Horizonte a Praça Afonso Arinos, onde depois funcionou a Faculdade.

 Já naquela época de sua mocidade escrevia contos e os publicava em jornais de Minas, Rio e São Paulo. Colaborou também na Revista Brasileira, de José Veríssimo, e na Revista do Brasil.

 Em 1896 ele fez sua primeira viagem à Europa. No ano seguinte, passou a dirigir o jornal “Comércio de São Paulo”, e naquele mesmo ano de 1897 casou-se com Antonieta Prado, filha do conselheiro Antônio Prado (conselheiro do extinto Império de D. Pedro II).

 Em 1901 foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras (presidida por Machado de Assis) na vaga de seu fraterno amigo Eduardo Prado), sendo recebido pelo também grande amigo Olavo Bilac. Em 1893 passou a integrar os quadros do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, eleito que foi sócio-correspondente. 

 Afonso Arinos morou em Paris, onde abriu um escritório comercial. A capital francesa ainda vivia os tempos da chamada “belle époque”, a bela época, a Paris de Marcel Proust. Vinha sempre ao Brasil, sua ardente paixão, em busca do seu sertão nativo.

 Ele era um aristocrata de educação e de maneiras, um homem muito culto. De ameno convívio, tinha em torno de si uma legião de amigos e admiradores.

 O gosto pelas letras madrugou nele. A isto se associava a vida no interior de Minas e de Goiás – o sertão. Ele é considerado o pioneiro das tendências regionalistas na literatura brasileira. Esse homem sofisticado e de enciclopédica cultura tinha a alma sertaneja. E ao mesmo tempo monarquista, como a do seu amigo Eduardo Prado. Com grande conhecimento da vida sertaneja e das suas características psico-sociológicas, alçou-se logo ao topo da ficção regionalista brasileira. 

 Em 1898, histórias sertanejas são publicadas no seu livro Pelo sertão, sua obra-prima, sua magnum opus. Ouçamos este trecho de Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa, na Enciclopédia de Literatura Brasileira:

 “Na busca da temática brasileira, ao lado dos ciclos do indianismo, do sertanismo, do caboclismo, do cangaço, Afonso Arinos introduziu na ficção o ambiente inóspito e selvático do planalto central. Sua técnica foi a do Realismo, caracterizando-se pela fidelidade e verossimilhança, sem qualquer tendência a estilizar e fantasiar. Homens, costumes, paisagens do sertão, são retratados fotograficamente, com muita segurança e num estilo próprio, destacando-se ainda a reprodução da fala coloquial típica. (…) Em sua obra, é o próprio sertão, é a própria alma sertaneja, que se retratam, com a psicologia típica do homem local. Seu regionalismo é fruto de profunda vivência, acumulada na sua alma desde a infância, num contato com o meio, as matas, as serras, a paisagem, o homem, os costumes. Apesar das viagens, Afonso Arinos manteve as raízes presas ao meio sertanejo nativo, e soube ajustar as figuras humanas e as forças naturais. E assim, graças a essa base telúrica, à miragem de todo grande criador, alçou-se com sua obra de contista ao primeiro plano na ficção brasileira.”

 No seu livro Prosa de ficção, Lúcia Miguel-Pereira enfatiza:

 “É, entretanto, inegável que se encontra em Afonso Arinos a qualidade mestra dos regionalistas: o dom de captar a um tempo, repercutindo umas nas outras, prolongando-se mutuamente, as figuras humanas e as forças da natureza. (…) Amando a sua Minas com o amor inconscientemente exagerado de quem se sentia atraído por outras terras, Arinos resgatava como escritor as infidelidades de homem desejoso de vida mais larga e requintada. Por uma espécie de compensação psicológica, era como obrigado a reprimir as emoções que lhe despertavam as paisagens e a gente de sua terra, da terra de que o afastava tanta coisa, que por isso mesmo se lhe tornava mais cara. Mas, uma vez escritas as histórias, readquirido graças a elas o equilíbrio íntimo, não se lhe dava pressa em publicá-las.”

 Mário de Alencar (o filho de José de Alencar) também analisou com argúcia o trabalho de Afonso Arinos: “Foi na inalterada constância do sentimento brasileiro de Afonso Arinos que melhor se patenteou a força do seu caráter. Viajor habitual, em idas e vindas pelo oceano, qual ave de arribação de pouso alternado, Arinos nunca deixou de ser a alma sertaneja, a pura planta dos agrestes de Paracatu. Onde quer que ele fosse, , do que quer que ele falasse, e fosse qual fosse a língua, falavam pela sua boca a alma e a voz brasileiras. Atos e idéias não tinham nele outro molde que as formas vazadas pelo ambiente da infância no subconsciente.”

 

 

 Por sua vez, nosso contemporâneo crítico literário Assis Brasil, no seu O Livro de Ouro da Literatura Brasileira registrou: 

 “Afonso Arinos é um dos principais ficcionistas já tidos como autores regionais. Em que a linguagem literária deixa a pompa e a terminologia realista, em proveito da apreensão do coloquial, da recriação da fala. Pelo Sertão , seu livro de estréia, lançado em 1898, pode ser considerado um precursor do regionalismo modernista, embora aqui e acolá reviva um vocabulário. Ele é mineiro de Paracatu. Homem viajado, culto, mesmo escrevendo sobre as vidas miúdas, não esquece muito o tom erudito, a frase burilada. Mas soube transmitir a vida e os hábitos dos tropeiros e capatazes. A paisagem mineira está em primeiro plano em sua obra.” 

 ***

 Já me referi ao livro mais famoso do autor paracatuense: Pelo sertão. Ali estão os contos “Assombramento” , “A cadeirinha” , “Buriti perdido” , “A esteireira”, “Manuel Lúcio”, “Paisagem alpestre”, “Desamparados” , “A velhinha”, “A fuga” , “O contratador de diamantes” , “Joaquim Mironga” e “Pedro Barqueiro”. São contos excelentes, de força imagística e carga dramática. Pelo sertão é um monumento de seu gênio.

 Vejamos rapidamente o conto “Joaquim Mironga” – tipo do sertão”. Nele, o autor narra disputas políticas e discorre sobre a padroeira Nossa Senhora da Abadia do Muquém. No fim da história, morre Joaquim Mironga, sob estas singelas palavras: “Lá, naquele campo azul, junto com os anjos, pastorando o gado miúdo…”

 No conto “Desamparados”, temos este trecho eminentemente sertanejo:

 “Foi no chapadão extenso que francha as cumiadas da grande cordilheira das Vertentes; naquele ponto dos limites entre Minas e Goiás, em que o dorso da serra parece morder as nuvens baixas e aprumar-se para abrir leito ao remansado Paranaíba.”

 Outro tipo do sertão é “Pedro Barqueiro”, conto dedicado a Coelho Netto.

 O que mais me encanta nesse repertório é Buriti perdido. Todos merecem as páginas das antologias, dos chamados florilégios. Li Buriti perdido numerosas vezes. Ele é de um lirismo doce e melancólico, virgiliano, uma página maravilhosa de prosa poética. Esse conto revela características de crônica; é, a meu ver, um conto-crônica. O começo já é um encanto:

 “Velha palmeira solitária, testemunha sobrevivente do drama da conquista, que de majestade e de tristura não exprimes, venerável eponimo dos campos!” E, mais adiante, este trecho:

 “Talvez passassem junto de ti, há dois séculos, as primeiras bandeiras invasoras; o guerreiro tupi, escravo dos de Piratininga, parou então extático diante da velha palmeira e relembrou os tempos de sua independência quando as tribos nômadas vagavam livres por esta terra. Poeta dos desertos, cantor mudo da natureza virgem dos sertões, evoé! Então, talvez, uma alma amante das lendas primevas , uma alma que tenhas movido ao amor e à poesia, não permitindo a sua destruição, fará com que figures em larga praça, como um monumento às gerações extintas, uma página sempre aberta de um poema que não foi escrito, mas que referve na mente de cada um dos filhos desta terra.”

 Palavras proféticas, premonitórias, de um brasileiro que viveria apenas 48 anos, como José de Alencar. Com efeito, hoje temos em Brasília, cidade fundada pelo diamantinense Juscelino Kubitschek de Oliveira, um buriti plantado na chamada Praça do Buriti, onde se construiu o Palácio do Buriti, sede do Governo do Distrito Federal. Afonso Arinos sonhou com aquela “larga praça” para o seu buriti solitário e perdido no sertão. 

 Encerrando, não posso deixar de elencar os outros livros que também sustentam a glória de Afonso Arinos. São eles: Os jagunços, Notas do dia, O contratador de diamantes, A unidade da pátria, Lendas e tradições brasileiras, O mestre de campo, Histórias e paisagens. Ficou incompleto o livro intitulado Ouro! Ouro! 

 A Obra Completa de Afonso Arinos foi organizada sob a direção de Afrânio Coutinho para a Academia Brasileira de Letras.

 Quero também pelo menos fazer o registro de um livro muito importante para a melhor visão e compreensão do legado de Afonso Arinos de Melo Franco. Refiro-me ao volume intitulado Afonso Arinos, escrito por Tristão de Athayde, que era o pseudônimo usado pelo escritor Alceu Amoroso Lima, que conviveu com o nosso escritor no Rio de Janeiro. O pai de Alceu era amigo de Afonso Arinos. Alceu nasceu no Rio de Janeiro em 1893. 

 Esse notável livro de Tristão de Athayde teve edições: em 1922, pelo Anuário do Brasil, em 1981 pela Editora Lisa, em convênio com o Instituto Nacional do Livro, do Rio de Janeiro. Na edição de 1981 o magnífico prefácio é assinado pelo saudoso escritor goiano Bernardo Élis . Creio que esse erudito livro de Tristão de Athayde enfocando a vida e a obra de Afonso Arinos é mais que fundamental; a meu ver, é insuperável, definitivo. É também um depoimento pessoal e sentimental de incalculável valor.

 Homem afável, comunicativo, um cavalheiro leal e impecável, tinha, na legião de seus amigos e admiradores o grande poeta e cronista Olavo Bilac. Conviveram em tertúlias de camaradagem no Rio de Janeiro. Durante o governo ditatorial de Floriano Peixoto, Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac teve que deixar o seu Rio de Janeiro natal para escapar da prisão ( como tantos outros ). Foi parar em Ouro Preto, a antiga e aurífera Vila Rica do Pilar, então capital de Minas Gerais. 

 A história é contada no livro Crônicas e Novelas – 1893 – 1894, publicado em 2022 pela Editora Liberdade, de Ouro Preto, dirigida pelos professores universitários e escritores M. Francelina Silami Ibrahim Drummond e Arnaldo Drummond. As crônicas e novelas são de Olavo Bilac, mas o aparato editorial merece nossa admiração. Francelina escreve o prefácio, sob o título “Um clássico de Vila Rica” e a professora universitária Elinor de Oliveira Carvalho assina a “Nota da segunda edição”. Segunda edição das crônicas e novelas do ilustre Olavo Bilac.

 Ouçamos a mestra Francelina Silami Ibrahim Drummond:

 “Em 1893 / 1894, refugiado em Ouro Preto da perseguição de Floriano Peixoto, Olavo Bilac foi levado pelo jovem Afonso Arinos de Melo Franco ( 1868- 1916) a peregrinar in loco, conhecer igrejas e monumentos públicos, entrar nos arquivos, subir às ruínas do Morro da Queimada, revisitar a história de Marília, os poetas inconfidentes, Aleijadinho, ler ex-votos antigos em velhas sacristias.” Francelina nos lembra que, “anos mais tarde, em 1903, ao receber Arinos na Academia Brasileira de Letras, Bilac fez um discurso emocionado, retribuindo ao autor de Pelo sertão o acolhimento que lhe prestara nas montanhas de Ouro Preto (…) “

 Nesse livro da Editora Liberdade, é também digno de registro o substancioso posfácio do professor da USP, Antônio Dimas, sob o título “De Ouro Preto a Vila Rica. No retorno, Belo Horizonte.”

 Pois é, Afonso Arinos foi o culto cicerone de Olavo Bilac em Minas Gerais! 

 Prezados amigos, juro que agora vou terminar. 

 Mas, antes, permitam-me voltar ao meu xodó em Pelo sertão: o Buriti Perdido, aquela velha palmeira solitária; uns, dizem que situada em Paracatu; outros, como Bernardo Élis, que em Goiás, em Corumbá de Goiás. Minas e Goiás são estados-irmãos, como todos sabemos e sentimos.

 

 O amigo escritor Silvestre Gorgulho me conta a história do plantio do buriti na Praça do Buriti, no coração de Brasília, realização do sentimento profético-poético do nosso Afonso Arinos. Silvestre Gorgulho foi secretário de Comunicação do governador José Aparecido de Oliveira, que cuidou do tombamento da emblemática palmeira no jardim externo do Palácio do Buriti. Foi no dia 30 de maio de 1985, presente à cerimônia o sobrinho de Afonso Arinos, o também grande escritor seu homônimo, Afonso Arinos de Melo Franco, membro da Academia Mineira de Letras e da Academia Brasileira de Letras. Aquele buriti que uniu o sertão à nova capital do Brasil foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Estava realizado, em pleno Eixo Monumental de Brasília, o sonho profético e poético de Afonso Arinos, uma das glórias da literatura brasileira. Lá está, em sua sóbria e solene beleza, o Buriti Perdido da encantadora página de Afonso Arinos.

 

 Palestra proferida no II ENCONTRO DE ESCRITORES EM ARINOS, em Arinos, MG, em 19 – 5- 2023.

 

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Paulo Roberto e Carmen Lícia

Paulo Roberto e Carmen Lícia
No festival de cinema de Gramado, 2016

Breve Perfil

Paulo Roberto de Almeida
Doutor em Ciências Sociais, com vocação acadêmica voltada para os temas de relações internacionais, de história diplomática do Brasil e para questões do desenvolvimento econômico. Profissionalmente, sou membro da carreira diplomática desde 1977. Minhas preocupações cidadãs voltam-se para os objetivos do desenvolvimento nacional, do progresso social e da inserção internacional do Brasil. Entendo que cinco das condições básicas para que tais objetivos sejam atingidos podem ser resumidas como segue: macroeconomia estável, microeconomia competitiva, boa governança, alta qualidade dos recursos humanos e abertura ao comércio internacional e aos investimentos estrangeiros. Este blog serve apenas de divertissement. Para meus trabalhos mais sérios, ou pelo menos de caráter acadêmico, ver o site http://www.pralmeida.org/.

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  • Tobias Barreto: ingresso no IHG-DF
  • Manifesto Globalista
  • The Great Destruction on Brazil
  • Manual pratico de decadência
  • Miséria da Oposição no Brasil
  • Pensamento Diplomatico Brasileiro
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Uma reflexão...

Recomendações aos cientistas, Karl Popper:
Extratos (adaptados) de Ciência: problemas, objetivos e responsabilidades (Popper falando a biólogos, em 1963, em plena Guerra Fria):
"A tarefa mais importante de um cientista é certamente contribuir para o avanço de sua área de conhecimento. A segunda tarefa mais importante é escapar da visão estreita de uma especialização excessiva, interessando-se ativamente por outros campos em busca do aperfeiçoamento pelo saber que é a missão cultural da ciência. A terceira tarefa é estender aos demais a compreensão de seus conhecimentos, reduzindo ao mínimo o jargão científico, do qual muitos de nós temos orgulho. Um orgulho desse tipo é compreensível. Mas ele é um erro. Deveria ser nosso orgulho ensinar a nós mesmos, da melhor forma possível, a sempre falar tão simplesmente, claramente e despretensiosamente quanto possível, evitando como uma praga a sugestão de que estamos de posse de um conhecimento que é muito profundo para ser expresso de maneira clara e simples.
Esta, é, eu acredito, uma das maiores e mais urgentes responsabilidades sociais dos cientistas. Talvez a maior. Porque esta tarefa está intimamente ligada à sobrevivência da sociedade aberta e da democracia.
Uma sociedade aberta (isto é, uma sociedade baseada na idéia de não apenas tolerar opiniões dissidentes mas de respeitá-las) e uma democracia (isto é, uma forma de governo devotado à proteção de uma sociedade aberta) não podem florescer se a ciência torna-se a propriedade exclusiva de um conjunto fechado de cientistas.
Eu acredito que o hábito de sempre declarar tão claramente quanto possível nosso problema, assim como o estado atual de discussão desse problema, faria muito em favor da tarefa importante de fazer a ciência -- isto é, as idéias científicas -- ser melhor e mais amplamente compreendida."

Karl R. Popper: The Myth of the Framework (in defence of science and rationality). Edited by M. A. Notturno. (London: Routledge, 1994), p. 109.

Uma recomendação...

Hayek recomenda aos mais jovens:
“Por favor, não se tornem hayekianos, pois cheguei à conclusão que os keynesianos são muito piores que Keynes e os marxistas bem piores que Marx”.
(Recomendação feita a jovens estudantes de economia, admiradores de sua obra, num jantar em Londres, em 1985)

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