Uma postagem antiga, mas ainda válida em sua substância. O setor de notas do Itamaraty não precisaria tomar uma lição de moral de um leigo, ou um "paisano", em relação à diplomacia. O problema é que as notas nem sempre são feitas no Itamaraty, ou quando o são, elas podem ser "corrigidas" na presidência. PRA
As diplomacias dos países escolhem cuidadosamente as palavras usadas em suas notas oficiais, de modo a expressar corretamente a mensagem que querem passar para a comunidade internacional. Estão aí, na íntegra, as notas do Itamaraty do dia 07/10/2023, condenando o ataque terrorista do Hamas, e a mais recente, condenando os ataques de Israel e EUA às instalações nucleares do Irã.
Na primeira nota, o governo brasileiro “condena” os ataques. Na segunda, “condena com veemência”. Na primeira nota, os autores do ataque não são nomeados. Na segunda, Israel e EUA são nomeados. Ou seja, a primeira nota condena os ataques em si, enquanto a segunda nota condena os autores dos ataques.
O Brasil é um dos países que reconhecem oficialmente o Estado da Palestina. Os ataques terroristas de 07/10, portanto, do ponto de vista da diplomacia brasileira, foram patrocinados por um Estado soberano, não por um agrupamento de rebeldes. No entanto, a nota do Itamaraty não cita o Estado da Palestina em nenhum momento como autora do atentado. A Palestina enquanto Estado só existe quando convém.

