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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 20 de outubro de 2021

CPI da Pandemia: o relatório e o indiciamento por crimes (versão preliminar, contendo debate sobre o tema do genocídio)

CPI da Covid realiza leitura do relatório final 

Relator da CPI, senador Renan Calheiros, realiza a leitura do parecer final mais atualizado:

bit.ly/3DWCN9k

CPI: Renan pede indiciamento de 66 pessoas.

CRIMES NO ATACADO:

Por Erika Hilton:

1️⃣ - JAIR BOLSONARO indiciado por:

- Epidemia com resultado de morte

- Infração a medidas sanitárias preventivas

- Incitação ao crime

- Falsificação de documento particular

- Prevaricação

- Crime contra a humanidade

- Crime de responsabilidade

2️⃣ - CARLOS BOLSONARO e EDUARDO BOLSONARO indiciados por

- Incitação ao crime

3️⃣ FLÁVIO BOLSONARO indiciado por

- Incitação ao crime

- Improbidade administrativa

4️⃣ - MARCELO QUEIROGA indiciado por

- Epidemia culposa com resultado de morte

- Prevaricação

5️⃣ - EDUARDO PAZUELLO indiciado por

- Crime contra a humanidade na modalidade de extermínio

- Epidemia com resultado de morte

- Emprego irregular de verbas públicas

- Prevaricação

- Comunicação falsa de crime

6️⃣ - RICARDO BARROS indiciado por

- Incitação ao crime

- Formação de organização criminosa

- Improbidade Administrativa

- Advocacia administrativa

7️⃣ - ERNESTO ARAÚJO indiciado pro

- Epidemia culposa com resultado de morte 

- Incitação ao crime

8️⃣ - CARLA ZAMBELLI, BIA KICIS e LUCIANO HANG indiciados por

- Incitação ao crime, disseminação de fake news.

9️⃣ - OSMAR TERRA 

- Epidemia culposa com resultado de morte

🔟 - MAURO LUIZ DE BRITO RIBEIRO, presidente do CFM, indiciado por

- Epidemia culposa com resultado de morte

1️⃣1️⃣ - - ESCÂNDALO DA COVAXIN

Roberto Ferreira Dias, Coronel Élcio Franco, Luiz Dominguetti, Coronel Marcelo Blanco e Pastor Odilon serão indiciados por negociar e propor compra de vacinas com propina nos crimes de Corrupção passiva e ativa e outros crimes. 

1️⃣2️⃣ - PREVENT SENIOR 

Os donos da Prevent Senior, Eduardo Parrillo e Fernando Parrillo, serão indiciados por:

- Crime contra a humanidade

- Perigo para a vida e a saúde de outrem

- falsidade ideológica

- Omissão de notificação da doença

- Incitação ao crime

🔟 - MAURO LUIZ DE BRITO RIBEIRO, presidente do CFM, indiciado por

- Epidemia culposa com resultado de morte

Esta foi uma das CPI's mais importantes da história e ainda vamos levar tempo para digerir e responsabilizar todos os envolvidos nessa gestão criminosa da pandemia. Devemos lutar pela memória e justiça para todas as vítimas desse governo negacionista! #CPIdaCovid

@ErikaHilton


RELATÓRIO PRELIMINAR DA CPI DA PANDEMIA, EM 17/10/2021

Disponível na plataforma Academia.edu, neste link: 

https://www.academia.edu/59148514/Relatorio_Preliminar_da_CPI_da_Pandemia_em_17_10_2021

ou aqui: 

https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida/Varia

(Mesmo que o GENOCÍDIO contra populações indígenas não tenha sido considerado crime imputável ao presidente, considero relevante ler o subcapítulo "13.26 DO GENOCÍDIO", por conter elementos relevantes para um debate sobre o tema)

MINUTA CONTENDO RESUMO DOS TRABALHOS DA CPI DA PANDEMIA ATÉ 17 DE OUTUBRO DE 2021

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 

2. ANTECEDENTES 

3. DO REQUERIMENTO DE INSTAURAÇÃO DA CPI. DO FATO DETERMINADO. DO OBJETO

DA CPI 

3.1 INSTAURAÇÃO 

3.2 COMPOSIÇÃO 

3.3 OBJETIVOS 

4. PLANO DE TRABALHO 

5. DESENVOLVIMENTO DOS TRABALHOS DA COMISSÃO 

6. ANÁLISE 

6.1 GABINETE PARALELO 

6.2 IMUNIDADE DE REBANHO 

6.3 TRATAMENTO PRECOCE 

6.3.1 A VALIDADE CIENTÍFICA DO TRATAMENTO PRECOCE E MEDICAMENTOS RATIFICADOS PELAS AUTORIDADES SANITÁRIAS BRASILEIRAS 

6.3.2 O USO POLÍTICO E RAZÕES DA INSISTÊNCIA NO TRATAMENTO PRECOCE 

6.3.3 O PAPEL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE 

6.3.3.1 Depoimento do ex-Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta 

6.3.3.2 Depoimento do ex-Ministro da Saúde Nelson Teich 

6.3.3.3 Depoimento do ex-Ministro da Saúde Eduardo Pazuello 

6.3.3.4 Depoimento do Ministro da Saúde Marcelo Queiroga 

6.3.4 TRATECOV 

6.3.5 PRODUÇÃO DE FÁRMACOS: O PAPEL DO EXÉRCITO, FIOCRUZ E IMPORTAÇÕES 

6.3.6 O PAPEL DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA 

6.3.7 O PAPEL DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA 

6.3.8 OUTROS ATORES: O PAPEL DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS E DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA 127

6.3.8.1 O papel dos influenciadores digitais 

6.3.8.2 O papel do CFM 

6.3.9 GASTOS DO GOVERNO COM OS MEDICAMENTOS DO “KIT-COVID” 

6.3.10 CONCLUSÕES PARCIAIS A RESPEITO DO TRATAMENTO PRECOCE 

6.4 OPOSIÇÃO ÀS MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS 

6.5. A FALSA ALEGAÇÃO DE SUPERNOTIFICAÇÃO POR COVID-19 

6.6 RECUSA E ATRASO NA AQUISIÇÃO DAS VACINAS 

6.6.1 DEPOIMENTO DO EX-MINISTRO DA SAÚDE EDUARDO PAZUELLO 

6.6.2 DEPOIMENTO DO EX-SECRETÁRIO EXECUTIVO ANTÔNIO ÉLCIO FRANCO FILHO 

6.6.3 DOCUMENTAÇÃO E OUTROS ELEMENTOS PROBATÓRIOS 

6.6.3.1 Pfizer 

6.6.3.2 Sinovac/Butantan 

6.6.3.3 Moderna e Janssen 

6.6.3.4 Covaxin 

6.6.3.5 Covax Facility 


(...)


6.7. CRISE DO ESTADO DO AMAZONAS E A FALTA DE COORDENAÇÃO DO GOVERNO FEDERAL

6.7.7 A RESPONSABILIDADE DO GOVERNO DO AMAZONAS POR ATOS RELACIONADOS AO ENFRENTAMENTO

DA PANDEMIA 

6.8 O CASO COVAXIN

6.9. HOSPITAIS FEDERAIS DO RIO DE JANEIRO 

6.10 CASO VTC OPERADORA LOGÍSTICA LTDA - VTCLOG 

6.11 ANÁLISE ORÇAMENTÁRIA DA PANDEMIA NO BRASIL 

7. INDÍGENAS 

8. IMPACTOS DA PANDEMIA SOBRE AS MULHERES, A POPULAÇÃO NEGRA E OS QUILOMBOLAS

9. DESINFORMAÇÃO NA PANDEMIA (FAKE NEWS)

10. PREVENT SENIOR

11. ASPECTOS LEGAIS E JURÍDICOS

12. DOS CRIMES

13. INDICIAMENTOS

13.26 DO GENOCÍDIO

14. ENCAMINHAMENTOS

15. PROPOSIÇÕES LEGISLATIVAS E RECOMENDAÇÕES

15.4 PROPOSIÇÕES LEGISLATIVAS DE AUTORIA DA CPI , p. 1078

16. CONCLUSÕES, p. 1161


domingo, 20 de junho de 2021

Relator da CPI torna Queiroga, Pazuello e Ernesto Araújo investigados - G1 e TV Globo

 Para registro histórico: 

Relator da CPI torna Queiroga, Pazuello e Ernesto Araújo investigados; veja os 14 nomes

Renan Calheiros anunciou nova fase da apuração e disse ver indícios de crime de autoridades. Como investigados, eles podem ser alvos de medidas mais severas, como busca e apreensão.

Por Marcela Mattos, Beatriz Borges e Sara Resende, G1 e TV Globo — Brasília

G1, 18/06/2021 11h00  Atualizado há 33 minutos

O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), anunciou nesta sexta-feira (18) uma lista de 14 pessoas que passarão à condição de investigados pela comissão de inquérito.

Constam na relação o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, os ex-ministros da Saúde Eduardo Pazuello e das Relações Exteriores Ernesto Araújo e o ex-secretário de Comunicação Social da Presidência Fabio Wajngarten (veja lista abaixo).

A medida, na prática, indica que o relator vê indícios de crimes por parte desses investigados. A lista já foi encaminhada ao presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM) – parte já tinha sido antecipada nesta quinta (17) pelo blog do Valdo Cruz.

Cabe a Renan Calheiros como relator, ao final dos trabalhos, elaborar um parecer e encaminhar ao Ministério Público eventuais pedidos de indiciamento.

Passam a ser investigados:

·       Marcelo Queiroga, ministro da Saúde

·       Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde

·       Ernesto Araújo, ex-ministro de Relações Exteriores

·       Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social da Presidência

·       Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde

·       Nise Yamaguchi, médica defensora da cloroquina e suposta integrante do "gabinete paralelo"

·       Paolo Zanotto, virologista defensor da cloroquina e suposto integrante do "gabinete paralelo"

·       Carlos Wizard, empresário e conselheiro de Pazuello e suposto integrante do "gabinete paralelo"

·       Arthur Weintraub, ex-assessor especial da Presidência e suposto integrante do "gabinete paralelo"

·       Francieli Fantinato, coordenadora do Programa Nacional de Imunização

·       Marcellus Campêlo, ex-secretário de Saúde do Amazonas

·       Elcio Franco, ex-secretário executivo do Ministério da Saúde

·       Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde

·       Luciano Dias Azevedo, anestesista da Marinha apontado como autor de proposta para alterar a bula da cloroquina, substância sem efeito contra a Covid

"Por que isso? Porque acentua um momento importante da investigação. Segundo, em português claro, significa dizer que com relação a essas pessoas, contra os quais já acessamos provas e indícios, nós precisamos mudar o patamar da própria investigação, transformando-os em investigados. Isso é bom para a investigação e é bom, também, para a segurança jurídica do próprio investigado", diz Renan.

"A partir da declaração dessa condição, ele passa a ter acesso a informações e acesso às provas e indícios que estão sendo juntados na investigação", explicou.

Renan não descartou a hipótese de ampliar a lista de investigados nas próximas semanas – e disse que a CPI estuda, inclusive, investigar o próprio presidente Jair Bolsonaro.

Dos nomes que compõem a lista, Francieli, Weintraub, Wizard, Zanotto, Angotti Neto e Dias Azevedo ainda não prestaram depoimento à comissão. Cinco dos seis já tiveram pedidos de convocação aprovado – a exceção é o anestesista Luciano Dias Azevedo.

Além disso, Francieli, Wizard e Zanotto também tiveram os pedidos de quebras de sigilo aprovados.

Queiroga investigado

A inclusão de Marcelo Queiroga na lista não reuniu consenso entre os membros da CPI. Ao anunciar os nomes, Calheiros afirmou que a participação de Queiroga ao depor à CPI foi "pífia, ridícula", e que celebrou contratos para aquisição de vacinas por preço mais alto que os acordos anteriores.

"Colocamos o ministro Queiroga, que é o atual ministro, que teve uma participação pífia, ridícula, aqui na Comissão Parlamentar de Inquérito no seu primeiro depoimento quando tentou dizer que teria autonomia que faltou a Teich e faltou a Mandetta e os fatos logo demonstraram o contrário", afirmou o relator.

"Ele defendeu vacinação, o presidente no dia seguinte disse que iria encomendar dele um decreto e ele teria que fazer um decreto, para minimização da utilização das máscaras. Mais do que isso, o lote de vacina cuja negociação foi comandada por ele é 20% mais caro do que o contrato anterior", prosseguiu.

À GloboNews, nesta quinta, Calheiros havia citado indícios de que Marcelo Queiroga teria debatido drogas sabidamente ineficazes para a Covid em reunião com a Organização Mundial de Saúde (OMS). O senador repetiu a informação nesta sexta.

"Recentemente, em abril, nós acessamos documentos em que ele, em conversa com o diretor-presidente da OMS, ele cobra agilidade no fornecimento das vacinas e recebe um puxão de orelha, porque o diretor-presidente disse o seguinte: ‘olha, como vocês cobram agilidade da OMS se quando a OMS disponibilizou a possibilidade de aquisição de 50% de vacinas para a população brasileira, 50% da população vocês demoraram, postergaram e depois assinaram o mínimo que poderia ser assinado que era 10%. Agora nós estamos vivendo uma situação terrível de mercado e não dá mais para ajudar como nós teríamos ajudado naquela oportunidade em que oferecemos essas vacinas'", relata Calheiros.

"Aí, ele [Queiroga] aproveitou a conversa e defendeu em abril o tratamento precoce, a prescrição da cloroquina e ainda mentiu novamente dizendo que tinha tido esse tratamento uma eficácia no Brasil de 70%. Quer dizer, nós não temos como fazer outra coisa, senão colocá-lo na própria investigação", concluiu o relator da CPI.

Em seguida, ao voltar ao tema, Renan chegou a confundir o nome do ministro Queiroga, a quem chamou de "Queiroz".

"Ou seja, a comissão parlamentar de inquérito ela tem uma condição intimidatória. Ela é criada também para dissuadir determinadas práticas nocivas e irresponsáveis como do ministro Queiroz. Eu estou confundindo porque estou citando o outro lá que não chegou a ser ministro, mas é... infelizmente, ele vai ter que se investigado para que ele entenda que ele precisa parar com essas loucuras que ele não pode continuar, a pretexto do cargo que ocupa, fazendo essas atrocidades, ou concordar com as atrocidades que são feitas diariamente pelo presidente da República", declarou.

Críticas a Bolsonaro

Ao anunciar a lista, Renan Calheiros também citou a "absoluta irresponsabilidade" do presidente Jair Bolsonaro ao atacar as vacinas e defender o contágio como melhor forma de imunização – tese que já foi amplamente desmentida pela ciência.

"A CPI tem feito a sua parte, tem dado passos significativos no sentido da apuração e da consequente responsabilização dos fatos. Nós chegaremos, tristemente digo isso, neste fim de semana a mais de meio milhão de mortos no Brasil pela Covid. Diante da absoluta irresponsabilidade do chefe de governo que, ainda ontem, reiterou tudo o que havia dito com relação à defesa da imunidade de rebanho, da imunização natural. E usou ele próprio como exemplo desse crime e desse absurdo", disse Calheiros.

"Já demonstramos que o governo sempre recusou as vacinas e sempre tentou e colocou em seu lugar o chamado tratamento precoce e a utilização da hidroxicloroquina, da ivermectina, do zinco e outros produtos com comprovada ineficácia", continuou.

https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/06/18/relator-da-cpi-torna-queiroga-pazuello-e-carlos-wizard-investigados-veja-outros-nomes.ghtml


sábado, 29 de maio de 2021

Preparem-se para uma possível, ou provável, terceira onda, ainda mais mortífera do que as anteriores...

 Não imagino que seja alarmismo infundado, pois que baseado em dados e inferências da Universidade de Maryland (tenho preenchido questionários que recebo desta universidade, que usa, portanto, informações reais, de pessoas reais), não apenas deduções matemáticas.

Acredito que o melhor a fazer, na dúvida, é se precaver...

Paulo Roberto de Almeida

Sábado, 29 de maio de 2021
A próxima onda

Sem vacinas, prepare-se mais uma vez

Uma pesquisa que rastreia as redes sociais mostra que, nos próximos meses, o Brasil viverá uma nova onda de mortes por covid-19. E ela será muito mais grave do que a última, que já foi brutal.

A Universidade de Maryland usou uma base de dados do Facebook para compilar informações de pessoas. Pelos cálculos, os cientistas conseguiram antecipar o nível de contágio – isso duas semanas antes da notificação oficial de novos casos. O gráfico que eles geraram é este aqui.

Como se vê, o contágio está empenando de modo exponencial muito antes que as autoridades de saúde tenham percebido. 

Nós já tínhamos falado sobre os riscos de uma avassaladora terceira onda no laboratório do genocídio, Manaus. Em fevereiro, o repórter Fábio Bispo escreveu:

“O biólogo Lucas Ferrante, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, o Inpa, avisou pessoalmente o prefeito de Manaus, David Almeida, do Avante, sobre o risco iminente de uma terceira onda de contaminação pela covid-19 na capital do Amazonas. Foi uma reunião rápida, de menos de 30 minutos. Acompanhado de três assessores, o prefeito chegou a sinalizar que poderia adotar o lockdown para salvar vidas. Mas o discurso logo mudou, e o aviso do cientista foi ignorado.

Ele e outros sete pesquisadores elaboraram um modelo epidemiológico a partir das taxas de transmissão da nova variante do vírus no Amazonas, a reinfecção por perda de imunidade apresentada em pacientes após seis meses e os cenários de vacinação e isolamento social do estado. O estudo, que será publicado em uma revista científica de renome internacional e que está em fase de revisão, sinaliza a necessidade urgente de lockdown em Manaus e aponta para uma terceira onda de contaminação mais longa e que, potencialmente, pode causar mais mortes do que a observada em 2020.“

Manaus é um emblema do governo Bolsonaro e sua gestão assassina da pandemia: aposta em imunidade de rebanho, cloroquina e ausência de vacinas. As pessoas morreram sufocadas. Teremos agora novas Manaus pelo Brasil? “Está tudo muito ruim e não vejo uma região com um cenário mais grave. O aumento de pessoas reportando sintomas é constante em praticamente todo o país”, explicou o especialista Isaac Schrarstzhaupt, coordenador na Rede Análise Covid-19, que fez o estudo com os dados do Facebook.

Caso isso aconteça, será em meio à CPI que tem obrigação de punir os responsáveis.

Leandro Demori
Editor Executivo

sexta-feira, 7 de maio de 2021

O Sargento Tainha e o Capitão Cloroquina: quem vai pagar o pato? - Marta Salomon (Piauí)

 A irresponsabilidade da gestão Pazuello — interino e oficial — no MS é um prato cheio para a CPI da Pandemia e a recomendação do uso precoce da cloroquina deve figurar no alto de todas as demais acusações ao Sargento Tainha: o homem (escondido) corre o risco de pagar por todos os crimes do capitão.

Paulo Roberto de Almeida 

questões de transparência

“QUEIMA” DE CLOROQUINA PRÉ-CPI

Após 337 dias no ar, Ministério da Saúde apagou recomendação para uso da droga às vésperas de comissão ser instalada no Senado

06maio2021_18h55

O ministro Marcelo Queiroga na sessão da CPI - 

Durante 337 dias, entre 20 de maio de 2020 e 22 de abril de 2021, o Ministério da Saúde manteve no ar, contra evidências científicas e pedido formal do Conselho Nacional de Saúde, recomendação para uso de cloroquina em casos leves, moderados e graves de Covid-19. O documento foi apagado no portal do ministério às vésperas da instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid no Senado.

O sumiço da recomendação ao uso de cloroquina ocorreu depois de uma reunião na Casa Civil da Presidência e de uma lista de 23 questões sobre o enfrentamento da pandemia a que os ministérios deveriam responder. Um dos itens da lista era “o governo promoveu tratamento precoce sem evidências científicas comprovadas”, como revelou o jornalista Rubens Valente, colunista do Uol. A lista foi encaminhada ao Ministério da Saúde no dia 21. No dia seguinte, não estava mais visível no site do ministério a nota informativa n17/2020, de 30 de julho de 2020.

Com o título “Orientações do Ministério da Saúde para o manuseio medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico da Covid-19”, o documento amplia a orientação de prescrição de difosfato de cloroquina e de sulfato de hidroxicloroquina para pacientes grávidas. A nota, de 40 páginas, afirma levar em consideração “a larga experiência” do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento de outras doenças infecciosas e de doenças crônicas do SUS e a “inexistência, até o momento, de outro tratamento eficaz disponível para a Covid-19”. A administração da cloroquina deveria ser combinada com a do antibiótico azitromicina desde a apresentação de sintomas leves pelos pacientes, recomendava o documento.

 A nota informativa no 17 substituiu outras duas, de números 9 e 11, editadas em 20 de maio e 17 de junho de 2020, e que também continham orientações semelhantes para o uso de cloroquina. Desde a primeira versão, as notas são acompanhadas por termos de consentimento a serem assinados pelos pacientes. Eles deveriam concordar com o uso dos medicamentos sabendo não haver garantia de resultados positivos contra a Covid-19 e dos riscos de efeitos colaterais. As notas foram editadas entre a demissão do então ministro Nelson Teich, no dia 15 de maio, e a posse do general Eduardo Pazuello, em 16 de setembro, período em que Pazuello respondeu interinamente pelo comando do Ministério da Saúde.

Antes mesmo da edição da primeira nota, o Ministério da Defesa já havia comprado 600 kg de pó de cloroquina, atestam registros no Tesouro Nacional. A compra foi feita por meio da Sulminas, uma empresa instalada em conjunto habitacional no município de Campanha, em Minas Gerais, que importou o insumo da Índia. Entre março e agosto, com as recomendações para o uso da cloroquina já divulgadas, o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército havia fabricado 3 milhões de comprimidos.

 

Aorientação para o uso da cloroquina não foi atualizada nem substituída por outra, mas simplesmente retirada do portal do Ministério da Saúde. Quem clica no acesso à nota informativa n17 na página sobre manejo clínico e tratamento da Covid-19, é direcionado para a abertura do portal do ministério, no qual aparece com destaque a campanha de vacinação. Procurado, o ministério informou que a nota foi retirada para atualização, sem prazo definido. A piauí salvou o antigo link, aqui. Ou seja: o ministério não excluiu o documento do banco de dados do site.

Pelo menos um pedido formal para a retirada da nota foi ignorado pelo ministério antes da abertura da CPI da Covid. Em 19 de janeiro, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) solicitou por meio de ofício que o ministério revogasse a nota técnica n17 e se abstivesse de incentivar o uso de medicamentos sem eficácia e segurança comprovada. Desde maio de 2020, quando o ministério editou a primeira nota sobre o tratamento precoce, o CNS alerta para o risco do uso da cloroquina no tratamento da Covid e recomenda a suspensão das notas. O Conselho é um colegiado que reúne representantes dos usuários, trabalhadores, gestores e prestadores de serviços do Sistema Único de Saúde.

“A minha avaliação é que retiraram a nota agora por conta da CPI, numa política de redução de danos sobre o que fizeram de forma errada, apesar das recomendações do CNS, que nunca foram atendidas”, disse à piauí o presidente do conselho, Fernando Pigatto. “Obviamente não dá para começar do zero, como se mais de 400 mil vidas não tivessem sido perdidas”, completou. O CNS avalia a gestão da pandemia pelo governo federal como “um desastre”.

No site da Saúde, é possível encontrar notas técnicas sobre outros medicamentos usados sem previsão na bula para a Covid-19, mas nada sobre a cloroquina havia sido publicado até a quinta-feira, 6. À CPI da Covid, o ministro Marcelo Queiroga indicou que uma nova diretriz terapêutica estava sendo elaborada. Esse foi o motivo que Queiroga alegou para não se manifestar nem contra nem a favor do medicamento defendido pelo presidente Jair Bolsonaro.

No caso do antiparasitário ivermectina, nota do ministério publicada em março deste ano afirma que não há evidências científicas suficientes para a recomendação do medicamento. O documento reitera a orientação da Organização Mundial da Saúde para que a ivermectina seja usada apenas em protocolos de pesquisa clínica. No caso da nitazoxanida, um vermífugo cujos resultados clínicos precários contra a Covid foram anunciados com estardalhaçoem cerimônia no Palácio do Planalto, outra nota técnica também datada de março afirma que são necessários estudos com maior qualidade e rigor metodológico.