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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Fukuyama e o nascimento da politica - City Journal

The Dawn of Politics
ADAM KIRSCH
City Journal, Spring 2011, vol. 21. n. 2

Francis Fukuyama goes back to the beginning.

It’s possible that Francis Fukuyama does not take unmixed pleasure in his fame as the author of The End of History and the Last Man. Ever since Fukuyama published that book in 1992—indeed, ever since he published the article on which it was based in The National Interest in 1989—he has been shadowed by the phrase “the end of history.” Since then, he has written five more books on big, complex subjects, ranging from the decline of trust in American society to the future of genetic engineering, and he has participated in countless policy debates. Yet on the cover of his new book, The Origins of Political Order, he once again is identified as “the author of The End of History and the Last Man.”

Will this book—a 500-page survey of the growth of states “from prehuman times to the French Revolution,” with a promised second volume taking the story up to the present—finally be the one to emancipate Fukuyama from the end of history? The question is justified not simply by the size, scope, and ambition of the project but, above all, by its emphasis on origins. If the end of the Cold War represented the end of history, Fukuyama’s new book starts over at the beginning, with the emergence of the first states out of kin-based tribes more than 4,000 years ago. In the introduction, Fukuyama explains that his purpose in The Origins of Political Order is to offer a new theory of political development, to supersede the one that his mentor Samuel Huntington advanced in his 1968 study Political Order in Changing Societies.

But it is hard to avoid thinking that Fukuyama is after even bigger game. After all, he emerged in his first book as a proud Hegelian—more, as a rehabilitator of Hegel, in an age that had lost patience with all grand theories of historical progress. “The twentieth century, it is safe to say, has made all of us into deep historical pessimists,” Fukuyama wrote. But the events of 1989 made it possible once again to believe that history was marching in the direction of freedom, that liberal democracy would prove to be the solution of mankind’s long experiment in politics. This or that tyranny might win a temporary reprieve, but the ultimate judgment was sealed.
(...)

ler a íntegra desse artigo neste link ou neste outro.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Reflexões ao léu, 1: Fukuyama, marxista, detestado pelos “marxistas”

Reflexões ao léu, 1:
Fukuyama, marxista, detestado pelos “marxistas”
Paulo Roberto de Almeida

Um estudante escreveu-me para dizer que estava pesquisando na internet sobre Fukuyama e que tinha deparado com um texto meu [este aqui: “O Fim da História, de Fukuyama, vinte anos depois: o que ficou?”, Meridiano 47 (n. 114, janeiro 2010, p. 8-17; ISSN: 1518-1219; link: http://meridiano47.files.wordpress.com/2010/05/v11n1a03.pdf]. Aparentemente gostou do que leu, por isso me escreveu para comentar.
Não pude evitar mais alguns pensamentos sobre este intelectual e sobre a recepção de seu trabalho mais conhecido pelos acadêmicos em geral, e pelos “marxistas”, em especial, e por isso consigno aqui o que pretendo sejam “reflexões ao léu”, o que farei ao longo do ano, cada vez que a oportunidade se apresentar.
Não pude deixar de constatar, assim, que algumas pessoas – “pessoas normais”, eu diria – acabam gostando de Fukuyama e do que ele disse. Mas também constato, e não é de hoje, que outras pessoas – não chegaria a dizer “anormais” – detestam Fukuyama e tudo o que ele representa. Se não estou enganado, aqueles que se dizem “marxistas”, ou progressistas – enfim, todos aqueles que se alinham na chamada “esquerda” – detestam Fukuyama e se apressam em condenar imediatamente sua suposta “tese” de que a história teve um final, e que esse final é, ou seria, a democracia liberal de mercado, ou “burguesa”, como esses “marxistas” diriam.
Estão sendo ingratos e inconsequentes, esses “marxistas” [entre aspas, pois eles não merecem essa qualificação]. Fukuyama, ao contrário deles, é rigorosamente marxista, radicalmente marxista, inclusive porque vai às origens do marxismo, que é o pensamento hegeliano. [Apenas aproveito para dizer que a “tese” de Fukuyama não corresponde a uma afirmação, mas a um interrogante de filosofia da História; mas isso os “marxistas” não parecem ter percebido, saindo apressadamente a crucificá-lo, como se ele tivesse dito uma heresia.]
Fukuyama está sendo totalmente marxista ao considerar a hipótese do “fim da História” [com H maiúsculo, pois se trata de filosofia da História, não da história corrente e “vulgar”, como diriam aqueles mesmos que o rejeitam]. A única razão pela qual os pretensos “marxistas” não gostam dele e de sua “tese” é porque ele contradiz a escatalogia marxista sobre o fim da história [neste caso em minúsculas e sem aspas, pois era isso mesmo que os “marxistas vulgares” esperavam] e sobre o triunfo definitivo do socialismo e do comunismo.
Se por acaso Fukuyama tivesse escrito que a democracia liberal burguesa venceu, mas apenas temporariamente, os regimes aparentados com o socialismo de tipo soviético, mas que o “sentido da história”, ou seja, o futuro da humanidade está como sempre esteve, apontando para o triunfo, em “última instância”, do socialismo, ele teria sido saudado, pelos “marxistas”, como o mais importante pensador marxista da era contemporânea, justamente por ter, nesta hipótese condescendente com os “marxistas”, defendido a bandeira do marxismo contra o pensamento “vulgar” – e “anti-histórico” – da burguesia.
Ingratos, esses “marxistas” e, sobretudo, incoerentes, pois a suposta “tese” de Fukuyama está inteiramente de acordo com o que eles pensam (ou deveriam pensar, se tal lhes fosse facultado, nos últimos tempos...).

Em todo caso, eu lhes sou grato por me terem propiciado estas primeiras “reflexões ao léu” de 2011. Espero produzir muitas outras mais ao longo do ano. Com a ajuda deles, inclusive...

Uberlândia, 6 de janeiro de 2011.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Por que a America Latina continua andando para tras?


Alertado pelo meu amigo blogueiro Orlando Tambosi, venho aqui registrar a publicação no Brasil de um livro organizado pelo cientista social nipo-americano (ou simplesmente americano) Francis Fukuyama, que eu já sabia que andava circulando pelos EUA, mas que não sabia (inclusive por estar fora do Brasil) que já tinha sido traduzido e publicado entre nós.
Não é difícil para os cientistas sociais americanos apontar as deficiências de desenvolvimento da América Latina, embora eles tenham essa nefasta tendência a amalgamar todos os problemas num modelo único (mais ou menos parecido com aquelas caricaturas de um mexicano de sombrero enorme dormindo ao pé de um cacto), e chamar tudo isso de Latin America, confirmando assim que somos atrasados porque somos Latin Americans, o que é quase um truismo.
Mas, sempre existem trabalhos mais sérios, como deve ser este aqui. Permito-me, inclusive, indicar outro livro sério, que não sei se já foi traduzido e publicado, embora muitos dos trabalhos ali incluídos já devem ser conhecidos pelos bons economistas e historiadores latino-americanos, justamente:

Stephen Harber (editor):
How Latin America Fell Behind: Essays on the Economic Histories of Brazil and Mexico, 1800-1914
(Stanford: Stanford University Press, 1997)

Não vou agora discutir novamente as causas de nosso atraso, embora tenda a concordar com Harber (e seus vários colaboradores) e, preventivamente, com a interpretação de Fukuyama (de quem conheço vários outros trabalhos, incluindo um pequeno livro sobre a "desconstrução" de Estados, que não tem obviamente nada a ver com esses inúteis filósofos franceses do desconstrucionismo), mas que me exigiria uma longa exposição sobre vias comparadas de desenvolvimento econômico. Fiquemos com o relativo simplismo das instituições erradas, das elites predatórias e da má qualidade (se é que existe) da educação na região. Continuamos insistindo no erro, como provam todas essas teses goradas mas que continuam a ter "sucesso" no continente.
Se dirigismo estatal fosse sinônimo de progresso, a AL seria, facilmente, o continente mais desenvolvido do mundo...
Por que é que os acadêmicos não se dão conta de coisas tão simples?
Paulo Roberto de Almeida

Ficando para trás. Ou: vendo o mundo pelo retrovisor...
Blog do Orlando Tambosi (Iconoclástico, anti-ideológico e politicamente incorreto)
Quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Por que existe uma lacuna tão grande entre o desenvolvimento da América Latina e o dos Estados Unidos? Um interessante livro lançado recentemente tenta desvendar quais os problemas que cavaram este buraco. Trata-se de Ficando para trás (Explicando a crescente distância entre América Latina e Estados Unidos), organizado por Francis Fukuyama e editado pela Rocco, do Rio de Janeiro.

Apontam-se várias causas para esta lacuna. Alguns autores se concentram na geografia dos países (abundância de recursos naturais e condições materiais) e outros na cultura em sentido amplo, mas a verdadeira razão para o fraco desempenho latino-americano é, segundo os escritos organizados por Fukuyama (com a contribuição de vários historiadores e economistas latino-americanos), a precariedade das instituições.

"As instituições são críticas para formular, implantar e apoiar boas políticas. Entre essas instituições estão os direitos de propriedade e o domínio da lei, sistemas eleitorais, ramos executivos com poderes apropriados, legislativos representativos e eficientes, partidos políticos que incluem agentes sociais importantes da sociedade, sistemas judiciários independentes da autoridade política e eficazes na implantação da lei e uma distribuição adequada de poderes aos diferentes níveis de governo - nacional, estadual e municipal."

Convém lembrar que o Brasil faz parte da América Latina e que, sob o lulismo, derrapa cada vez mais em relação às instituições.

Boa leitura.
Orlando Tambosi