O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador Julio Villani. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Julio Villani. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Artista faz intervenção na embaixada do Brasil em Paris em protesto contra Bolsonaro - Daigo Oliva (FSP)


Artista faz intervenção na embaixada do Brasil em Paris em protesto contra Bolsonaro
Julio Villani pendurou panos pretos com mensagens como 'e daí?' na representação diplomática

Daigo Oliva
SÃO PAULOFSP, 21/05/2020
Na fachada da embaixada brasileira em Paris, panos pretos. O primeiro deles levava o " Junto à frase do presidente, dezenas de cruzes.
Ao lado da primeira mensagem, uma bandeira nacional às avessas. Em vez do fundo verde, preto. Em vez do círculo azul, vermelho. Em vez de "ordem e progresso", "caos e obscurantismo".
Assim Julio Villani protestou contra Bolsonaro nesta quinta (21). Num dos portões da representação diplomática, localizada próxima ao rio Sena, numa das regiões mais sofisticadas da capital francesa, o artista realizou a intervenção "Pano Preto na Janela", com manifestações contrárias ao mandatário.
Intervenção 'Pano Preto na Janela', do artista Julio Villani, no prédio da embaixada brasileira em Paris
Intervenção 'Pano Preto na Janela', do artista Julio Villani, no prédio da embaixada brasileira em Paris - Sandra Hegedus/Divulgação
Além do "e daí?" e da bandeira, colocou em outras quatro faixas nomes de povos indígenas em meio a chamas, uma série de advérbios de modo —arrogantemente, execravelmente, ignobilmente—, um chamativo #ForaBolsonaro e uma arma que atira contra a dignidade, a justiça, o respeito, a memória, a integridade e, por fim, o Brasil.
"O governo brasileiro fornece dia e noite material para alimentar esse e vários outros tipos de intervenção", afirma Villani, questionado sobre a escolha das palavras no ato. Em respostas curtas, o artista sustenta que as imagens falam por si e "não carecem de um discurso outro".
Manter as mensagens em português num protesto realizado na França pode soar contraditório, mas ele argumenta que foi a maneira de fazer um ato de presença no Brasil —e por isso a escolha da embaixada como local da manifestação—, "com os e como brasileiros que somos".
Foi elaborada, porém, uma breve explicação em francês do conteúdo de cada peça, além do contexto sobre o movimento que incentiva, no Brasil, pessoas insatisfeitas com as políticas de Bolsonaro a pendurar panos pretos nas janelas de suas casas.
Diferentemente de atos que jogaram tinta vermelha contra os prédios de representações diplomáticas do Brasil em Zurique e Londres, o artista ressalta que, por respeito ao patrimônio histórico e arquitetônico, o protesto foi desenhado para não causar danos ao edifício da embaixada, tanto que, relataram amigos a ele, os panos foram retirados horas depois de serem pendurados sem deixar vestígios.
Paulista de Marília, Villani vive entre Paris e São Paulo desde 1982. Tem sólida carreira internacional, com mostras em diversos países, como Itália, Espanha, Canadá e, claro, França. Segue a herança construtivista, modernista, e sempre foi atento à vanguarda cinética.
Além das seis faixas pretas, o artista também deixou uma sétima, mas com fundo branco, dimensões mais modestas e tipologia diferente. Com a estética das placas populares de vende-se, aluga-se ou trago seu amor de volta, o cartaz anuncia que "um outro Brasil é possível".
"Trata-se de um cartaz sobretudo caseiro, daquele tipo de coisa ao alcance de todos. É so fazer", afirma.
Procurado, o ministério das Relações Exteriores não respondeu, até o momento da publicação deste texto, à mensagem enviada pela reportagem a respeito da intervenção.