O título é meu, mas a matéria não. Em todo caso, diz quase tudo que eu poderia dizer sobre essa figura sobremaneira ridícula que é o presidente "socialista" da FIESP, um trapaceiro dos negócios e uma piada política.
Essa é a nossa burguesia, que vive de dinheiro público, ou seja, do meu, do seu, do nosso dinheiro...
Paulo Roberto de Almeida
A miséria dos nossos ricos
Reinaldo Azevedo, 05.08/2010
Publiquei ontem um post que traz dois vídeos de Paulo Skaf, candidato do PSB ao governo de São Paulo e presidente licenciado da antigamente mítica — um mito do passado mesmo!!! — Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Leiam o post publicado às 20h44. Trata-se de um exemplo clássico da chamada “vergonha alheia”. Digo, muito constrangido, que aquilo ali, com todos os rigores da demagogia barata, é parte da “nossa elite”. Como exclamaria ou imprecaria o poeta Manuel Bandeira, “Meu Jesus Cristinho!!!”.
O fato de Skaf, que nem empresário é mais, ser presidente da Fiesp já é uma piada de salão. Que seja o chefão da principal federação de indústrias do país e filiado a um partido que se diz “socialista”, bem, isso só nos cobre de ridículo — ridículo certamente redobrado para aqueles que o elegeram. E essa eleição tem história.
Pesquisem na Internet. O governo Lula — sim, ele mesmo! — entrou pesado no jogo da sucessão da Fiesp por intermédio do então todo-poderoso ministro da Casa Civil, José Dirceu, para garantir a vitória do azarão Skaf contra Cláudio Vaz, que era o candidato de Horácio Lafer Piva, então presidente, considerado tucano demais. Skaf se elegeu em 2004 e foi reeleito em 2008, unificando as presidências da Fiesp e do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). E começou a preparar a sua candidatura a alguma coisa… Restou-lhe um partido que se diz… socialista!
O fato de a principal entidade empresarial do país estar nessa miséria política e intelectual diz muito destes dias que vivemos. Tá bom, conto. Fui a Nova York com as minhas meninas nos dias em que andei distante. É claro que elas visitaram a liquidação da Macy’s, em que se compra por alguns trocados o que aqui se vende quase a mão armada. Todo mundo visita. Mas também ficaram fascinadas com a “Frick Collection”, a casa-museu do empresário Henry Clay Frick (1849-1919), na esquina da Quinta Avenida com a 70, que as esquerdas certamente diriam ter sido um grande fdp (aliás, as da época já consideravam isso…), mas que conseguiu reunir a maior concentração de Rembrandts por metro quadrado no mundo. O risco de cruzar com brasileiros por lá é pequeno, menor do que na Macy’s…
Provocando um tantinho, eu diria que Frick esfolou a “craçe operária” para oferecer a preços módico El Greco, Goya e Piero della Francesca para as massas que se interessarem. E quem não se interessar? Que se dane! Não existe ditadura que imponha El Greco como obrigação… E os nossos “Fricks”? Bem, em vez de nos doar Rembrandts, eles tomam caminhões deles na forma dos subsídios estatais. Devolverão uma fatiazinha aos políticos por intermédio das doações de campanha e das propinas. Nada de museus, de universidades ou bibliotecas…
No fundo, gostam mesmo é de um cartório, com juros camaradas do BNDES, para depois falar, hipocritamente, em defesa da livre iniciativa, na qual não acreditam tanto assim. Esse é o ambiente que deu à luz uma figura como Paulo Skaf, que paga o mico de estrelar aqueles vídeos: ator canastrão, político canastrão e empresário canastrão.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
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quinta-feira, 5 de agosto de 2010
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