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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Eleicoes 2014: sinal amarelo no Planalto (novas pesquisas eleitoraisnegativas)


Ponto Final

Octávio Costa

Sinal amarelo no Planalto
Brasil Econômico, 16/06/2014

A receita de Dilma, que deu certo em outros tempos, perdeu a eficácia. Prova disso são os baixos índices de aprovação do seu governo

Octávio Costa: ocosta@brasileconomico.com.br
Nova pesquisa de opinião saiu do forno no fim de semana e confirmou a tendência dos resultados recentes apontados pelo Ibope e pelo Datafolha. Segundo levantamento do Instituto Sensus feito para a revista IstoÉ, as intenções de voto na presidente Dilma Rousseff caíram de 34% em abril para 32,2% em junho. Em trajetória oposta, o tucano Aécio Neves subiu de 19,9% para 21,5%, enquanto o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos perdeu terreno, de 8,3% para 7,5%. Em quarto lugar, aparece o surpreendente pastor Everaldo Pereira, do PSC, com 2,3%. A margem a favor de Dilma também ficou mais estreita na hipótese de segundo turno. Ela derrotaria Aécio, mas por apenas 5,1 pontos percentuais. Teria 37,8% dos votos contra 32,7% do neto de Tancredo, que oficializou a candidatura em convenção no sábado.
O momento, de fato, não é nada bom para Dilma. Sirva de exemplo o episódio das vaias e xingamento no jogo de abertura da Copa do Mundo, no Itaquerão. Por mais que tenham partido de grupos minoritários formados por gente que tem dinheiro para pagar os ingressos cobrados pela Fifa, é mais do que sabido que São Paulo hoje é ambiente hostil para a presidente. A insatisfação ali é crescente, tanto assim que Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo do Estado, está empacado com modestíssimos 3% nas pesquisas. Dilma sequer foi à festa de lançamento da candidatura de seu ex-ministro ontem, alegando que tinha de se preparar para jantar com a chanceler alemã Angela Merkel.
Comenta-se que acendeu um sinal amarelo no staff da campanha de reeleição. Ainda se acredita piamente que os 12 minutos na propaganda obrigatória na TV em horário nobre, a partir de agosto, será arma poderosa para restabelecer a zona de conforto e o favoritismo da atual ocupante do Palácio do Planalto. Mesmo com a economia fazendo água, FHC foi reeleito em 1998, e Lula também foi reconduzido, apesar do escândalo do mensalão. Com a caneta na mão, Dilma tem tudo para manter a regra. Mas há divergência sobre a pegada da campanha. Dizem que o jornalista Franklin Martins, responsável pela comunicação, defende um tom mais agressivo contra os adversários, no estilo bateu/levou. Já o experiente marqueteiro João Santana quer evitar o confronto. Ele prefere campanha mais propositiva, com ênfase nas realizações do período Lula/Dilma.
Porém, diante da tendência das pesquisas, com o paulatino crescimento de Aécio Neves, fica claro que Dilma Rousseff vai ter de mudar a estratégia atual. Apesar dos problemas na economia e na Petrobras, a presidente se mantém fiel à equipe de colaboradores. Nas peças publicitárias do governo e nos programas obrigatórios do PT, ela procura vender o peixe de sua gestão, tentando convencer a opinião pública a partir de uma agenda positiva, baseada nas grandes obras públicas e no êxito dos programas sociais. Mas essa receita, que deu certo em outros tempos, perdeu a eficácia. Prova disso são os baixos índices de aprovação do governo e o desejo de mudança cada vez mais forte.
Tudo indica que os eleitores cobram ações efetivas. Não adianta a presidente da Petrobras, Graça Foster, chorar em depoimento na CPI do Congresso. A pergunta é simples: como o ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa conseguiu acumular a fortuna de US$ 28 milhões na Suíça? Onde e como os controles da estatal falharam? Os eleitores exigem respostas. Agora.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Eleicoes 2014: o fantasma, cada vez mais concreto, da derrota

Companheiros estão apavoradas, não exatamente com a derrota da soberana, de quem nunca gostaram (e no fundo rejeitam, como uma arrivista intrometida, que jamais foi da tribo), mas com a perda da boquinha, das prebendas, da boa vida, enfim.
Vão ter de procurar emprego e, sobretudo, o que é mais terrível, vão ter de trabalhar, depois de dez ou doze anos de gloriosa improdutividade. Que tragédia!
Preparem-se! Vão começar a se antecipar  ao cenário catastrófico, primeiro apagando os traços de todos os "mal-feitos" cometidos. Depois roubando como nunca antes no país. Vai ser inédito mesmo para os padrões mafiosos  dos companheiros. 
Paulo Roberto de Almeida 
A presidente Dilma: números ruins e uma Copa do Mundo no meio do caminho
A presidente Dilma: números ruins e uma Copa do Mundo no meio do caminho
É claro que é muito cedo! É claro que a campanha ainda não começou. É claro que a gente não viu quase nada em matéria de jogo bruto. Falo, no entanto, dos números de agora e de uma tendência esboçada. Sim, leitores: o PT, que nunca contou com isto, está sendo assombrado por um vulto estranho: o fantasma da derrota. Vamos ver.
No dia 29 de abril, escrevi aqui, a propósito de outra pesquisa, que os números evoluíam contra a possibilidade de Dilma Rousseff, do PT, vencer a eleição presidencial no primeiro turno, feito que nem Lula nem ela própria lograram em 2002, 2006 e 2010, em circunstâncias muito mais favoráveis ao PT. E, agora, conhecidos os dados da mais recente pesquisa Datafolha, o que há um ano seria considerado mera torcida se mostra uma possibilidade plausível — e, mais um pouco, vira uma tendência: Dilma perder a disputa. Se a eleição fosse hoje, segundo o Datafolha, no cenário mais provável, a petista teria 37% dos votos. Seus adversários, somados, teriam 38%, a saber:
Aécio Neves (PSDB): 20%
Eduardo Campos (PSB): 11%
Pastor Everado (PSC): 3%
Outros nomes: 4%

Em relação ao levantamento de abril, Dilma oscilou um ponto para baixo; Campos, dois para cima, e Aécio cresceu quatro. Mas o que chama mais a atenção nessa pesquisa é o resultado do segundo turno: em abril, a petista vencia o tucano por 50% a 31%, com 19 pontos de diferença; agora, ganharia por 47% a 36% — a diferença caiu oito pontos em um mês. Numa lógica puramente aritmética, numa disputa entre dois, uma distância de 11 pontos, como essa vale, na verdade, 5,5. Campos também chegou mais perto de Dilma: no mês passado, ela o venceria por 51% a 27%; hoje, por 49% a 32%. Os 24 pontos que os separavam são agora 17.
A presidente é também a candidata mais rejeitada: 35% não votariam nela de jeito nenhum — 33% asseguram o mesmo sobre Campos, e 31% sobre Aécio. Estão na mesma faixa, mas o números são bem piores para ela. Por quê? Afirmam conhecer muito bem a petista 52% dos entrevistados — mas só 17% dizem o mesmo sobre Aécio, e 7% sobre Campos.  “Conhecem um pouco” a presidente 34% dos entrevistados — 25% e 18% quando indagados sobre o tucano e o peessebista, respectivamente. Apenas ouviram falar de Dilma 13%, número que engorda bastante em relação ao senador mineiro (36%) e ao ex-governador de Pernambuco (35%). Agora atenção para isto: apenas 1% dos entrevistados não sabem quem é Dilma, mas 22% nunca ouviram falar de Aécio e 40% não têm ideia de quem é Campos. Esses índices confirmam o que já escrevi aqui: muita gente rejeita Aécio e Campos porque não sabe quem são eles; muita gente rejeita Dilma Rousseff porque sabe quem é ela.
Não adiantou
Atenção! O levantamento do Datafolha foi feito ontem e anteontem, um período, convenham, favorável a Dilma. Ela ocupou no dia 30 a rede nacional de radio e televisão para anunciar bondades — aumento no Bolsa Família e revisão da tabela do IR — e demonizar a oposição. No fim de semana, foi estrela do noticiário porque, no seu encontro nacional, o PT procurou sepultar o “volta Lula” e bateu o martelo: a candidata do PT é mesmo ela. Saiu por aí a inaugurar obras. O resultado certamente está longe do esperado.

O “volta Lula”
A turma do “volta Lula” vai se assanhar de novo. Quando ele aparece como candidato do PT, obtém 49% das intenções de voto, contra 17% de Aécio e 9% de Campos. Os demais candidatos somam 6 pontos, e o ex-presidente venceria no primeiro turno. Sua rejeição também é a menor: 19%. O Datafolha quis saber ainda quem pode fazer as mudanças necessárias no país: Lula lidera, com 38%; em segundo lugar, está Aécio, com 19%; Dilma aparece em terceiro, com 15%, seguida por Campos, com 10%. Mas voltamos, nesse ponto, à questão do conhecimento. Cem por cento dos eleitores sabem quem é Lula. Muito menos gente conhece o tucano e o peessebista.

Os números e as circunstâncias são, convenham, péssimos para Dilma. No plano delirante do petismo, a esta altura, o Brasil estaria abraço ao PT, numa catarse apoteótica, e a Copa do Mundo seria o grande momento da consagração. Agora, a presidente põe a mãe na cabeça: “Santo Deus! E ainda há a Copa do Mundo!”. Aquela mesma em cuja abertura ela não vai discursar. Ou o Itaquerão explodirá numa vaia como nunca antes na história “destepaiz”…