O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador razões para o pessimismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador razões para o pessimismo. Mostrar todas as postagens

domingo, 19 de outubro de 2014

31 razoes para nao votar errado, como certo diplomata - Paulo Roberto de Almeida


O maior diplomata brasileiro apresenta razões menores para suportar uma causa duvidosa 
Paulo Roberto de Almeida

Encontrei, num dos inúmeros sites que trabalham apaixonadamente pela causa companheira, uma postagem em defesa do voto na candidata do continuísmo, cuja introdução enaltece as qualidades daquele que foi Secretário-Geral do Itamaraty nos primeiros sete anos do governo Lula (deixando o governo para continuar servindo o regime em outras posição). Nela ele é chamado de “maior diplomata brasileiro”, o que pode até ser verdade – pelo menos nesse regime – mas não tenho condições de corroborar essa afirmação comparativamente: deve ter outros que concorrem à mesma distinção (ver a introdução neste link: http://www.ocafezinho.com/2014/10/15/maior-diplomata-brasileiro-enumera-razoes-para-votar-em-dilma/).
Mas isso não vem muito ao caso agora, pois logo após esse panegírico inaugural, vem transcrita uma lista, elaborada pelo dito maior diplomata brasileiro, contendo nada menos do que 31 razões que esse estupendo diplomata acredita que somente a sua candidata seria capaz de atender, para fazer do Brasil um país mais desenvolvidos, mais soberano, mais próspero, mais importante no mundo.
Como eu considero que a maior parte dessas razões são ridiculamente generalistas, ou seja, podem ser cumpridas por qualquer dirigente que tenha bom senso e uma boa equipe ministerial, vou separar, portanto, aquelas que não apresentam nenhuma “vinculação genética” com a candidata governista, daquelas que só ela, ou sua equipe partidária, seria capaz de perpetrar, e submetê-las, então a breves comentários de minha parte.
Ainda assim cabem observações sobre todas as supostas razões de sua lista. Resultou, dessa separação, que metade das razões são de propostas que poderiam ser cumpridas por QUALQUER presidente sensato, sendo que a outra metade, apresentada como contendo razões suscetíveis de serem preenchidas apenas pela candidata oficialista, demanda uma avaliação crítica, feita na lista B. Vejamos como se apresentaria a nova listagem dividida em duas partes, mas com seus números originais.

Lista A: obrigações ou propostas que QUALQUER presidente sensato seria capaz de cumprir (na redação dada pelo maior diplomata brasileiro), sobre as quais algumas pequenas coisas ainda podem ser ditas (por um diplomata menor):

01. para aumentar o emprego, que é a maior preocupação de cada brasileiro, com carteira assinada; [caberia registrar que empregos produtivos são geralmente criados pela iniciativa privada, uma vez que governos não criam riqueza, apenas distribuem a riqueza criada pela sociedade]

02. para controlar a inflação sem prejuízo do desenvolvimento; [parece que a candidata não foi muito feliz em nenhum dos dois objetivos: a inflação só fez elevar-se, em seu governo, passando inclusive do teto, e o crescimento desceu de elevador, para o subsolo do PIB]

03. para aumentar o salário mínimo de que depende a enorme maioria dos brasileiros; [salario mínimo costuma provocar desemprego, ou pelo menos diminuir a empregabilidade daquela fração da PEA que não possui qualificação técnica]

04. para garantir as conquistas dos trabalhadores em termos de horário, férias, licença maternidade, previdência social, aposentadoria; [meritório, mas os países mais regulados nesses aspectos podem igualmente apresentar alto desemprego se a produtividade não acompanha o nível de requerimentos legais]

06. para eliminar a pobreza e a indigência no Brasil; [bem, os companheiros vem tentando fazê-lo desde 2003 e não é seguro que consigam esse objetivo no horizonte previsível]

07. para reduzir cada vez mais a mortalidade infantil; [parece que isso já vem sendo feito desde o ancien régime, e vai continuar, em governos sensatos]

08. para aumentar a expectativa de vida de todos os brasileiros; [parece que esse processo não depende tanto de mandatos presidenciais, e sim de condições sistêmicas que vem ocorrendo naturalmente desde muito tempo; não pode portanto ser apresentado como favor governamental]

09. para eliminar o analfabetismo inclusive funcional; [se poderia começar pela própria candidata, que parece apresentar sérios problemas com as palavras]

10. para ampliar cada vez mais o número de vagas nas escolas técnicas e nas universidades; [que bom]

11. para fortalecer a cultura brasileira em todos os seus aspectos; [cultura patrocinada por burocratas costuma ser da pior espécie; por que não deixar a sociedade livre para se expressar espontaneamente?]

13. para reduzir a violência e o número de homicídios; [no ritmo atual, vai exigir um mandato de 100 anos... e contando]

18. para defender os direitos humanos de todos os brasileiros e combater toda a discriminação, preconceito e violência que tenha como origem a raça, a orientação sexual, o gênero, o nível de renda, a crença religiosa e a origem regional; [a mania de separar as pessoas por raça e todos os outros quesitos listados acaba criando uma sociedade fragmentada em direitos exclusivos de certas categorias, ao passo que o cidadão comum se sente desamparado]

19. para demarcar as terras indígenas e eliminar o desmatamento ilegal; [os indígenas já são os maiores latifundiários os país; os antropólogos politicamente corretos do partido companheiro e do governo idem pretende deixá-los eternamente numa redoma protetora?]

24. para construir mais ferrovias, mais rodovias, mais portos e aeroportos; [cabe continuar tentando, mas pela experiência acumulada até aqui em matéria de obras públicas, a fatura sempre vai ser três vezes maior do que o planejado, senão mais, e ainda tem os 3% do partido companheiro]

25. para expandir o transporte urbano público e gratuito; [só um dirigente maluco, ou que pretende repassar a conta para todos os brasileiros, inclusive os que não usam transporte público, poderia prometer uma irracionalidade econômica como o transporte gratuito]

26. para fazer a reforma agrária, fortalecer a agricultura familiar e expandir a produção e a exportação agrícola; [parece que os companheiros não gostam do agronegócio]
  
Lista B: obrigações ou propostas que o maior diplomata brasileira acredita que só a sua candidata seria capaz de cumprir (na redação dada por ele), mas sobre as quais permanecem fundadas dúvidas (daí os comentários adicionais do diplomata menor, aqui DM: ):

05. para expandir o programa Minha Casa, Minha Vida que atende a aspiração fundamental da casa própria;
            DM: O programa constitui uma enorme propaganda governamental, com subsídios pouco transparentes, num esquema que diminui a capacidade dos mercados de ajustar a oferta da construção civil à demanda existente; só não ocorreu ainda uma bolha imobiliária porque o governo é incompetente até para licenciar o número de casas potencialmente no programa.

12. para dobrar o investimento público em ciência e tecnologia;
            DM: Impossível fazê-lo, a despeito das intenções; caberia, sim, aperfeiçoar o ambiente produtivo para estimular mais investimento privado em inovação.

14. para fazer a reforma política, com ampla participação popular, eliminar a influência do poder econômico e criar uma verdadeira democracia;
            DM: Quando alguém começa a falar em “verdadeira democracia” deve ser porque já tem problemas com a democracia sem adjetivos ou condições; a reforma política dos companheiros representaria uma deformação legal tendente a assegurar-lhes o reforço de sua hegemonia e monopólio sobre o poder.

15. para lutar de forma legal contra a corrupção, punindo tanto os corruptos como os corruptores;
            DM:  Deve ser uma grande piada!

16. para democratizar os meios de comunicação e garantir a possibilidade e a liberdade de expressão para todos os brasileiros;
            DM: A palavra “democratizar’, como no vocabulário orwelliano, significa exatamente o contrário; trata-se de uma velha obsessão companheira com o controle do que chamam de “mídia”.

17. para ampliar radicalmente as oportunidades de mulheres, negros e pobres em todas as esferas da sociedade e do Estado;
            DM: O que os companheiros mais fizeram foi fragmentar a sociedade em categorias especiais, criando várias tribos que reivindicam “direitos” específicos.

20. para reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil;
            DM: Outra tarefa impossível, ou muito difícil de ser feita pelo governo, por qualquer governo; normalmente, as regiões são adquirindo suas dinâmicas ricardianas e se desenvolvem naturalmente de acordo com processos únicos e exclusivos; a pretensão de moldar regiões e estruturas econômicas é própria de engenheiros sociais, ou de regimes autoritários vocacionados para o estatismo e o intervencionismo, duas doenças tipicamente companheiras.

21. para fortalecer a soberania do Brasil;
            DM: Pura retórica vazia, como sempre foi feita; na prática, os companheiros alienaram a soberania brasileira para regimes bolivarianos e em benefício de Cuba.

22. para promover a integração e a cooperação com os vizinhos da América do Sul e da África;
            DM: Qualquer governo poderia fazer isso, mas no caso dos companheiros virou uma tal de diplomacia míope orientada para o chamado Sul, uma obsessão geográfico-ideológica que consiste em andar com uma perna só.

23. para defender a paz, a auto determinação, a não intervenção, e a solução pacífica de controvérsias como os princípios fundamentais da ação internacional do Brasil;
            DM: Mais retórica vazia, que na prática não se aplica; intervenção nos assuntos internos de outros países é o mais foi praticado durante todos os anos de diplomacia companheira, a exemplo de Honduras, Paraguai e outros casos.

27. para alcançar a autonomia energética;
            DM: Objetivo ilusório; um país aberto ao comércio e aos investimentos vai diversificar sua matriz energética de maneira mais eficiente do que excesso de intervenção governamental no setor, como aliás ocorreu com etanol, com biodiesel, petróleo, gás, nuclear, todos eles em total desequilíbrio em relação aos dados do mercado atualmente; o Brasil exibe um custo da energia dos mais elevados.

28. para reconstruir a indústria brasileira;
            DM: Bem, até agora o que ocorreu foi uma destruição pouco reconstrutora; duvidoso que se consiga fazer coisa melhor; aqui existe apenas um artigo de fé.

29. para tornar o sistema tributário mais justo e menos concentrador de riqueza;
            DM: Mas, se era essa a intenção, por que nada se fez em 12 anos; nesse período, a carga fiscal aumentou 4 pontos do PIB e só uma quarta parte disso foi para as chamadas camadas mais modestas; o resto foi para quem já é rico.

30. para reduzir as taxas de juros e democratizar o credito;
            DM: Os juros estão mais altos agora do que no início do governo, e os consumidores muito mais endividados.

31. para realizar uma Olimpíada ainda melhor do que a Copa.
            DM: Deve ser outra piada...

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 18 de outubro de 2014.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Heranca maldita dos companheiros, 2: o Brasil ja esta em recessao? - El Pais

Tecnicamente, recessão é quando uma economia recua dois trimestres seguidos, ou seja, quando o valor agregado é negativo, menor do que o anterior, no mesmo ciclo, ou menor do que o mesmo período do ciclo anterior.
Se esse é o critério, o Brasil já está em recessão, apenas que o emprego não conheceu decréscimos significativos, isto porque as empresas, como em certos países esquizofrênicos, teriam de pagar muito para despedir, e depois não conseguiriam mão-de-obra treinada mais adiante, outra praga do modelo lulista de deseducação generalizada.
Paulo Roberto de Almeida


El alza inesperada de las temperaturas a principios del año en Brasil, la crisis en Argentina, las manifestaciones contra el Mundial de fútbol y el anuncio de la presidenta de la Reserva Federal de EE UU, Janet Yellen, previniendo sobre la vulnerabilidad de los emergentes. El año 2014 empezó movido para los brasileños, que hoy tuvieron que enfrentarse a la desconfianza de los mercados externos tras la divulgación del índice de actividad económica por parte del Banco Central (IBC-Br).
La caída del 1,35% registrada por el indicador en diciembre quedó un poco por encima de las expectativas de las instituciones financieras locales. Pero el dato trimestral, que muestra una caída, del 0,17%, encendió la luz amarilla para algunos analistas. Junto a la rebaja del 0,21% en el periodo anterior supondría que el país ha caído en la llamada recesión técnica, cuando la economía se contrae por dos trimestres consecutivos.
El dato fue recibido con cautela por los economistas brasileños, ya que la metodología del indicador del Banco Central es diferente de la utilizada por el Instituto Brasileño de Geografía y Estadística (IBGE), el órgano que hace el cálculo oficial del Producto Interno Bruto (PIB) de Brasil. El dato final del PIB de 2013 – y el cálculo del último trimestre – será divulgado por IBGE el próximo 27 de febrero. El hecho es que el PIB retrocedió 0,5% entre julio y septiembre. Y si el resultado trimestral de los tres últimos meses del año es también negativo, el cuadro de recesión estaría confirmado.
“Este diagnóstico es un poco fuerte. No veo la confirmación de este cuadro negativo”, dice Fabio Silveira, de la consultoría GO Asociados. “Sí, la actividad está lenta, pero todavía existen factores que se sostienen, para mantenernos en el terreno positivo”, evalúa. Silveira apunta la expansión del crédito, aunque en menor proporción que los últimos años, y el aumento de renta a través de la subida de sueldo del trabajador, como factores que juegan a favor del país, ante el ritmo letárgico de crecimiento. También ayuda la devaluación cambiaria, provocada por la volatilidad tras el cese de los estímulos monetarios de EE UU, sumados a la tensión de la crisis financiera en Argentina. “El dólar fuerte favorece las exportaciones”, afirma.
José Augusto Castro, presidente de la Asociación de Comercio Exterior de Brasil (AEB), cree que la devaluación del real (moneda brasileña) ayudará a las ventas al exterior, pero también como protección para las importaciones, crecientes en el país. “El repunte del crecimiento en los Estados Unidos también es una buena noticia, porque importan manufacturas brasileñas”, apunta Castro.
Castro admite, sin embargo, que 2014 se configura como un año de “emociones fuertes” para el país. “Nadie esperaba que en enero hubiese un descontrol en Argentina. Esto nos quitará al menos 2.000 millones de dólares de exportaciones”, calcula. Los argentinos son el tercer socio comercial de Brasil, después de China y EE UU.
Este escenario lleva a AEB a rehacer las cuentas sobre el saldo comercial que el país debe alcanzar en 2014: en diciembre, la proyección era de 7.000 millones de dólares, cifra que debe quedarse entre 4.000 y 5.000 millones de dólares ante lo sucedido en Argentina.
Aunque considera que el escenario del país no pueda ser clasificado como de recesión, Nicola Tingas, economista de la Asociación Nacional de las Instituciones de Crédito, Financiamiento e Inversiones, admite que existen factores para preocuparse. “El motor del crecimiento brasileño se muestra más frío. Considerando el escenario para el consumo e inversiones que tuvimos hace pocos años, la lectura es que estaríamos más paralizados que en recesión”, dice.
Para Julio Gomes de Almeida, economista de la Universidad de Campinas, los bajos niveles de crecimiento sumados a una caída de inversiones sí pueden llevar a una recesión. “Es como si la economía brasileña estuviese caminando sobre el filo de una cuchilla. Si resbala, esa posibilidad se volverá una realidad”, afirma.
Otros creen que este pesimismo se ha generado por un ataque procedente del exterior. Para el economista Luiz Roberto Calado, de Brasil Inversiones y Negocios, lo que sucede en realidad es una ofensiva internacional contra su país. “Si consideramos el parámetro del ranking de negocios Doing Business, del Banco Mundial, Brasil subió 14 puestos en 2013, hasta la posición 116”- son evaluadas 189 economías en este estudio.
El diario británico Financial Times es de los que apuesta porque el país podría estar en recesión. Pero José Bezerra de Menezes, controlador del Banco Bic, afirma que los británicos se caracterizan por exagerar tanto en los buenos momentos como en los malos. “No consigo reconocer algo sustancial en los datos que lleve al diagnóstico de que hay una recesión. El cambio desfavorable no es algo exclusivo de la moneda brasileña, sino una tendencia por la que están pasando todas las divisas”, explica.

El economista Claudio Frischtak, presidente de Inter. B Consultoría Internacional de Negocios, prefiere no decir que la recesión sea inevitable. Pero sí que el país vive un dilema este año. La responsabilidad fiscal y monetaria para asegurar que la inflación no se dispare provocará un bajo crecimiento, que puede llegar al 1% en el año, según dijo. Pero esto no tiene en cuenta una eventual crisis energética. El país vive uno de los peores veranos de los últimos decenios, con temperaturas por encima de los 35 grados en las últimas semanas, lo que provocó la sequía y el racionamiento de agua en algunas ciudades, y la caída del nivel de los reservatorios de las hidroeléctricas, que representan 60% de la fuente energética de Brasil. A la vez, aumentó el consumo de energía con el uso del aire acondicionado y ventiladores, encendidos por la población para protegerse de las altas temperaturas.

sábado, 13 de julho de 2013

Dezoito razoes para ser pessimista com o Brasil - Luís Stuhlberger

Eu até acho poucas essas 18 razões e seria capaz de acrescentar outras mais.
Sou bem mais pessimista do que o economista Stuhlberger, uma vez que ele foca em questões mais quantitativas, mensuráveis. No plano qualitativo, quando se constata o atraso mental dos políticos, o estado lamentável das nossas universidades, impossível não ficar ainda mais pessimista.
Paulo Roberto de Almeida 

Stuhlberger dá 18 motivos para continuar pessimista com o Brasil


 Angelo Pavini | Arena do Pavini
Luis Stuhlberger, gestor da Hedging Griffo - Germano Lüders/Exame.com
Gestor do Verde, maior fundo multimercado do Brasil e um dos maiores fundos hedge do mundo, com mais de R$ 10 bilhões de patrimônio, Luís Stuhlberger, do Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG), está pessimista com o Brasil há três anos, e diz que vai continuar assim, como deixa claro no relatório de gestão de junho.
A aposta negativa vem dando resultado, já que o fundo tem conseguido se manter entre os mais rentáveis do mercado. Neste ano, acumula ganho de 5,90% até junho, bem acima dos 3,43% do CDI, referencial do juro de mercado. Isso apesar de investir uma parcela do patrimônio em bolsa em um ano em que o Índice Bovespa perdeu 22,14%. Em junho, o Verde teve perda de 0,51%, mês em que o Ibovespa recuou 11,30%. Em 12 meses, o Verde teve ganho de 15,36%, para 7,20% do CDI.
Boa parte do ganho do fundo veio da estratégia de evitar ações brasileiras e diversificar a carteira com investimentos no exterior, além de operações de proteção nos mercados locais de juros e decâmbio, explica o gestor. A aposta na alta do dólar e dos juros ajudaram o fundo a ganhar em maio e, mais ainda, em junho.
Dezoito pontos de pessimismo
Em seu relatório mensal, Stuhlberger listou 18 motivos para continuar pessimista, no que ele chama de “sinais evidentes do colapso do modelo econômico brasileiro”. São coisas que, segundo ele, aconteceram ou podem acontecer.
1) PIB do triênio 2011/2012/2013 estagnado na faixa de 2% ao ano ou menos e sem perspectiva de melhora.
2) Estímulos fiscais e creditícios em quantidades significativas, oferecidos pelo governo, surtem pouco efeito.
3) Inflação sem desonerações rodando entre 7% a.a. e 8% a.a.
4) Demanda de consumo moderada somada à oferta insuficiente geram inflação endemicamente alta.
5) Deterioração da conta-corrente, mesmo com os termos de troca ainda altos, piora continuamente nosso câmbio de equilíbrio.
6) “Good inflation” (inflação de serviços – inflação de duráveis) termina, o que diminui a popularidade presidencial.
7) Esqueletos em bancos públicos, subsídios a educação universitária, energia e transporte geram potencial aumento (“guestimating”) de 10 a 15 pontos na dívida líquida em relação ao PIB quando forem reconhecidos.
8) Sustentabilidade fiscal de longo prazo pode ser colocada em xeque, dado o risco de diminuição de arrecadação de impostos nos anos vindouros. Despesas com pouca margem de compressão continuam crescendo em termos reais.
9) Provável rebaixamento por agências de classificação de risco de crédito.
10) Pacto federativo entre União, Estados e municípios, com tensões crescentes, causadas pelas necessidades pós-manifestações de investimentos relevantes em educação, saúde e mobilidade urbana.
11) Investimento Estrangeiro Direto (IED) deve diminuir no próximo ano, dada a incerteza eleitoral.
12) Relações entre PT e base aliada deteriorando-se continuamente.
13) Surgimento de candidaturas “ético-sonhadoras-populistas” x “socialismo do século XXI”.
14) O PT fará todos os esforços para ganhar a eleição presidencial, e a conta que sobrará para 2015 será relevante.
15) Carga tributária de 36% do PIB, com impostos sobre produção e consumo beirando 15% do PIB.
16) A falta de competitividade e os 20 anos de investimento em um patamar de 4% do PIB a menos do que deveria deixam-nos em uma situação frágil perante outros países emergentes, como Coreia, México, Chile etc., além do renascimento industrial americano.
17) Ameaça de novos impostos, como: CPMF versão século XXI etc. para tentar manter o equilíbrio fiscal.
18) Ausência total de debate sobre reforma trabalhista e agenda “realmente” positiva.
“Por todos esses 18 pontos que citamos e mais alguns que devemos ter deixado passar”, afirma o relatório, “as opcionalidades continuam do lado negativo/defensivo”.