O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador sarcasmo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador sarcasmo. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

12) "A Era do Rádio" - um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista

A Era do Rádio 

(semana 12)

Tenho um televisor moderno e ando abusando de canais de notícias e de filmes antigos. Mas eu sou mesmo do tempo do rádio. “Um piano ao cair da Tarde”, da Eldorado. O clássico da Bandeirantes, “Os brotos Comandam”, pois afinal eu era jovem.  O “Repórter Esso”. Foram longas horas entre as novidades, os clássicos, as notícias e tantas outras vozes que povoavam o imaginário daquela época e que ainda me aquecem a alma.

Em minha nostalgia, resolvi sintonizar alguma estação. “Enquanto os homens exercem seus podres poderes, motos e fuscas avançam os sinais vermelhos e perdem os verdes. Somos uns boçais”.

Era Caetano. “Queria querer gritar setecentas mil vezes  como são lindos, como são lindos os burgueses e os japoneses, mas tudo é muito mais!”

Meu corpo aqueceu-se. “Será que nunca faremos senão confirmar a incompetência da América católica, que sempre precisará de ridículos tiranos? Será, será que será que será que será, será que essa minha estúpida retórica terá que soar, terá que se ouvir por mais zil anos?”

A essa altura, meus dedos batucavam acompanhando Caetano: “Enquanto os homens exercem seus podres poderes, Índios e padres e bichas, negros e mulheres e adolescentes fazem o carnaval! Queria querer cantar afinado com Ellis! Silenciar em respeito ao seu transe, num êxtase! Ser indecente! Mas tudo é muito mau! Ou então cada paisano e cada capataz, com sua burrice fará jorrar sangue demais nos pantanais, nas cidades, caatingas e nos Gerais?”

Arrepiado, escutei até o fim. “Será que apenas os hermetismos pascoais, os tons, os mil tons, seus sons e seus dons geniais, nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais? Enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome, de raiva e de sede são tantas vezes gestos naturais! Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo, daqueles que velam pela alegria do mundo. Indo mais fundo, Tins e Bens e tais!”

Contra os homens e seus podres poderes, reflitam.

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN

11) "Kejserens nye Klæder" [Andersen: A Roupa Nova do Rei] - um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista

Kejserens nye Klæder 

(semana 11)

Em 1837, o dinamarquês Hans Christian Andersen publicou Kejserens nye Klæder, em bom português, A roupa Nova do Rei. No conto, um tratante se muda para pequeno reino e decide se passar por um famoso alfaiate. Hábil manipulador, espalha a notícia que inventou uma forma de tecer vestes mágicas que apenas os inteligentes e sábios conseguem ver!

O rei, muito vaidoso, ao saber dos supostos dons do famoso xastre, nomeia o malandro para alfaiate real e pede que teça seu novo manto. Para tanto, o malandro solicita baús cheios de riquezas, sedas chinesas e linhas de ouro, que serviriam para a confecção. Passa então meses a abusar dos divertimentos carnais do reino, sempre às custas do rei.

Acontece que, certo dia, o rei, cansado de esperar, chama seus ministros e vai ter com o alfaiate. Conhecendo a vaidade do rei, o malandro mostra um manequim sem vestimenta, apresentando, assim, as supostas vestes mágicas. O rei, sem nada ver, mas não querendo ser provado burro na frente de seus ministros, brada: “Que lindas vestes! Fizeste um trabalho magnífico!”. 

Os ministros aduladores, sem pestanejar, brindam também à beleza das vestes inexistentes. E o mais sábio, para se insinuar, chama atenta para a precisão da costura. Mesmo sábio que sugere festividades para apresentar as novas vestes. Proposta imediatamente aceita pelo vaidoso monarca. 

Fora do palácio, na cerimônia de exibição das “novas vestes”, uma criança tão sincera quanto plebeia grita: “O Rei está nu!”. Rapidamente a plebe se une ao coro de gritos, risadas e escárnios. O rei, negando-se a admitir que foi estafado, insulta a todos de ignorantes e tenta condená-los a masmorras.

Sim, foi uma longa digressão, mas a esta altura, o amigo-leitor já conhece este humilde servo de Rio Branco e já perdoa minhas manias. O amigo-leitor também já reconhece quem é o rei asno do Itamaraty, seus sicofantas e a plebe, a gargalhar.

Pelo retorno de um rei com roupas, reflitam.

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN

10) "Aos Fatos" - um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista

Aos fatos 

(Semana 10)

Vamos aos fatos. Esta semana vi-me assoberbado pelos fatos. Esses estranhos substantivos que evocam uma realidade que, invariavelmente, negam. Os fatos são apenas fragmentos da verdade, como queria Drummond. Tascos de uma verdade reluzente; almejada, mas dificilmente alcançada.

Os fatos desta semana são, não obstante, os mais próximos que vi nos últimos meses da realidade. São inegáveis. São a chancelaria de Ernesto, por mais que me doa atribuir a alcunha de chancelaria para os desmandos que vivenciamos.

É fato que, nos Estados Unidos da América, encontra-se em vigor restrição sanitária para a entrada de indivíduos que tenham estado no Brasil. Salvo exceções, qualquer indivíduo que tenha estado no Brasil deverá cumprir “quarentena”(por falta de melhor palavra) de quatorze dias em outra localidade antes de adentrar as terras de Trump. Atenção, amigo leitor, para o “salvo exceções”.

É fato também que o mais ignóbil ministro da educação deste país, o odioso Weintraub, foi defenestrado da cadeira de Capanema na sexta-feira, dia 19. Fugindo (para utilizarmos o termo correto) para os EUA no sábado dia 20, utilizando passaporte diplomático para enquadrar-se no “salvo exceções” das restrições de Trump. 

Contudo, é fato também que o Diário Oficial da União (DOU), nesta segunda-feira, dia 23, publicou um decreto retificando a data da demissão do Sr Abraham Weintraub. Corrigindo-a do dia 20 para o dia 19 de junho. A mudança, é saboroso dizer, torna fraudulenta a fuga do Gene Kelly da destruição.

Esses são os fatos. Não sabemos, de fato, a profundidade do envolvimento de nossa casa nessa lamentável trama. Não deixa de ser vergonhoso, porém, que a casa de Aracy Guimarães Rosa e de Souza Dantas, que honrosamente salvaram tantos dos horrores do Nazismo (que foi um movimento de extrema-direita, devo ressaltar), agora ajude na fuga daqueles que atentam contra a democracia.

Pelos fatos, reflitam.

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.

09) "Meu caro amigo" - um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista

Meu caro amigo 

(semana 09)

Meu caro amigo me perdoe, por favor, mas hoje eu acordei sem tempo para cuidar do vocabulário nem para corrigir as vírgulas. O tempo urge e o Brasil caminha pé ante pé para um fascismo sem precedentes, que destruirá não somente nossa Casa diplomática, mas também nosso país.

Meu caro amigo me perdoe, por favor, mas hoje eu acordei sem tempo para pensar em piadas, em versos alexandrinos e argúcias de raciocínio. O tempo urge e eu, que por este país tanto lutei, tanto trabalhei, me recuso a assistir inerte sua destruição. Tive a honra de ver um Brasil soberano respeitado entre as nações e não chegarei ao fim vendo todo o nosso patrimônio diplomático dilapidado e jogado aos porcos. Nem que seja como alma penada, ainda assistirei à restauração do brilho de nossa casa.

Como disseram amigos que sempre admirei, Celso e Rubens, junto com outros democratas, como Aloysio, Lafer e Fernando Henrique, em recente carta que publicaram, é preciso restaurar a Racionalidade na política externa. Do contrário, os arautos da destruição nos levarão nosso gosto de viver.

Muito como os alemães que se depararam com a ascensão do partido nazista (escrito aqui com letras minúsculas para reforçar sua pequenez) no início da década de 1930, temos ainda uma chance de salvar a Democracia Brasileira. Resta saber o que faremos para salvar nosso País da destruição. A ataraxia estoica que nos é tão característica já não basta. 

Em nome de um Brasil soberano, democratas, reajam.

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

08bis) "Bolo de LaranjaLima" - um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista

Bolo de Laranja Lima 

(semana 08-bis)

O bolo de fubá cremoso foi minha primeira paixão. A cada mordida, eu percebia que a vida era bela. A cada bala de coco, a cada quitute da Colombo, a cada biscoito de nata, tornei-me mais esfericamente perfeito. 

Convenhamos. Todo corpo celestial é esférico. No espaço, só há astros redondos. Eu nunca vi um planeta magro. Nós, gordos, temos essa semelhança com o divino. 

Esta semana, vasculhando armários atrás de uma lata de leite condensado que pudesse aplacar minha fúria roliça ante tantas notícias, pensei em você, amigo leitor, também a buscar um quitute para saciar as ânsias. É nesse espírito que ofereço minha sabedoria rotunda e recomendo a beleza do bolo de laranja lima.

A doçura da laranja lima é infinitamente superior à laranja comum. Esconde a acidez e evita que se denuncie o quitute como um bolo de laranjas. Evita-se a indigestão. Evita-se a vulgaridade do excesso de açúcar, para mascarar o amargor de laranjas podres.

Ainda que um bolo de laranjas cariocas ordinárias mascare o contrabando excessivo de farinha de baixa qualidade, que pode gerar abundantes ganhas para os boleiros industriais, o bolo de laranja lima traz em si a beleza de manter o passado laranja maquilado. E traz no próprio nome uma lima que pode ser usada para escapulir de clausuras. 

Pela laranja lima, reflitam.

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.

07) "Nobel" - um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista

Nobel 

(semana 07)

Lembro-me da tristeza na fronte de meu pai ao comentar o episódio. Morávamos ainda no Rio, e teve de fazer gestões junto aos países escandinavos para impedir que Dom Helder Câmara recebesse o Nobel da Paz. Senti que lhe doeu.

As gestões não foram bem-sucedidas, é verdade. Os governos nórdicos recusaram-se a interferir na escolha do prêmio. Mas em Brasília, com murros na mesa, os generais ameaçaram empresas escandinavas com proibição de remessa de lucros. 

Meu pai nunca soube ao certo qual foi o grau de influência dessas pressões, mas Dom Helder não foi escolhido, e lembro-me bem de ouvir de Sizínio Nogueira, em um jantar, quando já me preparava para o vestibular do Itamaraty: "enquanto houver alguém na Fundação Nobel que se lembre do esforço do Brasil para não receber o prêmio, nenhum brasileiro será jamais agraciado". Assim tem sido.

Não entendia bem naquele tempo como podíamos ser patriotas e cristãos, ao mesmo tempo em que trabalhávamos contra um arcebispo de nossa pátria, conhecido por levantar a Palavra de Deus contra a tortura que sofreu o próprio Cristo.

Hoje, ao ver tremular bandeiras estrangeiras nas mãos de supostos patriotas, ao ver a imagem do Cristo acima das cabeças dos que bradam por ditadura, ao ouvir o Nome de Deus proferido em vão por quem idolatra torturadores, e ao imaginar as instruções que poderemos vir a receber, lembro-me da tristeza no semblante de meu pai.

Por uma nação verdadeiramente patriota e Cristã, reflitam.

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.

06) "Alienáveis Alienígenas" - um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista

Alienáveis alienígenas 

(semana 06)

Preciso admitir que Ernesto estava certo. Sei que parece improvável, mas peço vênia para pequena digressão que o haverá de convencer.

Imagine você, amigo leitor, um dia retornar, após breve viagem, a sua pequena e pacata cidade. Ao chegar, amigos alertam que coisas estranhas têm ocorrido. Relatam que algumas pessoas vêm agindo de forma estranha, como se não tivessem alma… Como se respondessem de forma conjunta, acéfala e coordenada a todas as situações, como se perdessem a individualidade e se tornassem zumbis; passivos e desumanos… É isso que acontece no filme “Invasion of the Body Snatchers”, que assisti no cinema, nos anos 70, e revistei essa semana, no original dos anos 50.

Ao longo da trama, o espectador acompanha o médico Miles, que descobre que seus conterrâneos estão sendo, pouco a pouco, substituídos por duplicatas alienígenas desprovidas de qualquer sentimento. A descoberta e a recusa de se unir ao pensamento único da colmeia extraterrestre faz com que seja perseguido e caçado pelas duplicatas acéfalas.

Peço perdão, caro leitor, por esta digressão, mas recomendo que você assista ao filme, pois, creio, o Itamaraty também foi invadido. Como já nos alertava nosso psicopata-chanceler quando palestrou para uma plateia de riobranquinos, os alienígenas estão entre nós!

Como Miles, vejo hoje um Itamaraty sem alma. E vejo colegas, que tanto prezava, comportarem-se como cópias inanimadas de si mesmos, reproduzindo uma doutrina totalizantemente ideologizada, sem lastro em nossa boa tradição diplomática. 

Vejo alguns colegas aderirem ao pensamento interplanetário-terraplanístico da colmeia ernestiana, vagando como zumbis acéfalos. Vejo também alguns bravos que, irridentos como o Dr. Miles, são perseguidos como se fossem eles os loucos. Ernesto estava certo, a invasão alienígena já começou.

Aos terráqueos que ainda não foram invadidos pelo pensamento alienígena, encareço, reflitam. 

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN

05) "O Anti-Barão" - um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista

O Anti-Barão 

(semana 05)

“Um diplomata não serve a um regime e sim ao seu país.” Nosso patrono defendia os interesses nacionais acima de tudo, e a soberania brasileira acima de todos. Ele próprio um Barão, monarquista, foi chanceler na República. Porque compreendeu que os interesses da pátria eram superiores às vicissitudes da política interna.

Lembro da frase do Barão para ponderar que nossa casa foi assaltada por pensamento contrário. Hoje, propaga-se a crença de que a diplomacia não é uma política de Estado, destinada a preservar os interesse nacionais permanentes, mas, sim, uma política de governo, que muda conforme as orientações do presidente de turno. No caso, do psicopata de turno.

Ainda que o digno oponente do Barão, pelo igual peso intelectual, seja nosso Oliveira Lima, Ernesto parece disputar o posto de Anti-Barão. Não por contraposição intelectual, naturalmente, mas, quiçá, pela destruição.

Ernesto está a destruir toda a nossa boa tradição diplomática, todo nosso prestígio no exterior. Hoje, nós, diplomatas brasileiros, somos vistos com desconfiança. Nos olham ressabiados. Somos excluídos dos processos decisórios. Nos acreditam terraplanistas, negacionistas do clima, excludentes à migração. Destruidores da Amazônia. Um país sem soberania, que apenas reproduz posições de outros países. Um país que defende o interesse nacional alheio. Anti-racionalistas. Não inspiramos confiança. Somos, por anti-científicos, epicentro de uma pandemia, e, por falta de amor próprio, o reprodutor de um proto-fascismo tosco, verdeamarelado.

O Anti-Barão parece querer terraplanar tudo que o Barão construiu e nos legou. E nós, observamos atônitos, seguindo instruções. Até quando?

Contra o Anti-Barão e contra a Destruição, reflitam.

 Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN

04) "Franjas lunáticas" - um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista

Franjas lunáticas 

(semana 4)

Saravá, meu bom Rubens, sempre perspicaz. Escrevo-lhe para dizer que errei. Ri na primeira vez que usaste a expressão "lunáticos" para se referir aos atuais formuladores - ou destruidores - da política externa. Ri, mas não cri. Tinha ainda esperanças de que nossas tradições, princípios e valores prevaleceriam sobre o discurso ideológico e, acreditava eu, apenas oportunista. Ledo engano. 

Estavas certo, como de costume. Lunatismo é mesmo a principal característica desses quase dois anos de morticínio de nossa tradição diplomática. É, amigo, estão matando o Barão pela segunda vez; agora, de vergonha. 

Veja você, Rubens, por esses dias senti uma pontada nas costas, e das fortes. Bem na lombar, como comentávamos outro dia. Achei que fosse a hérnia. Mas era só o texto que lia no celular. Tratava de um “comunavírus”.

Pois é, nesses tempos de anti-política externa, já ouvimos de tudo e já exigimos muito de nossas lombares. O nazismo é de esquerda, o coronavirus é uma invenção da mídia e os extraterrestres visitam a ONU. Céus!

Rubens, amigo, apareça mais. Tenho saudades de você e de nosso Itamaraty racional. Quero crer que ainda o teremos de volta. Afinal, a diplomacia é a arte do encontro, embora hoje haja tanto desencontro.

A você Rubens, e a todos que ainda têm fé na razão, saravá!

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN


03) "Pela restauração" - um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista

Pela restauração! 

(Semana 03)

Fui um Liberal! Então a democracia era jovem no país; estava nas aspirações de todos. Meu espírito liberal embalava meu esforço por um Itamaraty prestigioso e por um país de ordem e de progresso, livre do flagelo ditatorial e dentro de uma liberdade ampla. E fizemos a constituinte. E fizemos um país soberano. E fizemos a integração do nosso continente; e fizemos a Rio 92. E o mundo nos via como um país forte, aberto, respeitado.

Hoje sou um Restaurador! Diante de toda a destruição que tenho visto de nossa diplomacia, que nem mesmo a ditadura militar provocou, preciso erguer minha caneta contra os que vilipendiam todo o patrimônio que nos legou nosso barão! 

Não são nem conservadores nem liberais estes que hoje bradam impunemente o pendão do liberalismo econômico e do conservadorismo social. São falsos profetas. São revolucionários. E no torpor de sua revolução, põem abaixo toda a tradição diplomática que encontram pela frente.

Precisamos restaurar nossos vínculos com o interesse nacional, com o pragmatismo, com a soberania de nosso país; com nossa Constituição. Não podemos nos rebaixar ao papel de vassalo de outros países, por simples ideologismo revolucionário.

Precisamos construir uma política externa que defenda os verdadeiros interesses nacionais, não as fantasias alucinadas de um grupelho pós-integralista. 

Pela Restauração de nossa Casa, resistam.

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.

02) "Gusmão rendido" - Um cronista secreto do Itamaraty bolsolavista

Gusmão rendido  

(semana 02)
            
Em caricato seminário, o atual presidente da FUNAG afirmou que embaixadores antigos, por ignorância ou por má-fé, confundem globalização com globalismo. Lamentável.

Veja aqui se um homem da minha idade pode aceitar esse tipo de desaforo. Eu, que tanto trabalhei pela nossa FUNAG, tenho o dessabor de vê-la transformada em agência de notícias falsas. Não, seu ministro, não é ignorância nem má-fé. O que ocorre é que esse globalismo que Vossas Senhorias vociferam por aí não passa de um conto de lunáticos.

Pasmem, palestrantes iluminados, não existe governo mundial! Não, o Itamaraty nunca foi uma filial servil da ONU, a cumprir ordens ocultas que sequer Vossas Inteligências conhecem.

Qual não é a revolta de um velho ao ouvir que o Brasil não era sequer anão diplomático, porque anão pelo menos é adulto. E, vejam vocês, que éramos “adolescente diplomático”. Ainda mais quando dito por aqueles tremebundos com mitos infantis de “comunismo cultural”. Queria eu ignorar os obtusos e voltar ao meu Homero. Mas logo na nossa FUNAG?

Sinto como se fanáticos houvessem sequestrado a FUNAG. Sua bandeira prega a destruição da coerência, da razão e do livre pensar. São terroristas do intelecto. Visam incutir em nossas mentes o medo da razão, da real intelectualidade.

Pelo resgate da FUNAG, reflitam.

Ministro Ereto da Brocha, OMBUDSMAN.