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quarta-feira, 20 de maio de 2015

(Des)educacao brasileira: freireanos ideologicos reclamam do ministro aloprado

O ministro de todas as coisas fez um "plano" para a educação brasileira retirado da sua cabeça: nele figuram grandes conceitos e quase nenhuma ideia sensata.
Os freireanos, como é de seu hábito, agitam outros grandes conceitos -- como esse da tal "educação inclusiva", que não quer dizer absolutamente nada, se não incluir as matérias essenciais -- para se opor ao ministro que acham vendido para perigosas ideias empresariais.
Que pecado! De ambos os lados: os freireanos por estarem destruindo a educação brasileira, o ministro por ser um mero acadêmico, ainda que eivado de boas intenções.
O ponto de vista, que considero especialmente nefasto, dos freireanos vai exposto abaixo, apenas para confirmar o que sempre disse: não há nenhum risco de a educação brasileira melhorar no futuro previsível.
Paulo Roberto de Almeida

Abaixo da média
Educação: Diagnóstico e propostas do ministro Mangabeira Unger são mal recebidos por especialistas do setor
Por Cinthia Rodrigues
Carta Capital, 18/05/2915

Com a reeleição de Dilma Rousseff, lideranças e ativistas da área de educação previam um 2015 de muito trabalho e poucas novidades. Após 42 meses de exaustivo debate, o Plano Nacional de Educação (PNE) e suas 20 metas e 250 estratégias para a década havia sido aprovado sem vetos pela presidenta. O passo natural seria a execução do plano. Seria. Um projeto assinado pelo ministro Mangabeira Unger, da Secretaria de Assuntos Estratégicos, tem provocado celeumas entre os especialistas e parece pretender atropelar o PNE.
Educadores, muitos ligados ao PT, reclamam da visão excessivamente "empresarial" do documento, intitulado Pátria Educadora. Para elaborar o texto de 29 páginas, divulgado em 22 de abril, Unger consultou fundações bancadas pelo setor privado e pesquisadores que trabalharam em campanhas adversárias, entre eles Maria Helena Guimarães, autora do programa de governo de Aécio Neves para o setor. Deixou de lado, no entanto, grupos de pesquisa consolidados e que oferecem visões diferentes. A reação foi instantânea e dura. "Nesta reflexão há certa dose de indignação, pois não poderíamos imaginar que uma proposta com esse conteúdo conservador e excludente pudesse vir de um governo que queremos que seja nosso"; escreveu o doutor em Educação pela Universidade de São Paulo e ex-secretário da pasta no Rio Grande do Sul, José Clóvis de Azevedo, no início do texto de 31 páginas em resposta ao projeto Unger.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta, em outras 19 páginas, disse tratar-se de um retrocesso a um processo até então democrático e inclusivo. "Afronta os objetivos mais importantes da educação construídos em décadas que visam a superação da escola seletiva", anotou.
O documento é composto de duas partes. A primeira, intitulada "A Tarefa", reconhece melhoras na universalização do acesso ao ensino básico, mas classifica a situação geral como "dramática". Na segunda ("Iniciativas"), lista sugestões, entre elas a adoção do Enem digital, a proliferação de tecnologias nas salas de aula, a criação de centros de formação para diretores e professores, um programa para oferecer novas bolsas do ProUni em cursos de formação docente e a revisão do currículo das instituições particulares.
Há quem enxergue no plano Unger a intenção de substituir o PNE. Não é o caso. O documento da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) também defende a criação de uma base curricular comum nacional e a reorganização das responsabilidades entre os entes federativos. O fato de o programa elaborado pela SAE ter sido apresentado em São Paulo sem a presença de Renato Janine Ribeiro, empossado ministro da Educação três semanas antes, deixou claro o caráter autoral da proposta. Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, reuniu-se com Unger na quarta-feira 13 e saiu satisfeito do encontro: "Ele prometeu esclarecer que o PNE é maior que o projeto e o nível do debate foi muito bom".
Um dia antes, o ministro expôs suas ideias em uma conversa com CartaCapital. Segundo ele, a proposta foi encomendada por Dilma Rousseff e trata-se da "primeiríssima prioridade" da presidenta. Unger minimizou os avanços na qualidade do ensino nos últimos anos: "Foram episódicos, localizados e inspirados em um paradigma empresarial. Mas nosso ideário não pode ser somente com o paradigma empresarial, do qual sou um crítico".
O Ministério da Educação não quis comentar o texto de Unger. O ministro Janine e sua equipe, informou a assessoria de imprensa, dedicam-se no momento à implementação do PNE. Unger afirma, no entanto, que seu parecer recebeu o apoio do secretário-executivo do MEC, Luiz Cláudio Costa, ministro-interino entre a saída de Cid Gomes, em 18 de março, e a posse de Janine, em 6 de abril.
Sobre o meio consultado, o secretário de Assuntos Estratégicos citou "mais de cem interlocutores", a maioria especialistas de fundações privadas, como o Instituto Ayrton Senna, a Fundação Lemann e o Instituto Natura, além de dirigentes do Conselho Nacional dos Trabalhadores na Educação, do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação e acadêmicos como Maria Helena Guimarães e o sociólogo Simon Schwartzman.
Professor da Universidade Federal de Minas Gerais e diretor do Centro de Pesquisa, Memória e Documentação da Faculdade de Educação, Luciano Mendes classificou a proposta de "madrasta deseducada", por seu "desconhecimento da pesquisa e dos esforços na área no Brasil, autoritarismo e distorção dos fatos históricos". Segundo ele, o documento é a "recuperação das propostas derrotadas nas urnas e muito mais".
O diretor da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, Paulo Carrano, definiu a proposta como um "atropelo" na formulação de política nacional. O documento, admite, até possui um "núcleo de bom senso", mas não reconhece a pesquisa realizada e os fóruns democráticos. "E um olhar de cima com tom salvacionista. Revigora conceitos superados como a seletividade de se tratar os mais pobres de forma diferente e premiar os melhores alunos com escolas melhores."
Um dos críticos mais contundentes é o professor titular de Educação da Universidade de Campinas Luiz Carlos Freitas, autor de 20 textos contraproposta. Sobre a convocação do ministro de uma "vanguarda pedagógica", ironiza: "Ele quer alguém que concorde com suas ideias e as implemente. No máximo, admite melhorar as ideias postas. Ocorre que o documento não comporta melhora, a não ser dentro de sua própria lógica". E acrescenta: "Diferentemente do mercado, onde há ganhadores e perdedores, em educação só devem existir ganhadores. Não é pela pressão sobre a escola e o professor que se melhora".
O documento, prossegue Freitas, usa termos para disfarçar preconceitos. Cita a disposição de "organizar a diversidade" e a proposta de criação de escolas de referência. "Está em curso a montagem de uma grande máquina de segregação escolar colocando cada um no seu lugar segundo suas expectativas sociais, origem social, sequências de capacitação e, claro, espelhando quanto dinheiro se carrega no bolso. Exceções são admitidas. Está em curso, igualmente, o alinhamento das escolas com as necessidades dos empresários por qualificação de quadros talentosos e pela disseminação de habilidades fundamentais para o consumo das massas."
A visão de Alejandra Velazco, coordenadora-geral do movimento Todos Pela Educação, entidade da sociedade civil mantida com recursos empresariais, não difere dos acadêmicos. Ela estava presente no lançamento da proposta Unger em São Paulo e diz não ter entendido onde ela se encaixa. "Fica a impressão de falta de organização. E difícil compor um quadro de quais são os planos e quem é o articulador. Há conceitos ali já debatidos e ultrapassados, entre eles a ideia de exclusão."
Unger afirma encarar com naturalidade as críticas despertadas pelo documento. O ministro tem se esforçado para ouvir os críticos em reuniões fechadas, entre eles o deputado Pimenta. O documento, afirma, é um ponto de partida, não de chegada. "Estamos botando a mão na ferida. A controvérsia é um sinal de que estamos no caminho correto. Um projeto forte que enfrenta um problema estrutural e propõe uma resposta estrutural suscita controvérsias. Se não fosse assim, seria um embuste." Ou seria?

terça-feira, 6 de maio de 2014

MEC = Educacao? Nao! Ensino? Nao!! Cultura? Nao!!! Puro besteirol ideologico

Como eu sempre digo, para meus alunos, em palestras e conferências: a situação do ensino no Brasil (não merece esse nome, sequer o de educação) é muito pior do que jamais poderíamos imaginar. Como diria alguém, é muito mais pior...
O MEC é um dinossauro ideológico, infestado de saúvas freireanas, que estão destruindo o que restou de educação no Brasil...
Paulo Roberto de Almeida 

Já sabemos que a educação brasileira é doutrinada por socialistas das mais diversas vertentes. 
Mas agora Cláudio Haddad, doutor em economia pela Universidade de Chicago, resolveu quantificar o quanto isso é verdade. 
Ele fez a prova do ENADE e concluiu que as respostas consideradas corretas não são as de conhecimento técnico, e sim as ideológicas. Ele errou metade da prova cuja matéria domina e leciona.
O governo brasileiro, na figura do MEC, demonstra que não se importa com a formação cultural do aluno, mas sim em doutrinar o mesmo. Estamos formando mais uma geração que, apesar do grande potencial, estará perdida e inferiorizada frente ao seus pares do resto do mundo.

A entrevista está nas páginas amarelas da Veja desta semana e vale a pena ser conferida.
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Prova do Enade é meramente ideológica

Em entrevista à revista Veja desta semana, o engenheiro e economista Claudio Haddad, presidente doInsper, afirma que a prova de conhecimentos gerais do Enade não mede conhecimentos: seu objetivo é apenas doutrinar. Aliás, é o que petismo faz em todos os níveis de educação, não excluídas as universidades. A própria educação terá que ser reconstruída sob um novo governo:
Engenheiro e doutor em economia pela Universidade de Chicago. Claudio Haddad. 67 anos, sofreu, digamos assim, uma reprovação no campo acadêmico. Ele resolveu fazer, só de curiosidade, a prova de conhecimentos gerais do Enade, o exame do Ministério da Educação para os recém- formados nas universidades. Segundo o gabarito oficial do MEC, ele errou metade das questões. Como assim? Haddad, que preside o Insper, faculdade que fundou em São Paulo com o nome lbmec, em 1999, depois de quinze anos como sócio do Banco Garantia, está desatualizado? Nada disso. O defeito é da prova, que não se propõe a medir conhecimento, mas a aferir o grau de alinhamento do candidato com a ideologia em voga em Brasília. Diz Haddad: “E uma prova com viés ideológico, alta dose de subjetividade e um olhar simplista sobre as grandes questões da atualidade”.

O que o motivou a fazer uma prova de conhecimentos gerais para recém-formados? 

Meus alunos se saíram mal, e quis entender em que tipo de conhecimento eles patinavam. Passei o olho nas questões em uma cópia do teste. Eram enunciados enormes, que me deram a impressão de conter alto grau de subjetividade. Por isso, resolvi fazer a prova duas vezes. Na primeira, respondi tudo da maneira que julguei a mais correta: na segunda vez, assinalei as opções que imaginei serem aquelas que os avaliadores considerariam acertadas por terem um viés mais ideológico. Resultado: à luz de meus conhecimentos, errei quatro de oito questões de múltipla escolha. Ou seja, um fiasco. Já na versão que fiz com o único intuito de dar as respostas que os examinadores queriam, fui muito bem. Acertei sete. Só errei mesmo uma em que, sinceramente, apesar de ter me detido nela inúmeras vezes, até agora não vi lógica.

O senhor está dizendo que a prova foi mal formulada? 

Sem dúvida. Não se pode dizer que uma questão de conhecimentos gerais que se fia num viés político e ideológico e abre espaço para interpretações subjetivas seja bem formulada. Uma boa prova deveria se basear em fatos objetivos, e não em crenças.

Dê um exemplo de como o viés ideológico aparece no Enade? 

Uma das questões que mais me espantaram pede aos estudantes que reflitam sobre ética e cidadania, marcando as definições que expressem bem os dois conceitos. Uma das alternativas diz que, sem o estabelecimento de regras de conduta, não se constrói uma sociedade democrática e pluralista, terreno sobre o qual a cidadania viceja como valor. Está correto. A outra enfatiza que o princípio da dignidade humana é o avesso do preconceito. Também está certo. A zona de sombra paira sobre a terceira proposição, a que o MEC considera correta. “Toda pessoa tem direito ao respeito de seus semelhantes, a uma vida digna, a oportunidades de realizar seus projetos, mesmo que esteja cumprindo pena de privação de liberdade, por ter cometido delito criminal, com trâmite transitado e julgado”. Isso é apenas uma divagação opinativa do formulador da prova sobre como seriam as condições ideais de vida de um preso. Existem maneiras bem mais objetivas e lógicas de testar o conhecimento do candidato sobre ética e cidadania.

E por que o senhor discorda da afirmativa?

Como alguém que cometeu um crime e está preso pode ter garantido o seu direito de realizar “projetos” como os demais cidadãos? É, antes de tudo, um absurdo lógico. Vejo aí uma condescendência típica de certas organizações de direitos humanos, que brigam indiscriminadamente por tudo o que é benefício para o preso: visita íntima, saída à vontade da cadeia. Isso, aliás, está bem em voga no Brasil. Faz parte do caldo ideológico incapaz de ver uma questão tão complexa sob todos os prismas.

O desprezo pela lógica é o pior defeito das questões do Enade?

A imposição de uma maneira de pensar é igualmente danosa. Uma das perguntas faz uma longa digressão sobre os jovens de hoje, que preferem ficar fechados em seu quarto mexendo no computador e jogando videogame a passear pela praça. 0 texto prega que a imersão no mundo eletrônico desvia a atenção das crianças dos impactos dos danos ambientais. A prova pede que o candidato escolha o título mais adequado para o texto que acabou de ler. Minha opção foi: “Preferências atuais de lazer de jovens e crianças: preocupação dos ambientalistas”. Errei. Para os avaliadores o título correto é: “Engajamento de crianças e jovens na preservação do legado natural: uma necessidade imediata”. Esse não é o título mais adequado para o texto, aliás de péssima qualidade. O que se tem no conjunto de texto e resposta é uma combinação de subjetividade total com pregação ambientalista. A questão não tenta medir o conhecimento do candidato. mas saber quanto ele está enquadrado na maneira de pensar oficial.

Qual é a origem dessas distorções?

Para mim. Está claro que o Enade deixa à mostra o modo torto de ver o mundo da maioria de nossos educadores. Eles são mergulhados nessa ideologia antiempresa, antilucro, antimercado já nas faculdades de pedagogia. Depois tratam de plantar essa visão na cabeça dos estudantes.

Essa é uma característica exclusiva da educação brasileira? 

Não. Há um movimento atualmente na França destinado a revisar o ensino de economia, que com o tempo foi se tomando distorcidamente anticapitalista. Está sendo difícil na França restaurar o equilíbrio. No Brasil a situação é pior. Aqui o discurso ideológico se mistura com a falta de conhecimento. O resultado é desastroso. É o triunfo de uma concepção de mundo simplista e equivocada. Gostaria de saber quantos desses pregadores leram Marx e Adam Smith no original. Sim, porque tem muito professor por aí que se baseia em textos curtos e apostilados para ensinar. A prova do MEC é um espelho dessa simplificação. O conhecimento verdadeiro consiste em entender realidades complexas, e não em contorná-las com resumos empobrecedores e enviesados.

Qual a consequência imediata disso?

A radicalização. O discurso ambientalista é um exemplo. Tomou-se uma sucessão de bandeiras e pregações alarmantes com evidente desprezo pela lógica e pela objetividade. A intervenção humana no meio ambiente é ensinada apenas como uma “agressão”. Muitas vezes faltam inteligência e informação na utilização racional dos recursos materiais, mas isso não significa que é impossível agir sobre a natureza sem provocar tragédias ambientais. As crianças também aprendem na escola a repudiar a Revolução Industrial inglesa, lembrada apenas pelas condições de trabalho miseráveis. Mas a miséria já estava lá bem antes e foi justamente com a Revolução Industrial que, pela primeira vez na história da humanidade, a riqueza aumentou exponencialmente para todas as classes. As economias cresceram, a renda per capita se multiplicou e os governos puderam arrecadar mais e implantar programas sociais. Mas a ideologia em voga demoniiza a Revolução Industrial. Isso não é educação de qualidade.

O Enade sofre dessa miopia em relação aos processos econômicos?

Sim. Em um alto grau. Uma questão sobre a crise financeira mundial de 2008 é a prova disso. O texto da pergunta diz que a desregulação dos mercados americanos e europeus levou à formação de uma bolha de empréstimos especulativos e imobiliários que, ao estourar, desencadeou a crise mundial. Falso ou verdadeiro? Para o MEC, é verdadeiro; para mim, falso. Para o MEC, o certo é pôr toda a culpa no sistema. Ponto. Com essa ênfase ideológica, perdem-se dimensões importantes para entender as razões da crise. A frouxa política monetária do Fed, o banco central americano, teve muito a ver com a crise. Como teve seu papel o incentivo do governo americano à concessão de crédito imobiliário mesmo para quem, claramente, não poderia pagar. Essas ações de Washington foram decisivas para que o mercado de casa própria inflasse em bases irrealistas. Mas a lente ideológica manda apontar a desregulamentação dos mercados como a causa da crise financeira. Isso não é produção de conhecimento, mas simplesmente a divulgação de uma visão equivocada.

Por que as universidades brasileiras ainda são tão pouco inovadoras mesmo se comparadas às de outros países emergentes?

Entre as instituições públicas de elite, dois fatores pesam contra a corrida pela produtividade: elas têm verbas garantidas e o grosso do dinheiro é distribuído sem considerar o relevo da produção científica de cada uma. O princípio do igualitarismo pode até soar bacana, mas contém em seu DNA uma armadilha perversa. Para que todos progridam no mesmo ritmo, o avanço de uns é refreado em função do passo mais lento de outros. Cadê a meritocracia? Nos Estados Unidos, as melhores universidades recebem mais recursos do que as de menor desempenho – e isso não é por acaso. É mérito.

Na última década, o governo federal incentivou a abertura de universidades com o intuito de fomentar certas regiões carentes de ensino de qualidade. Isso ajuda? 

É clara essa preocupação em espalhar universidades por todo o território brasileiro, sob o discurso do desenvolvimento regional, mas, para mim, isso significa desperdiçar dinheiro baixando o nível de todos. Sim, porque o dinheiro é finito e a pulverização dele impede os melhores de chegar a um patamar ainda mais alto.

Alguma coisa melhora no ensino superior brasileiro?

Temos centros de excelência já conectados com o mundo lá fora. Poderíamos ter muito mais competição, porém. O economista Edward Glaeser faz uma colocação muito interessante em um de seus livros quando diz que as universidades americanas não resvalaram para o corporativismo justamente porque tinham de competir urnas com as outras. No Brasil, nunca ouvi falar de uma turma de cientistas de um determinado centro de pesquisas preocupada em correr para superar o trabalho de outro grupo. Também não vejo ninguém consternado com o fato de que sua instituição não está entre as melhores do mundo nos rankings. A preocupação em gerar recursos adicionais, então, é algo mais raro ainda.

De quem e a culpa? 

Vejo claros problemas de gestão e governança nas universidades públicas. Meu pai foi sub-reitor da UFRJ e não se conformava com o aluguel baixíssimo que a universidade recebia do Canecão. Ele achava que tinha de vender a casa de shows, que assim entraria mais dinheiro no caixa. Mas as resistências internas a qualquer iniciativa que mexa na velha maneira de fazer as coisas são tão grandes que não se faz nada. A UFRJ tem instalações no Rio de Janeiro inteiro. Por que não vender uma parte, concentrar tudo numa mesma área e otimizar recursos? Ai entra uma série de interesses específicos. Tem até o grupo que diz: “Mas está bom assim; a universidade é do lado da minha casa”.

O forte elo entre universidades e empresas ajuda a explicar o alto poder inovador de muitos países. Como o Brasil está nessa área?

O Brasil vem melhorando, mas precisa romper de vez com uma ideologia antiga segundo a qual a parceria com o mercado é vista como ameaça à autonomia universitária. Bobagem. Todas as grandes instituições de ensino superior americanas recebem dinheiro de empresas e não se privam com isso de sua liberdade criativa. Ao contrário: são as maiores fornecedoras de prêmios Nobel do planeta. Se o pesquisador ficar isolado em sua torre de marfim, dificilmente produzirá conhecimento relevante. Mas percebo, inclusive pelas conversas dos alunos em minha escola, que surge no Brasil uma geração de mente mais aberta e empreendedora. Ela é essencial para a criação de um ecossistema favorável à inovação e à produção de riqueza.

Quais as características desse ecossistema?

Empreendedores, inovadores, academia, empresas e financiadores trabalhando juntos. São Paulo reúne condições para a criação disso, que se vê em ebulição em lugares como Boston e Tel-Aviv. Estamos falando de criar no Brasil uma cultura que tenha na produção de conhecimento seu maior valor.

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O ENADE é ideológico?

Nos últimos anos, já nos acostumamos com os problemas do ENEM. Primeiro, como sempre lembra o jornalista Elio Gaspari, o Ministério da Educação nunca conseguiu fazer duas provas do ENEM por ano como havia prometido há algum tempo. Segundo, tivemos alguns casos de fraudes com o ENEM, que parecem que foram solucionados. Terceiro, ano passado tivemos o escândalo da correção das redações, quando se descobriu que algumas redações receberam notas máximas apesar de erros de ortografia e concordância.
Agora, o presidente do INSPER, Claudio Haddad, nos brinda com uma entrevista nas páginas amarelas da Veja na qual mostra que ele, um PhD em economia por Chicago, errou metade das questões do ENADE que, segundo ele, é uma prova com forte conteúdo ideológico. O ENADE é o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes que tem o objetivo de aferir o rendimento dos alunos dos cursos de graduação em relação aos conteúdos programáticos, suas habilidades e competências. O exame faz parte do Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior) e objetivo é avaliar a qualidade dos cursos de formação superior.
Reproduzo abaixo apenas o início da matéria da Veja para que os interessados comprem a revista. Um governo sério deveria convida-lo para se reunir com a cúpula do Ministério da Educação e com um painel de acadêmicos para discutir suas críticas. Quem fez essas críticas não foi alguém sem conhecimento de causa. Mas um profissional que montou uma das melhores faculdades de economia e administração do Brasil e vai montar um novo curso de engenharia.
Isso é um assunto muito sério. O que impressiona é que essa avaliação critica do ENADE não tenha sido feita pelo próprio Ministério da Educação. Para acabar com eventuais mal entendidos, o Congresso Nacional deveria fazer uma audiência pública sobre o assunto e chamar Claudio Haddad. A ver.
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sábado, 24 de novembro de 2012

Sauvas freireanas querem manter o atraso educacional brasileiro

Dependendo do bando de ignaros que se manifesta abaixo, o MEC vai continuar um reduto do atraso e um covil dos incompetentes.
Exemplos como esse me convencem cada vez mais que a educacao brasileira nao tem nenhuma solucao positiva no futuro previsivel e que ela apenas continuara' a se deteriorar continuamente. Nao existe nenhuma chance de que esse cenario mude para melhor em funcao da mentalidade da maior parte dos professores.Mas, não deixa de ser divertido ler, e reler, o besteirol costumeiro dos pedagogos freireanos, uma síntese perfeita da indigência cultural que grassa no pleistoceno de Brasilia.
Paulo Roberto de Almeida



21 DE NOVEMBRO DE 2012 - 17H41 

Professores rejeitam nomeação da privatista Cláudia Costin no MEC


Apesar de muito criticada por sua visão neoliberal e privatizante, a atual secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, Cláudia Costin, poderá ser nomeada por Aloizio Mercadante para a Secretaria de Educação Básica do MEC. 


Cláudia Costin
Claudia Costin, NÃO! - dizem pedagogos
Após dez meses como ministro da Educação, Aloizio Mercadante ainda tenta montar sua equipe. O atual secretário de Educação Básica, César Callegari, entregou o cargo. Sua missão, desde que assumiu o lugar ocupado pela professora Maria do Pilar Lacerda durante a gestão de Fernando Haddad, foi terminar o projeto do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, lançado esta semana pela presidenta Dilma Rousseff.

Callegari alegou razões pessoais e familiares para deixar a função e voltar para São Paulo, onde morava antes de se mudar para Brasília. O sociólogo foi a primeira mudança feita por Aloizio Mercadante na equipe deixada pelo ex-ministro Fernando Haddad. Callegari foi secretário municipal de Educação de Taboão da Serra (SP) e duas vezes presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE).

Para o seu lugar, Mercadante convidou a atual secretária de Educação do município do Rio de Janeiro, Cláudia Costin, que prontamente aceitou o convite. Cláudia volta para a capital federal, onde foi ministra da Administração e Reforma do Estado durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Paulistana, ela é uma conhecida privatizante e foi diretora Fundação Victor Civita, do ultraneoliberal Grupo Abril/Veja. 
Preocupação entre professoresImportantes setores da pedagogia no país manifestam profunda preocupação com a nomeação de Cláudia Costin, que foi ministra da Administração no governo Fernando Henrique Cardoso e esteve à frente de funções ligadas ao desmonte do Estado brasileiro.

Um grupo de pesquisadores em educação e ciências sociais divulgou a seguinte nota manifestando suas fortes preocupações em relação à nomeação de Cláudia Costin:

A privatização do ensino público, a fragmentação do trabalho docente, a perda da autonomia dos professores, a submissão estrita aos cânones neoliberais têm sido implementadas por Cláudia Costin à frente da Secretaria Municipal da Educação na cidade do Rio de Janeiro.

Seu autoritarismo didático e de conteúdos, prescritos em cadernos e apostilas, emanado das orientações dos organismos internacionais, ampliam o abandono da educação básica da grande maioria da população, historicamente relegada à carência de escolas e, mais recentemente, à desqualificação da educação nas escolas existentes. Além disso, no Rio de Janeiro, professores, gestores e funcionários têm sido alvo de aliciação pecuniária, os bônus financeiros, através de remuneração extraordinária pelo desempenho dos alunos, traduzido em um percentual de aprovação de alunos nas turmas e no conjunto da unidade escolar, como compensação aos baixos salários.

Não por caso, quando ministra da Administração Federal e Reforma do Estado no governo FHC, foi uma das responsáveis pela idealização e implementação do desmonte do Estado, incluindo-se aí as privatizações ou a venda do país e a quebra da estabilidade dos servidores públicos.

Se confirmada Cláudia Costin à frente da Secretaria de Educação Básica, é esperada a descaracterização da educação fundamental e média com o apagamento do professor e do aluno como sujeitos históricos. Costin faz parte de um grupo de intelectuais que segue a férrea doutrina do mercado, onde tudo vira capital, inclusive as pessoas. Não mais a educação básica, direito social e subjetivo, mas escola fábrica de capital humano. Uma versão bastarda do ideário republicano de escola, como a define Luiz Gonzaga Belluzzo, em brilhante texto na Carta Capital de 29.08.2012. Esta visão bastarda de educação objetiva apagar qualquer senso crítico dos alunos. Trata-se de transformar, para Belluzzo, recorrendo a Marshall Berman, a ação humana em repetições rançosas de papéis pré-fabricados, reduzindo os homens a indivíduos médios, reproduções de tipos ­ideais que incorporam todos os traços e qualidades de que se nutrem as comunidades ilusórias.

Delegar à administradora esse setor vital da educação brasileira é declinar de todos os embates e propostas da educação para ter uma política própria de educação básica como formação humana, em favor do tecnicismo e da intervenção de grupos privados no interior das escolas públicas.

Professores, pesquisadores estudantes e suas entidades representativas vêm, publicamente, protestar contra o arbítrio economicista, degradante e mutilador para a educação das gerações de jovens da educação básica que sua presença na SEB traria à educação básica, não apenas na cidade do Rio de Janeiro, mas em todo Brasil.

Cláudia Costin, NÃO!

Dermeval Saviani –Unicamp
Mirian Jorge Warde – PUC-SP
Roberto Leher - UFRJ
Gaudêncio Frigotto – UERJ
Virginia Fontes- UFF/Fiocruz
Maria Ciavatta - UFF
Dante Henrique Moura - IFRN
Vânia Cardoso Motta - UFRJ
Eveline Algebaile – UERJ
Domingos Leite Filho. UTPr
Sônia Maria Rummert - UFF
Marise Ramos –UERJ e FIOCRUZ
Olinda Evangelista – UFSC
Domingos Leite Filho - UTPr
Laura Fonseca – UFRGS
Carmen Sylvia Morais - USP
Sônia Kruppa - USP 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

MEC: sauvas freireanas avancam no processo de mediocrizaçao de ensino no pais...

Está perfeitamente claro, e isso eu nem discuto agora, que as "saúvas freireanas" do MEC -- que são todos os pedagogos equivocados que baseiam seus conceitos de ensino na obra do maior idiota da deseducação brasileira, Paulo Freire -- estão conduzindo uma obra política, de imposição dos seus padrões de ignorância para o resto do país, ou seja, a imensa massa de estudantes dos ciclos iniciais do que passa por ensino público neste país. Um desses propósitos é justamente o de equiparar a norma popular, ou popularesca -- com todas as suas variedades dialetais e regionais das chamadas camadas populares -- à norma culta, ou acadêmica (não a da universidade, claro, que já é medíocre, mas à da supostamente elitista Academia Brasileira de Letras).
Tudo isso confirma uma coisa: o imenso esforço, que só pode ser consciente, de mediocrizar ainda mais o ensino neste país.
O MEC é o principal agente desse rebaixamento generalizado dos padrões educacionais no Brasil.
Ou seja, independentemente da mediocridade da política econômica, que nos condena a um baixo crescimento constante, o que temos, de mais grave, é a mediocrização de todos os níveis de ensino.
As saúvas freireanas estão formando pelo menos duas gerações de incapazes educacionais.
Paulo Roberto de Almeida 


Doutrinação na prova do Enem
O Globo, 9/11/2012

Das 45 questões do exame de Linguagens, boa parte enfatizou o uso polêmico de termos coloquiais

Após o Ministério da Educação (MEC) divulgar o gabarito do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) sem anular uma questão sequer, apesar das queixas de colégios e cursinhos sobre alguns enunciados, professores agora criticam a prova de Linguagens e Códigos do processo de seleção que aconteceu no último fim de semana. Docentes dos ensinos médio e superior dizem que certas questões mostram uma preocupação excessiva em defender o uso oral e coloquial da língua em detrimento da norma culta.
Em uma análise do exame, O GLOBO identificou pelo menos oito em 45 questões que exemplificam o assunto (uma delas na prova de inglês). Num enunciado, o texto de referência foi redigido com marcas orais características da análise do discurso, conteúdo específico de cursos de Letras e Comunicação: "Eu gostava muito de passeá...saí com as minhas colegas...brincá na porta di casa di vôlei...andá de patins...bicicleta...quando eu levava um tombo ou outro ... eu era a ::... a palhaça da turma ... ((risos))...". O parágrafo é atribuído a A.P.S., mulher de 38 anos, que estaria no ensino fundamental.
Mestre em Literatura pela Universidade de Sorbonne (Paris III), a professora Regina Carvalho, que dá aulas de Língua Portuguesa no Colégio Santo Inácio, demonstra preocupação com o excesso desse conteúdo na prova.
- Há um desequilíbrio e um foco exagerado na linguagem coloquial. É uma ideologia que permeia a prova. Há uma indução subliminar. Acho problemático porque são muitas questões sobre o mesmo assunto. Do ponto de vista pedagógico, não se deve cobrar um mesmo assunto com tanta insistência. Do ponto de vista gramatical, nada é pedido praticamente. É uma contradição, porque na hora de fazer a redação, os professores cobram a norma culta dos estudantes e se agarram a ela para justificar a correção- critica Regina.
A professora chama a atenção para outras questões em que escritores consagrados, como Manoel de Barros e Rubem Alves, mencionam palavras e expressões que, mesmo inadequadas na norma culta, trariam mais poesia ao texto. Num trecho de "Cabeludinho", de Barros, o uso de "voltou de ateu", "disilimina esse" e "eu não sei a ler" é justificado na resposta como "a valorização da dimensão lúdica e poética presente nos usos coloquiais da linguagem".
Já em "Mais badulaques", Alves cita um amigo "paladino da língua portuguesa, que se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário" para provar o uso correto da palavra "varrição", e não "varreção", como o autor usaria. Para Regina Carvalho, a lógica de legitimar o uso coloquial por meio de autores consagrados é similar à defesa do polêmico livro "Por uma vida melhor", distribuído pelo Ministério da Educação no Programa Nacional do Livro Didático, que contém frases com construções como "nós pega o peixe". No ano passado, a publicação gerou uma controvérsia que opôs o MEC a professores críticos dessa propagação.
- Não é mostrar a fala coloquial em qualquer lugar, mas na voz de poetas e escritores consagrados, quase como que um modelo. Há livros maravilhosos didáticos que não são aceitos. Se isso é uma política intencional do MEC, não sei, mas desconfio que sim - avalia Regina.
Opinião semelhante tem o professor Claudio Cezar Henriques, titular do Instituto de Letras da Uerj.
- É lamentável que provas desse tipo deem tanto destaque a textos que mostram usos populares ou regionais de nossa língua. Minha crítica é pedagógica e tem a ver com a seguinte pergunta: as universidades querem alunos que tenham capacidade para ler e escrever textos acadêmicos e científicos ou querem alunos que saibam reconhecer variedades linguísticas? - questionou Henriques.
Para o professor, "questões e enunciados rigorosamente em língua padrão fazem par com textos bem "camaradas" quanto a isso".
- Para mim, isso é desperdício de tempo ou - pior - demagogia linguística. Um humorista certamente diria que a banca do Enem está "tipo bolada nessas quebradas de perguntar umas paradas pra galera" - ele ironiza.
Mas nem todo mundo concorda com eles. Para o linguista Marcos Bagno, não há oposição entre "uso oral e informal" e "norma culta": uma manifestação culta, falada ou escrita, pode ser perfeitamente informal (veja texto abaixo).
Na redação, deve ser usada norma padrão
De acordo com o MEC, o Enem obedece a uma matriz de referência a qual contempla uma lista de conteúdos, em consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais. Segundo o órgão, a prova de Linguagens e Códigos apresenta questões que exigem do participante uma reflexão sobre as normas e usos da língua portuguesa, contemplando os processos de aprendizagens da língua materna nos quais se inserem a leitura e a escrita.
"O pressuposto é o de que todo uso gramatical e linguístico é contextualizado em práticas de linguagem que podem ser orais, escritas, formais, informais e literárias, entendendo que todas essas formas de uso da língua são autênticas e legítimas", diz a nota do MEC.
O texto enviado pelo ministério ressalta ainda que "o participante durante a resolução das questões tem condições de fazer julgamentos sobre esses diversos usos e normas, a partir de diferentes gêneros textuais, além de ser obrigado a fazer uso exclusivo da norma padrão da língua portuguesa na produção de sua redação".

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A indigencia intelectual do Enem (a de seus formuladores, mais exatamente...)

A coisa se repete a cada ano: seja nos vestibulares, seja nos Enems da vida, nos Enads que não representam nada, em vários concursos enviesados (e isso inclui a diplomacia, também), sem falar, obviamente, do ensino médio, possivelmente o maior repositório mundial, de longe e hors concours, de besteirol por centimetro quadrado que é possível angariar no planeta, nos últimos dois ou três séculos (e isso graças aos professores debiloides que praticam a mais vulgar das contrafações "humanitárias", a favor dos pobres e dos oprimidos, contra o capitalismo perversos, os mercados desregulados e os loiros de olhos azuis, responsáveis por todas as nossas desgraças...
Eu gostaria de ter tempo, como esse jornalista, de escrever a respeito, pois certamente teria muita matéria prima para a minha série das falácias acadêmicas e para gozações sobre esses fatos da vida, que nas mãos (e nos pés) dos energúmenos do MEC (e seus apaniguados) se transformam em teorias sobre a salvação dos povos por via das políticas de inclusão, de benefícios sociais, ou de simples progressismo debilóide.
Mas, como não tenho tempo, deixo a tarefa para quem tem tempo e paciência para escrever sobre bobagens.
Realmente, eu tenho uma imensa pena dos nossos estudantes, obrigados a escutar, repetir e ter de concordar com a indigência intelectual que os companheiros da educação e as "saúvas freirenas" despejam encima deles. Pobres alunos, acabam ficando, pelo menos uma parte, como os quadrúpedes que dão aulas para eles...
Paulo Roberto de Almeida 


Reinaldo Azevedo, 5/11/2012

Não vi no detalhe a prova do Enem. Sei que professores de cursinho divergem sobre a resposta de algumas questões, a maioria relacionada a interpretação de texto, que costuma mesmo ser terra de ninguém. Mas não vou me ater a isso agora. Quero aqui comentar o tema da redação.
Poucas pessoas se deram conta de que o Enem — quem quer tenha elaborado a prova — deu à luz uma teoria e obrigou os pobres estudantes a escrever a respeito, a saber: “O movimento imigratório para o Brasil no século XXI”. Ainda que houvesse efetivamente um fenômeno de dimensão tal que permitisse tal afirmação — não há —, cumpre lembrar que estamos apenas nos 12 primeiros anos do referido século.
“Século”, em ciências humanas, não é só uma referência temporal. É também um tempo histórico. Mais 30 anos podem se passar, sem que tenhamos chegado à metade do século 21, e podem diminuir drasticamente as correntes — que nem são fluxo nem são movimento — de migração para o Brasil. Tratar esse evento como característica de século é burrice. Provo: “O PT é o partido que mais elegeu presidentes no século XXI”. O que lhes parece? Ou ainda: “O PSDB é o maior partido de oposição do século XXI no Brasil”. Ou isto: “O PMDB, no século 21, participa de todos os governos”.
Ao estudante, são apresentados três textos de referência. Um deles trata da imigração para o Brasil no século 19 e começo do século 20 e de sua importância na formação do país. Um segundo aborda a chegada dos haitianos ao Acre, e um terceiro trata dos bolivianos clandestinos que trabalham em oficinas de costura em São Paulo.
Vejam que curioso. O examinador acabou fazendo a redação — e das ruins, misturando alhos com bugalhos. Tenta-se induzir os alunos a relacionar essas duas ocorrências recentes — a chegada de haitianos e de bolivianos — aos fluxos migratórios do passado, quando houve um claro incentivo oficial à entrada de imigrantes. Os fatos de agora não guardam qualquer relação de forma ou conteúdo com o que se viu no passado.
Mas e daí? O Enem não está interessado em rigor intelectual — e bem poucos alunos do ensino médio teriam, com efeito, crítica suficiente para estabelecer as devidas diferenças. A prova não quer saber dessas diferenças — e chego a temer que um aluno mais preparado e ousado, coitado!, possa quebrar a cara. Um ou outro poderiam desmoralizar a “teoria”, com o risco de ser desclassificado.
Na formulação da proposta, pede-se que o aluno trate do tema “formulando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos”. Assim, exige-se do pobre que, além de defender e sustentar com argumentos uma tese estúpida, ainda se comporte como um verdadeiro formulador de políticas públicas ou, sei lá, um especialista em populações.
Essas duas exigências foram já incorporadas às provas de redação do Enem. Muito bem: digamos que um estudante seja contrário a que se concedam vistos a quaisquer pessoas que cheguem clandestinas ao Brasil, defendendo que sejam repatriadas. Esse aluno hipotético estaria apenas cobrando respeito à lei — pela qual deve zelar o Poder Público — o mesmo Poder Púbico que realiza a prova.
Digam-me cá: a repatriação de clandestinos é uma “intervenção aceitável”, ou o estudante está obrigado a concordar com o examinador, como há de ceder que, afinal, dois mais dois são quatro? A repatriação, no caso, seguindo os passos das leis democraticamente instituídas no Brasil, caracteriza um atentado aos direitos humanos? Até agora, o próprio governo federal não sabe o que fazer com os haitianos, e o Ministério Público do Trabalho não consegue coibir a exploração da mão de obra boliviana. Por que os estudantes teriam de ter para isso uma resposta?
Atenção! Eu nem estou aqui a defender isso ou aquilo. Noto apenas que a imigração ilegal divide opiniões no mundo inteiro e que é um absurdo, uma arrogância inaceitável, que se possa, depois de inventar uma tese, estabelecer qual é a opinião correta que se deve ter a respeito, exigindo ainda que os estudantes proponham “intervenções”, porém vigiados pelo “Tribunal dos Direitos Humanos”. Aí o bobinho esperneia: “Mas defender os direitos humanos não é um bem em si, um valor em si?”. Claro que é! Assim como ser favorável ao Bem, ao Belo e ao Justo. A questão é saber que tribunal decide quando “os direitos humanos” estão ou não a ser respeitados. Eu, por exemplo, considero que seguir leis democraticamente instituídas ou referendadas, segundo os fundamentos da dignidade humana (a integridade física e moral), é uma expressão eloquente dos… direitos humanos!
A prova é apenas macumbaria multiculturalista mal digerida — não que possa haver uma forma agradável de digeri-la, é bom deixar claro! As provas de redação do Enem — e de vários vestibulares — têm cobrado que os alunos sejam mais bonzinhos do que propriamente capazes.
Não por acaso, nas escolas e nos cursinhos, as aulas de redação têm-se convertido — sem prejuízo de o bom professor ensinar as técnicas da argumentação — numa coleção de dicas politicamente corretas para o aluno seduzir o examinador. Com mais um pouco de especialização, o pensamento será transformado numa fórmula ou numa variante do “emplastro anti-hipocondríaco”, de Brás Cubas (o de Machado de Assis), destinado “a aliviar a nossa pobre humanidade da melancolia”.
É o que têm feito os professores: um emplastro antipoliticamente incorreto, destinado a “aliviar os nossos pobres alunos da tentação de dizer o que eventualmente pensam”.
Isso, como todo mundo sabe, é o contrário da educação.
A partir de hoje, começo a escarafunchar as teses de especialistas brasileiros em geografia humana e populações em busca do “Movimento Migratório para o Brasil no século 21″ — nada menos. Segundo critérios estritamente intelectuais, essa prova de redação deveria ser simplesmente impugnada.
Sei que não é conforto para os alunos que fizeram a prova, mas escrevo mesmo assim: se vocês não tinham muito o que dizer a respeito, não fiquem preocupados — vocês foram convidados a falar sobre uma falácia, sobre o nada.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O que seria um "cancelamento provisorio" - ou: Viva o MEC, tres vezes!!!

Ufa! Ainda bem que o MEC se esforça para manter na "inguinorancia" mais da metade da população brasileira, do contrário já teríamos sido enganados por bandidos mais espertos, mais versados na última flor do Lácio, que para eles permanece inculta, e tudo menos bela, e aos quais também faltam os mais elementares princípios da lógica formal.
Se não fosse o MEC, há muito teríamos sucumbido a alguma trampa deste tipo que vai abaixo.
Por isso eu digo: continue assim MEC, você vai muito bem na tarefa de imbecilizar metade da população brasileira.
Estou sendo injusto, claro, cruel e desapiedado, com quem só quer o bem, e para isso mesmo abriga as últimas saúvas do Brasil, as que se salvaram depois da modernização da agricultura.
Uma coisa é certa: as saúvas freireanas do MEC estão acabando com o Brasil.
Ainda bem...


Brasília, setembro de 2012
Informamos que seu titulo eleitoral teve um Cancelamento provisório.
O motivo do cancelamento foi uma irregularidade em seu Cadastro de Pessoa Física (CPF) a qual motivou o cancelamento do mesmo, e também de seu título eleitoral.
Para saber mais detalhes sobre esta irregularidade, e quais providências tomar, leia o regulamento clicando no link abaixo. 
Após clicar no link, será exibida uma janela, onde a opção "Abrir" deve ser clicada.
(...) [desativado]
ou se não conseguir Clique Aqui [desativado]
Todos os direitos reservados ao Tribunal Superior Eleitoral

sábado, 25 de agosto de 2012

O MEC do crioulo doido (e bota doido nisso..)

Antigamente, aí depois da Primeira Guerra Mundial, Monteiro Lobato costumava dizer que "ou o Brasil acaba com as saúvas, ou as saúvas acabam com o Brasil".
Alguns acham que o Brasil acabou com as saúvas.
Pois eu acho que elas continuam aí, fortes, ricas, saudáveis, e todas elas se mudaram para o MEC.
As "saúvas freirenas", aqueles pedagogos que só rezam pelo supremo idiota da educação nacional que se chama Paulo Freire, se mudaram todas para o MEC, e lá dão expediente integral, prometendo acabar com a educação no Brasil em mais alguns anos.
Eis um exemplo de como as saúvas são doidas: comentário à promessa do "doutor" ministro que vai mudar a avaliação da educação no Brasil (a cada novo fracasso eles mudam para pior):


"MEC quer substituir Prova Brasil pelo Enem na avaliação do ensino médio". Qual sua opinião? -

 Marisa Abreu (ex-secretaria de educação do Governo Yeda - RS):

 "- A Prova Brasil não é aplicada ao ensino médio. A Prova Brasil é avaliação universal do ensino fundamental público
No ensino médio público, e na rede privada (fundamental e médio), só  se aplica o Saeb, que é amostral. 
Acho que o MEC do PT não entende de avaliação e mistura as coisas. Um tipo de avaliação é do sistema, sem consequências para os alunos. 
Saeb e Prova Brasil. e também avaliações dos Estados, como o nosso Saers, que o Tarso acabou, mas também Saresp, Simave (MG), Saego, Sapece, etc. etc. 
Outro tipo de avaliação é dos alunos, só indiretamente do sistema. Tem consequências para os indivíduos, como o Enem, que virou um grande vestibular unificado no País todo. Acho mesmo que o PT está destruindo o sistema de avaliação da educação brasileira.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

(Des)Educacao no Brasil: as sauvas do MEC enterram de vez a educacao - Paulo Freire garante a decadencia...

Pronto, só faltava essa!
Eu já escrevi, diversas vezes, já falei em seminários, e volto a repetir aqui uma paráfrase da famosa frase de Monteiro Lobato: 
"Ou o Brasil acaba com as saúvas freirenas do MEC, ou elas acabam com o Brasil".
Acho que agora elas conseguiram, e vão enterrar a educação no Brasil por pelo menos três gerações à frente (que é o tempo mínimo que eu calculo ser necessário para mudar, depois de desastres repetidos, a tragédia educacional brasileira, e nisso se vão mais ou menos 74 anos...).
Pois as saúvas freireanas do MEC acabaram decretando que o seu santo protetor, o supremo idiota da pedagogia do oprimido -- uma fabulosa impostura intelectual, se o adjetivo se aplica -- Paulo Freire é o patrono da educação no Brasil.
Isso vai redundar em dois efeitos: os pedagogos e pedagogas (invertem, se quiserem respeitar as novas prioridades idiotas de gênero) vão continuar idiotas, por muito tempo mais, e jornalistas menos idiotas vão talvez poder constatar como são idiotas os escritos desse supremo deseducador.
Lamento o ocorrido, mas o Brasil realmente está andando cada vez mais para trás em matéria de educação.
Paulo Roberto de Almeida 



Paulo Freire, patrono da educação brasileira 
Agência Brasil, 16/04/2012

Lei publicada no Diário Oficial reconhece importância do pedagogo e filósofo para o país

BRASÍLIA - O Diário Oficial da União publica nesta segunda-feira a lei que declara o educador Paulo Freire patrono da educação brasileira. O projeto de lei foi aprovado no início de março pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, em decisão terminativa, por unanimidade.

Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997) foi educador e filósofo. Considerado um dos principais pensadores da história da pedagogia mundial, influenciou o movimento chamado pedagogia crítica. Sua prática didática fundamentava-se na crença de que o estudante assimilaria o objeto de análise fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído.

Freire ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford. Foi preso em 1964, exilou-se depois no Chile e percorreu diversos países, sempre levando seu modelo de alfabetização, antes de retornar ao Brasil em 1979, após a publicação da Lei da Anistia.




Paulo Freire é declarado patrono da educação brasileira

Lei publicada no Diário Oficial reconhece importância do pedagogo e filósofo para o país

AGÊNCIA BRASIL
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BRASÍLIA - O Diário Oficial da União publica nesta segunda-feira a lei que declara o educador Paulo Freire patrono da educação brasileira. O projeto de lei foi aprovado no início de março pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, em decisão terminativa, por unanimidade.
Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997) foi educador e filósofo. Considerado um dos principais pensadores da história da pedagogia mundial, influenciou o movimento chamado pedagogia crítica. Sua prática didática fundamentava-se na crença de que o estudante assimilaria o objeto de análise fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído.
Freire ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford. Foi preso em 1964, exilou-se depois no Chile e percorreu diversos países, sempre levando seu modelo de alfabetização, antes de retornar ao Brasil em 1979, após a publicação da Lei da Anistia.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/paulo-freire-declarado-patrono-da-educacao-brasileira-4657075#ixzz1sEvBjNl3
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