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sábado, 2 de março de 2013

Emergente ou submergente? Boca grande ou pe-frio? O Brasil e as grandes economias...

Depois que o Brasil ultrapassou ligeiramente o Reino Unido, em 2011 (e muito mais por efeito cambial, ou taxa nominal da moeda, do que propriamente por vigor econômico excepcional), o nosso vidente oficial, o dito ministro fazendoca Guido Mantega havia prometido ultrapassar também a França, e colocar o Brasil na quinta posição da economia mundial, depois da China, EUA, Japão e Alemanha.
Mais fácil dizer do que fazer, não é mesmo?
Não sabemos se é boca grande ou pé frio, mas o fato é que essas classificações baseadas em taxas de câmbio de mercado são inerentemente frágeis.
E ainda que fosse verdade, o que nós, simples mortais, ganhamos com isso?
A China vai ultrapassar os EUA em PIB nominal nos próximos anos, se já não ultrapassou em PPP agora mesmo, segundo alguns.
Sabem quando os chineses vão ter um padrão de vida igual ou superior ao dos americanos?
Não nos próximos 150 anos, talvez mais, talvez nunca...
Essa grandiloquência economicista, essa megalomania vazia não é apenas irritante; ela é profundamente enganadora, no que tem de concreto sobre o bem estar das pessoas, indivíduos concretos, vidas humanas, que é a única coisa que deveria contar para estadistas responsáveis, não para demagogos cheios de bazófias e falsos orgulhos para se vangloriar de algo que não fizeram...
Paulo Roberto de Almeida 

Baixo crescimento e real mais fraco fazem Brasil perder posto de sexta maior economia do planeta

  • Embora tenha crescido apenas 0,2% em 2012, moeda estável permitiu ao Reino Unido retomar posição que havia perdido um ano antes.
Ronaldo D’Ercole (Facebook · Twitter)
Infoglobo,
SÃO PAULO – Além de colocar o país no fim da fila entre as principais economias emergentes, o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 fez o Brasil perder para o Reino Unido o posto de sexta maior economia do mundo. Mesmo tendo crescido apenas 0,2%, diante de uma expansão de 0,9% do Brasil, a economia britânica recuperou a posição que havia perdido um ano antes, devolvendo aos brasileiros o sétimo lugar na lista.
De acordo com levantamento do banco WestLb, o conjunto de riquezas geradas no Reino Unido em 2012 alcançou a cifra de US$ 2,44 trilhões, contra US$ 2,25 trilhões do PIB brasileiro. No fim de 2011, o Brasil ostentava um PIB de US$ 2,47 trilhões, pouco mais que os US$ 2,43 trilhões dos britânicos.

Submarino nuclear: tecnologicamente interessante, militarmente semi-interessante

O tal de submarino nuclear brasileiro, que quando finalmente terminar de ser construído terá custado, provavelmente três vezes mais do que o anunciado nesta matéria e que já vai estar defasado tecnologicamente nesse "entonces" futuro, que ninguém sabe exatamente quando será, pode ser mais interessante no plano da capacitação tecnológica (não exatamente pelo submarino em si, mas pelo que se aprende fazendo) do que propriamente no plano militar, pois sua utilidade real será muito pouco e muito limitada (ainda que os militares e marinheiros possam dizer o contrário).
Vai ser um brinquedo muito caro, que quando ficar pronto provavelmente já estará em certa medida superado tecnologicamente, ainda assim nossos marinheiros e engenheiros navais terão aprendido alguma coisa, para fabricar outros brinquedos, mais úteis no plano da indústria civil, provavelmente.
O problema é que no Brasil os vínculos intra e intersetoriais são muito tênues, quase inexistentes, e os linkages tecnológicos também apresentam dificuldades para spill-over.
Acho que existem brinquedos mais úteis e mais baratos, mas ninguém pode impedir militares de desejar ter os seus brinquedos, caros, ou não, úteis ou não...
Sempre é assim...
Paulo Roberto de Almeida

Fábrica de componentes do submarino nuclear brasileiro começa a funcionar
Daniela Chiaretti
Valor Econômico, 1/03/2013

De acordo com o cronograma, a embarcação estará navegando em 2025
O Brasil está mais perto de ter seu submarino nuclear, um projeto dos militares há 40 anos. Se tudo andar conforme o cronograma da Marinha do Brasil, o SNBR, sigla para Submarino Nuclear Brasileiro, estará navegando em 2025. Hoje será inaugurada em Itaguaí, no Rio de Janeiro, a unidade de produção de onde sairão seus componentes internos e dos outros quatro submarinos convencionais que vão substituir a atual frota.

A presidente Dilma Rousseff inaugura hoje de manhã a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (Ufem), iniciada em 2010. Trata-se de uma fábrica grande, com um galpão de 40 metros, 90 mil m2, sendo 53 mil m2 de área construída. Fica a três quilômetros da Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A Nuclep constrói os cilindros do casco, a parte do submarino onde ficam os tripulantes. Enquanto a Nuclep fabrica o corpo do submarino, a Ufem faz as estruturas mais leves e internas - os convés, as anteparas, as bases da tubulação e dos equipamentos além da proa e da popa.

O processo de construção dos submarinos acontece simultaneamente em várias unidades. A intenção é que cada um deles fique pronto em cinco anos, o prazo para que não estejam logo obsoletos, explica o almirante Alan Paes Leme Arthou, gerente do projeto e construção da base e do estaleiro de Itaguaí. O primeiro dos quatro submarinos convencionais - a família dos SBR que terá nome das batalhas navais da Guerra do Paraguai-, deve ficar pronto em 2015. Permanece dois anos em teste e será entregue em 2017. O segundo será entregue 1,5 ano depois e assim por diante até que o quarto fique pronto em 2020.

Cada um dos submarinos convencionais custa ? 500 milhões (quase R$ 1,3 bilhão). Substituirão a frota existente, de cinco submarinos (Tupi, Tamoio, Timbira, Tapajó e Tikuna), com vida útil entre 25 e 30 anos e baseados em projeto alemão. A nova família tem cinco metros a mais que os franceses Scorpène, da Direction des Constructions Navales et Services (DCNS). Ali cabem 40 tripulantes.

O submarino nuclear, que será batizado de Álvaro Alberto (homenagem ao militar que introduziu a energia nuclear no Brasil), é bem maior e custará ? 2 bilhões (R$ 5,19 bilhões). São cem tripulantes.

O projeto em curso pela Marinha inclui três frentes - a que vai construir o submarino nuclear, a que construirá os quatro submarinos convencionais e as instalações para fazer tudo isso. O plano prevê a construção do estaleiro e de uma base naval. O chamado Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos) é o maior contrato militar internacional do Brasil - são ? 6,7 bilhões (ou R$ 17 bilhões). Parcela desses recursos para o projeto de defesa brasileiro faz parte de um financiamento a ser pago pelo Brasil em 20 anos, até 2029, a um consórcio formado pelos bancos BNP Paribas, Societé Generale, Calyon Credit Industriel et Commercial, Natixis e Santander.

Cerca de 70 brasileiros estiveram nos estaleiros da DCNS, em Cherbourg, para transferência de tecnologia e capacitação. Uma empresa formada pela DCNS e pela Odebrecht, de propósito específico, constrói a base naval e o estaleiro em Itaguaí.

O projeto de construção dos submarinos faz parte de um acordo entre Brasil e França assinado em setembro de 2009 entre os então presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy. A França não passa ao Brasil a tecnologia da propulsão nuclear. "Ninguém, no mundo, fornece tecnologia para enriquecer urânio, que é o combustível do submarino nuclear", diz o almirante. O Brasil já enriquece urânio desde 1985.

Hoje meia dúzia de países têm submarinos nucleares: Estados Unidos e Rússia (já tiveram cerca de 170 cada e agora possuem 70), Inglaterra e França (dez cada), e China (com quatro). A Índia também tem um projeto, como o Brasil.

O almirante Arthou dá uma ideia da complexidade de se fazer um submarino nuclear. "É o bem mais complexo que se pode produzir no mundo", diz. Um carro tem cerca de 3 mil peças, um avião caça, 100 mil. Um avião comercial de última geração, 150 mil peças. Na Challenger são 180 mil peças. "Um submarino nuclear tem entre 800 mil a 900 mil peças, dependendo do projeto." 

Limitacoes da PeD no Brasil e perspectivas dos Bricks...

Perfil de pesquisa no Brasil 'ameaça crescimento'
Portal G1, 1/03/2013

Foram analisados diversos indicadores ligados à pesquisa e à inovação no Brasil, Rússia, Índia, China e Coreia do Sul
A ausência de grandes avanços no Brasil em pesquisas em áreas como química, física, engenharia e geociências pode ser "um fator limitante no desenvolvimento econômico" do país, segundo um relatório do serviço de análise da Thomson Reuters.

O documento, assinado pelos pesquisadores Jonathan Adams, David Pendlebury e Bob Stembridge, analisou diversos indicadores ligados a pesquisa e inovação no Brasil, Rússia, Índia, China e Coreia do Sul - conjunto de países ao qual se refere pelo acrônimo "Bricks".

Sua conclusão é que os países emergentes estariam conseguindo reduzir o abismo que os separa do mundo rico na área de inovação, mas haveria grandes diferenças entre eles - e segundo dados levantado pelo relatório, o Brasil estaria ficando para trás em vários indicadores.

Em número de pesquisadores e total de patentes, por exemplo, o país seria o último colocado. A parcela dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento feitas pelo setor privado também seria "anomalamente baixa" no Brasil, segundo a Thomson Reuters.

O maior destaque, porém, é dado ao fato de que o Brasil seria "obviamente diferente dos outros Bricks" no que diz respeito a seu portfólio de pesquisas.

"Para Rússia, Índia, China e Coreia do Sul as áreas em foco são física, química, engenharia e estudos sobre os materiais", nota o relatório. Já no Brasil haveria mais avanços e esforços no que é definido como "economia do conhecimento da natureza" que inclui áreas como "ciências agrícolas", "estudo de plantas e animais" e "farmacologia e toxicologia".

"Para o Brasil seria possível dizer que a ausência de [pesquisas sobre] tecnologias e ciências físicas na lista de áreas prioritárias pode ser tornar um fator limitante para o desenvolvimento econômico", defende o documento.

A conclusão é tomada a partir do levantamento, em cada um desses países emergentes, das dez áreas de pesquisa responsáveis por uma maior parcela do total mundial de publicações em seu campo do conhecimento.

No caso do Brasil, além das três áreas mencionadas acima, a lista também inclui "microbiologia", "ecologia", "ciências sociais", "medicina clínica", "biologia e bioquímica", "neurociências" e "imunologia".

Para uma comparação, as áreas de maior contribuição da China incluiriam "estudos dos materiais", "ciências da computação", "engenharia", "matemática", "geociências", "física" e "química".

O país asiático também estaria avançando mais rápido que os outro cinco emergentes em quase todos os indicadores de inovação e pesquisa analisados pela Thomson Reuters.

"Os dados não só confirmam e quantificam o novo status de países que não estão no G7 [na área de pesquisa e inovação", mas também revelam complexidades individuais que estão por trás do rótulo de 'emergente'", diz.

Banqueiros dancam enquanto tem musica (ou ate a crise chegar) - Book review (NYT)

Cause(s) and Effect(s)
‘After the Music Stopped,’ by Alan S. Blinder

By MATTHEW BISHOP
The New York Times Review of Books, March 1, 2013

AFTER THE MUSIC STOPPED
The Financial Crisis, the Response, and the Work Ahead

By Alan S. Blinder
476 pp. The Penguin Press. $29.95.

On March 12, 1933, shortly after temporarily closing the banks in order to clean them up, Franklin Delano Roosevelt held the first of his presidential “fireside chats” with the American people. He delivered this radio address in the belief that the actions of his government, thus far described only in the jargon of banking and law, “ought to be explained for the benefit of the average citizen.” He had three more chats that year, and two the following year. They played a crucial role in bringing the public with him as his government helped lead the economy out of the Great Depression.
Seventy-five and more years later, after the collapse of Lehman Brothers triggered a financial meltdown and deep recession, successive American administrations learned important lessons from Roosevelt, which helped the United States and the world avoid another Great Depression. However, they failed to learn the importance of communicating clearly with the public about what was happening and what the government was doing about it.

This communications failure is the most telling theme of “After the Music Stopped,” Alan S. Blinder’s terrific book on the crisis of 2008. It is a failure he feels viscerally, judging by the ferocity of his comments, particularly about leading members of the Obama administration, including the president, who “has rarely taken the time to give a speech of explanation — far less time than the American people need and deserve.” (As for his predecessor, Blinder writes, “Can you remember even a single Bush speech on the nation’s developing economic crisis?”) Likewise, the two Treasury secretaries during the crisis, Henry Paulson and Timothy Geithner (a “terrible orator”), between them have “barely given a single coherent speech explaining what happened and — perhaps more important — why they did what they did.” As a result, the policy response to the crisis was “an incoherent blur to most citizens — and not a very successful blur, at that.”

Yet, as Blinder argues persuasively, after the terrible blunder of letting Lehman Brothers collapse, both the Bush and Obama administrations did a decent job of stopping the economy’s fall into depression and helping it gingerly back onto its feet. If the public had only understood this, confidence would have returned sooner, and with it stronger growth, and Obama would not have had such a hellish time getting re-elected.

Although Blinder served on President Bill Clinton’s Council of Economic Advisers, and admits to Democratic leanings, this is not an ideological book. Rather, it is the work of a somewhat frustrated technocrat who has spent his career at the highest tables of academia and policy making, never entirely comfortable because of a tendency to speak his mind. His two-year tenure as vice chairman of the Federal Reserve probably would have been longer but for his habit of challenging the unquestioning cult of Alan Greenspan that had taken hold among Fed staff members under the chairman. (Ben Bernanke, Greenspan’s successor at the Fed, was a longtime and much-­admired colleague of Blinder at Princeton; perhaps the weakest aspect of the book is its tendency to give the central bank the benefit of the doubt.) After leaving the Fed in 1996, Blinder gave many speeches warning about the growing bubble in the financial markets, especially in credit, though he is honest enough to acknowledge that he never foresaw the scale of the crisis that was to follow the bursting of that bubble.

Why did the crisis happen? Blinder subscribes to the “perfect storm” theory, in which many unfortunate things occurred simultaneously, producing an outcome far worse than would have resulted from just one or even a few of those things. The culprits ranged from a widespread faith in the academic efficient-market hypothesis to the feeble standards at credit rating agencies, which allowed bundles of subprime mortgages to be treated as “investment grade,” to regulators and policy makers who did not understand the severity of the situation until it was too late. The catastrophic decision to let Lehman Brothers go bust, Blinder argues, was taken in large part because Paulson and Bernanke believed that the markets had used the six months since Bear Stearns was rescued to prepare for Lehman’s failure — though how they came to hold such a naïvely optimistic belief is anyone’s guess. As for the bankers, they exhibited a failure of leadership succinctly reflected in the quotation that inspired the title of Blinder’s book. Charles O. Prince III, then the boss of Citigroup, justified the bank’s lax lending standards by saying: “As long as the music is playing, you’ve got to get up and dance. We’re still dancing.”

Blinder’s criticism of communications failure rests on his view that the response to the post-Lehman meltdown was far better than the public realizes. He points out that the now notorious Troubled Asset Relief Program, known as TARP, which lent billions to the banks to keep them alive, ultimately generated a profit to the American taxpayer as the banks returned to health and repaid what they owed. The stress tests of the banks in early 2009 also helped restore confidence, and Obama’s fiscal stimulus helped end the recession. (Here, Blinder says, the communications failure began to take its toll, because Obama did not make the case for a big enough stimulus or for a necessary additional stimulus later.) Blinder is also fairly satisfied with the controversial Dodd-Frank Act of 2010 that overhauled American financial regulation — although perhaps his praise is largely a reflection of his low expectations. He does not think Dodd-Frank will make financial crises a thing of the past, and is not even sure it will make them rarer. However, Blinder claims, it should reduce the severity and costs of future financial excesses. Well, let’s hope so.

Yet Blinder does find Washington guilty of one grievous blunder, so big that it almost explains the public’s unhappiness more plausibly than a presidential communications failure. The foreclosure crisis that has caused millions of Americans to lose their homes was unnecessarily painful, he believes. A series of government interventions to help struggling homeowners was consistently too little, too late. In February 2008, he argued for the creation of a large program for refinancing borrowers, along lines similar to the Depression-­era Home Owners’ Loan Corporation. Had that been done — and he thinks no one in power was trying hard enough — the United States would now be experiencing “a shortage of housing, rising house prices and a homebuildingboom — which would be helping the economy recover.”

What the economy is now experiencing is a debt crisis, though Blinder explains clearly why this will become really bad only in a decade or so, as health care costs get out of hand. Spending cuts will be essential. Unlike many Democrats, Blinder accepts that “the government can cover no more than a small fraction of the projected deficits by raising taxes.” The sooner America gets control of its government spending, the better, he says. Given a divided Congress and a confused public, making the case for the right fiscal reforms will require a master communicator. Time for Obama to throw a few logs on the White House fire and start talking.

Matthew Bishop is the United States business editor of The Economist and the author of several books on economics.
A version of this review appeared in print on March 3, 2013, on pageBR16 of the Sunday Book Review with the headline: Cause(s) and Effect(s).

sexta-feira, 1 de março de 2013

Petrobras: negocio nebuloso, talvez criminoso...

Que tal, leitor amigo, você intermediar um negócio, usando suas antigas relações, e embolsar alguns milhões de dólares, asi no más, como quem não quer nada, tendo feito quase nada, ou nada mesmo, para a valorização do negócio, ou a criação de riqueza?
Pois é, quando digo que os companheiros são Midas ao contrário, ainda acham que estou exagerando.
Paulo Roberto de Almeida 

Um negócio nebuloso

28 de fevereiro de 2013 | 2h 10
Editorial O Estado de S.Paulo
 
A representação contra a Petrobrás apresentada ao Tribunal de Contas da União (TCU) pelo procurador do Ministério Público junto ao TCU, Marinus Marsico, pedindo que seja investigada a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pode ser o primeiro passo de um processo formal a respeito desse negócio tecnicamente injustificável e que, pelas informações disponíveis, e não contestadas pela empresa, pode resultar em prejuízo bilionário para o País.
Além de provocar a ação do Ministério Público, o caso - sobre o qual o Estado vem há tempos publicando reportagens - já vem sendo acompanhado por congressistas, entre os quais o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), que pediu investigação da Procuradoria-Geral da República. Pode, por todas as evidências já conhecidas, tornar-se um caso de polícia.
Depois de coletar, nos últimos meses, informações a respeito da compra, pela Petrobrás, de metade do controle acionário da refinaria texana em 2006 e, depois, da totalidade das ações por meio de acordo extrajudicial com a antiga sócia, o procurador Marinus Marsico decidiu encaminhar ao ministro José Jorge, relator da questão no TCU, pedido para que apure as responsabilidades da empresa nesse negócio, de grandes proporções e nenhuma transparência.
Na opinião do procurador, houve gestão temerária e prejuízo aos cofres públicos nessa compra. Caso o ministro aceite o pedido, técnicos do TCU examinarão a questão e poderão identificar responsáveis. O relatório técnico será depois julgado em plenário.
Ao anunciar a aquisição da refinaria de Pasadena, a Petrobrás - cujo Conselho de Administração era presidido pela então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff - afirmou que, desse modo, iniciaria sua participação no mercado de refino de petróleo e comercialização de derivados no mercado americano. A meta então anunciada era de, por meio de novos investimentos, duplicar a capacidade da refinaria, que, na época, podia processar 100 mil barris de petróleo por dia. Era parte de seu plano estratégico, que previa também investimentos em pesquisa e produção de petróleo em áreas do Golfo do México.
Quando se conheceram os números do negócio, porém, o valor "estratégico" da refinaria para a empresa brasileira começou a ser contestado. A refinaria de Pasadena fora adquirida no início de 2005 pela empresa belga Astra Oil Company por apenas US$ 42,5 milhões. Os entendimentos da Astra com a Petrobrás começaram alguns meses depois e foram concluídos em setembro de 2006, quando a estatal brasileira confirmou a compra de 50% da refinaria por US$ 360 milhões.
Ou seja, a Astra - da qual um ex-funcionário da Petrobrás era um dos principais executivos - recebia esse valor pela metade da refinaria, que lhe custara US$ 21,25 milhões. Seu ganho, portanto, fora de praticamente 1.600%. O negócio já seria totalmente injustificado se tivesse ficado só nisso. Mas não ficou.
Desentendimentos entre os sócios levaram a parte belga a recorrer à Justiça americana para obrigar a Petrobrás a comprar sua parte. Depois de perder na Justiça, a Petrobrás decidiu fazer um acordo extrajudicial com os belgas. Fechado em junho do ano passado, esse acordo previu que, para encerrar todos os litígios, deveria pagar mais US$ 820 milhões. Em resumo, a Astra vendeu para a Petrobrás, por US$ 1,18 bilhão, uma refinaria que lhe custara US$ 42,5 milhões.
O plano estratégico de 2012-2016 da Petrobrás prevê a venda de US$ 14 bilhões de ativos, sobretudo no exterior, operação indispensável para equilibrar suas finanças e executar o ambicioso plano de investimentos no pré-sal. A Refinaria de Pasadena estava entre os ativos que a estatal pretendia vender para fazer caixa, mas seu valor de mercado certamente é muito menor do que o desembolsado para adquiri-la.
Vendê-la pelo valor oferecido pelos poucos interessados implicaria à Petrobrás o reconhecimento de pesadas perdas financeiras, razão pela qual a empresa agora diz que fará investimentos para torná-la mais atraente. As perdas poderão aumentar. E quem é o responsável por essas perdas?

Enganando muitos durante algum tempo...

...e enganando alguns durante muito tempo, sobretudo aqueles que querem se deixar enganar, como são os companheiros de carteirinha.
Não há maior tolo que...
Enfim, chega de frases de efeito. Vamos ao que interessa, a comparação entre personagens históricos.
Agora fica faltando quem?
Paulo Roberto de Almeida

Lula, aliás Lincoln
01 de março de 2013 | 2h 09
Editorial O Estado de S.Paulo – pág. A3

Lula deu agora para se comparar com Abraham Lincoln. A maior afinidade com o presidente responsável pela abolição da escravatura nos Estados Unidos, Lula a vê diretamente relacionada com a postura crítica da imprensa em relação a ambos: "Esses dias eu estava lendo o livro do Lincoln. E fiquei impressionado como a imprensa batia no Lincoln em 1860, igualzinho bate em mim". Com seu habitual descompromisso com a seriedade, Lula pretendeu ombrear-se com um dos maiores vultos da História e, ao mesmo tempo, mais uma vez desqualificar o trabalho da imprensa, a quem acusa do imperdoável crime de frequentemente contrariar suas opiniões e interesses. Foi um dos melhores momentos de seu show de meia hora durante as comemorações dos 30 anos da CUT, na última quarta-feira em São Paulo.

Essa nova bravata do Grande Chefe do Partido dos Trabalhadores (PT) não chega a ser novidade. É apenas mais uma a enriquecer a já alentada antologia das melhores pérolas de seu sofisticado pensamento político-filosófico. Novidade é a revelação de que Lula anda lendo livros. Confessou-o explicitamente, em tom de blague, dirigindo-se ao ministro Gilberto Carvalho, que fazia parte da mesa. "Estou lendo muito agora, viu Gilberto? Só do Ricardo Kotscho e do Frei Betto, li mais de 300", exagerou, em simpática referência a dois ex-colaboradores com quem já manteve relações mais estreitas.

Depois de falar mal da imprensa, Lula sugeriu que, diante da "falta de espaço" para as questões de interesse dos assalariados na mídia "conservadora", os sindicatos de trabalhadores se articulem para ampliar e tornar mais eficazes seus próprios meios de comunicação. Uma recomendação um tanto ociosa, pelo menos do que diz respeito à CUT, que dispõe de uma ampla rede de comunicação integrada por uma emissora de televisão, três de rádio, dois sites de notícias, dois jornais e uma revista mensal. Mas o verdadeiro problema não é exatamente a existência ou não de veículos de comunicação abertos às questões de interesse das organizações sindicais, mas o nível de credibilidade e, consequentemente, de audiência e leitura desses veículos.

Na verdade, o que o lulopetismo ambiciona para a consolidação de seu projeto de poder é dispor de mecanismos de controle da grande mídia, dos jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão que atingem o grande público e por essa razão têm maior peso na formação de opinião. Por entenderem que a maior parte da grande mídia está comprometida com interesses das "elites" e, por essa razão, é "antidemocrática", o PT e seus aliados à esquerda defendem a criação de mecanismos que permitam a "democratização dos meios de comunicação". Trata-se de um argumento absolutamente falacioso, pela razão óbvia de que, se a grande mídia tivesse realmente o viés que lhe é atribuído pela companheirada, o petismo, que se diz discriminado e perseguido por ela, não venceria três eleições presidenciais consecutivas e não estaria comemorando 10 anos de hegemonia política no plano federal.

Ocorre que o pouco que existe de pensamento político em Lula e seus companheiros está hoje quase todo vinculado estritamente à garantia das vantagens materiais que o poder proporciona. O que vai além disso se deixou impregnar pelo autoritarismo que sustenta regimes como os do Irã, Coreia do Norte e China, no Oriente, e Cuba e as repúblicas "bolivarianas" da Venezuela, Equador, Bolívia e Nicarágua, no Ocidente. Ou seja, as autocracias às quais a diplomacia do governo petista se aliou.

Lula, a bem da verdade, não tem formação marxista - ou qualquer outra. Foi sempre um pragmático, avesso a dogmatismos. Forjado na luta sindical, seu pensamento se resume ao confronto de interesses entre empregados e patrões. O resultado desse pragmatismo é a indigência de valores que, como nunca antes na história deste país, predomina hoje na vida política nacional e tem seu melhor exemplo no nosso desmoralizado Parlamento.

Mas Lula é líder popular consagrado, glória que lhe subiu à cabeça e lhe permite acreditar no que quiser, inclusive que se parece com Abraham Lincoln.

Fabuloso crescimento do PIB em 2012, de 0,9%

Caro leitor, contemple primeiro o seguinte quadro:

Agora veja a manchete do jornal:

PIB do País fecha 2012 com crescimento de 0,9%, o menor patamar dos últimos três anos

Setor de Serviços foi o único a registrar crescimento, de 1,7%. Maior queda foi de agropecuária, 2,3%. Consumo das famílias, apesar de ser o menor desde 2003, ajudou a segurar o Produto Interno Bruto em alta.

Pode parecer que graças ao "Consumo do governo" fomos salvos de um PIB ainda menor, não é mesmo?
O leitor inteligente também deve saber que o governo não produz um grama, um centavo de riqueza e que tudo de que ele dispõe é arrancado da sociedade, dos empresários e dos trabalhadores que produzem todas as riquezas, criam renda e empregos úteis. Tudo o que governo "produz" são despesas (muitas inúteis, terrivelmente inúteis ou perdulárias) e déficit público (porque ainda gasta mais do que arranca da sociedade, aumentando continuamente a dívida pública e gravando a sociedade com o pagamento de juros extorsivos, que só são altos, justamente, porque se trata de um gastador contumaz e um potencial inadimplente, que não pode contar com o beneplácito de risco baixo).
Portanto, meu caro leitor, é fácil deduzir que se o consumo do governo não fosse tão alto, sobrariam mais recursos para investimentos e consumo da própria sociedade, não é mesmo?
O mais preocupante, porém, é registrar a queda brutal na Formação Bruta de Capital Fixo, ou seja, a taxa de investimento. Isso significa que além do baixo crescimento atual, conjuntural, não haverá capacidade produtiva, no médio prazo, para aumentar a oferta de bens e serviços, o que significa que o Brasil vai estacionar no baixo crescimento, numa taxa medíocre de aumento de renda (se houver) e numa inflação crescente, pois os agentes econômicos já não confiam mais na capacidade do governo de manter a estabilidade.
Ou seja, se descontarmos do crescimento do PIB a inflação e o crescimento demográfico, o que sobra para você, caro leitor? Nada, ou menos do que nada: o governo lhe tungou pelo menos 5% do seu poder de compra em 2012, e bem mais no caso da classe média, que paga por mais serviços do que a média da população e estes provavelmente têm uma taxa de inflação maior.
Esse é o resultado que os companheiros podem apresentar na frente econômica, já que estão comemorando não se sabe bem o quê. Se trata também de uma herança maldita, que eles deixam para toda a sociedade: menor crescimento, mais inflação, perda de confiança, baixo investimento, desindustrialização e, claro, aumento exponencial da corrupção.
Agora leia a matéria completa, caro leitor:

SÃO PAULO - O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro fechou 2012 com crescimento de 0,9%, o pior desempenho desde o pico da crise, em 2009, quando encolheu 0,3%. O resultado ficou abaixo do PIB de 2011, que avançou 2,7%. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu que os números vieram abaixo das expectativas do governo. Os dados divulgados nesta sexta-feira, 1º, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o País teve o menor PIB entre os Brics e só superou os países europeus, combalidos pela crise. 
No ano, o desempenho foi puxado, pelo lado da oferta, pelo setor de serviços, que avançou 1,7%, contra quedas de  2,3% na agropecuária e de 0,8% da indústria. A participação do setor de serviços no PIB atingiu 68,5%, a maior registrada desde 2000, influenciada, sobretudo, pelo consumo das famílias, avaliou o IBGE.

Pelo lado da demanda, o consumo das famílias desacelerou e subiu 3,1% no ano passado, o pior desempenho desde 2003, quando caiu 0,8%. A despesa do consumo do governo avançou 3,2%. Em valores correntes, o PIB somou R$ 4,4 trilhões.

No quarto trimestre de 2012, o PIB cresceu 0,6% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Na comparação com o quarto trimestre de 2011, o PIB apresentou alta de 1,4%. Entre o setores, o de serviços também liderou a expansão, com alta de 1,1% ante o trimestre anterior, enquanto a indústria subiu 0,4% e a agropecuária recuou 5,2%. 
O ano foi marcado também pela queda do investimento, medido pela Formação Bruta de Capital Fixo (FCBF), que encerrou 2012 com recuo de 4%. No quarto trimestre, contudo, a FBCF apresentou melhora e subiu 0,5% ante o trimestre imediatamente anterior, quebrando uma sequência de cinco quedas seguidas nessa análise. Era a maior sequência desse tipo de comparação desde as cinco quedas registradas entre o terceiro trimestre de 1998 e o terceiro de 1999.
"É um fato que eu não esperava. As contas que tínhamos no Ibre ainda apontavam retração no quarto trimestre", disse o chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), Samuel Pessôa. Para ele, virar o ano já com aumento na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) é uma "excelente notícia, pois sugere que a retomada de investimento começou já no quarto trimestre do ano passado, mesmo que timidamente".
A taxa de investimento teve o segundo recuo anual seguido em relação ao PIB e ficou em 18,1%, ante 19,3% em 2011 e contra 19,5% em 2010. Em 2009, a taxa foi de 18,1%, a mesma de 2012.
Expectativa. Para 2013, a expectativa é que a economia volte a crescer com mais força, impulsionada por uma safra recorde de grãos e pela retomada da indústria. A maioria dos economistas projeta avanço de 3% do PIB, embora existam apostas de até 4%.

É o caso do Credit Suisse, mesmo banco que, em junho do ano passado, cortou a projeção do PIB de 2012 para 1,5% e causou reação de Mantega. "É uma piada. Vai ser muito mais que isso", disse o ministro à época. A previsão da Fazenda, em fevereiro de 2012, era bem mais otimista: avanço de 4,5%.

Preocupado com a fraqueza da economia, o governo tem adotado algumas medidas para tentar dar impulso ao PIB. Entram na lista o programa de concessões para ferrovias, aeroportos e portos, a desoneração da folha de pagamentos para 40 setores e o programa de redução do custo da energia elétrica para consumidores e indústria, entre outros.

E veja, finalmente, o comentário de um leitor do Estadão online, que faço questão de destacar em bold, pois se trata da única parte mais agradável de toda essa história lamentável:


1 de Março de 2013 | 14h08
por Luis Oliveira

Em caso de despressurização da economia narizes de palhaço cairão automaticamente a sua frente. Puxe firmemente o mais próximo de você para iniciar o fluxo de desculpas petistas esfarrapadas e cobrindo nariz e boca e aceite-as normalmente. Se estiver acompanhado de um financiamento de automóvel, casa, ou bens de consumo lembre-se de pagar seus impostos primeiro. Em caso de pouso forçado em um mar de inflação os acentos desta economia são depreciantes. Esta economia conta com saídas de emergência para os passageiros com contas na Europa, Estados Unidos ou detentores de maquininhas de remarcação. Luzes indicativas vermelhas com estrelinhas brancas apontarão para armadilha lullopetista mais próxima. Sabemos que a opção de governo tem a ver com o nível intelectual do eleitorado. Obrigado por voar Quadrilhas Petralhas e esperamos você na próxima eleição.

Não gostaria de ser pessimista e reclamão, mas você vê motivos para outras atitudes, caro leitor?
Eu, sinceramente, não...
 Paulo Roberto de Almeida

2005: o ano esquecido pelos companheiros; eu lembro...

Parece que, nas comemorações dos 33 anos do partido dos companheiros, e dos 10 anos dos governos dos companheiros, eles se esqueceram completamente do ano de 2005.
Só pode ter sido por distração.
Vocês sabem como é: tanta coisa boa para lembrar, e eles vão justo esquecer o melhor ano da vida deles, o ano que ainda não terminou.
Dava para fazer um filme: "Os melhores anos de nossas vidas", estreando....
quem mesmo?
Ah, já sei o guia genial dos povos, que ficou fora do script.

Enfim, para ajudar os companheiros, eu me permito colocar algunas souvenirs aqui:


2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 2005 = Mensalão; 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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Estudos de Defesa: Programa do VII Encontro Nacional

Encontro Nacional da ABED - ENABED VII
O VII Encontro Nacional da ABED será realizado em Belém-PA, de 4 a 8 de agosto de 2013, e terá como tema "Defesa da Amazônia".Simpósios Aprovados

1. Pensamento Militar e Geopolítica para a Amazônia
Wanderley Messias da Costa (USP), Adriana Marques (ECEME) e Oscar Medeiros Filho (AMAN)

2. Visões de Segurança e de Defesa da Amazônia
Daniel Zirker (Universidade de Waikato), José Augusto Abreu de Moura (EGN) e Carlos Alberto de Abreu Madeira (UFRJ).

3. Gênero e Família nas Instituições Militares
Maria Cecília de Oliveira Adão (UNESP), Suzeley Kalil Mathias (UNESP)

4. Vigilância nas Fronteiras e Muros Virtuais
Selma Lúcia de Moura Gonzales (ECEME), Pedro Henrique Luz Gabriel (AMAN) e Walfredo Bento Ferreira Neto (AEDB).

5. Estudos de Defesa e Sociedade: Teoria, Conceitos e Política
Marcio Rocha (UFF) e Antônio Jorge Ramalho (UNB)

6. O Brasil e os Grandes Conflitos do Século 20
Dennison de Oliveira (UFPR), Renato Petrocchi (UFF) e Vágner Camilo Alves (UFF).

7. Terras Indígenas e Defesa Nacional
Levi Marques (UFGD) e Gustavo Guerreiro (FUNAI)

8. Simulações e Métodos Prospectivos Aplicados à Defesa e Segurança
Nival Nunes de Almeida (UFRJ) e Claudio Rodrigues Corrêa (EGN) 

9. Internacionalização, Defesa e Direito Internacional.
Antônio Celso (UERJ), Sabrina Medeiros (EGN) e André Beirão (UERJ)

10. Base Logística de Defesa (BLD)
Eduardo Brick  (UFF), Marcos José Barbieri (UNICAMP) e Rodrigo Fracalossi (IPEA).

11. Segurança e Defesa Regional Comparada
Marcos Guedes (UFPE), Graciela De Conti Pagliari (UFSC) e Alexandre Fuccille (UNESP)

12. História Militar
José Miguel Arias Neto (UEL) e Eduardo Munhoz Svartman (UFRGS)
   
13. A Instituição Militar: Métodos e Práticas de Pesquisa
Celso Castro (FGV) e Adriana Barreto (UFRRJ)

14. Primado da Política e Assuntos Estratégicos: Defesa, Diplomacia, Forças Amadas e Guerra
Cláudio de Carvalho Silveira (UERJ), Eduardo Mei (UNESP) e Érica C. A. Winand (UFS)

15. Cooperação em Defesa na América do Sul: desafios, avanços e limites
Samuel Alves Soares (UNESP) e Germán Soprano (CONICET)

16. Forças Armadas e Segurança Global: transformações e desafios dos dispositivos militares no século XXI
Thiago Rodrigues (UFF),  Sérgio Luiz Cruz Aguilar (UNESP) e  Paulo Kuhlmann (UEPB)

17. Geopolítica e Geoeconomia de Defesa: Política Internacional, Políticas de Defesa e Indústrias de Defesa em Perspectiva Comparada
Luiz Pedone (UFF), Alex Jobim Farias (UFF) e William de Sousa Moreira (UFF)

18. Segurança Internacional na Amazônia Contemporânea: Temas, Agendas e Atores.
Alcides Vaz (UNB), Alberto Teixeira (UFPA), Cauby Monteiro (UFPA), Thiago Gehre (UFRR)

19. Conflitos Sociais e Criminalidade na Pan-Amazônia
Jarsen Luis Castro Guimarães (UFOPA) e Aiala Colares Couto (UEPA)

20. Emprego de agentes QBRNE: cenário geopolítico e a Defesa brasileira
Otavio Augusto Brioschi Soares (AMAN), José Roberto Pinho de Andrade Lima (EB) e Telma Abdalla de Oliveira Cardoso (FIOCRUZ)

Anemia industrial (made in governo, mesmo) - Celso Ming

Esvaziamento da indústria

Celso Ming
Editorial O Estado de S.Paulo, 28 de fevereiro de 2013
Amanhã saem as Contas Nacionais (evolução do PIB) do quarto trimestre de 2012. Uma das coisas que se verificarão é que a participação da indústria de transformação na renda nacional terá caído de 14,6%, em 2011, para alguma coisa em torno dos 13% em 2012. Segue-se que, se o governo persegue forte crescimento do PIB, cada vez menos poderá contar com a indústria de transformação para isso.

Em outras palavras, no ponto em que estamos, o avanço mais significativo do PIB não se obtém com empurrão ao consumo de bens industriais - seja pelo estímulo ao crédito, seja pela redução de impostos sobre produtos de consumo durável. Será obtido, sim, se o governo puxar pelo avanço dos serviços, o que, evidentemente, não pretende. E, se for verdade que o setor de serviços começa a perder dinamismo, como sugere o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ficará inevitável um desempenho também mais limitado do PIB.

Caso se confirme o crescimento da produção (e da renda) da indústria de transformação na ordem de 3% em 2013, como ainda ontem reafirmou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, a contribuição desse avanço para o do PIB do ano deve ser inferior a 0,4 ponto porcentual.

Isso não quer dizer que a indústria nacional não deve ser estimulada com agressiva redução de custos e com aumento de escala de produção. É necessário que uma economia como a brasileira tenha um setor industrial forte.

O problema é que as políticas do governo nesse sentido são tímidas e contraditórias. Não conseguem caminhar, por exemplo, na desoneração dos encargos trabalhistas. Primeiro, puxa o câmbio para dar mais competitividade à indústria, mas, no meio do caminho, se arrepende e volta atrás. Além disso, até agora, o governo não se empenhou em abrir o mercado externo. As políticas protecionistas e de defesa comercial, quando eficazes, limitam-se apenas a criar mais reserva de mercado interno. As negociações destinadas à obtenção de acordos de livre comércio praticamente pararam. E a política de boa vizinhança e de tolerância com a Argentina derrubaram o mercado do Mercosul para a indústria. Em relação a 2011, as exportações para o Mercosul em 2012 caíram 18% e, para a Argentina, 20%.

As causas do esvaziamento da indústria vêm sendo objeto de intensas discussões. O livro O futuro da indústria no Brasil, com textos organizados por Edmar Bacha e Monica Baumgarten de Bolle, é valiosa contribuição para isso.

De todo modo, fica demonstrado que decisões estratégicas de política econômica tiveram por resultado a intensificação do esvaziamento da indústria. Esse esvaziamento não deve ser entendido como "desindustrialização" - conforme vai sendo repetido por aí. Não é o caso, na medida em que não há transferência física de fábricas e de linhas de produção para outros países, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos e na Europa.

O investimento em infraestrutura que começa a ser atacado com mais determinação pelo governo Dilma ajudará a reduzir os custos da indústria - e, portanto, a fortalecê-la. Mas seu impacto somente será observado a longo prazo.

Juizes, tao pobrezinhos, tao famelicos, coitadinhos...

Eles ganham tão pouco, são tão carentes de nutrientes, que precisam desse auxílio alimentação, no valor modesta de 24 reais, todos os dias, inclusive sábados, domingos e feriados, quando eles certamente gastam mais, comendo fora, essas coisas...
Eles justificam pela "simetria" com nababos federais (e certamente também estaduais e municipais). Eles não percebem que estão sendo assimétricos com a nação, com os outros 190 milhões de brasileiros que não têm auxílio alimentação, pelo menos não tão generoso, ou retroativo...
O Brasil é um país condenada ao atraso mental, mais até do que à falência material, cada vez que comportamentos como esses são sancionados pelos marajás e nababos da administração pública...
Paulo Roberto de Almeida

Eliana Calmon recebeu R$ 84 mil para 'alimentação'

Cortejada pelo PSB para disputar o Senado ou governo da Bahia, ministra do STJ teve contracheque de R$ 113 mil em setembro

28 de fevereiro de 2013 | 2h 06
Fausto Macedo, de O Estado de S.Paulo
 
Cortejada pelo presidente do PSB Eduardo Campos para se candidatar a uma cadeira no Senado ou ao governo da Bahia, a ministra Eliana Calmon, vice-presidente em exercício do Superior Tribunal de Justiça (STJ), recebeu em setembro do ano passado, de uma só vez, R$ 84,8 mil a título de auxílio alimentação. Naquele mês, o contracheque de Eliana bateu em R$ 113.009,50.
Eliana Calmonafirmou que benefício é recebido por todos os juízes - André Dusek/AE - 04.09.2012
André Dusek/AE - 04.09.2012
Eliana Calmonafirmou que benefício é recebido por todos os juízes
Ela ganhou notoriedade em sua gestão na Corregedoria Nacional de Justiça, entre 2010 e 2012, período em que conduziu com rigor inspeções disciplinares nos tribunais, em busca de irregularidades em supercontra-cheques de magistrados.
A ministra denunciou "bandidos de toga" e colecionou desafetos em cortes estaduais com seu estilo combativo. Atribuíam a ela projeto de cunho político eleitoral, o que sempre refutou.
A verba de alimentação, da qual ela se beneficiou, tem respaldo em norma do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que incorpora a vantagem ao subsídio dos magistrados de todo o País. A concessão é prevista na Resolução 133 do CNJ.
Em junho de 2011, o colegiado, sob presidência do ministro Cezar Peluso, aprovou a medida que dispõe sobre a simetria constitucional entre magistratura e Ministério Público e equiparação de vantagens, como o plus de R$ 710 a título de alimentação. O valor cai todo mês na conta da toga. Os juízes não têm de exibir recibos de despesas.
Em setembro, o Tesouro depositou na conta da ex-corregedora o valor acumulado do período retroativo a cinco anos da data da concessão do benefício, ou seja, de 2006 a 2011.
A remuneração regular da ministra, R$ 25.386,97, foi acrescida dos R$ 84,8 mil sob a rubrica "indenizações". Com descontos da previdência e do imposto de renda, ela recebeu R$ 104.760,01.
Benefícios."Efetivamente, recebi em setembro de 2012 acumulado do benefício intitulado auxílio alimentação", disse a ministra do STJ. "O auxílio é automático, sem exigência de recibo de comprovação."
Eliana recebe o auxílio-alimentação - assim como seus colegas da corte -, além de R$ 2.792,56 (sem imposto sobre esse valor) como abono de permanência porque já conta tempo para se aposentar, mas permanece na ativa.
Seu holerite, como o dos outros ministros, é público. Pode ser acessado na página do STJ na internet. Há alguns dias, cópia do contracheque da ministra começou a circular em e-mails de magistrados que ainda não receberam o pagamento acumulado. Alguns intitulam as mensagens com um "Eliana é 100", em alusão aos mais de R$ 100 mil que ela recebeu em um único mês.
Muitos magistrados revelam desconforto com a situação. A resolução do CNJ autorizou o benefício alimentação. Posteriormente, a Associação dos Juízes Federais (Ajufe), que os representa, foi ao Conselho da Justiça Federal (CJF) e pleiteou retroatividade dos cinco anos.
Os magistrados estão recebendo o valor mensal de R$ 710, mas até agora não há previsão para que a verba correspondente àquele período acumulado seja liberada para a toga - nem os juízes federais nem os do Trabalho receberam. Os ministros dos tribunais superiores, exceto os do STF, garantiram sua parte. Os juízes assinalam que estão na expectativa de terem assegurado direito decorrente da simetria reconhecida pelo CNJ.

Surpresas do junkmail: o pecado e a virtude, juntos?

Os acasos do junk mail são realmente surpreendentes: por mais que a gente se esforce para afastar as porcarias que invadem nossa caixa todos os dias, elas sempre aparecem.
Por uma dessas ironias, as duas primeiras entradas desta quinta-feira, último dia de fevereiro deste ano da graça, e no mesmo dia em que se efetiva a abdicação do papa, tão santo e tão intelectual, foram estas, abaixo transcritas, parcialmente.
Uma recomendando e convidando à leitura da homília diária:

Deus se faz presente na história por meio de quem aceita o encargo de falar à humanidade em nome dele. O criador do mundo guiou os patriarcas, chamou Moisés para libertar os escravos do Egito e, depois de ter enviado os profetas, revelou-se como Pai de Jesus Cristo, o emissário por excelência, ressuscitado e presente nas comunidades cristãs. A constante presença divina na história nos questiona sobre a acolhida que o ser humano ofereceu a Deus através dos tempos. Crises financeiras, desastres e catástrofes da natureza não são as piores coisas que podem atingir a humanidade. O maior desastre que pode sobrevir à criação inteira é a falta de acolhida a Deus por parte da única criatura capaz de reconhecê-lo e amá-lo. Porque a criatura não tem a existência em si mesma, mas a recebe do único Eu Sou. Ao ser humano cabe responder em nome da criação inteira: aqui estou.

Mas, antes tinha entrado esta:

Busca Sexo real
Gostamos de pessoas respeitosas, higiênicas, com bom papo, educadas, cheirosas, pouco pelo, e  dispostas a troca ou menage feminino.


Apaguei as duas não sem antes ter refletido como são obscuros os caminhos do Senhor...
Paulo Roberto de Almeida

PR para BC: eu ordeno que voce seja livre e independente!; e nao discuta, ouviu?

Durma-se com um barulho desses; depois de ter manipulado o BC durante os últimos dois anos, agora a PR quer dar a impressão de que o Copom é independente; mas só impressão, não é?...
Paulo Roberto de Almeida

Governo vai reforçar discurso de BC autônomo
VALDO CRUZ
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA
FSP, 19/02/2013
A presidente Dilma Rousseff orientou a equipe econômica a deixar claro que o BC tem total autonomia para decidir subir os juros quando considerar necessário.
O objetivo é influenciar nas expectativas de mercado, tentando afastar percepções de interferência sobre a condução da política da entidade.
Segundo assessores, Dilma quer transmitir esse recado porque estava se cristalizando o conceito de que o BC está de "mão atadas" e não subiria a Selic neste ano devido a pressões do Planalto.
Para interlocutores presidenciais, o próprio governo contribuiu para que fosse criada essa imagem de que o BC na era Dilma tem menos autonomia do que no governo Lula, o que dificulta a ação do banco em momentos mais turbulentos na economia.
Para reforçar a imagem de autonomia, assessores dizem que, na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o BC pode emitir sinais de uma eventual mudança na taxa de juros, suprimindo suas últimas recomendações de manutenção da política atual por um "tempo suficientemente prolongado".
Essa mudança pode ocorrer caso o BC avalie que há riscos de alteração no cenário atual do banco sobre o comportamento da inflação. A previsão é que a inflação fique acima de 6% no primeiro semestre, recuando no segundo. Caso esse cenário se confirme, tanto o BC como o Palácio do Planalto consideram que o Copom pode ter condições de deixar inalterados os juros, hoje em 7,25%.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Brasil: politica comercial autista (O Globo)

O autismo da política de comércio exterior
Editorial O Globo, 26/02/2013

Consta que a política externa de viés terceiro-mundista seguida pelo governo Lula teria sido uma contrapartida à militância petista pela acertada adoção de uma terapia clássica, monetária e fiscal, para manter a estabilização da economia. No campo comercial, o terceiro-mundismo se materializou na rejeição radical à proposta americana da Alca (Aliança de Livre Comércio das Américas) e aposta cega na Rodada de Doha, de liberalização do comércio mundial.
O Brasil perdeu a aposta - com a contribuição dos "aliados estratégicos" Argentina, China e Índia -, e precisaria compensar o tempo perdido, pelo fato de o mundo ter acelerado a assinatura de acordos comerciais bilaterais.
Mas tampouco fez isso. Ficou paralisado pelo vírus do terceiro-mundismo, refém da crise política e institucional da Argentina, cada vez mais protecionista contra as exportações brasileiras, e deixou-se levar pela onda de chavinização do Mercosul. Tudo conspira a favor da paralisia da diplomacia comercial, engessada pelo viés ideológico anacrônico do "diálogo Sul-Sul", algo que, no início do governo Dilma, parecia ser exorcizado. Ilusão, pois esta política externa se mostra tão forte quanto nos primeiros tempos de Lula.
É emblemático que a presidente Dilma tenha voado para Malabo, capital da Guiné Equatorial, típica ditadura africana, onde transcorreu a 3ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da América do Sul-África (ASA). Se Lula conviveu sem problemas com o "irmão" Kadafi e Mobuto, literalmente dono do Zaire, Dilma aparece ao lado de Teodoro Obiang, cujo filho, Teodorin, abandonou às pressas o carnaval baiano, depois de ter a prisão decretada pela Justiça francesa, devido à lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos de outros países.
Enquanto isso, Estados Unidos e União Europeia (UE), responsáveis por um terço das trocas comerciais no planeta, decidem acelerar as negociações para a assinatura de um acordo transatlântico. A produção somada das duas partes representa 47% do PIB mundial.
Dilma, na viagem, ressaltou que o comércio entre a América do Sul e a África, em 2011, de US$ 39 bilhões, representou um crescimento de 447% em dez anos. Mas por que não explorar também os maiores mercados do mundo, como o americano? Se o acordo dos EUA com a UE for assinado, será um razoável baque para o Brasil, que tem uma pauta de exportação agropecuária concorrente da americana. Fechado o acordo, o Brasil perderá muito espaço na UE. E nenhum dólar africano compensará o prejuízo.
Ao lado disso, outro bloco recém-formado no continente, a Aliança do Pacífico (Chile, México, Peru, Colômbia) tende a se fortalecer por ter uma postura nada ideológica, flexível. Sendo que o México já faz parte do Nafta, com americanos e canadenses. Impressiona a passividade da diplomacia comercial brasileira. Deve enxergar uma realidade própria, só vista por ela.

Brasil Econômico - Brasil sem bloco: falta empenho nos acordos comerciais / Artigo /Marcos Troyjo

Diretor do BricLab da Columbia University e professor do Ibmec

No momento em que dezenas de chefes de Estado da União Europeia e da CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) se reuniam em Santiago em janeiro último, também voltávamos olhos para a capital chilena os estrategistas de Washington. Dali a poucas semanas o Presidente Barack Obama revelaria, em seu discurso ‘State of the Union’, que os EUA e a Europa estão em conversações para constituírem uma área de livre comércio até 2015. Para os EUA, interessa a consolidação da UE como bloco. Washington atribui grande importância à manutenção da configuração comunitária — incluindo o Reino Unido. Um eventual desmantelamento precipitado pela crise de dívidas soberanas nos países na franja mediterrânea como Grécia e Portugal atrapalha seus objetivos geoestratégicos, sobretudo neste instante em que sua economia parece recuperar-se e a área de livre comércio em que estão inseridos, a NAFTA, é dos poucos arranjos regionais que opera sem problemas. Os EUA acompanham de perto a movimentação da América Latina como “Comunidade”, já que seus membros encontram-se em diferentes velocidades — Colômbia, Peru, Chile e México decolam e se reorganizam em nova área de livre comércio entre si, com diálogo aberto com os EUA. Argentina, Brasil e Venezuela se isolam e patinam. O Brasil tem dedicado pouco empenho a acordos comerciais bilaterais, e na geometria bloco-a-bloco, é igualmente difícil ressuscitar o diálogo concreto UE-Mercosul.

De um lado, temos a União Europeia ainda atolada em sua própria areia movediça fiscal e o crescimento estagnado. De outro, hoje o Mercosul está mais mais para um “clube de empatias ideológicas” do que um bloco que se movimenta de acordo com objetivos pragmáticos de comércio e investimento. É claro também que no comércio agrícola, onde os europeus continuam campeões mundiais de protecionismo, mais acesso a mercados seria bem-vindo. No entanto, com a voracidade da demanda chinesa por exportações latino-americanas de commodities agrícolas e minerais, este tema não tem a mesma premência de 10 anos atrás. Hoje, num nível mais amplo há uma “deseuropeização” dos focos prioritários da América Latina. A boa saúde recente dos fundamentos econômicos latino-americanos e o magnetismo exercido pela China têm contribuído a essa fase mais deseuropeizada. Da ótica específica do Brasil, temos a maior economia da região, mas isso não se deve por sermos um paradigma de competitividade. Praticamos elevadas barreiras tarifárias a importações, fortalecimento das megacorporações de economia mista que atuam em commodities agrícolas e minerais, política industrial defensiva. Temos recebido fluxos volumosos de IEDs sobretudo porque o mercado brasileiro, bastante protegido, acena a empresas globais com margens de retorno muito superiores à média dos mercados da OCDE. Se o Brasil flexibilizasse suas exigências de conteúdo local, sobretudo em áreas relacionadas a infraestrutura, transportes e logística, inauguraria uma fase “qualitativamente nova” como destino de investimentos europeus — e esta poderia ser a plataforma para um novo diálogo comercial com Europa e também EUA.

Argentina: um calote que esta' saindo muito caro

Nova crise da dívida ameaça a Argentina
Julgamento nos EUA pode jogar Argentina em nova crise da dívida
Por César Felício | De Buenos Aires
Valor Econômico, 26/02/2013

A corte de apelações de Nova York poderá provocar uma convulsão no mercado financeiro argentino na próxima quarta-feira. O tribunal de segunda instância começará a julgar o processo contra a Argentina movido por 14 fundos que compraram no mercado secundário US$ 1,33 bilhão em títulos da dívida do país que não entraram nas reestruturações de débitos de 2005 e 2010.
Se a corte confirmar a sentença do juiz de primeira instância Thomas Griesa, a Argentina terá que pagar os títulos pelo valor nominal e de maneira imediata. Caso contrário, todo o pagamento sob legislação americana da dívida renegociada, que teve desconto de 66%, ficará suspenso. A Argentina renegociou 91% de uma dívida de US$ 81 bilhões que deixou de ser paga com o colapso financeiro de 2001. Foi a maior reestruturação de dívida da história, até a renegociação da dívida da Grécia em 2012, que envolveu cerca de US$ 200 bilhões.
A conta da causa que começará a ser julgada no dia 27 poderá ficar muito maior para o Estado argentino. Há outros US$ 10 bilhões em títulos que não entraram nas reestruturações, segundo admite o próprio governo de Cristina Kirchner. Existe contestação desses valores na Justiça e agentes do mercado, como o Citibank, divulgaram estimativas de que a Argentina poderia ser obrigada a pagar até US$ 17 bilhões pelos papéis que não entraram nas renegociações.
O abismo financeiro não terminaria ainda: nas duas reestruturações já feitas, a Argentina havia garantido que ofereceria aos credores que aceitaram o desconto as mesmas condições dadas a qualquer outro pagamento que viesse a ser feito. Com as reestruturações, houve um desconto líquido de US$ 27 bilhões. Em tese, o desconto desapareceria caso a sentença fosse desfavorável.
A conta seria impagável para a Argentina, que dispõe de US$ 41,8 bilhões em reservas e programou gastar este ano US$ 4,6 bilhões com o serviço da dívida. Os potenciais efeitos catastróficos do processo beneficiam a defesa argentina. Preocupados com o efeito da sentença em outras reestruturações de dívida soberana, como a grega, o governo dos Estados Unidos e economistas como a ex-diretora do FMI Anne Krueger apresentaram manifestações à Justiça pedindo a revisão da sentença.
O clima de apreensão em relação à Argentina aumentou nos últimos dias. Na segunda-feira, o risco-país argentino, índice elaborado pelo J. P. Morgan, atingiu 1.132 pontos base, alta de 5,2% nos últimos 15 dias. O aumento do indicador encarece todas as captações externas na Argentina, públicas e privadas.
A hipótese mais otimista, com a qual o governo argentino trabalha, é que a Justiça americana obrigaria o país a pagar os credores que estão no processo, mas oferecendo as mesmas condições acertadas com os que entraram nas renegociações anteriores, o que implicaria um pagamento de US$ 400 milhões, caso o entendimento fique restrito à causa atual. Para isso, Cristina teria que pedir ao Congresso a suspensão da lei que impede novas renegociações.
O obstáculo para essa alternativa é que a maior parte dos títulos contestados está em mãos de fundos que os adquiriram com o propósito de judicializar o tema.
Os investidores que se dedicam a essa prática são frequentemente chamados de "abutres" (ou "vulture funds", em inglês) e se caracterizam por ter uma carteira diversificada. No caso do NML, formalmente registrado no Chipre mas de propriedade do financista Paul Singer, os títulos argentinos representam apenas 2% do portfólio e a disposição para negociar por parte dos credores é baixa. O NML é o maior credor na causa.
O cenário mais pessimista foi mencionado na noite da quinta-feira, durante o lançamento de um livro sobre o tema, pelo ex-secretário de Finanças Guillermo Nielsen, negociador da primeira reestruturação, em 2005. "Seria possível, e até mesmo fácil, a corte sentenciar contra a Argentina e evitar que isso se translade a reestruturações de outros países, pelas peculiaridades do nosso caso", afirmou Nielsen.
De acordo com Nielsen, o isolamento internacional que a Argentina vive pode influenciar no processo. Caso a Argentina seja derrotada no processo, cujo desfecho pode não sair na quinta, cabe ainda recurso à Suprema Corte, o que retardaria os efeitos da decisão pelo menos até o final do ano. A última instância nos EUA, contudo, raramente muda as decisões judiciais das instâncias intermediárias.

Valor Econômico - Disputa com fundos envolveu até dinossauro

Por César Felício | De Buenos Aires

Até mesmo o fóssil do "argentinossauro", o maior animal terrestre que já existiu no planeta, foi objeto das disputas judiciais entre o Estado argentino e os fundos que possuem créditos que não entraram nas renegociações das dívidas de 2005 e 2010. Em 2009, credores tentaram embargar cinco contêineres contendo restos de dinossauros, inclusive do mais famoso fóssil argentino, que haviam sido enviados para Rosenheim, na Alemanha, onde se realizava uma mostra sobre o tema.
Os restos dos animais pré-históricos só escaparam do bloqueio porque o governo argentino conseguiu convencer a Justiça alemã de que os fósseis pertenciam aos governos provinciais de Santa Cruz, Chubut e Buenos Aires, e não ao governo nacional, titular da dívida. Em 2010, a mesma ameaça pesou sobre o pavilhão argentino na Feira do Livro de Frankfurt, também na Alemanha.
Segundo levantamento publicado no livro "Os Abutres da Dívida", de Mara Laudonia, uma jornalista com livre trânsito junto à cúpula da equipe econômica argentina, existiam até o fim do ano passado 28 bens do país sob embargo. A lista diminuiu em dezembro, quando o Tribunal Internacional do Mar determinou a liberação da fragata "Libertad", que havia sido arrestada no porto de Tema, em Gana, a pedido do fundo NML.
A ameaça de embargo dos bens argentinos por credores levou a presidente Cristina Kirchner a restringir os voos do avião presidencial "Tango Uno" a determinados países e é uma das razões pela qual a estatização da empresa aérea Aerolineas Argentinas, sob administração do Estado desde 2008, jamais foi concluída. Os fundos de dívida conseguiram sentenças favoráveis em primeira instância, mas não têm sido bem-sucedidos em fazer prevalecer os embargos nos recursos judiciais.
A mais grave derrota que sofreram ocorreu em julho de 2011, quando a Corte de Apelações de Nova York entendeu que as reservas internacionais da Argentina são um bem soberano do país e não possuem uso comercial, não sendo portanto suscetíveis de embargo.
No processo movido pelo NML e outros fundos, os credores obtiveram na semana passada uma decisão judicial do juiz de primeira instância Thomas Griesa que pode indicar uma nova estratégia: Griesa determinou que o Banco de la Nación Argentina, estatal, divulgue a movimentação de todas as contas correntes do Estado argentino e das contas pessoais da presidente e do espólio de seu ex-marido e antecessor, Néstor Kirchner, em todos os países em que o BNA tem operação, inclusive o Brasil.

Nacoes falham (of course) e o Ocidente predomina (por enquanto) - Gideon Rachman

West complacent over why nations fail
Opinion - Gideon Rachman
Financial Times, February 26, 2013

The success of a book can sometimes tell you as much about the times as about the book itself. That may be the case with Why Nations Fail, which was published last year to great acclaim from reviewers and prize juries, and even compared to Adam Smith's Wealth of Nations.

The book, by Professors Daron Acemoglu and James Robinson, is certainly erudite and interesting. But the excited reception for Why Nations Fail may also have something to do with the fact that its message is deeply reassuring to many in the west. I finished the book this weekend, surrounded by newspapers predicting that the US will, this week, slash its budget so deeply that it puts hundreds of thousands of jobs at risk. Meanwhile, the Italian elections threaten to reignite the eurozone crisis.

But do not despair. Hurl the newspapers to one side – and take the long view. Based on a magpie-like assembly of evidence from many centuries, the authors of Why Nations Fail have concluded that, for all its difficulties, western-style democracy is the key to long-term prosperity. The professors argue that countries "such as Great Britain and the United States became rich because their citizens overthrew the elites who controlled power and created a society where political rights were much more broadly distributed". Professor Ian Morris, a reviewer, summarises their argument, thus: "It is freedom that makes the world rich."

In part, the discrepancy between the newspapers and the thesis of Why Nations Fail is simply a question of time. The book deals with the evolution of societies over centuries. This week's Italian elections and the US sequestration are, by comparison, mere stitches in the great tapestry of history.

But that is not quite reassurance enough. The political situations in Italy and the US have similar, and disturbing, long-term implications. They point to the tendency of modern democracies to pile up debt by making unaffordable spending promises to voters, that politicians then cannot wind back.

Investor confidence in Italy has been restored over the past year by a government led by Mario Monti, an unelected technocrat. But in the elections, Mr Monti looks likely to trail in an undistinguished fourth. His reforms won the approval of the markets – but not of the voters. Similarly, in the US, the bipartisan Simpson-Bowles commission offered a more rational way of controlling government spending than the meat axe of the sequestration. But the technocrats' solution has failed to pass the political test in Washington.

The uneasy sense that western democracy is not working very well is heightened by the counter-example of China's rapid economic progress. Chinese success challenges the conventional political wisdom formed after the cold war about the superiority of democracy as an economic system. China's ascent also appears to challenge the insistence of Messrs Acemoglu and Robinson that prosperity can be secured only by "inclusive" economic institutions, rooted in political pluralism.

The professors spend some time grappling with Chinese success in Why Nations Fail and conclude that "Chinese growth ... is just another form of growth under extractive political institutions, [and] unlikely to translate into sustained economic development".

This seems a remarkably dismissive verdict on almost two generations of double-digit growth, which has dragged hundreds of millions of people out of poverty and transformed China into the second-largest economy in the world. Nonetheless, it reflects a strong tendency in American academia to talk down the rise of China – and to stress the enduring strengths of the US system.

All of this might not matter much if the arguments were confined to seminar rooms. But, in fact, versions of the argument made in Why Nations Fail dominate western political debate. No presidential election in the US is complete without all candidates paying obeisance to the idea that "freedom" is not just morally superior – it is also what makes America strong.

This unquestioning assumption of the superiority of the American way may, in fact, be part of what ails the US. I think that Why Nations Fail makes a strong case that, over the long term, there is a clear correlation between political freedom and economic success. But, in the US, a generalised attachment to liberty has somehow turned into an unquestioning veneration of the constitution that has become almost quasi-religious.

As a result, Americans may be unable really to address the fact that their political system is not working well. There is a similar problem in Europe, where the compulsion to pay homage to the European ideal stopped many politicians from asking hard, but necessary, questions about the continent's single currency, the euro.

The Chinese system clearly has its own terrible flaws, including brutality and corrosive corruption. But it has also had the virtue of a radical pragmatism, captured in Deng Xiaoping's maxim that "it doesn't matter if a cat is black or white, so long as it catches mice".

By contrast, political debate in the US is too often captive to procedures and principles that get in the way of pragmatic solutions – whether it is the "right to bear arms", or an insistence on Congress's right to veto a rise in the debt ceiling.

There are many reasons why nations can fail. The complacent worship of a dysfunctional political system could be one of them.

Brasil e Mercosul ausentes de qualquer pacto comercial - La Nacion

La redistribución del poder mundial empuja los acuerdos interregionales
Por Felix Peña
La Nación (Argentina), 26/02/2013

Para el presidente Obama el TTP ( Trans-Pacific Partnership ) ha ocupado un lugar central en su estrategia comercial internacional. Ahora tiene compañía. En su mensaje anual al Congreso, Barack Obama colocó al TPP junto a un nuevo protagonista: el Tatip ( Transatlantic Trade and Investment Partnership ).

Lo hizo en un mensaje con tónica positiva sobre crecimiento económico, equidad social, empleo, comercio exterior y seguridad en Estados Unidos.

TTP y Tatip son los únicos pilares estratégicos que mencionó al referirse al comercio internacional. Nada dijo sobre la Rueda Doha y al no decir nada, quizá dijo mucho.

Ambos pilares reflejan similares objetivos en espacios interregionales con fuerte valor geopolítico. Consisten en lograr, a través de acuerdos preferenciales, lo que por el momento no parece alcanzable en el marco multilateral de la OMC. O sea, algo ambicioso, abarcativo, flexible y de alta calidad.

Por un lado, implica incorporar al acervo de compromisos internacionales una amplia eliminación de aranceles y de otras restricciones al comercio de bienes, y también procurar una mayor nivelación del campo de juego en materia de marcos regulatorios, por ejemplo, relacionados con normas técnicas o que aspiran a garantizar la calidad de los alimentos, cuestión ésta de actualidad en el imaginario de consumidores y ciudadanos tras el episodio de la carne equina en Europa.

Por otro lado, es avanzar mucho más de lo que sería viable hoy en el marco multilateral, especialmente en materia de servicios, inversiones, propiedad intelectual y compras públicas.

Estos acuerdos aspirarían a señalizar, por caso, lo que tendrían que ser en la visión de sus promotores las disciplinas colectivas multilaterales en un mundo multipolar, en el que el comercio y las inversiones se canalizan cada vez más en el ámbito de cadenas transnacionales de valor.

Ningunas de las dos negociaciones son fáciles. Pueden fracasar. Por algo el fantasma del ALCA flota en el ambiente.

El TPP se concluiría en octubre. Al menos por ahora. Sobre el Tatip lo que se anunció es el inicio de procedimientos internos en ambas partes, a fin de comenzar a negociar lo más pronto posible. La Comisión Europea espera tener el mandato aprobado en el primer semestre del año.

Son negociaciones con muchos nudos a desatar y algunos son muy sensibles. La cuestión agrícola es uno, al menos en el espacio transatlántico. La protección de la propiedad intelectual es otro, al menos en el espacio transpacífico. Pero hay muchos otros que pondrán a prueba la expresión de que también en las negociaciones comerciales "el diablo está en los detalles".

Sus objetivos son tan ambiciosos y complejos que pueden tener razón quienes sostienen que "con que consigamos la mitad de los objetivos ya sería mucho".

El TPP tiene ya acumuladas quince rondas negociadoras. En marzo se realizará la próxima. Por ahora ya son once los países participantes, con dimensiones e intereses muy dispares. China no participa. Pero sí lo hace en la gestación del Recep ( Regional Comprehensive Economic Partnership ), otro acuerdo significativo originado en la Asean.

A su vez, el Tatip refleja una idea con raíces. Se asienta en un denso tejido de intereses cruzados entre ambos lados del Atlántico Norte. Sumados sus países representan el 50% del producto mundial. Su comercio recíproco significa un tercio del global. Ahora podrá tener, además, el peso de la voluntad política que es indispensable para concluir cualquier negociación comercial ambiciosa.

Como sostuvo hace poco Pascal Lamy (director general de la OMC), "la geopolítica ha retornado a la mesa del comercio". En la creación del GATT, el impulso provino de la política exterior de grandes potencias -especialmente Estados Unidos- interesadas en detener la expansión soviética. La Rueda de Doha se lanzó en el clima traumático post 9-11. A pesar de la ilusión de que sólo son factores económicos los que movilizan las estrategias comerciales externas, hoy está claro que es en la actual redistribución del poder mundial donde deben rastrearse factores que impulsan a la proliferación de los acuerdos preferenciales interregionales. Pero teniendo en cuenta el debilitamiento del marco multilateral de la OMC, la gran duda que habrá que despejar es sobre si tal proliferación contribuirá o no a los objetivos de gobernanza global.

Sumados los TTP, Tatip y Recep, a los TLC que la UE negocia, entre otros, con la India y con Canadá, de concluirse los respectivos acuerdos producirían cambios profundos en el mapa institucional del comercio mundial. Sus resultados no serían indiferentes para ningún país, sobre todo si no son parte de algunos de los acuerdos. Incluso pueden acentuarse efectos de demostración en socios del Mercosur. Algunos de ellos ya se han manifestado en Brasil. En sectores densos en productos y servicios inteligentes, los efectos de estos nuevos acuerdos podrían ser significativos. Por ello son negociaciones que conviene seguir de cerca y con mucha atención.

DATOS
La Alianza del Pacífico, que nació con la Declaración de Lima en abril de 2011, es un bloque comercial integrado por Chile, Colombia, Perú y México (Panamá y Costa Rica son países observadores). Según los postulados, busca "la conformación de un área de integración profunda en el marco del arco del Pacífico Latinoamericano para avanzar progresivamente a la libre circulación de bienes, servicios, capitales y personas". El bloque conforma un mercado de 200 millones de habitantes. El producto interno total de los miembros representa más de un tercio del producto interno de Latinoamérica y más del 50% del comercio de la región con el mundo, alrededor de US$ 900.000 millones en 2011. Según datos de la OMC, los países de la Alianza del Pacífico exportaron en conjunto cerca de US$445.000 millones en 2010, casi 60% más que las ventas del Mercosur en el mismo año.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

PT: intrinsecamente totalitario - Editorial Zero Hora

Cheiro de autoritarismo
Editorial Zero Hora, 26.2.2013

As manifestações agressivas contra a presença da blogueira cubana Yoani Sánchez no país, a intromissão dos embaixadores da Venezuela e de Cuba em assuntos estritamente brasileiros e o virulento ataque de lideranças do PT à imprensa no recente encontro do partido são sinais claros, evidentes e preocupantes da reativação de um radicalismo autoritário que parecia fazer parte do passado no Brasil.

Pelo jeito, estava apenas adormecido. Por conta da visão exacerbada desta militância anacrônica e de seus representantes no parlamento, até mesmo uma entrevista da dissidente cubana esteve para ser censurada na TV Senado, só indo ao ar por interferência direta do senador Eduardo Suplicy, que vem dando exemplos de sensatez e moderação em meio ao comportamento extremista de seus correligionários.

Se a iniciativa de impôr ideias e ideologias no grito e no constrangimento partisse apenas de extremistas políticos, poderia ser creditada à normalidade democrática. Num regime de liberdades, todos têm o direito de se manifestar. O preocupante é a constatação de que lideranças políticas do partido que está no poder também comungam deste pensamento único, discricionário e excludente.

Foi o que se viu na reunião da cúpula petista na semana passada, em São Paulo, para celebrar o aniversário da sigla e os 10 anos no comando do país. O evento marcou o lançamento da candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição, mas também foi utilizado pelas principais lideranças da sigla para fustigar a oposição e para ataques à imprensa, especialmente aos veículos de comunicação que atuam com independência e criticam o governo.

Ao eleger a "grande imprensa" como inimigo, a direção do Partido dos Trabalhadores, respaldada pelo ex-presidente Lula, mostra dificuldade em aceitar o pluralismo e a liberdade de expressão como elementos intrínsecos da democracia.

No ambiente de corporativismo partidário do encontro da última quarta-feira, que contou inclusive com a presença de petistas condenados no processo do mensalão, até mesmo a presidente Dilma Roussef deixou de lado sua histórica posição de apoio à liberdade de imprensa ("O único controle da mídia que eu proponho é o controle remoto na mão do telespectador") para se alinhar ao coro dos insatisfeitos.

Esse clima de patrulhamento, conjugado ao início antecipado da campanha eleitoral para 2014, gera uma situação preocupante para o país, pois tende a legitimar as ações de grupos radicais que não respeitam quem pensa diferente. No momento em que o Brasil registra significativos avanços sociais e se prepara para encarar os desafios do desenvolvimento, seria de todo indesejável um retrocesso nas liberdades democráticas duramente conquistadas e defendidas pela maioria dos brasileiros.

BNDES: como se ja nao bastassem 280 bilhoes...

Depois de queda no lucro, BNDES deve ser capitalizado em até R$ 8 bi

Governo deve anunciar reforço no capital do banco no segundo semestre, para manter o ritmo do crescimento da carteira de crédito 

26 de fevereiro de 2013 | 21h 25
Irany Tereza e Vinicius Neder, de O Estado de S. Paulo
 
RIO - A capitalização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em negociação desde o ano passado, ganhou o consenso no governo com a queda do lucro da instituição em 2012. Para manter o ritmo de crescimento da carteira de crédito e dos desembolsos, o banco deve ter um reforço no patrimônio no segundo semestre. Segundo fontes do governo, o aporte deverá ficar entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões.
A capitalização faz parte de uma "conversa permanente" entre o banco e seu acionista integral, o Tesouro. Ao anunciar o resultado de 2012 anteontem, o BNDES revelou que um "plano de capital" de longo prazo estava em discussão com o governo.
O valor da capitalização pode parecer pequeno diante dos recentes repasses do Tesouro ao banco (R$ 285 bilhões de 2009 a 2012), mas tem função e efeitos diferentes. Os repasses são empréstimos do Tesouro ao banco. E servem como fonte de recursos para o BNDES, criando uma alternativa ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Já uma capitalização é uma injeção direta de recursos no patrimônio líquido (soma de todos os bens, descontadas as obrigações da instituição), cujo saldo em 2012 foi de R$ 52,2 bilhões. O reforço, uma contribuição direta, não um empréstimo, permitiria ao banco manter uma base financeira sólida. Ou seja, o índice de Basileia, indicador internacional que mede a proporção de capital próprio e recursos emprestados, continuaria estável.
Lucro. O BNDES informou lucro de R$ 8,183 bilhões em 2012, 9,55% abaixo de 2011. O recuo foi puxado pelas participações acionárias do banco. Com a queda no lucro e no patrimônio líquido, o índice de Basileia do BNDES ficou em 15,4%, ante 20,6% no fim de 2011. Quanto maior o índice, melhor. Nesse quadro, o Tesouro já concordou com a capitalização. A discussão é sobre como será feita. Ao comentar anteontem sobre o "plano de capital", o superintendente da Área Financeira do BNDES, Selmo Aronovich, disse que estão em discussão "todas as alternativas".
Segundo fontes, as opções incluem desde a transferência de ações de estatais ou de outros ativos até uma redução no repasse de dividendos. No fim do ano passado, o BNDES obteve do Tesouro créditos a receber (recebíveis) de Itaipu, Ao mesmo tempo, pagou R$ 12,9 bilhões em dividendos ao Tesouro, incluindo antecipações do lucro de 2012.
Capital. Além do recuo no índice de Basileia, o economista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, destacou a baixa participação, comparado com bancos privados, de fontes de recursos mais estáveis (capital nível 1) na composição do Patrimônio de Referência. "Quanto maior o capital de nível 1, mais bem-visto é o banco em termos de risco", disse Salles.
Considerando apenas capital de nível 1, o índice de Basileia do BNDES está em 8,35%. O Itaú tem 10,9%; o Bradesco, 11%; e o Santander, 19,3%. Nos bancos públicos, considerando só o nível 1, o Banco do Brasil (BB) tem 10,55% e a Caixa, 6,6%. "O melhor seria alcançar 11% apenas com o nível 1", disse Salles.
O mínimo de índice de Basileia exigido pelo Banco Central é 11%, considerando os dois níveis. Por isso, para o professor de Finanças da Faculdade de Economia e Administração de Ribeirão Preto, da USP, Alberto Borges Matias, não há problemas quanto à solidez do BNDES. "O patrimônio do banco está em níveis bem acima dos exigidos."
Porém, no longo prazo e mantida a tendência de crescimento dos bancos públicos para "gerar desenvolvimento no País", disse Matias, "é natural que o índice (de Basileia) seja reduzido e haja necessidade de capitalizações".

Ambiente de negocios: o inferno chileno e o paraiso brasileiro...

Sim, o inferno chileno: podendo abrir uma empresa no mesmo dia, os chilenos são obrigados a trabalhar imediatamente, não podendo aproveitar todos aqueles dias de ócio (enfim, o que for) que temos os brasileiros: quase quatro meses de espera para começar a trabalhar. Dá quase para dar uma volta ao mundo, e depois começar no batente, se não fosse pelas tribulações de ter de correr de guichê em guichê, pagar aqui e acolá, tirar dez cópias autenticadas, vinte firmas reconhecidas, e centenas, talvez milhares de carimbos e 45 repartições diferentes.
Enfim, esses chilenos são muito materialistas e produtivistas. Nada como a nossa non-chalance, o charme e a ginga de ser brasileiro...
Paulo Roberto de Almeida

5/02/2013 - 03h01

Chile aprova lei para abrir empresa em um único dia

DE SÃO PAULO
Quanto tempo é necessário para abrir uma empresa no Brasil? 119 dias. Se você acha muito, espere para ver quanto tempo leva para fechar uma empresa!
O custo de abertura também é salgado. Em média, R$ 2.038. Isso é uma ducha fria para qualquer empreendedor, especialmente aqueles interessados em internet.
Já nosso vizinho, o Chile, acaba de dar um olé no Brasil. Os hermanos aprovaram uma nova lei em que a abertura de empresas passa a ser feita em um único dia. Tudo pela internet, sem papelada.
E, para completar, a custo zero. O Chile percebeu que a melhor forma de promover o desenvolvimento é apostar na dobradinha empreendedorismo e inovação.
Outro exemplo de medida adotada por lá é o programa "Start-up Chile". Concede até R$ 80 mil para pessoas de qualquer lugar que queiram desenvolver uma boa ideia empresarial no país.
Até a obtenção de vistos é facilitada, tudo para atrair talentos globais. Os resultados são eloquentes: 600 start-ups criadas, originadas em 50 países diferentes.
Há alguns dias visitei a incubadora de empresas 21212 (o nome mistura o prefixo do Rio com o de Nova York), no Rio de Janeiro.
Fiquei surpreso com garotos e garotas, muito jovens, todos mandando ver em suas pequenas empresas de tecnologia.
Conversando com o fundador do projeto, Benjamin White, concordamos que os jovens brasileiros têm a ambição de empreender na internet.
O problema é que ficam desapontados assim que percebem o tamanho da encrenca da burocracia do país. Nesse quesito, o Chile está ganhando de goleada do Brasil.
Os gastos para se abrir uma empresa no Brasil são absurdos diante da celeridade conferida pelo meio da internet nos dias de hoje. Além disso, muito bem lembrado que, não bastasse o tempo excessivo para a abertura de uma empresa, ainda se leva mais tempo para fechar a mesma. A combinação da promulgação do Marco Civil da Internet com a redução drástica da burocracia têm em muito a nos favorecer no quesito inovação e incentivo aos empreendedores brasileiros. Aqui têm muita gente precisando disso.
  1. Ronaldo LemosRonaldo Lemos é diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV e do Creative Commons no Brasil. É professor titular e coordenador da área de Propriedade Intelectual da Escola de Direito da FGV-RJ. Foi professor visitante da Universidade de Princeton. Mestre em direito por Harvard e doutor em direito pela USP, é autor de livros como "Tecnobrega: o Pará Reiventando o Negócio da Música" (Aeroplano). Escreve às segundas na versão impressa de "Ilustrada".