O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 29 de março de 2024

Um dia avassalador de notícias internacionais: véspera dos 60 anos do golpe militar de 1964

 




Ministério das Relações Exteriores

 Agência Brasil - 28/03/2024 - Lula concede a Macron a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul 
 Agência Brasil - 28/03/2024 - Lula e Macron assinam acordos, com destaque para o meio ambiente 
 Estadão.com.br - Últimas Notícias - 28/03/2024 - Agenda positiva, clima e parceria estratégica: Qual o resultado prático da visita de Macron a Lula?
 Estadão.com.br - Últimas Notícias - 28/03/2024 - Governo promete adiar para 2025 exigência de visto a turistas dos EUA, Canadá, Austrália e Japão
 Exame.com - 28/03/2024 - CNI defende acordo Mercosul-UE após críticas de Macron na Fiesp
 Lauro Jardim - O Globo Online - 29/03/2024Embaixador da Venezuela vai procurar Planalto após crítica de Lula às eleições no país 
 O Globo Online - 29/03/2024 - Lula ainda não soltou a mão de Maduro 
 O Globo Online - 28/03/2024 - Emigração para os EUA: graduados são maioria, diz pesquisa 
 R7 - 28/03/2024 - Visita de presidente francês ao Brasil é considerada um sucesso 
 UOL Notícias - 28/03/2024 - Em reunião, Lula e Macron destoam sobre Mercosul-UE e Putin vira saia justa 
 CNN Brasil Online - 28/03/2024 - Payet presenteia Lula e Macron com camisas do Vasco 
 IstoÉ Online - 28/03/2024 - Macron é recebido por Pacheco em visita ao Congresso Nacional 
 Correio Braziliense - 29/03/2024 - Nas entrelinhas 
 Correio Braziliense - 29/03/2024 - Críticas à Venezuela por exclusão de candidata 
 Correio Braziliense - 29/03/2024 - Macron elogia país por resistir ao extremismo 
 Correio Braziliense - 29/03/2024 - Eixo Capital 
 Folha de S. Paulo - 29/03/2024 - Ao lado de Macron, Lula diz rejeitar 'nervosismo' sobre Guerra da Ucrânia 
 O Globo - 29/03/2024 - Mesmo tímida , crítica do governo à Venezuela é avanço 
 Revista IstoÉ - 29/03/2024 - A fuga abortada 
 Revista Veja - 29/03/2024 - Sobe Desce 
 Poder 360 - Online - 28/03/2024 - Érick Jacquin participa de almoço com Macron e Lula no Itamaraty 
 Poder 360 - Online - 28/03/2024 - Lula se encontra nesta 5ª com comandantes das Forças Armadas 
 Poder 360 - Online - 28/03/2024 - Brasil e França são a ponte entre ricos e Sul Global, diz Lula 


Mauro Vieira

 Folha.com - 28/03/2024 - Government of Lula Warned Chavistas that it Would React to The Electoral Blockade of the Opposition in Venezuela
 O Globo Online - 29/03/2024 - Projeto debate temas centrais da presidência brasileira no G20 
 O Estado de S. Paulo - 29/03/2024 - Ao lado de Macron, Lula critica veto a candidata de oposição na Venezuela 


Relações exteriores

 Correio Braziliense - 29/03/2024 - Seria louco fechar acordo sem ajuste, diz Macron 
 Folha de S. Paulo - 29/03/2024 - Putin ameaça abater caças se Ocidente fornecê-los à Ucrânia 
 Folha de S. Paulo - 29/03/2024 - Gangues no Haiti causaram 1.500 mortes desde o início do ano, diz ONU 
 Folha de S. Paulo - 29/03/2024 - Maioria dos americanos reprova ação militar de Israel na Faixa de Gaza, aponta pesquisa 
 Folha de S. Paulo - 29/03/2024 - Kremlin afirma ter comprovado elo de Kiev com atentado 
 Folha de S. Paulo - 29/03/2024 - Ucranianos deixam rotina de lado para treinar para guerra 
 Folha de S. Paulo - 29/03/2024 - Corte de Haia ordena que Israel garanta alimentos a Gaza 
 O Estado de S. Paulo - 29/03/2024 - Nova onda de violência atinge Guayaquil; rebelião deixa 3 mortos 
 O Estado de S. Paulo - 29/03/2024 - Governo afina com países vizinhos rotas para o 'PAC da Integração' 
 Estadão.com.br - Últimas Notícias - 28/03/2024 - Macron diz que não seria 'louco' de levar adiante acordo com Mercosul; Lula afirma que briga é na UE
 Folha.com - 28/03/2024 - Macron pede que Brasil e França atuem juntos na saúde pública


Política

 El País Online - 29/03/2024 - Las provocaciones de Milei dinamitan las relaciones diplomáticas con los grandes países de Latinoamérica 
 El País Online - 29/03/2024 - Lula eleva el tono sobre Venezuela y califica como "grave" el veto de la candidata Yoris 
 The Guardian - Londres - Online - 28/03/2024 - Macron rekindles France-Brazil relationship in widely memed Lula visit | Emmanuel Macron | 
 The Guardian - Londres - Online - 29/03/2024 - Lula dismays relatives of dictatorship's victims by ignoring coup anniversary 
 Bloomberg - 28/03/2024 - Brazil Seeks Real Estate Market Boost as Lula Pushes for Growth 
 Bloomberg - 28/03/2024 - Brazil Aims to Lower Electricity Bills With Eletrobras Funds 
 Bloomberg - 28/03/2024 - Lula Calls on Ally Maduro to Hold Fair Elections in Venezuela 
 Le Monde Online - 28/03/2024 - Election au Venezuela : Macron et Lula critiquent l'exclusion d'une opposante à la présidentielle 
 Folha de S. Paulo - 29/03/2024 - Bruno Boghossian 
 Folha de S. Paulo - 29/03/2024 - Delatores que acusaram Lula agora criticam a Lava Jato 
 Folha de S. Paulo - 29/03/2024 - Painel 
 Folha de S. Paulo - 29/03/2024 - Mônica Bergamo 
 Folha de S. Paulo - 29/03/2024 - Gilmar fala de Bolsonaro antes de STF julgar e põe imparcialidade em debate 
 Folha de S. Paulo - 29/03/2024 - PAINEL S.A. 
 O Estado de S. Paulo - 29/03/2024 - Eliane Cantanhêde 
 O Estado de S. Paulo - 29/03/2024 - Direto da Fonte 
 O Estado de S. Paulo - 29/03/2024 - Parlamentares vão ao STJ e ao TCE por impeachment e corte do salário de Brazão 
 O Estado de S. Paulo - 29/03/2024 - Silêncio de Lula sobre 60 anos do golpe incomoda PT 
 O Estado de S. Paulo - 29/03/2024 - Pedro Doria 
 ABC News - 28/03/2024 - France's Macron embraces Brazil's Lula - and the memes poking fun at their 'wedding' 
 ABC News - 28/03/2024 - Brazil's Bolsonaro requests court permission to accept Netanyahu's invite to Israel 
 Associated Press - 28/03/2024 - Brazil's Bolsonaro requests court permission to accept Netanyahu's invite to Israel 
 Clarín Online - Argentina - 28/03/2024 - En Brasil, Emmanuel Macron entierra el acuerdo con entre la UE y el Mercosur: "Es muy malo y hay que construir uno nuevo" 
 Diario Las Américas - Online - 28/03/2024 - Macron condena exclusión de candidata opositora en Venezuela 
 Foreign Policy - Online - 28/03/2024 - The Philippines Announces Plans to Counter Chinese Coast Guard Attacks 
 MercoPress - 28/03/2024 - Brazil's newest sub christened before Lula and Macron 
 SaltWire Network - Canadá - 28/03/2024 - Brazils Lula says current EU-Mercosur deal negotiations look more promising than before 
 Revista Veja - 29/03/2024 - Gente 
 Revista Veja - 29/03/2024 - Radar 


Economia

 Folha de S. Paulo - 29/03/2024 - BC reduziu inflação a um custo social baixo, diz Campos Neto 
 O Estado de S. Paulo - 29/03/2024 - Coluna do Broadcast 
 O Estado de S. Paulo - 29/03/2024 - Vale anuncia compra de participação da Cemig na Aliança Energia 
 O Estado de S. Paulo - 29/03/2024 - Projeto prevê cinco rotas para facilitar comércio entre os países 
 O Globo - 29/03/2024 - Governo prepara pacote de crédito a microempresa 
 O Globo - 29/03/2024 - BC sobe projeção de alta do PIB em 2024 de 1,7% para 1,9% 
 Revista IstoÉ Dinheiro - 29/03/2024 - Cobiça 
 Revista IstoÉ Dinheiro - 29/03/2024 - Dinheiro em ação 
 Revista IstoÉ Dinheiro - 29/03/2024 - Sustentabilidade 
 Revista IstoÉ Dinheiro - 29/03/2024 - Moeda forte 
 Revista Veja - 29/03/2024 - Radar Econômico 
 Revista Veja - 29/03/2024 - A crise dos escritórios 


O conceito de interesse nacional nos trabalhos de Paulo Roberto de Almeida - Listagem seletiva

 O conceito de interesse nacional nos trabalhos de Paulo Roberto de Almeida 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Listagem dos trabalhos feitos contendo o conceito de interesse nacional, no singular ou no plural, ao longo da lista geral dos trabalhos.

 

Minha atenção foi chamada, recentemente, para um trabalho meu especificamente escrito em torno da “ideia do interesse nacional”. Eu estava buscando outra coisa, mas o conceito pipocou na lista geral, e me deu a vontade de saber quantos trabalhos eu tinha escrito que compreendiam, de uma forma ou de outra, esse conceito, mais especialmente referido ao Brasil e à diplomacia brasileira, obviamente. Vejamos o que aparece.

 

1)      169. “Relações Internacionais e Interesse Nacional: As Relações Econômicas do Brasil e a Ordem Constitucional”, Genebra, 20 fevereiro-13 março 1989, 26 p. Ensaio sobre as relações econômicas internacionais do Brasil, tal como influenciadas pelos dispositivos pertinentes da nova Constituição e sua relevância para o interesse nacional em termos de capacitação para o desenvolvimento. Publicado no Boletim da Sociedade Brasileira de Direito Internacional (Anos XXXIX a XLI, 1987/1989, n. 69/71, p. 164-183). Relação de Trabalhos Publicados n. 058. 

2)      360. “Os Limites do Alinhamento: liberalismo econômico e interesse nacional, 1944-1951”, Brasília: 10 julho 1993, 33 p. Trabalho sobre a diplomacia econômica do Governo Dutra, elaborado com base em trabalho anterior. Publicado em número especial da revista Estudos Ibero-Americanos (Porto Alegre: PUC/RS, vol. XIX, n° 1, julho 1993, p. 13-39; DOI: https://doi.org/10.15448/1980-864X.1993.1.29200; link: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/iberoamericana/article/view/29200/16135); plataforma Academia.edu (23/10/2020; link: https://www.academia.edu/44359251/360_Os_Limites_do_Alinhamento_liberalismo_economico_e_interesse_nacional_1944_1951_1993_). Relação de Publicados n. 140.

3)      806. “Acordo de Alcântara: soberania e interesse nacional”, Washington, 31 agosto 2001, 16 p. Comentários gerais e elaborações tópicas a propósito do parecer do Deputado Valdir Pires (PDT-BA) sobre o acordo de salvaguardas tecnológicas com os Estados Unidos (Alcântara), para subsidiar trabalhos da Comissão de Relações Exteriores da CD. Nova elaboração em 04/09, com considerações de ordem política. Postado no blog Diplomatizzando (18/03/2019; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/03/acordo-de-salvaguardas-tecnologicas-de.html).

4)      813. “Ideologia da política externa: sete teses idealistas”, Washington, 2 outubro 2001, 10 p. Ensaio reelaborado a partir de trabalho n. 508, de 1996, publicado em versão original no livro Relações internacionais e política externa do Brasil: dos descobrimentos à globalização (Porto Alegre: UFRGS, 1998). dividido em 4 Partes: Primeira: 1. “Os objetivos nacionais permanentes”; Segunda: 2. “A independência nacional”; 3. “O interesse nacional e a cooperação internacional”; Terceira: 4. “A “graduação” e o status de país em desenvolvimento”; 5. “A integração regional e o ingresso em foros restritos”; Quarta: 6. “A imagem internacional do Brasil”; 7. “Avaliação do instrumento diplomático brasileiro”. Ensaio incorporado ao livro: Paralelos com o Meridiano 47: Ensaios Longitudinais e de Ampla Latitude (Hartford, 2015). Relação de Publicados n. 286, 287 e 291.

5)      1087. “A Alca e o interesse nacional brasileiro: doze questões em busca de um debate racional”, Washington, 28 jul. 2003, 23 p. Compilação feita a partir dos trabalhos 1074, 1079 e 1081. Publicado na revista Espaço Acadêmico(Maringá, n. 27, ago. 2003; ISSN: 1519.6186; link: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/35933; pdf: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/35933/751375149960); e como contribuição na obra coletiva coordenada por Wagner Rocha D’Angelis (org.), Direito Internacional do Século XXI: integração, justiça e paz (Curitiba: Ed. Juruá, 2003. 388p.; pp, 127-154). Incorporado, em 15/08/2006, ao site de consultas acadêmicas Monografias.com (http://br.monografias.com/trabalhos/alca-interesse-nacional-brasileiro-questoes/alca-interesse-nacional-brasileiro-questoes.shtml). Relação de Publicados ns. 437 e 455. 

6)      1262. “Política externa e Interesse Nacional”, Brasília, 20 mai. 2004, 3 p. Respostas a questões colocadas por Livia Jacobina (liviajacobina@hotmail.com), aluna do 4º semestre de Relações Internacionais do IESB (Brasília), disciplina Política Externa Brasileira, para trabalho sobre as relações comerciais Brasil-EUA. Postado no blog Dipomatizzando (20/11/2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/11/politica-externa-e-interesse-nacional.html).

7)      1777. “A economia política do baixo crescimento econômico no Brasil: um Prometeu acorrentado pela sua própria Constituição”, Brasília, 31 julho 2007, 21 p. Ensaio sobre os impedimentos constitucionais a maiores taxas de crescimento econômico e de inserção internacional no Brasil, com base nos trabalhos 169 (“Relações Internacionais e Interesse Nacional: As Relações Econômicas do Brasil e a Ordem Constitucional”, Genebra, 20 fevereiro-13 março 1989) e 1752 (“Prometeu acorrentado: o Brasil amarrado por sua própria vontade”, Brasília, 20 maio 2007), e incorporando os quadros analíticos do capítulo 3 (“A estrutura constitucional das relações internacionais do Brasil”), do livro O Estudo das Relações Internacionais no Brasil (Brasília: LGE, 2007). Publicado in Elizabeth Accioly (coordenadora), O Direito no Século XXI: homenagem ao Professor Werter Faria (Curitiba: Editora Juruá, 2008, 864 p.; ISBN: 978-85-362-2151-9; p. 615-632). Republicado em edição especial comemorativa dos 20 anos da instalação da Assembleia Nacional Constituinte da Revista de Informação Legislativa (Brasília: Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal, ano 45, n. 179, jul.-set. 2008, p. 1-16), sob supervisão do Professor Jorge Fontoura (organizador). Recebido para revisão em 15/08/2008. Disponível na Academia.edu (link: https://www.academia.edu/49127163/A_economia_pol%C3%ADtica_do_baixo_crescimento_econômico_no_Brasil_Um_Prometeu_acorrentado_pela_sua_própria_Constituição_2007_). Relação de Publicados nº 846.

8)      1875. “Interesse Nacional: uma nova revista”, Brasília, 13 de abril de 2008, 2 p. Resenha da nova revista lançada pelo Embaixador Rubens Barbosa. Desafios do Desenvolvimento (ano 5, n. 43, maio 2008, p. 62). Divulgado no blog Diplomatizzando (27/02/2024, link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/02/surgimento-de-uma-nova-revista.html). Relação de Publicados n. 835. Relação de Publicados n. 835.

9)      1879. “Bases conceituais de uma política externa nacional”, Brasília, 21 abril 2008, 12 p. Texto de natureza analítica abstrata (isto é, sem referir a um país em particular) sobre como deveria ser uma política externa voltada para o interesse nacional. Revisão e ampliação do texto, sob número 1929, com vistas a sua apresentação no Congresso de Programas de Pós-Graduação em Direito (Conpedi), e premiação em concurso (em 27.09.2008).

10)   1929. “Bases conceituais de uma política externa nacional: uma contribuição para a definição de uma agenda diplomática condizente com o princípio do interesse nacional”, Brasília, 27 setembro 2008, 21 p. Texto de natureza analítica abstrata (isto é, sem referir a um país em particular) sobre como deveria ser uma política externa voltada para o interesse nacional. Ademais de questões de método (intenções claras, interação entre a ação diplomática e a base econômica, avaliação dos meios disponíveis e abertura às inovações), são abordadas questões substantivas (interesse nacional, prioridades, parcerias estratégicas, os blocos e alianças restritas, segurança, representação dos interesses sociais e instrumentos de ação), que podem fundamentar uma diplomacia concreta. Revisão e ampliação do texto 1879, com vistas a sua apresentação no XVII Congresso de Programas de Pós-Graduação em Direito (Conpedi). Premiado em 27/09/2008 com menção honrosa. Revisto em 22/11/2008, para livro a ser editado por Estevão Chaves de Rezende Martins sobre União Europeia e América do Sul. Revisto como “Reflexões sobre uma Política Externa com Base no Interesse Nacional”, para o vol. 15 da obra: Estudos de Direito Internacional, sob a coordenação de Wagner Menezes (2009). Publicado In: Estevão C. de Rezende Martins e Miriam G. Saraiva (orgs.) Brasil - União Europeia - América do Sul: Anos 2010-2020 (Rio de Janeiro: Fundação Konrad Adenauer, 2009, p. 267; ISBN: 978-85-7504-138-3; p. 228-243). Fracionado em onze partes, para cada uma das seções, sob o título genérico de “Manual de Diplomacia Prática”; publicado em Via Política, entre 27/12/2009 e 05/04/2010. Relação de Publicados nº 907. Publicados em Via Política: 943 (para o conjunto). Incorporado ao livro: Nunca Antes na Diplomacia...: A política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Appris, 2014, p. 289; ISBN: 978-85-8192-429-8). Nova versão, ampliada, sob n. 3741 (em 27/08/2020, para o livro Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (n. 3749). Relação de Originais n. 2596. Relação de Publicados n. 1133.

11)   2242. “Um projeto de Governo: sobre a volta ao poder da ‘oposição’”, Brasília, 1 fevereiro 2011, 8 p. Análise crítica da realidade política das forças não pertencentes ao bloco de poder. Distribuído a um número seleto de destinatários. Revisto em 09/03, sob o título de “Miséria da ‘oposição’ no Brasil: da falta de um projeto de poder à irrelevância política?” (13 p.); publicado na revista Interesse Nacional (n. 13, abril-junho 2011, p. 28-36; link: https://interessenacional.com.br/a-miseria-da-oposicao-no-brasil-da-falta-de-um-projeto-de-poder-a-irrelevancia-politica/). Transcrito no blog Diplomatizzando (13/07/2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/07/miseria-da-oposicao-no-brasil-artigo.html); retomado no blog Diplomatizzando (27/02/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/02/a-miseria-da-oposicao-no-brasil-da.html ). Relação de Publicados n. 1029. 

12)   2456. “Prata da Casa, Boletim ADB – 1ro. trimestre 2013”, Brasília, 20 dezembro 2012, 3 p. Notas sobre os seguintes livros: 1) Rubens Antonio Barbosa: Interesse Nacional & Visão de Futuro (São Paulo: Sesi-SP Editora, 2012, 328 p.). (...) Publicado no Boletim ADB (ano 20, n. 80, janeiro-fevereiro-março 2013, p. 28-30; ISSN: 0104-8503). Relação de Publicados n. 1094.

13)   2766. “A ideia do interesse nacional”, Hartford, 8 fevereiro 2015, 5 p. Artigo baseado em livro de Charles Beard, The Idea of National Interest (1934) com comentários a respeito das políticas contrárias ao interesse nacional sendo tomadas no Brasil da atualidade. Publicado no site do Instituto Millenium, com um subtítulo agregado: “onde estamos?” (25/02/2015; link: http://www.institutomillenium.org.br/artigos/ideia-interesse-nacional/), em Mundorama (26/02/2015) e em Dom Total (26/02/2015); divulgado no blog Diplomatizzando (27/02/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/02/a-ideia-do-interesse-nacional-2015.html). Relação de Publicados n. 1164.

14)   2983. “O renascimento da política externa”, Brasília, 25 maio 2016, 14 p. Artigo para a revista Interesse Nacional a pedido do Embaixador Rubens Antônio Barbosa. Publicado na revista Interesse Nacional (ano 9, n. 34, julho-setembro de 2016, link: http://interessenacional.com/index.php/edicoes-revista/o-renascimento-dapolitica-externa/). Reproduzido no blog Diplomatizzando (3/08/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/08/o-renascimento-da-politica-externa.html). Relação de Publicados n. 1238.

15)   3172. “Você é um ‘accident prone diplomat’: minhas interações com o embaixador Rubens Antônio Barbosa”, Brasília, 2 outubro 2017, 45 p. Ensaio impressionista para servir de depoimento sobre minha relação de trabalho e amizade com o diplomata que foi meu chefe em diversas ocasiões. Enviado a ele, em 2/10/2017. Publicado em versão resumida no livro de Rubens Antônio Barbosa: Um diplomata a serviço do Estado: na defesa do interesse nacional (depoimentos ao Cpdoc) (Rio de Janeiro: FGV, 2018, 300 p.; ISBN: 978-85-225-2078-7), pp. 273-289. Postagem efetuada no blog Diplomatizzando (21/10/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/10/depoimento-sobre-o-embaixador-rubens.html).

16)   3412. “Prata da Casa, outubro de 2018 a fevereiro de 2019”, Brasília, 20 fevereiro 2019, 6 p. Resenhas dos seguintes livros para a Revista da ADB: (...) 2) Barbosa, Rubens: Um diplomata a serviço do Estado: na defesa do interesse nacional: depoimento ao Cpdoc (Rio de Janeiro: FGV Editora, 2018; 300 p.). Publicado na Revista da ADB, Associação dos Diplomatas Brasileiros (ano XX, n. 99, outubro de 2018-fevereiro de 2019, p. 40-45; ISSN: 0104-8503). Disponível no site da ADB (link: https://adb.org.br/wp-content/uploads/pdf/revista-adb-99-3.pdf). Divulgado antecipadamente no blog Diplomatizzando (20/02/2019; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/02/prata-da-casa-os-livros-dos-diplomatas.html). Relação de Publicados n. 1311.

17)   4188. “O Brics e o Brasil: quem comanda?”, Brasília, 28 junho 2022, 3 p. Artigo para a revista Crusoé. Publicado, sob o título de “A ampliação do Brics e o interesse nacional”, na revista Crusoé (1/07/2022; link: https://crusoe.uol.com.br/secao/reportagem/a-ampliacao-do-brics-e-o-interesse-nacional/); transcrito no blog Diplomatizzando (1/07/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/07/a-ampliacao-do-brics-e-o-interesse.html). Relação de publicados n. 1461.

18)   4209. “O Brasil e sua circunstância geográfica e diplomática”, Brasília, 30 julho 2022, 4 p. Revisão redutora do artigo anterior para atender a critérios do portal Interesse Nacional; enviado ao embaixador Rubens Barbosa e ao editor Daniel Buarque. Distribuída aos participantes do painel CEBRI-USP, sobre a política externa para o entorno regional (vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=xTfaxGwJzmM). Publicado no portal Interesse Nacional(10/08/2022; link: https://interessenacional.com.br/edicoes-posts/o-brasil-e-sua-circunstancia-geografica-e-diplomatica/); reproduzido no blog Diplomatizzando (10/08/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/08/o-brasil-e-sua-circunstancia-geografica.html); disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/84437450/4209OBrasilesuacircunstânciageográficaediplomática2022). Relação de Publicados n. 1466. 

19)   4405. “A política externa enquanto política pública: questões conceituais e operacionais da diplomacia brasileira”, Brasília-Belo Horizonte, 20-29 maio 2023, 41 p. Ensaio baseado no trabalho n. 3741 (27 agosto 2020, e anteriormente no trabalho n. 1929 (“Bases conceituais de uma política externa nacional: uma contribuição para a definição de uma agenda diplomática condizente com o princípio do interesse nacional”, 27 setembro 2008, 21 p.). Publicado na revista Crítica & Controle (vol. 1, n. 3, agosto 2023, p, 138-179; ISSN: 2965-0151link da revista: https://seer.ufrgs.br/index.php/criticaecontrole/issue/current; ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2332-6233; link do artigo: https://seer.ufrgs.br/index.php/criticaecontrole/article/view/133011/89503); divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/105703823/4405_A_política_externa_enquanto_política_pública_questões_conceituais_e_operacionais_da_diplomacia_brasileira_2023_); informado no blog Diplomatizzando (18/08/2023; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/08/a-politica-externa-enquanto-politica.html). Relação de Publicados n. 1519. 

 

Como verificado, são menos de 20 trabalhos, mas isso apenas porque o conceito de “interesse nacional” foi selecionado unicamente quando ele estava expresso no título ou na descrição do trabalho. Certamente existem muitos outros trabalhos mais, tratando da diplomacia brasileira, ou da economia e da política, em geral e referidos ao Brasil que remetem a esse conceito. Um dia vou verificar...

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4619, 29 março 2024, 4 p.


 

 

Na antessala do horror: lembranças do golpe de 1º de abril - Roberto Amaral

A visão da esquerda e dos derrotados em 1964. Creio que todas as visões são relevantes para a informação, o esclarecimento e o debate sobre nossas crises políticas. PRA 

Na antessala do horror: lembranças do golpe de 1º de abril
Roberto Amaral*
      Desde 1961, com a derrota imposta pelo povo nas ruas ao golpe militar que intentara impedir a posse de Jango, vivíamos um processo histórico tenso. Hoje, com o distanciamento de tantos anos, diríamos que tenso, mas muito rico, atravessado que foi por uma realidade em construção, povoada por dúvidas e receios, muitos sonhos e muitas esperanças.
      Com os termos de hoje, diria que vivíamos de forma aguda o teatro de uma grande polarização, a que nos persegue há 500 anos, entre a necessidade do avanço (então o pleito das reformas de base, ainda hoje por serem realizadas) e a resistência do statu quo, nome de fantasia do atraso e da concentração de renda, de escandalosa injustiça. Acreditávamos, a esquerda de então, na revolução brasileira, vista como em processo, e nos considerávamos construtores de uma nova sociedade. A direita, por seu turno, a um tempo negava a ruptura e a conciliação, e direita e esquerda disputavam aliança com os militares, de um lado os “entreguistas”, de outro, o nosso campo, os legalistas, herdeiros do Marechal Lott.
   Em certos momentos tínhamos a sensação de tocar com as mãos o horizonte socialista, nossa utopia de sempre, e ao mesmo tempo confiávamos no governo João Goulart, o que punha rédeas em nosso deslumbramento revolucionário juvenil. Muitos achavam inconcebível os velhos generais abrirem as portas do poder para sargentos, políticos de esquerda, “empresários progressistas”, estudantes e camponeses sem terra. Nossos ideólogos no PCB ensinavam que a primeira fase da revolução seria em aliança com a burguesia nacional. Contava-se, de igual, com a estabilidade do governo Jango, assentado em larga maioria no Congresso e festejado pelo apoio popular, apesar da campanha ferrenha que lhe movia a grande imprensa, sempre reacionária. E,  sobretudo, confiávamos na sua base de sustentação na caserna, que se dizia forte. Era o tal do “dispositivo militar do general Assis Brasil”. 
O país discutia as reformas de base, a plataforma-síntese de nosso projeto e o divisor de águas da política. O país era uma só assembleia, e discutia-se seu destino em auditórios por todo o país. Certamente alcançou-se, naquela altura do século passado, o momento de maior nível de educação das massas e organização popular. Eram os nossos anos dourados, após o sucesso de JK;  os anos do Cinema Novo, de Maria Esther Bueno, nossa tenista campeã, do Brasil bicampeão mundial de futebol ao lado do Brasil das ligas camponesas, da UNE, da Frente Parlamentar Nacionalista, das centrais sindicais em ebulição e do crescimento do movimento popular. Mesmo a Guerra Fria nos favorecia, e foi um marco a viagem de Iuri Gagarin. 
Mas a lua tem duas faces: nossos avanços eram acompanhados pelo avanço dos centros da reação que se espalhavam Brasil afora, como o IBADE (encarregado de financiar as candidaturas de direita nas eleições brasileiras) e o IPES (formulador da doutrina golpista). Nas eleições de 1962 a direita comprometida com o golpe havia eleito os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o chamado centro dinâmico do país, aproximadamente 40% da população e 60% da economia nacional.
 A partir de 1963 sentíamos, sem clareza quanto ao significado, que algo impalpável se movia no quadro tradicional da política brasileira: a rebelião dos sargentos em Brasília e o motim dos marinheiros no Rio. Eram fatos bastante objetivos para serem ignorados.  
O recuo de Jango, retirando do Congresso o pedido de decretação do estado de sítio, que dizia amparado no apoio dos ministros militares e com o qual pretendia atingir o governador Carlos Lacerda, da Guanabara, seu principal opositor, era evidente indicador de conflito no seu núcleo mais íntimo: contra o estado de sítio moveram-se Arraes e Brizola, a Frente Parlamentar Nacionalista, a UNE e as centrais sindicais.  
Consolidava-se a ideia da iminência de um golpe, quando sonhávamos com a revolução. No Rio, ex-vice-presidente da UNE, fui conversar com José Serra, então presidente da entidade e quadro político influente. A conversa confluiu para o plano nacional, e para o golpe, que não se expunha,  mas se sentia.  Indagado sobre sua visão, o líder estudantil que seria ministro de Estado no governo FHC e governador de São Paulo, respondeu algo que ainda relembro, passados tantos anos: "- O golpe será dado. A dúvida é simplesmente sobre a iniciativa, se da direta ou da esquerda”. Voltaria a ver o Serra de longe, daí a poucos dias,  discursando no palanque do comício de 13 de março. Passadas dezenas de anos, nos reencontramos no Recife, no velório de Miguel Arraes. Ele não se recordava do diálogo. Mas, de fato, a esquerda, ou pelo menos setores da esquerda vinculados ao Partidão, já contavam com o golpe, a nosso favor, mas comandado pelos generais, e cuidavam de tomar assento. Estava na esquina o governo democrático-nacionalista e era a hora de negociar sua composição. Algo como dois dias passados do encontro com Serra, deparo-me com Antônio Carlos Peixoto, intelectual de primeira linha do PCB, assistente da fração da UNE: nosso amigo Fco. Faria, vice-presidente, iria representar a entidade em reunião que começaria a definir nosso futuro ministério. O Partidão teria dois votos, o seu, da organização, e aquele que chegaria no galope da entidade estudantil. O golpe não seria das Forças Armadas, nem contra o povo.
O comício da Central foi um marco e mudou muitas cabeças, inclusive a minha. Antes reticente em relação às vias de conquista do poder, passei a me incorporar ao contingente dos conquistados pela demonstração de força para uma imediata e irresistível conquista do poder.
No dia 17 de março, havia o que comemorar. Era o aniversário do Partidão (que desfrutava de plena liberdade e de uma legalidade fatual), e a festa foi uma conferência de Prestes, nosso secretário-geral e líder quase mítico. A “festa” foi no 9º andar da ABI, e constituiu de longa e didática preleção sobre o processo social brasileiro e a presença dos militares em nossa história. Relembro, de memória, três pontos que ainda hoje considero os de maior relevo: I) os militares brasileiros eram oriundos da classe-média, e por isso refletiam o sentimento nacional; II) as forças armadas eram legalistas e democráticas, e, corolário, III) não havia o menor risco de golpe de Estado militar. O que, dito pelo grande comandante, valia para nós como verdade irrefutável. Saímos empolgados e fomos tomar chope no bar Vermelhinho, bem em frente à ABI. No dia seguinte, Prestes repetiria sua pregação no grande comício do Pacaembu, em São Paulo. A tradução de tudo isso foi a absoluta desmobilização das forças populares.
Dois dias passados subíamos ao Nordeste, Marcos Lins, dirigente da AP,  eu e outro personagem cuja imagem e nome a história e a memória não registraram. Marcos Lins levava cartas para dois governadores da região, e eu para o governador Virgílio Távora, do Ceará, com quem me encontrei logo na  noite de minha chegada. Por indicação do movimento sindical e partidos de esquerda,  eu exercia, a partir de 1963, uma assessoria política no gabinete do governador, quadro da UDN, amigo a um só tempo de Jango (era o que se dizia) e do banqueiro Magalhães Pinto, governador de Minas Gerais e figura das mais decisivas na maquinação do golpe - que, não sabia Prestes e não sabíamos nós, logo  saltaria às ruas.
No dia seguinte, estou restabelecendo contatos e tentando montar uma linha de informações, quando sou chamado ao gabinete do governador. Quando entro em sua sala, ele está saindo deu uma pequena cabine que mandara instalar, “para ter mais privacidade em suas ligações “com Brasília e Rio”. Após os rápidos cumprimentos de praxe, dirige-se a mim: “- Doutorzinho (assim ele identificava todos os colaboradores jovens), seu amigo Jango acaba de nos foder: mexeu na única coisa em que não se mexe neste país, a hierarquia militar (o governador se referia ao discurso do Presidente aos sargentos no Automóvel Clube do Rio, na noite do dia 30/03). O golpe está dado e eu não posso fazer nada por vocês Vou tentar salvar meu mandato. Saia daqui e vá avisar aos seus amigos”.
Saí, atordoado. Mesmo assim falei com quem pude, saiu de circulação quem pôde, mas não havia nenhuma retaguarda, nem opção tática: estávamos preparados, política e estrategicamente, tão-só, para assumirmos a direção revolucionária. Caminhávamos ou corríamos sem direção, como formigas expulsas do formigueiro. E houve muita resistência, talvez de ordem mais psicológica do que política, a aceitar a desagradável informação que eu levava. Ela desmontava as fantasias de há pouco. Estávamos todos sem chão, e, pior de tudo, sem saber o que fazer, sem ter a quem consultar. No auditório da Fênix Caixeiral, no centro de Fortaleza, antigo e liberal estabelecimento de ensino fundado por comerciários, sucediam-se discursos inflamados. O sentimento geral era de um repeteco de agosto de 1961 e da resistência democrática.  Mas não surgiu um novo governador Brizola, não teve voz uma nova Campanha da Legalidade. 
No dia seguinte dessa longa noite, chego cedo à Faculdade de Direito e me dou com algo que semelhava uma festa. Os companheiros comemoravam o levante do general Mourão, porque, diziam, era o que “o gal. Brasil esperava para cortar a cabeça dos golpistas”. Achei mais prudente ir à casa do governador. Era fundamental obter informações. Lá o encontrei pressionado por uma delegação de empresários que cobravam uma declaração sua de apoio ao golpe e promessa de repressão a qualquer agitação popular. Imperturbável, Virgílio, coronel do exército, repetiu não poucas vezes que seu papel era o de garantir a ordem, o que faria. Depois se soube que oficiais do 23º Batalhão de Caçadores, que seria o centro da repressão, trabalhavam naquele transe pela sua cassação. Mas o governador era sobrinho do Marechal Juarez Távora. 
Finda a pressão dos endinheirados, ficamos ali, alguns políticos e auxiliares diretos do governador. Tentando recuperar o ânimo enquanto via diante de mim o desmoronamento de um sonho que até há pouco tínhamos como realizado, virei-me para meu amigo deputado Pontes Neto, um quadro de escol, e comentei, querendo ser otimista, mas carente de convicção, e ao mesmo tempo em busca do que quer que fosse que me tirasse das previsões pessimistas que me assaltavam:  “- Pontes, isso é como um mandato que nos foi tomado. Em cinco anos tudo volta ao seu leito...” “- Não... - respondeu o sábio parlamentar - isso é coisa para dez a quinze anos”. Pontes seria um dos primeiros presos. Com o peso da realidade me oprimindo, tomei o rumo que as circunstâncias me permitiam, mas até minhas mãos chegou, na manhã seguinte, o jornal O Estado, com meu retrato na capa ao lado do deputado Moisés Pimentel, “empresário progressista”, em um encontro com camponeses promovido pelo Círculo Operário Católico, e a legenda: “Comunista até no gabinete do governador”. Ficou claro para mim que o alvo era o governador, e tive tempo para entender que Fortaleza ficara muito pequena. Logo chegaram os idos de abril, que pareciam não ter fim  pois não nos deixavam  uma só fresta para contemplarmos o horizonte. Nossas dores falavam de dias luciferinos, e falavam claramente as imagens de Gregório Bezerra, espancado, torturado, seminu sendo arrastado, corda no pescoço, exibido como presa de carniceiros pelas assustadas ruas do Recife.  Depois, muito depois, seriam as histórias de Mário Alves, nosso dirigente (torturado até a morte nas dependências da Polícia do Ex;ercito, no Rio de Janeiro), e do menino Stuart Angel (trturado até a  orte nas dependência da Base Aerio do Galeão. 
 Dois saudosos amigos, Luciano Magalhães e Aquiles Peres Mota, percorriam de carro as saídas de minha cidade. 
 

***

O 31 de março segundo Almino Afonso-  Um dos livros mais instigantes e informativos sobre o golpe é o 1964, na visão do ministro do trabalho de João Goulart, da autoria de Almino Afonso, parlamentar, jurista e advogado de primeira água. Bem editado, foi pessimamente comercializado, e assim não obteve a repercussão merecida. Documenta  a abulia do governo, e a farsa em que sempre se constituiu o dispositivo militar do Gal. Brasil, Chefe da Casa Militar do Presidente. Leitura sempre indispensável, e mais do que nunca preciosa nesses 60 anos da instauração da mais longeva e brutal ditadura militar brasileira.
Marielle Franco - Com as prisões efetuadas no último domingo, 24/03, vem à tona o grau de desintegração institucional do Rio de Janeiro, já por muitos comentada, e ganha impulso o desnudamento da trama que levou ao assassinato brutal da vereadora e seu motorista, em 2018. Diante de indícios de que as motivações do crime não se circunscreveram a questões paroquias, e seu planejamento pode ter envolvido figuras estreladas da República, surge a pergunta: até onde irão as investigações?


* Com a colaboração de Pedro Amaral