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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
1679) Caças versus Programa da Fome: escolha suas preferências
Lula sinaliza que concluirá ainda neste ano compra de aviões-caça
MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília, 13.01.2010
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou na noite desta quarta-feira que deixará para seu sucessor resolver sobre a compra de 36 aviões-caças para renovar a frota da FAB (Força Aérea Brasileira). O presidente afirmou que a demora para em fechar a negociação é porque o negócio leva em consideração a soberania nacional e não apenas o preço das aeronaves.
"Pode ser esse ano, obviamente que não posso deixar [para o próximo governo]. O governo passado já deixou para mim. Quando entrei em 2003 tinha que tomar essa decisão, mas acontece que eu tinha que escolher ou combater a fome ou comprar avião e eu preferi combater a fome no país. Por isso, que não dei prioridade", disse.
O presidente rebateu as críticas de que o governo estaria optando pela aeronave francesa, que é considerada a proposta mais cara. "Essa questão do caça não é uma questão comercial comum, não é um acordo eminentemente econômico, vou comprar um porque é mais barato, estamos tentando mostrar para a sociedade brasileira que estamos discutindo a soberania do nosso país, inclusive a tecnológica. Obviamente, que entra a questão do custo e as propostas estão colocadas em cima da mesa e o ministro [Nelson] Jobim [Defesa] tem a determinação de fazer as discussões com quem deva fazer até que a gente construa uma coisa que vai caminhar para os finalmente", afirmou.
A Aeronáutica entregou na semana passada o relatório final com avaliação técnica e manteve o ranking antecipado pela Folha para a compra dos 36 caças por até R$ 10 bilhões: o Gripen NG em primeiro lugar, o F-18 da Boeing norte-americana, em segundo, e o Rafale, da Dassault francesa, em terceiro. O francês é o preferido de Jobim e de Lula, que defendem negócio com a França porque o país é seu "parceiro estratégico", com o qual assinou grande acordo militar em 2009.
Lula disse ainda que está preocupado em fazer o melhor negócio porque o país alcançou outro patamar. "Mas agora o Brasil ganhou outro perfil. Além da Amazônia poderosa, com relevância no mundo pela questão climática, temos a nossa amazônia azul: são 8.000 quilômetros de costa marítima e ainda com o pré-sal lá dentro. Portanto, aumenta muito a nossa responsabilidade para cuidar dos interesses nacionais. Agora, queremos nos transformar em uma nação grande economicamente, tecnologicamente e em uma nação que tenha no âmbito da defesa o tamanho da própria importância da nação brasileira. É assim que a gente vai agir", disse.
O presidente reafirmou que ele dará a palavra final, mas sugeriu que pode ouvir o Conselho de Defesa nacional e o Congresso. "Vou contar uma coisa: o único que ficou em silêncio até a gora foi eu. E fiquei em silêncio porque sou eu quem tenho o poder de decidir e quem tem esse poder tem mais responsabilidade, não fala o que quer, fala o que pode. Portanto, disse hoje ao ministro da Defesa que ele vai apresentar um relatório e que a partir disso tomarei a iniciativa de convocar o Conselho de Defesa, poderei tomar a iniciativa de provocar um debate no Congresso Nacional", afirmou.
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