O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Protegendo a Inteligencia Nacional: estrangeiros querem extingui-la...

Ufa! Ainda bem que o governo está sempre atento aos perigos que vêem de fora. Pode ser qualquer coisa: bens tangíveis e intangíveis.
Entre os primeiros se encontram essas porcarias de automóveis estrangeiros, que ademais de todos os seus acessórios e inovações, ainda têm a petulância, vejam só, de entrarem mais baratos que os carros nacionais. Entre os segundos, estão ideias malucas, totalmente incompatíveis com a segurança da inteligência nacional (e o nosso bem-estar, por tabela).
Perdão, quem disse essa tremenda ofensa ao orgulho nacional de que carros estrangeiros têm essa capacidade inaceitável de, mesmo vindo de longe, custarem mais barato do que os superiores (ainda que mal equipados) carros nacionais, não fui eu, mas o nosso inteligente Ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior -- como é mesmo o nome dele? -- para quem essa concorrência desleal constitui um atentado à soberania nacional.
Imaginem se o governo, sempre atento ao nosso bem-estar, iria permitir esse crime contra o bem-estar dos brasileiros, sobretudo se esses brasileiros forem os donos das montadoras, e a valorosa classe de trabalhadores metalúrgicos sindicalizados.
Eu também acho que o governo precisa proteger a inteligência nacional de importações clandestinas e de ideias perigosas: imaginem vocês se algum economista imperialista começar a divulgar aqui ideias sobre o livre comércio, propostas de baixa taxação para estimular o consumo, abertura econômica, para estimular a concorrência e a inovação tecnológica, doutrinas altamente perniciosas para a tranquilidade intelectual dos brasileiros.
Imginem vocês se um desses economistas dissesse ao governo que, em lugar de aumentar o IPI dos carros em geral, ele abaixasse o IPI dos carros aqui fabricados? Que horror! Nosso consumidor ficaria tentando a comprar mais carros, aumentando as pressões inflacionárias e tudo o mais. Isso não pode, e está certo o governo que se preocupa também com a inflação. Ufa! Ainda bem que o governo anda lutando contra a inflação por todos os meios.
Por isso mesmo devemos todos apoiar o governo nas medidas que ele vem tomando para tornar mais caros os automóveis estrangeiros (e de tabela, também, os nacionais, mas isso é por puro acaso), devemos todos pedir que o governo vá além, e proíba também ideias perigosas como as acima expostas, ou que pelo menos adote um imposto de importação contra ideias fora do lugar, como essas propostas neoliberais que querem apenas impedir nosso desenvolvimento industrial.
Queremos mais Ha-Joon Chang e menos Adam Smith, mais Raul Prebisch e menos John Stuart Mill. Mais desenvolvimentismo, menos entrega do patrimônio nacional (o nosso mercado) aos estrangeiros barateiros (e sorrateiros).
Queremos mais economistas (e doutores de araque) da UniCamp, como o ministro da tal de C%T e "Inovation", que sabem como ninguém se precaver contra estrangeiros que só querem se aproveitar de nossas riquezas e vantagens (não comparativas, claro).
Por favor, ministro Mantega, ministro do MDIC (como é mesmo o nome dele?) e o tal da Unicamp, protejam a inteligência nacional, ela está em grave perigo de ser contaminada por ideias nefastas vindas do exterior, certamente de contrabando em carros importados....
Paulo Roberto de Almeida 



Governo eleva IPI e carro importado pode ficar até 28% mais caro


Montadoras terão de cumprir exigências de nacionalização e inovação para escapar do aumento de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Decisão afetará especialmente chineses e coreanos


Renata Veríssimo, Célia Froufe e Adriana Fernandes
Agência Estado, 15/09/2011 (19h04)

Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta quinta-feira, 15, que elevará em 30 pontos porcentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis e caminhões para as montadores que não cumprirem os requisitos que estão sendo estabelecidos hoje pelo governo. As montadores terão que utilizar no mínimo 65% de conteúdo nacional ou regional (Mercosul), investirem em pesquisa e desenvolvimento e preencherem pelo menos 6 dentre 11 requisitos de investimentos.  

Entre eles, Mantega citou montagem do veículo no Brasil, estampagem, fabricação de motores, embreagens e câmbio. O ministro disse que todas as empresas, em princípio, estão habilitadas, mas o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) terá 60 dias para certificar as montadoras que cumprirem os requisitos e, assim, manterem o IPI no patamar atual. "Para as empresas que preencherem os requisitos não muda nada", disse Mantega. "É uma medida que garante a expansão dos investimentos no Brasil, o desenvolvimento tecnológico e a expansão da capacidade produtiva no Brasil", completou. Mantega disse que a medida vale até dezembro de 2012.
Disputa
Mantega disse ainda que a crise internacional tem reduzido o número de consumidores de veículos no mundo, levando as montadoras a trabalharem com capacidade ociosa, o que tem levado à uma disputa de mercados. "O Brasil tem conseguido manter as vendas elevadas. Mas, hoje, o consumo está sendo apropriado pelas importações que estão acontecendo no País. Há um desespero. O consumidor está sofrendo assédio do produto internacional", disse Mantega para justificar a adoção das medidas anunciadas hoje para o setor automotivo. "Nós corremos o risco de exportarmos emprego para outros países", completou.

Mantega disse que o governo ficou preocupado também com as notícias de que a indústria automotiva está aumentando os estoques nos pátios e dando férias coletivas. "Essas medidas vão dar condições para que a indústria que gera emprego e inovação tecnológica continue se expandindo. O mercado brasileiro deve ser usufruído pelas empresas brasileiras e não pelos importados", afirmou Mantega.

Indústria externa de automóveis terá que investir, diz Mercadante

Segundo o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação novo regime não impede a entrada de importações, mas gera condições para aumentar competitividade do produtor brasileiro

15 de setembro de 2011 | 19h 17

Renata Veríssimo, Célia Froufe e Adriana Fernandes, da Agência Estado
BRASÍLIA - O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, afirmou nesta quinta-feira, 15, que o novo regime automotivo não impede a entrada de importações, mas gera as condições para que o produto brasileiro seja competitivo em relação aos importados. Ainda segundo ele, as empresas internacionais terão que investir se quiserem vir para o Brasil.
Segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, as medidas visam atrair empresas para produzirem no Brasil e não apenas para importarem.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, completou que as montadoras que estão fora do País poderão vir investir no Brasil e se habilitarem ao novo regime. Além disso, Mantega disse que o governo espera que as empresas já instaladas no Brasil continuem investindo e expandindo a produção.
Mercadante afirmou que elevação do IPI é medida de defesa dos empregos dos brasileiros e que o governo não ficará assistindo o "comprometimento da base produtiva manufatureira" nacional. Com a medida, destacou ele, o governo está aumentando o custo de carros produzidos em outros países e preservando o emprego no Brasil. O ministro afirmou que é um direito do consumidor comprar um carro importado, mas isso não pode ser feito às custas de demissão de trabalhadores e aumento da fila do desemprego.
Mercadante afirmou que o aumento do IPI também é uma importante sinalização para o mercado de automóveis no mundo. Quem quiser se aproveitar do patrimônio do mercado consumidor brasileiro, terá que vir para o Brasil com tecnologia. "Mesmo porque, lá fora não tem muitas opções", ressaltou Mercadante. Ele disse que a medida é criativa nesse cenário atual internacional adverso. O ministro informou que a ação já contempla um "pequeno compromisso" das empresas em pesquisa e desenvolvimento.
"Vamos aprofundar. Não é o fim do caminho. Mas é um passo decisivo para nova trajetória", afirmou.
(Texto atualizado às 19h48)

Nenhum comentário: