O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Sobre o ufanismo do PIB e ranking mundial - Brasil desce, sobe, desce novamente, sobe um pouco...

Existem mentiras, malditas mentiras, e estatísticas, dizia um gozador, talvez Mark Twain...
Isto apenas para dizer que não se deve confiar totalmente nos números.
Quando uma fundação inglesa avisou, poucas semanas atrás, que o Brasil tinha acabado de passar o Reino Unido em termos de PIB, uma onda de ufanismo patrioteiro se alastrou em diversos setores do governismo ingênuo: não faltou quem predisse que logo seríamos a quinta potência econômica mundial, ou seja, ultrapassando a França, que também patina no crescimento.
Expressões contábeis de taxas de câmbio são sempre voláteis e incertas, como sabem aqueles que lidam com dados econômicos, uma vez que qualquer movimento para cima ou para baixo altera radicalmente a posição de um ator econômico.
Sabemos disso: antes da desvalorização de 1999, nosso PIB passava de 800 bilhões de dólares, para novamente cair a menos de 500, poucos meses depois...
Para não deixar muito iludidos aqueles que se entusiasmam com a atual sexta posição, colo aqui matéria enviada por um dos meus leitores, que confirma que tudo o que é sólido se desmancha no ar...
De Outubro de 2003...
Paulo Roberto de Almeida
01/10/2003 - 11h32

Brasil deve cair de 12ª para 15ª maior economia mundial


EDUARDO CUCOLO

da Folha Online


O Brasil está ficando para trás em relação às maiores economias do mundo. Segundo estudo da consultoria Global Invest, o país deve perder este ano três posições no ranking que mede a soma das riquezas (PIB) dos países e amargar a colocação de 15ª economia mundial, caso seja confirmada a previsão de crescimento abaixo de 1%.
Em 1998, o país ocupava a 8ª posição no ranking, mas nos últimos cinco anos foi ultrapassado por Canadá, Espanha (em 1999); México (em 2001); Coréia do Sul (em 2002); e agora deve perder posições para Holanda, Índia e Austrália.
Segundo o economista Alexsandro Agostini, um dos responsáveis pelo levantamento, a queda do Brasil no ranking se deve ao baixo crescimento da economia nestes anos --uma média de 1,49% ao ano-- e à desvalorização do real frente ao dólar, já que o valor do PIB é convertido de uma moeda para outra na hora da comparação.
Ele afirmou que os números derrubam o mito de que o Brasil seria a 8ª ou 10ª economia do mundo. "O Brasil foi o país que mais perdeu posições no ranking", disse Agostini.


Crescimento "pífio"
A estimativa para 2003 --a maior queda no ranking no período estudado-- está baseada nos dados do PIB brasileiro no primeiro semestre do ano divulgados ontem pelo IBGE, de R$ 711 bilhões, e na estimativa de que as somas das riquezas no ano cheguem a US$ 467 bilhões. Em 1998, o PIB era de US$ 788 bilhões.
"Em 2003, o cenário permite projetar um crescimento pífio da economia, que é insuficiente para acompanhar o desempenho dos demais países", afirmou.
O peso da economia brasileira entre os 15 maiores PIBs do mundo caiu quase pela metade neste período, segundo o levantamento, passando de 3,3%, em 1998, para 1,7% em 2003.
Nestes anos, o país sofreu com uma série de crises internas e externas, que contribuíram para drenar as riquezas do país. Mesmo com a desvalorização do real em 1999, o país ainda conseguia se manter entre as dez maiores economias. Mas a redução do crescimento, agravada pelo racionamento de energia e efeitos da crise argentina, além das seguidas desvalorizações do real a partir de 2001, fizeram com que o país fosse ultrapassado no ranking.
Segundo ele, para voltar ao grupo das dez maiores economias, o Brasil teria de crescer a taxas de 3,5% ao ano e ainda contar com uma valorização da moeda.


EUA
Um exemplo de país que seguiu uma trajetória totalmente oposta à do Brasil é a China, que em 1998 estava apenas uma posição na frente (7ª), se manteve entre o 6º e 7º lugar nos anos seguintes, mas para sustentar a posição cresceu o equivalente a um PIB brasileiro.
A maior potência mundial continua sendo os EUA, que viram suas riquezas crescerem de US$ 8,7 trilhões para US$ 10,9 trilhões no período.
Leia mais


  • Veja o ranking das maiores economias do mundo
  • PIB atinge R$ 711 bilhões no primeiro semestre
  • Entenda o que é PIB e como é feito seu cálculo
  • Nenhum comentário: