Entrevista
de Joaquim causa polêmica no Itamaraty
Acusado de discriminação racial pelo presidente do Supremo Tribunal
Federal, Ministério das Relações Exteriores diz ter ações afirmativas para
combater racismo
Opinião e Notícia, 30/07/2013
“Fui discriminado, mas me prestaram um favor", disse Joaquim
As declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal,
ministro Joaquim Barbosa,
que reportam racismo em concurso no Itamaray, causaram polêmica no Ministério
das Relações Exteriores e na diplomacia brasileira. O ministro disse sofrer
perseguição por ser negro e ter sido eliminado pela instituição injustamente,
após passar na prova escrita. “O Itamaraty é uma das instituições mais
discriminatórias do Brasil”, afirmou Joaquim em entrevista a Miriam Leitão, que
o jornal O Globo publicou no domingo (28). “Fui
discriminado, mas me prestaram um favor. Todos os diplomatas gostariam de estar
na posição que eu estou. Todos”. Reservadamente, diplomatas consideraram
“injustas” as críticas de Joaquim Barbosa.
Na noite de segunda-feira (29), o porta-voz do Itamaraty, o
embaixador Tovar Nunes, disse aoCongresso em Foco que
não comentaria as declarações por serem de caráter pessoal. Mas destacou as
políticas de combate à discriminação existentes desde 2002 no órgão. “Esse
esforço todo não vai parar por aí. Esse esforço foi feito, é preciso
reconhecer”, disse ele, por telefone.
Tovar disse que ainda não há uma quantidade de mulheres e
afrodescendentes desejável no Itamaraty. Por isso, o ministério executa ações
afirmativas como a realização de cursos e entrega de materiais didáticos para
afrodescendentes que se preparam para o concurso do Instituto Rio Branco. No
concurso, há uma cota para negros. Segundo Tovar, o dia a dia do ministério é
marcado por uma “preocupação” em combater toda forma de discriminação étnica,
regional ou sexual. “Nosso desejo não é criticar quem quer que seja”, destacou
o porta-voz.
Tribunal na praia
Não é a primeira polêmica em que Joaquim Barbosa é envolvido.
Neste ano, ele divergiu asperamente dos presidentes das associações de juízes,
que defendiam a PEC para criar quatro tribunais regionais federais. Em seu
gabinete, o ministro disse que os juízes fizeram
uma negociação “sorrateira” com parlamentares para aprovar
tribunais em “praias” e “resorts”. As declarações causaram furor do relator da
PEC, senador Jorge Viana (PT-AC).
Em março, Joaquim mandou um repórter do jornal O Estado de S. Paulo “chafurdar no lixo”. Depois,
seu secretário de Comunicação pediu desculpas ao jornalista em nome do
ministro. Na entrevista de domingo, ele voltou a abordar o assunto. “É um
personagem menor, não vale a pena, mas quando disse isso eu tinha em mente
várias coisas que acho inaceitáveis. Por que eu vou levar a sério o trabalho de
um jornalista que se encontra num conflito de interesses lá no tribunal?”,
questionou, referindo-se ao fato do jornalista ser casado com uma funcionária
do STF. “Todos nós somos titulares de direitos, nenhum é de direitos absolutos,
inclusive os jornalistas. Afora isso tenho relações fraternas, inúmeras com
jornalistas”, arrematou Joaquim.
Antes, em 28 de
fevereiro, o ministro disse que os juízes têm uma cultura “pró-impunidade”, ao
contrário dos membros do Ministério Público, que teriam um sentimento de
contestação ao status quo (veja a íntegra da
entrevista). As declarações causaram o repúdio das
associações de juízes, que acusaram Joaquim de não saber diferenciar a
responsabilidade das funções dos magistrados, que devem buscar o julgamento
justo, do papel dos procuradores, que têm o dever de apontar aquilo que
consideram irregular.
Um comentário:
Bom saber que embaixador Tovar Nunes diz que o interesse do Itamaraty “é não criticar quem quer que seja”.
Assim, os diplomatas que são contra essas políticas discriminatórias absurdas, políticas que fazem de negros eternas vítimas, com fracassos comprovados mundo afora, tal qual constatado meticulosamente por Thomas Sowell,não poderão ser criticados também... Ou não?
Abraços, professor.
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