Como teria sido Merquior ministro das Relações Exteriores, um chanceler da inteligência, um diplomata da cultura universal?
Ofereci minha opinião no parágrafo final de meu longo ensaio sobre sua obra de sociologia política:
(...)
“Teria Merquior sido um grande chanceler para o Brasil? Provavelmente sim, mas creio que o Itamaraty seria muito pequeno, e muito burocrático, para ele. No cargo, poderia ter reformado rituais e comportamentos do estamento diplomático, num sentido iluminista, liberal e liberista; mas ainda assim, isso seria pouco para o seu espírito libertário.
O que ele teria feito, certamente, seria iluminar com a sua notável inteligência os métodos e os objetivos de trabalho, colocando a razão, e o sentido da História, acima de quaisquer outras conveniências conjunturais, o que provavelmente teria provocado resistências burocráticas, corporativas e de grupos de interesse econômico.
Seria tolerante com os pecados menores de uma burocracia tradicional como o Itamaraty, mas teria deixado uma marca indelével na instituição.
Para repetir sua tese na London School, inauguraria um período de “burocracia carismática” na velha Casa de Rio Branco, o que talvez a tivesse transformado para sempre, inaugurando novos padrões de inteligência. Vários colegas, dotados do mesmo espírito, mas hoje cingidos pelas regras sacrossantas da hierarquia e da disciplina, partilhariam e apoiariam tais intenções.
Teria sido divertido...”
O ensaio completo está na brochura José Guilherme Merquior: um intelectual brasileiro, que tornei disponível neste dia do diplomata de 2021.
Procurem na minha página da plataforma Academia.edu (seção Varia), ou no blog Diplomatizzando.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20/04/2021
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