Confissão de desalento ante o inevitável
Paulo Roberto de Almeida
Não espero mais que o estamento político patrimonialista e corrupto corrija as deformações por ele mesmo criadas em torno do uso dos recursos públicos e se dedique a pensar os desafios da nação, além e acima do foco nos seu próprios interesses paroquiais e individuais.
Estamos nos encaminhando para um novo “curral eleitoral” em outubro, com a maioria do eleitorado focada nos dois grandes mentirosos, enquanto os “espertos” cuidam da representação proporcional, aquela que vai continuar a extorsão dos recursos públicos via deformações já criadas (os dois fundos, partidário e eleitoral, e as muitas emendas extorsivas, que dispensam parcialmente o apelo ao caixa 2).
O estamento político, inclusive ao se proteger de processos investigatórios e coibir a atuação da Justiça, está conseguindo criar uma clase de inimputáveis e impunes legais, consolidando a vergonha que já é a existência de duas categorias de cidadãos: os “normais” e pagadores de impostos, e esse estamento de mandarins do Estado dotados de mais privilégios do que os aristocratas do Ancien Regime.
Não creio que a sociedade tenha se apercebido de que está sendo subtraída em tenebrosas transações entre os próprios políticos, num total distanciamento dos problemas reais da população: desemprego, inflação, fome, insegurança pública, carência de serviços públicos em setores cruciais da vida dos cidadãos, em saúde, educação, transportes, saneamento básico, etc.
Tampouco acredito que essas distorções sejam equacionadas no futuro previsível.
Sorry por ser realista…
Paulo Roberto de Almeida
Brasilia, 30/04/2022
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