A IMENSA riqueza contida nas bibliotecas especiais do Itamaraty: algumas fotos parciais
o "patrono" da Biblioteca do MRE
Paulo Roberto de Almeida
Os que me conhecem sabem que eu me descrevo, desde muito, como um "rato de biblioteca", literalmente, expressamente, deliberadamente. Sempre conversei com bibliotecárias para percorrer as estantes internas das bibliotecas que eu frequentei, com destaque para a do Instituto de Sociologia da Universidade Livre de Bruxelas (a do Instituto, não a central, inacessível), onde estive por quatro anos, de 1971 a 1975. Depois, passei a percorrer a do Instituto Rio Branco (onde NÃO estudei, mas dei aulas) e, sobretudo a central do Itamaraty, descendo ao subsolo do Bolo de Noiva para olhar eu mesmo os livros disponíveis, intermináveis.
Mas, uma coisa é pesquisar no catálogo, impessoal e rígido, outra é percorrer estantes, sempre organizadas segundo as classificações decimais igualmente rígidas, por vezes até irracionais, usadas há décadas nas bibliotecas acadêmicas. OUTRA COISA, muito mais agradável, é percorrer bibliotecas PESSOAIS, e descobrir pequenos e grandes tesouros, alguns com dedicatórias reveladoras. Aliás, revelo aqui que tive o imenso prazer, e a surpresa, de descobrir, percorrendo aquelas estantes indevassadas por décadas, um livro, a primeira obra dedicada ao exame do Budget Brésilien, escrito em 1849 pelo ministro belga no Rio de Janeiro e enviado ao Varnhagen em Madrid, em 1852, com uma bela dedicatória em francês, como o livro, um grosso volume de proproções razoáveis. A surpresa é que o livro NUNCA tinha sido aberto, pois tinha as páginas coladas (in octavo, suponho) e fui o primeiro a percorrê-las em 150 anos.
Bem, digo tudo isto pois minhas visitas às bibliotecas pessoais de doadores de suas coleções à Biblioteca do Itamaraty contemplam todas as surpresas esperadas e não esperadas pelos bibliófilos terminais como este que aqui escreve.
Vou postar algumas fotos de algumas dessas bibliotecas, mas convido a todos a uma visita.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 12/12/2024
Biblioteca de Jayme Azevedo Rodrigues, a mais atraente para os que se dedicam às relações econômicas internacionais e política internacional na era da Guerra Fria.
Agora a coleção do Miguel Ozório de Almeida, filho de um famoso cientista do início do século XX, e que tem uma biblioteca voltada basicamente para a economia e questões de desenvolvimento econômico.
Passo para uma das bibliotecas mais ricas do ponto de vista das relações exteriores e da diplomacia brasileiras, pois que feita pelo Mario de Pimentel Brandão, embaixador em postos de importância e ministro interino durante o Estado Novo, "sobrevivente" até a República de 1946. Para os fanáticos pela história diplomática...
Ronald de Carvalho possui uma das mais ricas coleções de literatura brasileira e estrangeira, com preciosidades e raridades, talvez a segunda maior biblioteca de todas as particulares.
O chefe de Samuel, o mais longevo chanceler da República, e atual assessor presidencial de Lula 3 em assuntos internacionais, chanceler virtual, possuidor de uma das bibliotecas mais ricas em assuntos correntes, basicamente de atualidade.
Chegamos à minha, ainda modesta, pois não constam ainda as centenas de livros sobre relações internacionais, Brasil, América Latina, economia internacional e história econômica.
Finalmente, chegamos à maior coleção de todas, a do embaixador Alvaro Teixeira Soares, ocupando dezenas de estantes de pura diplomacia brasileira, política externa dos países vizinhos, especialmente do Prata e um pouco de todos os demais assuntos que entram na vida dos grandes diplomatas, uma preciosidade.
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