AS
SOMBRAS DO DECRETO 8243/2014
O
PT quer sovietizar o Brasil, para viabilizar o socialismo em nosso País,
utilizando-se do mesmo roteiro que fez sofrer milhões de pessoas no Leste
Europeu do pós-guerra. O roteiro é o mesmo, com as sombras já conhecidas.
Hermes
Rodrigues Nery
A
releitura do capítulo "A construção da democracia popular", do livro
"Continente Sombrio - A Europa no século XX", de Mark Mazower,
reforça as inquietações sobre o projeto de poder do PT no Brasil (especialmente
após o decreto 8243/2014), que visa implantar aqui o que se tentou fazer no
Leste Europeu do pós-guerra, cujo roteiro bastante conhecido, traz graves
apreensões, especialmente pelas conseqüências que a história recente já
registrou, de triste memória.
No
pós-guerra, a União Sovietica autorizou a criação de partidos e sindicatos que
unissem as forças progressistas, de colaboracionistas com a ideologia marxista
que levassem a democracia popular ser capaz de fazer a revolução comunista
acontecer nos países destruídos pela guerra, transformados em satélites de
Moscou. "A democracia popular foi claramente identificada com a ditadura
do proletariado". Na Polônia, por exemplo, Mazower lembra o nome sugestivo
do partido criado lá para tais objetivos: Partido dos Trabalhadores. O
comunismo só avançaria com a "democracia popular" e não a chamada
"democracia burguesa ou de partido". Feito isso, os próximos passos
se tornaram conhecidos: os "julgamentos exemplares de figuras públicas
anti-soviéticas", e o aumento das tensões, que exigiu perseguições,
confinamentos, eliminação física inclusive dos descontentes.
A
democracia popular estaria a serviço do "regime monolítico"
determinado por Moscou. Inicialmente, coalizações foram feitas "para
encobrir o controle comunista", mas depois, prevaleceu o pragmatismo das
forças totalitárias. E o comunismo só tomou força e avançou, por causa da
fraqueza e falta de coesão de muitos partidos, e também das forças
conservadoras, sempre divididas, atônitas, acuadas, assustadas. Não foi possível
agregar a resistência, por causa justamente da tibieza das lideranças.
Políticos liberais e católicos principalmente hesitavam em fazer oposição
quando podiam, e muitos vergonhosamente se acomodaram à nova situação, como
colaboracionistas.
Mazower
ainda conta que "a cultura, a educação e os meios de educação (...)
estavam sob o domínio de Moscou". E mais: a polícia e o funcionalismo em
geral se tornaram reféns dos comunistas. Muitos se curvaram à nova realidade e
também passaram a colaborar, porque queriam mesmo era garantir seus empregos.
Os que resistiram, foram expurgados. "Julgamentos exemplares
converteram-se em demonstração visível de lealdade ao partido". E com a
retórica da "democracia popular", os comunistas foram intimidando
cada vez mais. "Só na Tchecoslováquia foram realizados julgamentos maciços
de ex-socialistas, católicos e social-democratas". Muito tarde se percebeu
no que resultou os serviços prestados pelas "democracias populares"
naqueles países subjugados: o terror stalinista.
É
claro que houve resistência, mas "a maioria dos presos foi mandada para os
campos de trabalho (...) O trabalho tornou-se um castigo e também um meio de
redenção, um direito e um dever por meio do qual os inimigos do 'proletariado'
poderiam reintegrar-se à sociedade para participar da grande Construção
Socialista". E enquanto tudo acontecia, a máquina publicitária funcionava
com vigorosa propaganda, para não alardear tanto, no lado ocidental da Europa,
os horrores ocorridos nas "democracias populares". E mais terrível
ainda foi a obcessão pelo "controle da terra pelo Estado", que gerou
rebeliões camponesas: "os esforços do partido para subjugar os
trabalhadores rurais pelo terror geraram uma inquietação generalizada". Na
Romênia, houve pelo menos oitenta mil processos e deportações de camponeses,
"30 mil em humilhantes julgamentos exemplares. Outros tiveram suas casas
saqueadas pela milícia, a produção e o gado requisitado, sua família espancada
ou ameaçada. Na Hungria milhares de agricultores definharam em campos de
internamento, enfraquecendo ainda mais a economia rural". A coletivização,
com a forma socialista de "fazenda coletiva ideal" gerou traumas e
grandes rejeições. mesmo os que escaparam de lá se viam também com outros
problemas agudizantes: "milhões de jovens camponeses apinhavam-se nas
cidades, e os regimes tentavam resolver a iminente falta de moradia,
desalojando proprietários 'burgueses'". Nas cidades tchecas ocorreram
"expulsões maciças" desses "inimigos sociais". Medidas
foram criadas "contra indivíduos socialmente perigosos". E mais:
"As vítimas iam engrossar os exércitos de escravos usados em projetos
grandiosos, como o canal Danúbio-Mar Negro (que envolveu 40 mil prisioneiros).
Atrás das cercas de arame farpado eles viviam a céu aberto até conseguir erguer
abrigos de junco e cavar poços de água. A escassez de alimento e as precárias
condições de higiene levaram muitos ao suicídio".
E Mazower prossegue
com o relato:
"Até os
trabalhadores comuns - supostamente a classe favorecida da nova ordem - sofriam
restrições e pressões inesperadas. 'lutar sem trégua contra os inimigos dos
proletários' - como o Partido Romeno se comprometera a fazer - significava
atacar a própria força de trabalho. As autoridades não só proibiram greves e
paralizações como restringiram a mobilidade da mão-de-obra e tentaram acabar
com o 'absenteísmo'. na Bulgária, o 'abandono arbitrário' do emprego era
punível com 'serviços corretivos'. os trabalhadores tinham de se registrar na
polícia local para obter carteiras de identidade e profissional e corriam o
risco de ser processados por 'violações da disciplina'. Além disso,
agastavam-se com a falta de aumento salarial e incentivos convincentes, com o
baixo padrão de vida, a escassez de alimento e de outros bens de consumo, as
normas cada vez mais rígidas de 'sabotadores' e 'agentes'. Não podiam, porém,
rebelar-se abertamente; tinham de policiar-se, sendo os sindicatos extensões do
Estado".
Este é, portanto, o
panorama sombrio que se descortina com o decreto 8243/2014, entre nós. O PT
quer sovietizar o Brasil, para viabilizar o socialismo em nosso País,
utilizando-se do mesmo roteiro que fez sofrer mihões de pessoas no Leste
Europeu do pós-guerra. O roteiro é o mesmo, com as sombras já conhecidas. Por
isso nos posicionamos de modo inequívoco pelo "não" a isso. Queremos
o Brasil livre e desenvolvido, a nação pujante, cujo gigante não pode ficar
agrilhoado como quer o governo do PT. Por isso é hora de fazer ressoar com
vigor o nosso hino: "Ou
ficar a Pátria livre / Ou morrer pelo Brasil".