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sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Mini-reflexão sobre a condição de professor - Paulo Roberto de Almeida

 Mini-reflexão sobre a condição de professor 

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

  

Venho de uma família muito pobre, tanto materialmente, quanto educacionalmente. Meus avós, imigrantes europeus mais de um século atrás, vindos ao Brasil para trabalhar nas fazendas de café, de São Paulo ou do sul de Minas, eram perfeitamente analfabetos, e assim permaneceram até o fim de suas vidas. Meus pais tiveram uma educação primária interrompida pela necessidade de trabalhar, e assim não tinham nenhum certificado de ensino, embora soubessem ler e escrever; o fato é que não havia livros em minha casa. Eu mesmo tive de começar a trabalhar muito cedo, mas muito cedo mesmo, para ajudar numa casa que se equilibrava entre a penúria e a pobreza. Enfim, as perspectivas de vida não eram muito promissoras na primeira infância, e o futuro profissional teria sido provavelmente construído a partir de um domínio vinculado a alguma atividade ou ocupação manual. 

O que fez a diferença, no caso creio que absoluta, foi a existência, no nosso modesto bairro do sul da cidade de São Paulo, antes chamado de “chácara Itaim”, depois de Itaim Bibi, caracterizado por ruas de terra e muitos terrenos baldios, de uma biblioteca pública infantil, recentemente aberta em torno de meus cinco anos, ou seja, em meados dos anos 1950. Comecei a frequentar a biblioteca Anne Frank dois anos antes de aprender a ler, o que se refletia em atividades puramente reativas, jogos, revistas infantis pelas ilustrações e, o que me dava mais prazer, os filmes que eram passados regularmente: Os Três Patetas, Gordo e Magro, Roy Rogers, Tarzan, Oscarito e Grande Otelo, Zorro, e sobretudo os desenhos animados dos anos 1950, Looney Tunes, Disney e outros. Foram momentos de felicidade na primeira infância, em meio à vida austera da pequena casa em construção numa pequena rua do final da Avenida Imperial (futura Av. Horácio Lafer), abaixo da Avenida Iguatemi (futura Av. Faria Lima).

Assim que aprendi a ler, na tardia idade de sete anos, passei a ler todos os livros, ou quase todos, que chamavam minha insaciável atenção. A enorme felicidade era constituída pelo fato de que os livros se espalhavam pelas paredes de uma enorme sala de leitura, sendo que uma outra sala adjacente, eles estavam em estantes de ferro. Eu podia então percorrer todas as estantes, e a única recomendação das bibliotecárias era que não repuséssemos os livros nas estantes, mas os deixássemos numa mesa, para serem guardados por elas. Já adulto, e contando com um daqueles primeiros computadores portáteis, percorri novamente aquelas estantes e anotei febrilmente títulos e autores que preencheram minha infância: infelizmente, essa notação se perdeu, e quando voltei à biblioteca, muitos anos depois, tudo tinha sido renovado, e “meus livros” desapareceram. Lembro-me de Monteiro Lobato, evidentemente, praticamente todos os infantis (embora eu também lançasse os olhos sobre os “de adultos”, que não chegaram a me atrair antes da adolescência), mais aqueles de coleções seriadas: Emilio Salgari, Karl May (Winnetou), contos árabes de Malba Tahan e dezenas de outros que vou rememorar no devido tempo. Alguns desses já seriam leituras de adolescentes, e foram “enfrentados” já perto dos onze ou doze anos, quando passei a ter aulas integrais, no Ginásio Vocacional Oswaldo Aranha, entre 1962 e 1965. 

Até então, ou seja, quatro anos de primário e um de “admissão”, eram em regime parcial, estudos matinais, sendo que parte da tarde era tomada por trabalho (pegador de bola de tênis em clube, ou empacotador de supermercado, por exemplo), ao lado da biblioteca e partidas de futebol ou outras brincadeiras na rua de terra. O que era excepcional na biblioteca é que quando ela fechava, em torno das 18hs, eu podia levar dois ou três livros para ler em casa, um a possibilidade a que inapelavelmente eu recorria de modo sistemático. Passava então parte da noite lendo esses livros na cama, até que a ordem materna vinha para apagar a luz, por necessidade de economia. Ao sair do ginásio e ingressar no colegial noturno, curso “clássico”, comecei a trabalhar regularmente durante o dia, como “office-boy” numa empresa estrangeira do centro de São Paulo, e aproveitava as saídas a trabalho para ingressar rapidamente nas bibliotecas disponíveis: a Municipal Mário de Andrade, a da Faculdade de Direito da USP, no Largo de S. Francisco, a da Confederação Nacional do Comércio, no Vale do Anhangabaú e a mais longínqua da USIA, junto ao Consulado americano na Avenida Paulista. Havia ainda a mal localizada da “associação cultural” Brasil-Estados Unidos, numa paralela da Av. 9 de Julho e devo estar esquecendo algumas outras. Em todas elas, eu me inscrevi para retirar livros e ler em casa, ou nas viagens de ônibus, a caminho do trabalho. 

Ao preparar-me para os vestibulares na USP – não para Direito, como desejava a família, mas para o curso de Ciências Sociais, de cujos professores eu já tinha lido os livros mais importantes –, eu comecei a dar aulas gratuitas para candidatos à universidade, sem que eu disponha agora das referências exatas dessa atividade, para especificar tempo e lugar: apenas me lembro que era em uma sala de colégio. Meu ingresso em Ciências Sociais da USP se deu naquele ambiente conturbado da “batalha da Maria Antônia”, quando, em outubro de 1968, a “extrema-direita” do Mackenzie atacou, de maneira selvagem, a “esquerda” da Fefelech, a conhecida Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP; fomos rapidamente deslocados para os “barracões” da Cidade Universitária, onde comecei os estudos no início de 1969. As boas perspectivas de estudar com os grandes professores do curso, os mestres da Escola Paulista de Sociologia – Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardos, Octavio Ianni, entre outros – foram brutalmente cortadas pouco depois, quando esses e muitos outros professores foram compulsoriamente aposentados pelo Ato-5 da ditadura militar, contra a qual eu já vinha protestando nas ruas desde os tempos do colegial. Sem pretender estender muito este relato prévio à minha carreira de professor, apenas confirmo que, a partir desse momento, decidi sair do Brasil, não apenas por qualquer desilusão com respeito à “cassação” dos meus professores, mas também em consideração a questões de minha própria segurança pessoal, uma vez que estava vinculado a grupos de resistência à ditadura militar (no espaço de pouco mais de um ano passei por três deles, em razão dos sucessivos fracionamentos desses grupos, já praticamente acuados pela repressão brutal). 

Os quase sete anos passados em autoexílio na Europa – retomada da graduação em Ciências Sociais, mestrado em Economia e início de um doutoramento, ainda em Ciências Sociais – me confirmaram num futuro profissional decididamente acadêmico, o que me decidi a iniciar ainda antes de terminar o doutoramento. A volta ao Brasil trouxe, porém, uma surpresa: imediatamente após ter iniciado minha carreira de professor, na área da Sociologia e da História Econômica, fui surpreendido pela abertura de concurso direto para a carreira diplomática, em meados de 1977, o que representou uma decisão de surpresa e não prevista. O ingresso na diplomacia for relativamente fácil, dada minha carga de leituras acumuladas, mas nunca abandonei a atividade paralela do magistério superior, o que finalmente empreendi assim que retornei de meus dois primeiros postos no exterior, com o doutorado concluído.

E assim foi feito, durante toda a duração da carreira diplomática, que agora decidi encerrar, praticamente de forma contínua, com as interrupções inevitáveis por saídas a serviço, mas com alguma atividade acadêmica nesses postos do exterior, ainda que de maneira ad hoc, ou temporária. Posso dizer que fui um professor que “esteve” diplomata durante quatro décadas, tanto é que colegas e chanceleres do Itamaraty costumavam me chamar de “professor”, não exatamente pelo cargo do momento, conselheiro ou ministro. Mesmo como embaixador (ou ministro de primeira classe), nunca objetei, até pedi, que me chamassem de professor, pois é esta minha verdadeira natureza, a primeira se ouso dizer. 

Concluo pela pergunta mais óbvia: por que, tendo uma carreira de relativo prestígio como a diplomacia, praticamente tranquila e satisfatória – inclusive no plano intelectual, pois este é o meu critério principal em qualquer atividade assumida –, decidi empreender e dar continuidade a uma segunda (talvez primeira) carreira que me impôs certo sacrifício pessoal e familiar, tendo em vista aulas noturnas, ocupação com preparação de matérias, correção de provas, orientação de alunos, participação em bancas, aceitação de convites para seminários (vários implicando viagens fora de Brasília) e diversos outros encargos decorrentes desse desafio voluntariamente assumido e perseguido por todos os anos, em paralelo à profissão principal, igualmente exigente (viagens em fins de semana, ausência em conferências e reuniões internacionais, etc.) e finalmente mais remuneradora? 

Se ouso responder pela postura mais simples, eu diria apenas que atendi a um apelo interno, aquele despertado em mim ainda quando criança ou adolescente, ao perceber que o aprendizado, o conhecimento, a capacitação pessoal era a única maneira de superar a antiga condição de pobreza e de ausência inicial de perspectivas mais promissoras de vida. Numa resposta mais elaborada, talvez autocongratulatória, seria o desejo consciente de devolver à sociedade, em geral, a brasileira em particular, tudo aquilo que recebi dessa sociedade nos primeiros ciclos de ensino e até o universitário (parcialmente pago, quando na Europa). Mas essa devolução não precisa de intermediários, de escolas ou faculdades, pois faço isso por minha própria conta, desde quando decidi iniciar o trabalho de ensino e orientação voluntária de alunos, via ferramentas sociais; as primeiras foram gratuitas, no Geocities ou algumas outras, depois paguei meu domínio para montar meu próprio site, no qual colocava à disposição de todos meus trabalhos sobre Mercosul, integração e os temas mais diversos de relações internacionais, política externa e história diplomática. 

O fato é que desde o final dos anos 1990 e criei meu próprio espaço de ensino, de comunicação, de divulgação e de interação com alunos e colegas acadêmicos, o que nunca mais cessou, apenas aumentou, desde então, por meio do site (www.pralmeida.org), de vários blogs (até afunilar no Diplomatizzando) e das outras ferramentas disponíveis. Em todos esses espaços de comunicação social, por meio da participação em inúmeros eventos em minhas áreas de especialização, tenho exercido minha primeira “profissão” – que eu diria que é apenas dedicação – de professor, ou de mestre, o que for melhor. 

Gostaria, neste momento, de agradecer a todos os meus alunos, sobretudo aqueles mais questionadores ou contestadores, pois foram eles que me obrigaram a aperfeiçoar meus argumentos, a duplicar minhas leituras, a preparar melhor as minhas aulas, textos e trabalhos diversos. Sou sinceramente agradecido, pois que são esses alunos que legitimam e testam a qualidade de minhas aulas e trabalhos, sem que eu dependa de qualquer cargo ou instituição para tal desempenho, pois que poderiam simplesmente, largar tudo isso e concentrar-me apenas na carreira diplomática, quaisquer que fossem as condições que enfrentei nesta última (supostamente a primeira), e elas foram em diversas ocasiões bastante desafiantes. Com efeito, não é segredo para os mais bem informados que, dada minha natureza contestadora, ou contrarianista – eu apenas falaria de uma postura de ceticismo sadio –, cheguei a enfrentar algumas “contrariedades” na carreira, geralmente em decorrência de publicações fora da “verdade oficial”, ou diretamente contrárias às posições do momento, o que resultou em algumas “punições” (telegramas relembrando as normas de discrição) por não respeitar os pedidos de autorização superior para publicar artigos (que nunca vinham, por sinal) e até num longo ostracismo, durante toda gestão lulopetista no Itamaraty. No horroroso governo atual fui exonerado do cargo que ocupava (para grande alívio da minha parte), e sofri retaliações financeiras, por atos que eu não hesitaria em classificar como assédio moral. 

Estou bem na carreira de professor e nela continuarei enquanto minhas forças e capacidade intelectual assim o permitirem, ou enquanto for requisitado bilateralmente por estudantes, pesquisadores ou colegas professores. Tenho tido bastante satisfação a partir dessas atividades, o que pode ser confirmado pelo volume da produção intelectual acumulada (enquanto escreve, constato que estou no trabalho n. 3.997, ao lado de mais de 1.400 já publicados, nos seus vários formatos), e pelos livros publicados, vários livremente disponíveis a partir de meu blog ou site. Meus trabalhos falam por si próprios, mas minhas aulas e o julgamento que se possa ter sobre elas dependem dos alunos que tive e que ainda terei. A palavra está com eles.

Muito obrigado a todos, o grande abraço acadêmico...

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 3997: 15 outubro 2021, 5 p.


sexta-feira, 20 de março de 2020

Um contrarianista na academia: mais recente livro de Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro, disponível em formato Kindle: 

3592. Um contrarianista na academia: ensaios céticos em torno da cultura universitária
      Brasília, 10-14 março 2020, 363 p. Livro preparado para edição própria. 

      Apresentação sumária no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/03/meu-proximo-livro-um-contrarianista-na.html); Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42265476/Um_contrarianista_na_academia_ensaios_c%C3%A9ticos_em_torno_da_cultura_universit%C3%A1ria); publicado em Edição Kindle (ASIN: ASIN: B08668WQGL; disponível no site da Amazon, Kindle Books; US$ 2,95, ou R$ 15,00; 

Ao lado da carreira diplomática, cujo exercício profissional se estende desde 1977, com passagens por grandes postos da diplomacia brasileira – Genebra, Paris, Montevidéu, Washington, entre outros postos –, o autor sempre se dedicou à carreira acadêmica, como professor universitário no Instituto Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores, na Universidade de Brasília e, mais recentemente, no Centro Universitário de Brasília (Uniceub), ademais de convites recebidos de universidades estrangeiras para curtos estágios de pesquisa ou de docência (Illinois, Sorbonne).

Esta obra reflete, portanto, a experiência adquirida no trabalho diplomático e o conhecimento advindo do estudo e pesquisa nas lides acadêmicas. Ela comporta quase três dezenas de ensaios e artigos escritos ao longo de uma década e publicados numa revista da área, a Espaço Acadêmico (textos revistos amplamente para a presente seleção dentre aqueles considerados mais “permanentes”). Entre 2001 e 2011, ao longo de 120 meses, publiquei um artigo por mês, ademais de resenhas ou notas diversas, tratando dos temas que estão indicados nas cinco partes em que dividi o livro: Brasil (história, economia, política e diplomacia), economia brasileira e internacional, globalização, questões estratégicas e ideias e cultura no âmbito acadêmico, justamente.

São textos que julguei dotados de validade analítica ou ainda de atualidade para um debate bem informado sobre cada uma dessas áreas de interesse intelectual. Alguns deles refletem esse ambiente de acirrado debate, entre representantes típicos do “progressismo universitário” e este escriba, que superou o marxismo juvenil em troca de um ecletismo intelectual fortemente embasado nas leituras de história e economia.

Um contrarianista na academia
ensaios céticos em torno da cultura universitária

Paulo Roberto de Almeida

Índice

Prefácio

Primeira Parte
Brasil: história, economia, política e diplomacia
1. O que Portugal nos legou? Um balanço de duzentos anos
2. Prometeu acorrentado: o Brasil amarrado por sua própria vontade
3. Pequeno manual prático da decadência
4. A grave crise da governança no Brasil
5. Os doze trabalhos da boa governança
6. Dez regras modernas de diplomacia

Segunda Parte
Economia brasileira e internacional: sucessos e fracassos
7. Dois casos de sucesso econômico: o anão irlandês e o dragão chinês
8. Colapso! Prevendo a decadência econômica brasileira
9. Uma verdade inconveniente: o medíocre crescimento do Brasil
10. O mito do colonialismo como causador de subdesenvolvimento
11. O mito do complô dos países ricos contra o desenvolvimento dos países pobres

Terceira Parte
Globalização: verso e reverso
12. A globalização e seus benefícios: um contraponto ao pessimismo
13. A globalização e seus descontentes: um roteiro sintético dos equívocos
14. A globalização “perversa” e as políticas econômicas nacionais

Quarta Parte
Questões estratégicas no cenário global
15. A OTAN e o fim da Guerra Fria: o novo cenário estratégico
16. O poder e a glória: assimetrias de poder no sistema internacional
17. As roupas novas do Império: 21 teses sobre o mundo americano
18. Um outro mundo possível: a Alemanha, antes e depois do muro de Berlim

Quinta Parte
Ideias, cultura, academia
19. Rumo a um novo Apartheid? Sobre a ideologia afrobrasileira
20. A cultura da esquerda: sete pecados dialéticos
21. Sobre a intolerância de fundo religioso
22. A economia política do intelectual
23. Estaria a imbecilidade humana aumentando?
24. A resistível decadência do marxismo teórico e do socialismo prático
25. Elogio da burguesia (com uma deixa para a aristocracia também)
26. A ignorância letrada: ensaio sobre a mediocridade acadêmica
27. Formação de uma estratégia diplomática: relendo Sun Tzu
28. Miséria da academia: uma crítica à academia da miséria


Apêndices
Lista de artigos publicados na Espaço Acadêmico
Livros publicados pelo autor 
Nota sobre o autor




Um contrarianista na academia: Ensaios céticos em torno da cultura universitária - livro de Paulo Roberto de Almeida

Meu livro mais recente: 




Um contrarianista na academia 
ensaios céticos em torno da cultura universitária 
PAULO ROBERTO DE ALMEIDA
Brasília
Edição Kindle
2020


Índice

Prefácio
Primeira Parte
Brasil: história, economia, política e diplomacia
1. O que Portugal nos legou? Um balanço de duzentos anos
2. Prometeu acorrentado: o Brasil amarrado por sua própria vontade
3. Pequeno manual prático da decadência
4. A grave crise da governança no Brasil
5. Os doze trabalhos da boa governança
6. Dez regras modernas de diplomacia

Segunda Parte
Economia brasileira e internacional: sucessos e fracassos
7. Dois casos de sucesso econômico: o anão irlandês e o dragão chinês
8. Colapso! Prevendo a decadência econômica brasileira
9. Uma verdade inconveniente: o medíocre crescimento do Brasil
10. O mito do colonialismo como causador de subdesenvolvimento
11. O mito do complô dos países ricos contra o desenvolvimento dos países pobres

Terceira Parte
Globalização: verso e reverso
12. A globalização e seus benefícios: um contraponto ao pessimismo
13. A globalização e seus descontentes: um roteiro sintético dos equívocos
14. A globalização “perversa” e as políticas econômicas nacionais

Quarta Parte
Questões estratégicas no cenário global
15. A OTAN e o fim da Guerra Fria: o novo cenário estratégico
16. O poder e a glória: assimetrias de poder no sistema internacional
17. As roupas novas do Império: 21 teses sobre o mundo americano
18. Um outro mundo possível: a Alemanha, antes e depois do muro de Berlim

Quinta Parte
Ideias, cultura, academia
19. Rumo a um novo Apartheid? Sobre a ideologia afrobrasileira
20. A cultura da esquerda: sete pecados dialéticos
21. Sobre a intolerância de fundo religioso
22. A economia política do intelectual
23. Estaria a imbecilidade humana aumentando?
24. A resistível decadência do marxismo teórico e do socialismo prático
25. Elogio da burguesia (com uma deixa para a aristocracia também)
26. A ignorância letrada: ensaio sobre a mediocridade acadêmica
27. Formação de uma estratégia diplomática: relendo Sun Tzu
28. Miséria da academia: uma crítica à academia da miséria

Apêndices
Lista de artigos publicados na Espaço Acadêmico
Livros publicados pelo autor
Nota sobre o autor


Este livro é dedicado a Carmen Lícia Palazzo, que sempre leu bem mais do que eu, organizou todas as nossas viagens, preservou racionalidade e bom humor em todos os momentos de nossa vida comum, entre filhos e netos, sendo a mais amorosa das companhias.


Em breve na Amazon: R$ 15,00 ou US$ 2,95

Nota sobre este livro

Ao lado da carreira diplomática, cujo exercício profissional se estende desde 1977, com passagens por grandes postos da diplomacia brasileira – Genebra, Paris, Montevidéu, Washington, entre outros postos –, o autor sempre se dedicou à carreira acadêmica, como professor universitário no Instituto Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores, na Universidade de Brasília e, mais recentemente, no Centro Universitário de Brasília (Uniceub), ademais de convites recebidos de universidades estrangeiras para curtos estágios de pesquisa ou de docência (Illinois, Sorbonne).
Esta obra reflete, portanto, a experiência adquirida no trabalho diplomático e o conhecimento advindo do estudo e pesquisa nas lides acadêmicas. Ela comporta quase três dezenas de ensaios e artigos escritos ao longo de uma década e publicados numa revista da área, a Espaço Acadêmico (textos revistos amplamente para a presente seleção dentre aqueles considerados mais “permanentes”). Entre 2001 e 2011, ao longo de 120 meses, publiquei um artigo por mês, ademais de resenhas ou notas diversas, tratando dos temas que estão indicados nas cinco partes em que dividi o livro: Brasil (história, economia, política e diplomacia), economia brasileira e internacional, globalização, questões estratégicas e ideias e cultura no âmbito acadêmico, justamente.

São textos que julguei dotados de validade analítica ou ainda de atualidade para um debate bem informado sobre cada uma dessas áreas de interesse intelectual. Alguns deles refletem esse ambiente de acirrado debate, entre representantes típicos do “progressismo universitário” e este escriba, que superou o marxismo juvenil em troca de um ecletismo intelectual fortemente embasado nas leituras de história e economia.

domingo, 8 de julho de 2018

Diplomacia e academia: testemunho pessoal - Paulo Roberto de Almeida

Carreira Diplomática e Carreira Acadêmica:
vidas paralelas ou linhas que não se tocam?

Paulo Roberto de Almeida

No início de setembro de 2011, mais exatamente no dia 9, recebi, pela segunda vez (a meu pedido), correspondência, acompanhada de um questionário, de um acadêmico interessado na carreira diplomática, que reproduzo abaixo, pois ele (omito seu nome, por simples resguardo de privacidade) tece considerações extremamente interessantes sobre essas duas vertentes da atividade profissional que sempre estiveram no centro de minhas ocupações da idade adulta (ou seja, desde quando deixei de ser simplesmente um “estudante” e fui ao “mercado” para trabalhar e sobreviver, embora eu tivesse trabalhado sempre, desde a infância). 
O questionário parece ter sido dirigido exclusivamente a mim, mas acredito que ele poderia se aplicar também a diversos outros colegas da carreira. Imaginando que minhas respostas possam, igualmente, interessar tanto colegas de carreira como diversos outros acadêmicos eventualmente interessados na profissão diplomática, tomo a liberdade (esperando que isso não vá contrariar meu ”interrogador”) de postar minhas respostas publicamente. O título deste trabalho é anódino, obviamente, e apenas reproduz um informação de fato, que é o paralelo entre duas carreiras. O subtítulo é meu, e remete, no primeiro trecho, à famosa obra de Plutarco – que traçava vidas paralelas de diversos imperadores romanos (mas longe de mim insinuar qualquer semelhança conceitual entre um caso e outro) – e, no segundo, ao conceito matemático de paralelas, que caminham eternamente em direção ao infinito, sem necessariamente apresentar divergência irremediável, mas tampouco tendendo a uma hipotética junção futura.
Em que sentido este subtítulo expressa meu pensamento sobre essas duas carreiras? Provavelmente nada, já que subtítulos são feitos para informar ou para provocar (embora esta função, nos livros publicados nos EUA, caiba aos títulos accrocheursou appealings). No meu caso, nem para uma coisa, nem outra, apenas para colocar uma pergunta, uma dúvida, mas não ainda uma resposta. As respostas virão abaixo, sistematicamente, embora essa questão envolva tantas outras interações, e variáveis analíticas, que respostas tópicas provavelmente não bastarão para esgotar um debate que reputo importante e cativante, numa perspectiva puramente pessoal, dado meu interesse e envolvimento nessas duas vertentes, mas também objetivamente, como fonte possível de reflexões em torno de dois polos da vida profissional – a acadêmica e a diplomática, ou seja, de servidor de Estado – que conformam, junto com o polo propriamente empresarial, isto é, na vida privada (como empregador ou assalariado), as três grandes interfaces de atuação de qualquer indivíduo, em qualquer tempo e lugar (tirante a carreira de eremita, que imagino não existir como carreira, e sim como opção puramente pessoal e bem mais teórica do que prática). 
Dito isto, vejamos as perguntas do correspondente, e minhas respostas:

1. Sua área de especialização acadêmica afetou sua escolha ou opções de trabalho no Itamaraty? Você acredita que tenha sido um fator essencial para algum posto específico?
PRA: Sim, tremendamente. O fato de eu vir das humanidades, mais especificamente das ciências sociais, fez-me dirigir, naturalmente, para aquelas áreas que tinham a ver com meus objetos de estudo, contrariamente a possíveis orientações, no Itamaraty, para Administração, Cerimonial, ou Comunicações, por exemplo, se por acaso meus estudos e preferências pessoais tivessem me feito inclinar por essas áreas, para as quais confesso não manter sequer curiosidade ou gosto. Minhas opções sempre penderam para questões econômicas e políticas de desenvolvimento nacional, de cooperação internacional, que estão no âmago, podemos dizer, do trabalho substantivo em diplomacia, qual seja, a negociação de acordos e esquemas internacionais, no mais das vezes multilaterais, mas também bilaterais, que tem a ver com organização econômica e social dos países, seu desenvolvimento econômico e suas relações pacíficas. Venho das ciências sociais, e mais especificamente da sociologia histórica, mas com interesse pelo desenvolvimento econômico e político.

2. A intenção de se fazer um mestrado / doutorado (MSc-MA / PhD) no exterior é viável no contexto da carreira diplomática, especialmente num momento inicial da mesma (os primeiros dez anos de casa, p. ex.)? E na UnB, quando a lotação for BSB?
PRA: Pode-se tentar, ou deve-se tentar, embora a carreira seja extremamente absorvente quanto a horários, viagens, obrigações, totalmente fora do expediente e ocupando fins de semana inclusive. O diplomata não tem, ou não deveria ter, um expediente corriqueiro, como se faz numa empresa ao “bater o ponto”. Por isso mesmo, estudos acadêmicos, em paralelo ou concorrentemente com a profissão, são extremamente difíceis no desempenho normal das funções, embora não seja excluída essa possibilidade. Teoricamente sempre se pode estudar de noite, ou perseguir seus objetivos em horários parcialmente coincidentes com o desempenho normal de funções na carreira, em Brasília ou no exterior, mas isso depende muito das circunstâncias e possibilidades de cada posto ou função. 

3. Há alguma “parceria” entre alguma escola internacional e o Instituto Rio Branco, no que tange ao aperfeiçoamento do corpo diplomático?
PRA: Possivelmente existe, e sempre existe cooperação entre academias diplomáticas por meio de convênios abertos, mas sua implementação depende muito da vontade das chefias de “liberar” diplomatas para se dedicar a atividades acadêmicas, e depende muito, também, da orientação política de cada chefia. O IRBr já fez muito disso e ainda faz, mas desde 2003, a cooperação e o intercâmbio têm sido basicamente empreendidos no contexto Sul-Sul, quando não exclusivamente.

4. Há alguma incentivo por parte do Itamaraty, como flexibilização de horários ou reestruturação da carga horária?
PRA: Pode haver, mas isso depende muito de uma negociação caso a caso.

5. Há alguma forma de “lotação especial ou provisória” em razão de admissão em um programa de pós-graduação no exterior?
PRA: Não. O diplomata não pode partir da hipótese de que a Administração vai removê-lo para Boston ou NY, e liberá-lo de obrigações diplomáticas, apenas pelo fato de ter sido aceito em Harvard ou Columbia. Isso simplesmente seria uma imposição pessoal sobre o interesse do serviço. Pode haver alguma acomodação a posteriori, mediante consulta e exame do caso, mas não existe possibilidade uma carreira acadêmica, exterior ao serviço, determinar a mobilidade e atribuições do funcionário. 

6. Considerando sua experiência pessoal, você acredita que tenha sido mais recompensador ingressar no Itamaraty um pouco mais maduro, mas já tendo completado um doutorado (algo que não seria tão simples se sua opção fosse inversa)?
PRA: Foi certamente mais interessante ingressar no Itamaraty mais maduro, embora sempre se “perdem” alguns anos na progressão etária, digamos assim, mas eu ingressei com o mestrado completo, e o doutoramento em curso (terminado apenas depois de estar em meu segundo posto, e isto por decisão pessoal).

7. Por último, especulo se no futuro próximo, cogita-se postergar a aposentadoria compulsória dos servidores públicos (inclusive diplomatas)? 
PRA: Se a Constituição determina aposentadoria aos 70, essa deveria ser a idade limite de fato para os diplomatas; de direito é, mas de fato se dá cinco anos antes, com adaptações caso a caso. No futuro, certamente haverá postergação geral da idade limite.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9/10/2011

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Correspondência original:

From: Rxxxxxxx Bxxxxxxx <xxxxxxxxxxx@yahoo.com.br>
Subject: Reenviando email com dúvidas sobre carreira diplomática e acadêmica
Date: 9 de setembro de 2011 18:45:40 BRT
To: Paulo Almeida <xxxxxxxxxxx@me.com>

Caro P.R. de Almeida, 
envio novamente o email com algumas dúvidas sobre carreira diplomática e acadêmica. 
Imagino que você receba muitas dúvidas e afins. Portanto, sublinho que não há urgência nos meus questionamentos, mas acredito ser um tópico interessante para vários futuros diplomatas. 

Abaixo segue,
Att.
Rxxxxxxx Bxxxxxxx

Primeiramente gostaria de lhe cumprimentar pela excelente iniciativa de organizar FAQs sobre a carreira diplomática. Muitos dos tópicos são esclarecedores e foram uma ótima orientação sobre diversas dúvidas sobre o Itamaraty.

Escrevo para indagar sobre a relação entre carreira acadêmica e carreira diplomática. Pelo que consegui investigar, constatei que embora a carreira diplomática não impeça que se tenha uma vida paralela na academia, não é simples conciliar ambas. 

Certamente o Itamaraty valoriza uma preparação acadêmica. A própria atividade diplomática já exige algum conhecimento teórico e preparação intelectual diferenciada. No entanto, não parece claro o benefício em termos de longo-prazo de se aperfeiçoar academicamente. Conforme conversei com outros diplomatas, em boa medida os indivíduos acabam tendo uma carreira acadêmica quase que apartada da vida diplomática. Ou seja, me parece que os motivos preponderantes são mais de ordem intelectual/pessoal do que de benefícios profissionais. 

Tomando-se em consideração que a maioria das universidades e centros de ensino, em especial nos Estados Unidos, oferece apenas programas full-time , torna-se extremamente árdua manter qualquer perspectiva de ser possível cursar uma pós-graduação no exterior, ainda que seja na área de Relações Internacionais ou Ciência Política, que, em princípio, seria uma boa forma de manter-se atualizado e academicamente ativo. Por outro lado, vejo que algumas instituições oferecem programas part-time para profissionais da área, valorizando os profissionais e destacando o que a experiência pode trazer para a sala de aula de aula. Dentre os programas que abrem essa possibilidade estão da London School of Economics and Political Science – LSE e do Center for Global Affairs – da NYU.

Caso haja uma possibilidade concreta de estudar em um bom MA/MSc ou PhD,  seria mais adequado colocar esse projeto como prioridade em relação ao Inst. Rio Branco, visto que talvez seja parcial ou completamente inviável algo do gênero após ingressar no Itamaraty ? Seria a situação do ex-chanceler Amorim, que, salvo engano meu, estudou na LSE em nível de pós-graduação e teve que abandonar seu curso antes de o completar ou defender sua dissertação/tese.

De certa forma, parece que é um tradeoff clássico : ingressar mais tarde na carreira(pelo menos 4-6 anos depois) ou ingressar mais cedo e deixar a vida acadêmica como um “hobby” (sem maiores preocupações com pós-graduação).  

Assim sendo, minhas perguntas seriam as seguintes:

1.         Sua área de especialização acadêmica afetou sua escolha ou opções de trabalho no Itamaraty ? Você acredita que tenha sido um fator essencial para algum posto específico ?
2.         A intenção de se fazer um mestrado / doutorado (MSc-MA / PhD) no exterior é viável no contexto da carreira diplomática, especialmente num momento inicial da mesma (os primeiros dez anos de casa, p. ex.) ? E na UnB, quando a lotação for BSB ?
3.         Há alguma “parceria” entre alguma escola internacional e o Inst. Rio Branco, no que tange ao aperfeiçoamento dos corpo diplomática ?
4.         Há alguma incentivo por parte do Itamaraty, como flexibilização de horários ou reestruturação da carga horária ?
5.         Há alguma forma de “lotação especial ou provisória” em razão de admissão em um programa de pós-graduação no exterior ?
6.         Considerando sua experiência pessoal, você acredita que tenha sido mais recompensador ingressar no Itamaraty um pouco mais maduro, mas já tendo completado um doutorado (algo que não seria tão simples se sua opção fosse inversa) ?
7.         Por último, especulo se no futuro próximo, cogita-se postergar a aposentadoria compulsória dos servidores públicos (inclusive diplomatas)? 

Quero dizer, em alguns casos parece problemático o fato do Itamaraty perder indivíduos que teriam condições de contribuir por mais alguns anos (embora sempre haja o risco de perpetuar uma “gerontocracia”). Assim, seria uma boa forma de evitar que haja um custo tão grande de se ingressar na carreira mais tarde. 

Desde já agradeço pela gentileza de usar seu tempo e paciência para os aspirantes à carreira diplomática.

Atenciosamente,
Rxxxxxx Bxxxxxxx


quarta-feira, 2 de março de 2016

The Transformation of Economics - Richard K. Vedder

De fato, como disse meu amigo Sean Burges, quem me enviou este artigo, existem algumas coisas boas aqui expostas, mas também muito achismo ou impressionismo.
A lei dos retornos decrescentes provavelmente se aplica a todos os campos de conhecimento, ou melhor, de pesquisa acadêmica, terreno no qual nós -- inclusive eu próprio -- começamos a nos repetir, a fazer muito Lavoisier, a repassar e reutilizar pesquisas antigas com novos argumentos que não acrescentam muito ao já elaborado.
Quanto à ideologização, ela é muito mais disseminada nas ciências sociais, ou nas humanidades em geral, do que propriamente na economia, onde a seriedade precisa ser maior. Os puramente ideológicos, em economia, acabam ficando isolados, e são considerados bichos estranhos, embora ocorra muita matematização da "economics", o que acaba se afastando da "political economy", mas é o padrão das faculdades americanas atualmente.
Não creio que tenha havido uma desconexão entre a pesquisa acadêmica e as políticas públicas, em quaisquer setores que se possa pensar. A academia continua produzindo bons trabalhos, mas são os governos que desprezam as boas pesquisas para decisões catastróficas.
Concordo, no entanto, que pesquisas puramente universitárias podem estar cedendo terreno para pesquisas fora das universidades, nos famosos think tanks, mas este é um fenômeno americano, não brasileiro.
Não sei se o governo está penalizando o trabalho nos EUA. No Brasil certamente, pois diferentes políticas são totalmente anti-empregos, não apenas uma legislação laboral fascista, uma justiça do trabalho anacrônica e coisas absurdas como o salários mínimo, em geral e nacionalmente unifirme.
Paulo Roberto de Almeida

Opinion Commentary
The Transformation of Economics
Five big changes I’ve seen over the past half-century. One is economics as ideology in camouflage.
By Richard K. Vedder
The Wall Street Journal, March 1, 2016 6:30 p.m. ET

Like most economics professors, I have spent my academic lifetime examining the economic and public-policy effects of issues involving the production, distribution and consumption of goods and services—what is known as political economy. There is, however, a “political economy” to the very act of producing and disseminating economic knowledge and examining public policies. And that political economy and my assessment of it has changed over a career spanning more than half a century. Here are five developments I would emphasize:

• Diminishing returns to research. A core economic principle is the Law of Diminishing Returns. If you add more resources, such as labor, to fixed quantities of another resource, such as land, output eventually rises by smaller and smaller amounts. That applies—with a vengeance—to academic research. Teaching loads have fallen dramatically (although the Education Department, which probably can tell you how many Hispanic female anthropologists there are teaching in Arkansas, does not publish regular teaching-load statistics), ostensibly to allow more research. But the 50th paper on a topic seldom adds as much understanding as the first or second. Emory University’s Mark Bauerlein once showed that scholarly papers on Shakespeare averaged about 1,000 a year—three a day. Who reads them? How much does a typical paper add at the margin to the insights that Shakespeare gave us 400 years ago?

• Economics as ideology in camouflage. Economists who achieve fame for genuine intellectual insights, like Paul Krugman, sometimes then morph into ideologues—predominantly although not exclusively on the left. The leftish domination of American academia is partly explained by economics. Federal student-loan programs, state appropriations, special tax preferences and federal research-overhead funds have underwritten academic prosperity, even at so-called private schools. The leftish agenda today is one of big government; academics are rent-seekers who generally don’t bite the hand that feeds them. The problem is even worse in other “social sciences.”

• A disconnect between economic reality and public policy. Three examples come to mind. First, the Keynesian orthodoxy of fiscal stimulus of the 1950s and 1960s, with its Phillips curves and the like, was shown to be spectacularly wrongheaded. The U.S. experience of the 1970s and the Japanese “lost decade” of the 1990s are two demonstrations. Second, centrally planned authoritarian states with no private property or free markets (e.g., the former Soviet Union or North Korea) have been shown to be monumentally inefficient and not permanently sustainable. Third, nations with some free-enterprise capitalism but with growing redistributionist welfare states start stagnating economically—Europe beginning after 1970, the U.S. after 2000. Yet many economists (including at the Federal Reserve) still champion Keynesian policies and welfare-state expansions such as ObamaCare.

• The rise of the nonuniversity research centers. A reaction to the liberal ideological orientation and inefficiencies of colleges has spawned this phenomenon. When I was attending college around 1960, the Brookings Institution, National Bureau of Economic Research and the Hoover Institution were among relatively few major independent think tanks. Today there are many, especially ones funded on the right to provide intellectual diversity, including nationally or regionally oriented centers such as the American Enterprise Institute, Cato Institute, Heritage Foundation, Heartland Institute and the Independent Institute, as well as dozens of state-policy think tanks. Universities have lost market share in social-science research.

• A major cause of America’s economic malaise: the government’s war on work. My own research with Lowell Gallaway has stressed the importance of labor costs in explaining output and employment fluctuations. If the price of something rises, people buy less of it—including labor. Thus governmental interferences such as minimum-wage laws lower the quantity of labor demanded, while high taxes on labor reduces labor supply, as do public payments to people for not working.

One reason living standards in the U.S. have stagnated: There were 12.7 million fewer Americans working in January than there would have been with the 2000 employment-population ratio. Disability insurance claims have roughly tripled in the past generation (despite greater inherent workplace safety because of the declining relative importance of manufacturing and mining); government-subsidized student loans and grants have lured younger Americans away from work; extended unemployment benefits prolonged unemployment; and food stamps now go to nearly 30 million more Americans than 15 years ago. The government has provided much more income that is only available if people do not work. So fewer do. As Charles Murray has noted, this phenomenon has contributed to declining social cohesion and arguably even largely explains Donald Trump’s electoral success.

Modern computer technology and increased econometric sophistication sometimes yield useful information about the way the world works economically. But those gains are at least partially offset by the sharp decline in historical consciousness—today’s scholars sometimes think they know it all, having an arrogance arising from historical ignorance, often wasting time and energy relearning lessons that those with a good sense of economic history already know. It is still satisfying, after half a century, to try to counter that ignorance, and to teach young people the logic of the price system, the importance of private property and other institutions for freedom and prosperity.

Mr. Vedder teaches economics at Ohio University and is an adjunct scholar at the American Enterprise Institute. This op-ed is adapted from an article in the Winter 2016 issue of the Cato Journal [http://object.cato.org/sites/cato.org/files/serials/files/cato-journal/2016/2/cato-journal-v36n1-1.pdf]

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Rompendo Fronteiras: a academia pensa a diplomacia - ebook Paulo Roberto de Almeida



Paulo Roberto de Almeida 

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Apresentação

Rompendo fronteiras me pareceu um título apropriado para este terceiro volume da série de resenhas de livros, também “recuperadas” a partir do “livro-mãe”, Prata da Casa, também um e-book e ao qual agreguei outras resenhas dispersas em meus arquivos de computador, que tinham a ver com a mesma temática: as relações internacionais, num sentido amplo, e as relações exteriores do Brasil, no sentido largo, ou seja, sua política externa e sua diplomacia profissional. Diplomatas e acadêmicos estão sempre “rompendo” fronteiras virtuais, intercambiando experiências e mantendo atividades reciprocamente proveitosas, mas também aquelas fronteiras institucionais que separam os serviços diplomáticos das salas de aula e dos auditórios acadêmicos. Este resenhista, por sinal, poderia até ser citado como um dos exemplos conspícuos nesse tipo de interação, embora existam muitos outros que também a praticam (talvez em menor número do que seria desejável, ou até recomendável).
Esse “rompimento de fronteiras” se exerce em ambas as direções. Não apenas a academia pensa a diplomacia – e as relações exteriores do país, cela va de soi – mas ela também gostaria de influenciar as orientações e as iniciativas da política externa, quando não interferir no seu curso, e não só para oferecer conselhos desinteressados. Da mesma forma, diplomatas começam por exibir uma sólida formação acadêmica, embora nos últimos tempos se tenha registrado uma “curiosa” tendência à seleção de candidatos treinados (alguns até pavlovianamente) por cursinhos preparatórios para responder exatamente dentro dos cânones selecionados nesses concursos elaborados por entidades especializadas, com alguma assistência dos diplomatas. A despeito dessas expressões mais “empreguistas” do que propriamente vocacionais, é evidente que diplomatas e acadêmicos mantêm, desde tempos imemoriais, uma benéfica osmose intelectual que começa nos bancos universitários, se prolonga nos trabalhos de pesquisa e de qualificação graduada e se estende a projetos cooperativos no terreno operacional.
Alguns diplomatas podem até ter efetuado sua preparação para o concurso de ingresso na carreira de forma essencialmente autodidata, mas os requerimentos de ingresso exigem um certificado qualquer de terceiro ciclo, o que em muitos casos vem complementado por um mestrado e mesmo por um doutorado. A quase totalidade dos vocacionados para a carreira buscaram uma formação universitária vinculada de perto ao universo disciplinar exibindo ampla interface para a diplomacia, e muitos dos bem sucedidos, também possuem o vírus da carreira acadêmica e complementam o trabalho ou a especialização intelectual em cursos de pós-graduação, no Brasil e no exterior. Enfim, são múltiplas as pontes e as interações entre as duas comunidades, e uma famosa tese do Curso de Altos Estudos – de Gelson Fonseca Júnior, chamada justamente Diplomacia e Academia (fiz uma mini-resenha no primeiro volume desta série) – já explorou os diversos aspectos e as implicações dessa colaboração tradicional.
Este terceiro volume da série de resenhas de livros sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil cobre, precisamente, os muitos exemplos dessa interface relativamente feliz, mas não destituída de alguns percalços, de várias ambiguidades, se não de incompreensões metodológicas e substantivas.  Não é minha intenção explorar neste momento as diversas facetas desses “tropeços”, não porque eu também marco presença nas duas instituições, mas porque não é o contexto adequado e a oportunidade para realizar um exame objetivo das mencionadas dificuldades.
Interessa-me bem mais agora destacar os bons exemplos dessa produção livresca interessando tanto os diplomatas, quanto os acadêmicos, seja pelo conteúdo próprio das obras, seja pelas possibilidades de aprofundamento adequado das questões abordadas. Compro ou recebo muitos livros, dos quais alguns são selecionados para leitura atenta e se tornam objeto de uma resenha corriqueira ou de um artigo-resenha mais alentado do que o habitualmente encontrado nos periódicos acadêmicos. O que distingue as minhas resenhas das que habitualmente se leem nesses veículos? Basicamente isto: ninguém me encomendou nada, eu mesmo decido o que ler, o que resenhar, e como analisar as obras que me chegam às mãos; não sou um resenhista profissional, apenas um leitor compulsivo, que sente vontade de dizer o que pensa sobre alguma obra em destaque.
À diferença dos dois volumes anteriores desta série, que incidiram seletivamente sobre obras de diplomatas brasileiros, este terceiro e último volume recupera unicamente os livros de “paisanos”, inclusive estrangeiros, ou seja, não diplomatas, quase todos acadêmicos, mas um outro profissional de mercado também, consultores ou profissionais liberais. Quando a oportunidade se apresentar, pretenderia preparar um artigo sobre os “brasilianistas” da diplomacia brasileira, ou seja, aqueles especialistas estrangeiros que se dedicaram ao estudo e à análise de nossa política externa.
Reuni, portanto, neste volume mais de cinco dezenas de resenhas de livros de não diplomatas profissionais obre temas que devem interessar diplomatas e candidatos à carreira. Na verdade, as obras resenhadas são em número superior a meia centena, algo em torno de setenta livros, tendo em vista duas resenhas múltiplas de sete livros cada uma das vezes, e uma ou outra resenha combinando edições estrangeiras originais e aquelas publicadas no Brasil. Os brasileiros nativos são mais numerosos, et pour cause: aproximadamente dois terços do total de autores examinados criticamente pertencem a universidades brasileiras, dois tendo inclusive exercido funções diplomáticas, brasileira ou multilateral, embora vários outros possam ter integrado ocasionalmente missões ou conferências diplomáticas.
No passado, a osmose entre um e outro setor era mais frequente, inclusive em nível de chefes de missão, o que se tornou extremamente raro nas últimas duas ou três décadas; trata-se, provavelmente, de um efeito residual do fato que a antiga capital do país era também o seu centro cultural. O insulamento operacional criado a partir da instalação da chancelaria no cerrado central, quase meio século atrás, não deveria, em princípio, impedir a cooperação intelectual, e até a troca de “produtos” entre as duas comunidades: relatórios, estudos, dissertações, teses, e o exercício docente, em ambas instituições, mas é um fato que a corporação diplomática tendeu a se fechar às incursões de “paisanos” no desempenho de missões permanentes no exterior. Seria isso bom para a carreira? Difícil responder, uma vez que, assim como ocorre para o cargo de ministro da defesa, existem poucas capacidades, de notória qualidade, detectáveis na vida civil e capazes de exercer com proficiência a chefia da instituição diplomática e a de defesa.
Os livros aqui selecionados tratam dos temas tradicionais da diplomacia, seja ela brasileira, regional ou multilateral, seja a de outros Estados, tanto quanto das diversas questões atinentes à política mundial e à economia internacional. Muitos outros temas correntes na agenda diplomática brasileira – como meio ambiente, por exemplo, ou a sua diplomacia cultural – bem como questões da política mundial – temas estratégicos ou de segurança, equilíbrio de poderes, com algumas raras exceções – estão ausentes, porém, o que tem a ver com as minhas afinidades eletivas ou vantagens comparativas no terreno analítico. Alguns dos mais longos artigos de resenha traduzem a empatia deste resenhista por determinadas obras consideradas relevantes num ou noutro campo de minhas preferências de leitura ou de especialidade docente. Considero esta amostra relativamente representativa da literatura obrigatória no universo diplomático brasileiro, com alguns clássicos evidente, e várias outras surpresas bibliográficas também.
Combinadas às resenhas e mini-resenhas compiladas nos dois primeiros volumes desta série, todas elas “filhotes” do enorme Prata da Casa, esta seleção de “leituras diplomáticas” – que não constituem, cabe relembrar, todas as resenhas registradas desde que comecei a praticar esse saudável hábito, que depois virou uma mania – oferece, aos aventureiros que adentrarem em suas quase mil páginas, conjuntamente, um panorama bastante amplo das obras mais relevantes produzidas por diplomatas e não diplomatas, sobre o Brasil e o sobre mundo. O volume é uma espécie de “gabinete de curiosidades” do que foi impresso e publicado nas últimas décadas nesta área de minha especialidade.
Mas alguém poderia perguntar: por que tantos livros, por que tantas resenhas? Se me permitem escapar de alguma condenação por esse vício incurável, eu diria que o culpado de tudo é Monteiro Lobato, o autor mais frequente de minhas leituras infantis e juvenis, junto com algumas dezenas de outros, geralmente autores estrangeiros também traduzidos por sua iniciativa, e muitos deles publicados justamente pela Companhia Editora Nacional, que Lobato havia fundado na convicção de que “um país se faz com homens e livros”. Escusando o viés de gênero, sempre fui, não apenas partidário ativo dessa afirmação, como eu a pratiquei intensamente ao longo de toda a minha vida alfabetizada (que por sinal começou apenas na tardia idade de sete anos, por força de um ambiente familiar não especialmente inclinado para as leituras nem preparado para vocações puramente intelectuais). Os que já leram atentamente Monteiro Lobato sabem que várias de suas obras infantis representavam adaptações de obras estrangeiras, de história ou outras disciplinas, voltadas para o público infanto-juvenil. Eu também fui uma “vítima” desse complô de Lobato em prol da cultura e da inteligência do país, e tenho procurado retribuir em adulto o que aprendi desde as minhas primeiras letras.
De fato, estas minhas resenhas, livremente produzidas, muitas delas inéditas, constituem uma espécie de retribuição que faço ao Brasil e aos mais jovens, por ter tido a chance de conviver com livros em bibliotecas públicas e de instituições de ensino, de ter buscado livros em outras bibliotecas, em livrarias, na companhia dos amigos e na leitura constante das folhas literárias dos periódicos mais importantes do Brasil e do exterior. Os livros sempre me “pesaram”, estrito e lato senso, nas muitas mudanças que empreendi em minha carreira acadêmica e na vida profissional, mas é um peso do qual jamais reclamei ou me arrependi, ainda que o volume excessivo me tenha obrigado, uma vez ou outra, a descartes setoriais ocasionais. Essa incurável compulsão pelo papel impresso, e agora pelos livros eletrônicos – dos quais este aqui é um perfeito exemplo – me serve perfeitamente, tanto quanto pode servir a um círculo bem mais amplo de eventuais interessados, justamente por meio deste tipo de produção, que apresenta em algumas poucas páginas livros mais densos do que as recomendações habitualmente oferecidas atualmente em nossas academias.
De minha parte, espero ter cumprido meu “dever” professoral, que é antes de tudo uma enorme satisfação intelectual, no sentido de partilhar com colegas e alunos minhas leituras registradas ao longo de toda uma vida na companhia dos livros. Esta série está provisoriamente encerrada, em face da ausência relativa de unidade conceitual nas resenhas remanescentes, mas espero voltar neste mesmo formato com outros materiais quase tão interessantes, e cativantes, quanto o mundo dos livros e da cultura.
Divirtam-se, e até a próxima...

Paulo Roberto de Almeida
(um incorrigível leitor e escrevinhador)
Hartford, 4 de novembro de 2014

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Índice Geral
 
Primeira Parte, 19
Relações internacionais
Pierre Renouvin (ed.): Histoire des Relations Internationales
Francis Fukuyama: The End of History?
François Furet: Le Passé d’une Illusion: essai sur l’idée communiste
Alexandre Soljènitsyne: Lénine à Zurich
Jean-Christophe Rufin: L’Empire et les Nouveaux Barbares
Francis Fukuyama: Construção de Estados
Ricardo Seitenfus: Manual das organizações internacionais
Henrique Altemani e A. C. Lessa (orgs.): Política Internacional Contemporânea
Eduardo Felipe P. Matias: A Humanidade e suas Fronteiras
Fernando Barros: A tendência concentradora da produção de conhecimento
Guy Martinière - Luiz Claudio Cardoso (coords.): Coopération France-Brésil
Sverre Lodgaard and Karl Birnbaum (eds.), Overcoming Threats to Europe

Segunda Parte, 121
História diplomática e política externa do Brasil
João Pandiá Calógeras: A Política Exterior do Império
Carlos Delgado de Carvalho: História Diplomática do Brasil
Hélio Vianna: História Diplomática do Brasil
José Honório Rodrigues e R. Seitenfus:  Uma História Diplomática do Brasil
Amado Luiz Cervo e Clodoaldo Bueno: História da Política Exterior do Brasil
Sandra Brancato (coord.): Arquivo Diplomático do Reconhecimento da República
Ricardo Seitenfus: Para uma Nova Política Externa Brasileira
Henrique Altemani de Oliveira: Politica Externa Brasileira
Henrique Altemani e A. C. Lessa (orgs.): Relações internacionais do Brasil
A. A. C. Trindade: Repertório da Prática Brasileira do Direito Internacional
Clóvis Brigagão: Diretório de Relações Internacionais no Brasil, 1950-2004
João P. Reis Velloso e Roberto Cavalcanti (coords.): Brasil, um país do futuro? 

Terceira Parte, 209
Hemisfério americano e integração regional
Lincoln Gordon: Brazil’s Second Chance; A Segunda Chance do Brasil
Moniz Bandeira: O Expansionismo Brasileiro e a formação dos Estados no Prata
José Luis Fiori (org.): O Poder Americano
Moniz Bandeira: Estado Nacional e Política Internacional na América Latina
Boris Fausto e Fernando J. Devoto: Brasil e Argentina: história comparada
Eduardo Viola e Héctor Ricardo Leis: Desafios de Brasil e Argentina
John Williamson (org.): Latin American Adjustment: How Much Has Happened?
P.-P. Kuczynski e John Williamson (orgs.): After the Washington Consensus
Vários autores: A marcha da integração no Mercosul
Helder Gordim da Silveira: Integração latino-americana: projetos e realidades
José A. E. Faria: Princípios, Finalidade do Tratado de Assunção
Avelino de Jesus: Mercosul: Estrutura e Funcionamento
Jorge Pérez Otermin, Solución de Controversias en el Mercosur
Pedro da Motta Veiga: A Evolução do Mercosul: cenários
José Maria Aragão: Harmonização de Políticas no Mercosul
Hervé Couteau-Bégarie: Géostratégie de l’Atlantique Sud

Quarta Parte, 315
Economia mundial e comércio internacional
Vários autores: A economia mundial em perspectiva histórica
Jagdish Bhagwati: Em Defesa da Globalização
Paul Krugman: Rethinking International Trade
Daniel Yergin: The Prize: The Quest for Oil, Money and Power
Celso Lafer: Comércio, Desarmamento, Direitos Humanos
Mônica Cherem e R. Sena Jr. (eds.): Comércio Internacional e Desenvolvimento
Rabih Ali Nasser: A OMC e os países em desenvolvimento
Joseph Stiglitz e Bruce Greenwald: Novo Paradigma em Economia Monetária
Santiago Fernandes: A Ilegitimidade da Dívida Externa
Ha-Joon Chang: Kicking Away the Ladder; Bad Samarithans
Gary Clyde Hufbauer e Jeffrey J. Schott: North American Free Trade
Tullo Vigevani e Marcelo Passini Mariano: Alca: o gigante e os anões
Tullo Vigevani; Marcelo Dias Varella: Propriedade intelectual e política externa
Maria Helena Tacchinardi, A Guerra das Patentes: o conflito Brasil x EUA

Apêndices
A arte da resenha (para principiantes), 403
Livros publicados pelo autor, 409
Nota sobre o autor, 413

Disponibilizado na plataforma Academia.edu
link: https://www.academia.edu/9108147/25_Rompendo_Fronteiras_a_academia_pensa_a_diplomacia_2014_