Vamos fazer uma conta simples: imaginemos que aquele assessor do ministro, que era funcionário do partido, aliás tesoureiro, tenha recolhido o que parece ser, atualmente, um pedágio normal para esse tipo de prebenda, autorização, facilitação, seja lá o que for: 15%.
Com isso, ele teria arrecadado, se tivesse ficado o tempo todo -- o que, reconheçamos, não foi o caso -- cerca de R$ 45 milhões.
Mas, mesmo descontando esse valor pela metade, ainda assim dá uma bela pacotama de dinheiro, um ajutório para comprar mansão, carros, passeios pelo mundo, restaurantes, amantes (ops, foi só para rimar...), etc. e tal...
Grande negócio esse de trabalhar em certos postos do governo.
Depende de qual, obviamente, mas sempre existem oportunidades para fazer negócios nos lugares mais insuspeitos.
Apenas para terminar, duas perguntas: o ministro que sai será homenageado com belas frases de agradecimento, reconhecimento, elogio e toda aquela hipocrisia e mentira novamente?
E o galinheiro vai ficar novamente a cargo do mesmo plantel de larápios?
Não precisa responder, eu só estava perguntando...
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Acho que os Adesistas Anônimos desistiram de me incomodar com suas defesas do que é indefensável...
PS2.: Sim, o ministro saiu com palavras elogiosas. Parece que ele só saiu por perseguição da imprensa -- que imprensa malvada, não é? -- mas vai continuar "colaborando com o Brasil". Eu entendo que, se ele seguir sua verdadeira natureza, ele vai continuar roubando contra o Brasil, e mentindo para nós...
Jaílton de Carvalho e Geraldo Doca
O Globo, 4/12/2011
A fartura de dinheiro repassado pelo Ministério do Trabalho, de Carlos Lupi (PDT), para organizações não governamentais contrasta com a precária estrutura de controle da boa aplicação dos recursos destinados a programas de qualificação de mecânicos, garçons, marceneiros, entre outros trabalhadores. Levantamento com dados do Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira) informa que o ministério acumula R$ 282 milhões em prestações de contas de ONGs, fundações e prefeituras não analisadas.
Isso significa que o ministério liberou o dinheiro, mas não sabe se os serviços foram executados. As pilhas de prestações de contas estão acumulando poeira desde 2004. Entre as contas pendentes estão os processos do Instituto Brasil Voluntário - Bravo, ONG indicada pelo deputado Weverton Rocha (PDT-MA), um dos principais assessores de Lupi à época da assinatura do convênio entre a entidade e o ministério. A entidade firmou, em dezembro de 2007, um convênio de R$ 2.184.870,00 com o pretexto de qualificar jovens para o primeiro emprego. Mas, segundo um fiscal, depois de receber o dinheiro, desapareceu. Esse fiscal relata que a entidade entregou a prestação de contas da primeira parcela (aproximadamente R$ 800 mil) e simplesmente sumiu.
Nos documentos apresentados ao ministério, a Brasil Voluntário informa como endereço um escritório em Timon, no Maranhão, uma das bases eleitorais de Weverton. Em 2008, ano seguinte à assinatura do convênio, dirigentes da entidade teriam ajudado a campanha do ex-deputado Chico Leitoa (PDT) à prefeitura local. Leitoa é um dos principais aliados de Weverton Rocha.
Relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) aponta graves irregularidades no convênio. Entre outras ilegalidades, os fiscais verificaram “indícios de fraude na formulação de planilhas de custos de cursos de qualificação específica” e “pagamentos indevidos a servidores públicos”.
Nos papéis relegados a segundo plano estão ainda uma das prestações de contas da Fundação Pro-Cerrado, do empresário Adair Lima, o mesmo que providenciou um avião para Lupi fazer uma viagem ao Maranhão no final de 2009. Em 2007, a ONG fez convênio de R$ 2.379.282,62 também para qualificar trabalhadores, mas as contas da entidade não foram analisadas. A ONG já caiu na malha fina da CGU e está sob investigação do Ministério Público do Distrito Federal.