O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 2 de julho de 2014

Como as esmolas publicas pioram a vida das pessoas em lugar de melhorar - livro de Jason Riley (Fred Siegel)

Quem duvidar da afirmação e do argumento central do livro pode consultar um simples registro estatístico (que vou buscar para colar aqui, assim que conseguir recuperar).
Olhando-se para um gráfico da renda média da população branca nos EUA -- sim, eles tem essa mania de racializar tudo, e todos sabem como os EUA foram terrivelmente segregados no passado, mas a segregração mental e comportamental ainda continua -- e seu crescimento nas últimas décadas, se tem uma inclinação moderada para cima, ou seja, a renda progrediu, mas não espetacularmente: a renda per capita nos EUA deve ter passado de 20 mil a 45 mil dólares nos últimos trinta anos, sendo que a dos brancos deve estar em torno de 55 mil dólares.
A linha evolutiva da renda dos negros -- sim, são os mais pobres, independentemente de serem negros, mas por isso, e principalmente por serem negros e pobres, foram objeto de políticas de ação afirmativa desde o início dos anos 1960, quando terminou oficialmente a segregação, ainda praticada em muitos estados do Sul -- acompanha relativamente bem a dos brancos, mas obviamente vários patamares abaixo, cerca da metade da dos brancos. Melhorou um pouquinho mais, em algumas épocas, mas depende do ciclo econômico, do desemprego, da qualidade das escolas e de determinados programas governamentais, locais, estaduais ou federais.
No cômputo global, ambas linhas estabilizaram, uma relação à outra, as duas crescendo moderadamente.
Agora, se colocarmos a linha da renda dos imigrantes, ele são tanto asiáticos quanto latinos desde os anos 1960, com alguns aportes de outras regiões, veremos que essa linha ascende vigorosamente para cima, e já está cruzando a dos negros, e deve se encontrar com a renda média dos brancos dentro de duas ou três décadas (isso depende de quantos latinos vão continuar entrando, pois a linha exclusiva dos asiáticos anda mais rápido).
Essa é uma prova que os negros, ajudados nos últimos cinquenta anos pelos poderes públicos não conseguiram de verdade romper as barreiras da pobreza. De fato, eles parecem ter estacionado na pobreza, e isso devido basicamente aos programas de ajuda justamente.
Leiam esta apresentação, e não confundam: "Liberals", nos EUA, são social-democratas, ou socialistas de estilo europeu, interessados no distributivismo e nas políticas de corte igualitário.
Não deu certo nos EUA.
Por que daria certo no Brasil?
Paulo Roberto de Almeida

Books and Culture

FRED SIEGEL
The Poverty of Benevolence
Fifty years of the Great Society have made things worse for blacks, not better.
The City Journal, 2 July 2014
Please Stop Helping Us: How Liberals Make it Harder for Blacks to Succeed, by Jason Riley (Encounter Books, 205 pp., $23.99)

A half-century ago, the Great Society promised to complete the civil rights revolution by pulling African-Americans into the middle class. Today, a substantial black middle class exists, but its primary function has been, ironically, to provide custodial care to a black underclass—one ever more deeply mired in the pathologies of subsidized poverty. In Please Stop Helping Us: How Liberals Make it Harder for Blacks to Succeed, Jason Riley, an editorial writer for the Wall Street Journal who grew up in Buffalo, New York, explains how poverty programs have succeeded politically by failing socially. “Today,” writes Riley, “more than 70 percent of black children are born to unwed mothers. Only 16 percent of black households are married couples with children, the lowest of any racial group in the United States.” Riley attributes the breakdown of the black family to the perverse effects of government social programs, which have created what journalist William Tucker calls “state polygamy.” As depicted in an idyllic 2012 Obama campaign cartoon, “The Life of Julia,” a lifelong relationship with the state offers the sustenance usually provided by two parents in most middle-class families.
Riley’s own life experience gives him powerful perspective from which to address these issues. His parents divorced but both remained attentive to him and his two sisters. His sisters, however, were drawn into the sex-and-drug pleasures of inner-city “culture.” By the time he graduated from high school, his older sister was a single mother. By the time he graduated from college, his younger sister had died from a drug overdose. Riley’s nine-year-old niece teased him for “acting white.” “Why you talk white, Uncle Jason?” she wanted to know. She couldn’t understand why he was “trying to sound so smart.” His black public school teacher similarly mocked his standard English in front of the class. “The reality was,” Riley explains, “that if you were a bookish black kid who placed shared sensibilities above skin color, you probably had a lot of white friends.”
The compulsory “benevolence” of the welfare state, borne of the supposed expertise of sociologists and social planners, undermined the opportunities opened up by the end of segregation. The great hopes placed in education as a path to the middle class were waylaid by the virulence of a ghetto culture nurtured by family breakdown. Adjusted for inflation, federal per-pupil school spending grew 375 percent from 1970 to 2005, but the achievement gap between white and black students remained unchanged. Students at historically black colleges and universities, explained opinion columnist Bill Maxwell, “did not know what or whom to respect. For many, the rappers Bow Wow and 50 Cent were as important to black achievement as the late Ralph Bunche, the first black to win a Nobel Peace Prize, and Zora Neale Hurston, the great novelist.”
“Why study hard in school,” asks Riley, “if you will be held to a lower academic standard? Why change antisocial behavior when people are willing to reward it, make excuses for it, or even change the law to accommodate it?”
In the 50 years since the start of the Great Society and the expenditure of more than $20 trillion to alleviate poverty, millions of newcomers have entered America from Asia and from Africa. They generally arrived in poverty and have improved themselves by dint of self-help and hard work—those boring middle-class values that President Obama’s mentor, Reverend Jeremiah Wright, denounced so strenuously. But if, as Riley demonstrates, the Great Society programs have failed in conventional terms, they have been an overwhelming political success. Together, government workers and the recipients of government benefits make up a formidable voting bloc. Yet their very political success may also prove their undoing: President Obama’s share of the African-American vote increased between 2008 and 2012, but during that period, blacks’ share of the national income declined and their unemployment rate increased.
“Everybody has asked the question,” Frederick Douglass said in an 1865 speech, “‘What should we do with the Negro?’ I have had but one answer from the beginning. Do nothing with us! Your doing with us has already played the mischief with us. Do nothing with us! If the apples will not remain on the tree of their own strength, if they are worm-eaten at the core, if they are early ripe and disposed to fall, let them fall. . . . And if the Negro cannot stand on his own legs, let him fall also. All I ask is, give him a chance to stand on his own legs!” A century and a half later, Jason Riley echoes that advice.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Bolivia: excesso de dinheiro sempre provoca inflacao, governo nega...

Os bolivianos descobriram a pólvora: realizaram que a "generosidade" do governo está tornando sua vida pior, ao alimentar um processo inflacionário que vai eliminar os supostos ganhos com o duplo décimo terceiro imposto pela demagogia governamental. O governo nega a evidência, mas os indicadores não deixarão de refletir o equívoco.
Paulo Roberto de Almeida

La mitad de los bolivianos cree que el doble aguinaldo disparó los precios

Infolatam/Efe
La Paz, 29 de diciembre de 2013

Las claves
  • El 55 % de los encuestados cree que el beneficio impuesto por el Gobierno es negativo porque hará que los precios suban más, mientras que el 49 % piensa que crecerá la inflación.
  • El presidente Evo Morales decretó el pago del doble aguinaldo navideño a los empleados del sector público y privado en noviembre pasado y anunció que la medida se aplicará siempre que el crecimiento económico anual supere el 4,5 %, un porcentaje que Bolivia rebasó ampliamente este año con un 6,5 %.

Evo en campaña: desde las estrellas

El análisis
Fernando Molina
(Especial Infolatam).-“Creciendo al 6,5%, recibiendo doble salario navideño, y con una fábula de desarrollo “estelar” del país en el que ocupar su imaginación, los bolivianos sólo quieren una cosa: disfrutar su mejor fin de año en mucho tiempo (quizá incluso el mejor de toda su historia)”.
El 50 % de los bolivianos cree, según una encuesta, que la doble paga extra de Navidad (aguinaldo) decretada por el Gobierno para los sectores público y privado ha provocado un aumento de los precios, alza que niega el Ejecutivo.
La consulta, publicada por el diario El Deber y efectuada por Ipsos en las cuatro ciudades más grandes del país, revela que el 55 % de los encuestados cree que el beneficio impuesto por el Gobierno es negativo porque hará que los precios suban más, mientras que el 49 % piensa que crecerá la inflación.
El ministro de Economía, Luis Arce, aseguró esta semana que la inflación está controlada y no aumentará en diciembre, con una previsión similar a la de noviembre, que fue de -0,03 %.
El Ejecutivo prevé que la inflación anual se sitúe en el 7,5 %.
El presidente Evo Morales decretó el pago del doble aguinaldo navideño a los empleados del sector público y privado en noviembre pasado y anunció que la medida se aplicará siempre que el crecimiento económico anual supere el 4,5 %, un porcentaje que Bolivia rebasó ampliamente este año con un 6,5 %.
Según la encuesta, los bolivianos también creen que tal medida es negativa porque no beneficia a todos (37 %), porque subirán los precios del transporte (34 %) y porque conllevará despidos en las empresas (28 %).
Frente a éstos, el 38 % de los encuestados cree que el doble aguinaldo es positivo porque permitirá comprar más cosas; el 37 %, porque los bolivianos tendrán una mejor Navidad; el 32 %, porque permitirá compensar los gastos de fin de año; y el 30 %, porque permitirá ahorrar a los ciudadanos.
En términos generales, el 58 % de las personas consultadas se mostró en desacuerdo con el pago del doble aguinaldo frente a un 37 % que se mostró a favor.
A la pregunta de si pagarán el triple sueldo (el salario mensual y los dos aguinaldos o pagas extra) a sus empleados, el 59 % de los encuestados respondió que sí; el 20 % dijo que no lo abonará; un 15 % dijo que aún “no sabe”; y el 4 % sostuvo que a sus trabajadores “no les corresponde”.
La patronal boliviana protestó en un primer momento contra la medida gubernamental, aunque finalmente alcanzó un acuerdo con el Ejecutivo para ampliar hasta el próximo 28 de febrero el plazo de pago del segundo aguinaldo, inicialmente fijado hasta el 31 de diciembre.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Minhas previsoes imprevidentes: governos ineptos garantem concretizacao

Estou perdendo, pelo menos parcialmente.
No ano passado, uma das minhas previsões imprevidentes dizia que a seleção de futebol da França iria se exilar na Bélgica e a deste país, em protesto, iria para o Luxemburgo. 
O governo socialista da França está quase confirmando a minha previsão. Significa que eu vou perder. 
Conheço um outro governo que vai seguir a tendência...
Paulo Roberto de Almeida 

Europa

França: empresas terão de pagar imposto de 75% sobre salários acima de 1 milhão de euros ao ano

O Conselho Constitucional aprovou neste domingo imposto proposto pelo presidente François Hollande. Clubes de futebol são afetados

O aumento de impostos para os mais ricos era uma das promessas de campanha do presidente francês, François Hollande
O aumento de impostos para os mais ricos era uma das promessas de campanha do presidente francês, François Hollande (Anis Mili/Reuters)
O Conselho Constitucional da França aprovou neste domingo um tributo para empresas de 75% sobre os vencimentos que anualmente superem 1 milhão de euros (1,37 milhão de dólares), em linha com a orientação do presidente, François Hollande. O objetivo da medida é limitar os altos salários dos executivos.
O orgão, responsável por analisar questões relacionadas à Constituição, havia rejeitado há um ano uma das principais bandeiras da campanha de Hollande: a criação de um imposto de 75% sobre a renda individual de pessoas com ganho anual superior a 1 milhão de euros. Diante da rejeição, Hollande alterou a proposta ao tributar os empregadores.
De acordo com a legislação, o tributo não poderá superar em nenhum caso 5% do faturamento da companhia. Com essa medida o estado francês espera arrecadar 260 milhões de euros (R$ 845 milhões) em 2014 e 160 milhões de euros em 2015 (R$ 520 milhões). 
Segundo o presidente, a ideia não é "punir" o setor empresarial. Ele acrescentou que espera que a decisão leve as companhias a reduzir os salários em um momento de desaceleração econômica e desemprego, o que está fazendo os trabalhadores a aceitarem trabalhar por menores salários.
O orçamento para 2014 prevê queda no déficit público de 4,1% do PIB para 3,6% com receitas de 15 bilhões de euros resultantes de corte de gastos e aumento de impostos. 
Futebol — Entre os afetados pela nova legislação estão os clubes de futebol, que tentaram ser excluídos da taxação, mas sem sucesso. Segundo a Liga de Futebol Profissional da França (LFP), a medida terá um custo anual de 44 milhões de euros (cerca de 144 milhões de reais) para os clubes profissionais.
Só o Paris Saint-Germain, onde jogam estrelas como Ibrahimovic, Edinson Cavani e Thiago Silva, deverá pagar cerca de 20 milhões de euros (aproximadamente 65 milhões de reais).
Antes dos deputados aprovarem o texto, os clubes chegaram a ameaçar convocar uma greve como protesto, o que teria sido a primeira paralisação no futebol francês desde 1972.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Demagogia fiscal e desmantelamento da federacao - Editorial Estadao

O preço da demagogia

05 de agosto de 2013 | 2h 03 - Editorial O Estado de S.Paulo
O populismo fiscal do governo federal, que distribuiu desonerações a mancheias para uns poucos setores felizardos, a título de estímulo ao consumo, teve, como se sabe, efeitos pífios sobre o crescimento da economia. No entanto, as consequências para os Estados estão sendo desastrosas. A queda na arrecadação federal reduziu os recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e, com isso, vários deles tiveram de elevar o porcentual de receitas destinadas ao pagamento de servidores públicos - superando, em alguns casos, o teto imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
O Fundo de Participação dos Estados é formado por 21,5% da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados, e seu objetivo é reduzir as disparidades regionais. Os recursos são fundamentais para o funcionamento de vários governos estaduais - chegam a representar, para muitos deles, mais da metade da arrecadação e significam a manutenção de serviços públicos essenciais.
Foi justamente a péssima qualidade desses serviços que levou milhares de pessoas às ruas para protestar nos últimos tempos. Atender a essa demanda legítima significa pressionar ainda mais as contas estaduais. O momento não podia ser pior.
Levantamento do jornal Valor (29/7) com base em dados do Tesouro Nacional mostra que, nos primeiros quatro meses deste ano, três Estados - Paraíba, Tocantins e Alagoas - já gastaram com pessoal mais de 49% de sua receita líquida, que é o limite de comprometimento previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Além disso, Paraná, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Sergipe atingiram o chamado "limite prudencial" desse tipo de despesa, que é de 46,55% da receita líquida. Outros sete Estados - Acre, Goiás, Distrito Federal, Piauí, Pernambuco, Pará e Rondônia - superaram o limite de "alerta" (44,1%).
A Lei de Responsabilidade Fiscal, em vigor desde 2000, aplica-se aos três níveis de governo e prevê a suspensão de transferências voluntárias da União para os Estados que a violarem. Além disso, esses Estados ficam impedidos de tomar empréstimos e têm oito meses para regularizar a situação.
A excessiva gordura das máquinas administrativas e o seu mau gerenciamento explica em parte os números alarmantes, mas a corrosão do FPE tem sido o principal fator de desequilíbrio nos Estados mais pobres. O governo da Paraíba, por exemplo, atribui seus problemas diretamente à diminuição dos repasses do FPE, dizendo que se trata de uma fonte de receita mais importante até do que a arrecadação de ICMS, o principal tributo estadual.
Diante das manifestações que tomaram o País, o Congresso apressou-se a aprovar as novas regras de distribuição do FPE, que deveriam estar em vigor há mais de duas décadas. Uma delas previa que eventuais desonerações promovidas pelo governo federal seriam descontadas da cota de arrecadação da União, protegendo, dessa maneira, as receitas de Estados e municípios. Mas a presidente Dilma Rousseff vetou a proposta, alegando que se tratava de uma medida inconstitucional e que, ademais, ameaçava a política de benesses fiscais - cuja conta já atinge R$ 70 bilhões.
Essa atitude de Dilma mostra o baixo nível de comprometimento do governo federal com a Lei de Responsabilidade Fiscal, que é um dos maiores avanços da história da administração pública brasileira, marcada pelo caos de dívidas impagáveis e pela farra com o dinheiro do contribuinte. É bom lembrar que foi o princípio da responsabilidade que, ao trazer equilíbrio para as contas públicas, permitiu aos governos lulopetistas incrementarem os programas de transferência de renda que alimentam sua propaganda.
Ao insistir em fazer bondades com o chapéu alheio, Dilma mostra bem o que significa o tal "pacto pela responsabilidade fiscal" proposto por ela a governadores e prefeitos no auge das manifestações de rua. Nesse pacto, Estados e municípios entram com o sacrifício, e o governo federal fica com os louros da demagogia.

sábado, 15 de junho de 2013

Governo promove ativamente a inflacao: injeta cada vez mais dinheiro de divida na economia - Editorial OESP

Parecem dois neurônios que não se comunicam: um, de um lado, proclama que não tolerará a inflação; o outro, do lado oposto, manda o Tesouro emitir 18 bilhões para deixar o povo comprar sua felicidade.
Será que os dois neurônios não conseguem fazer uma simples conexão, uma sinapse ainda que fraca, débil, como eles parecem ser, entre uma coisa e outra? Será que vamos ter de desenhar no quadro negro a relação entre M1, demanda efetiva e preços de mercado? Será que vamos ter de reinscrever certas pessoas nos bancos escolares (universitários mais adiante)?
Não precisa responder: eu já sei a resposta.
Paulo Roberto de Almeida

Editorial O Estado de S.Paulo, 14/06/2013

A fórmula é mais velha do que o Velho do Restelo. Quando as coisas vão mal e não há intenção efetiva, muito menos competência para endireitá-las, resta o surrado truque de fazer uma bondade para jogar areia nos olhos dos descontentes e fazer uma maldade para jogar nas costas alheias a culpa pelo descontentamento. Esses foram os movimentos que o preparador político da presidente Dilma Rousseff, o marqueteiro João Santana – o 40.º ministro do atual governo, como é chamado por quem sabe de sua importância junto à titular do Planalto -, a orientou a seguir para reerguer a popularidade abalada.
Nisso, ela foi rápida. Três dias depois da publicação da pesquisa do Datafolha segundo a qual o nível de aprovação do governo caiu inéditos 8 pontos porcentuais e o favoritismo de Dilma para 2014 ficou 7 pontos menor, a presidente já estava a postos para lançar o eleitoreiro programa Minha Casa Melhor. Trata-se da linha de crédito oferecida aos beneficiários do Minha Casa, Minha Vida, à razão de R$ 5 mil por família, para a compra de móveis e eletrodomésticos. Os juros foram fixados em 5% ao ano. O prazo para a quitação do empréstimo será de 48 meses. Para atender a cerca de 3,4 milhões de famílias, o Tesouro deverá desembolsar R$ 18,7 bilhões, com impacto óbvio sobre as contas públicas.
Montado em palácio o showroom do otimismo, conforme o roteiro traçado pelo marqueteiro da casa, Dilma deu especial atenção às mulheres – a parcela da população que se revelou, como seria de esperar, a mais insatisfeita com o governo por causa da carestia com que se defronta nas gôndolas do supermercado e nas barracas da feira. Caprichando no coloquial, a presidente celebrou a substituição do tanquinho, “que usa a energia braçal das mulheres”, pela “máquina de lavar roupa automática”. A troca, vai sem dizer, melhora a qualidade de vida das donas de casa. Mais difícil é explicar como isso pode poupá-las do desgastante encontro cotidiano com os preços remarcados.
A experiência própria é que lhes dirá – e a todos os brasileiros – de que valem as enfáticas juras da presidente sobre os rumos do custo de vida. “Não há a menor hipótese de que o meu governo não tenha uma política de controle e combate à inflação”, entoou. E caso alguém não tenha prestado atenção, repetiu: “Não há a menor hipótese”. Só que o ponto não é bem esse. A realidade – e aí já não se trata de hipóteses – é que aquilo que ela entende por política anti-inflacionária até agora tem sido incapaz de acuar o dragão. O Banco Central aumentou os juros, mas o descompasso entre o que deveria sair e o muito mais que sai dos cofres federais é um breve contra a estabilização dos preços.
Mas, evidentemente, Dilma estava ali para levantar o astral dos pessimistas com a evolução de seus rendimentos e as perspectivas do mercado de trabalho – uma coisa e outra captadas pelas recentes sondagens de opinião – e não para falar honestamente dos problemas e temores do povo.
Nessa hora é que entram em cena, no papel de inimigos do País, os críticos do governo. São os que ficam “azarando”, como o Velho do Restelo dos Lusíadas, de Camões, que ao ver zarparem os navios de Vasco da Gama, em busca do caminho das Índias, meneava a cabeça em desaprovação à “vã cobiça”. Ou, na paráfrase da presidente, profetizava que “não vai dar certo”. À parte a invocação do Velho do Restelo, ela nem sequer foi original. Lula já acusava os adversários de lançar “urucubacas” contra o Brasil.
O que desanima é constatar que esse palavrório desafiador (“O Velho do Restelo não pode, não deve e, eu asseguro para vocês, não terá a última palavra no Brasil.”) e a estudada estridência do seu enunciado parecem tudo o que Dilma tem a dizer seja aos eleitores que dela se distanciaram, seja aos que não se deixam levar pela retórica poliana do Planalto. Entre esses se inclui pelo menos um dos interlocutores habituais da presidente. Ela não há de achar, por exemplo, que, aos 85 anos, o economista Delfim Netto seja um Velho do Restelo quando destoa publicamente da linha oficial.

Mas que importa? Bem que ela avisou que, “na eleição, podemos fazer o diabo”. E, para Dilma, a eleição está em pleno curso.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Dilma.com.br para Paulo; Dilma.com.br???!!!; Ué, pensei que fosse gov.br; e' uma atividade comercial?

Acabo de receber de Dilma.com.br (suponho que seja uma franquia comercial), aliás apresentada como a "presenta" (sic); mais um pouco e seria outra coisa:


Olá ,

No primeiro semestre de 2013 a presenta Dilma Rousseff tem se empenhado em melhorar a qualidade de vida dos brasileiros garantindo o acesso a bens de consumo, a educação e ao trabalho. Neste mês de junho ela anunciou diferentes ações que deverão beneficiar milhares de famílias.
Aquisição de móveis e eletrodomésticos a preços mais baratos - O governo federal lançou linha de crédito especial de R$ 18,7 bilhões para a aquisição de móveis e eletrodomésticos por beneficiários do Programa Minha Casa, Minha Vida. As famílias poderão financiar até R$ 5 mil, com taxa de juros de 5% ao ano e prazo de até 48 meses para pagar. O financiamento foi chamado Minha Casa Melhor. Leia mais.
Criação de quatro novas universidades federais - A presidente Dilma sancionou as leis que abrem as universidades federais do Cariri (UFCA), do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), do Oeste da Bahia (Ufob) e do Sul da Bahia (Ufesba). Entre 2003 e 2010, já foram criadas 14 novas universidades federais e 126 novos campi ou unidades acadêmicas, chegando agora a 63 universidades e 321 campi em todo o país. Saiba mais.
Mais verbas para a agricultura - Os agricultores terão R$ 136 bilhões para a safra 2013/2014. O total de recursos é 18% maior do que no ano passado. Ao anunciar o Plano Agrícola e Pecuário, a presidenta Dilma Rousseff lembrou a importância do agronegócio para a economia do país: o Produto Interno Bruto do setor cresceu 9,7% no primeiro trimestre de 2013, quando comparado com os três meses anteriores. Os produtores da agricultura familiar ainda terão disponíveis R$ 21 bilhões para financiar a próxima safra, valor 16,6% maior que o destinado ao setor no ano passado.

O que eu respondi: 

Como "Dilma.com.br"??!!
Isso é alguma franquia comercial?
É verdade isso?
Não seria "Dilma.gov.br"?
E por que "presenta"?
Não corre o risco de ser confundida com outra coisa?
E esse programa de subsídio a eletrodomésticos?
Não corre o risco de ser considerado pelo TSE propaganda eleitoral antecipada?
E não seria justamente demagogia eleitoral?
Perguntar não ofende, espero...
Paulo Roberto de Almeida

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Lulismo petrolifero continua a vigorar na ANP e na Petrobras (e poderia ser diferente?

Com tanto motivo para demagogia e exploração política, por que a exploração do petróleo, que mexe com a imaginação (deformada) dos brasileiros, teria de ser diferente?
Por que o governo se eximiria de fazer demagogia com uma área que sempre rendeu votos aos governantes de plantão?
E poderia ser diferente?
Claro que sim: eu não vejo presidentes ou governantes de outros países fazer palanque em torno de descobertas de recursos energéticos, e os que fazem podem ser chamados pelo mesmo nome: demagogos.
Paulo Roberto de Almeida


Exploração política de Libra

27 de maio de 2013
Editorial O Estado de S.Paulo
O primeiro leilão do petróleo do pré-sal sob regime de partilha anunciado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) ofertará a maior reserva já leiloada em um único pregão em todo o mundo. Ela pode ser quatro ou cinco vezes maior do que o maior campo atualmente em produção no País. Os novos dados geológicos sugerem que essa área - Libra, no pré-sal da Bacia de Santos - pode ter reservas de 8 bilhões a 12 bilhões de barris de petróleo recuperáveis, que equivalem a dois terços de todas as reservas provadas do País.
Duas decisões indicam que o governo não resistiu a usar esses dados com objetivos político-eleitorais. A primeira foi o anúncio, pela ANP, de que, inicialmente marcado para novembro, o leilão da área gigante de Libra será antecipado para outubro. Com isso, será adiado para novembro a 12.ª rodada de licitações, com áreas com potencial para produção de gás, antes prevista para outubro. O governo quer explorar publicitariamente o leilão do pré-sal o mais depressa possível.
Até a realização, há pouco, da 11.ª rodada de licitação, a ANP tinha ficado cinco anos sem realizar nenhum leilão, o que resultou no declínio da produção interna de petróleo, pelo natural esgotamento dos campos em exploração e por problemas que a Petrobrás enfrentou, assim como o afastamento do País de empresas que estavam interessadas em investir no setor, mas não encontravam oportunidades.
Após um período de letargia que coincidiu com o aprofundamento da crise financeira e operacional da Petrobrás, a agência reguladora mostra uma grande disposição de dinamizar o setor. Entusiasmada com os novos dados de Libra, chega a empregar linguagem semelhante à utilizada pelo então presidente Lula há seis anos, quando anunciou a descoberta do petróleo do pré-sal. A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, disse que ela e o governo ficaram "deslumbrados" com o potencial de Libra. "É muito grande, muito maior do que tínhamos na mão até agora."
Até abril, a ANP estimava que Libra teria entre 4 bilhões e 5 bilhões de barris recuperáveis. Os novos dados mostram o dobro disso. É bem mais do que o maior campo em exploração no Brasil, o de Marlim, com 2 bilhões de barris recuperáveis, e o campo gigante de Lula, no pré-sal, que tem entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris. Entre 2020 e 2030, Libra será a principal área produtora do País, superando a Bacia de Campos, que responde por 80% do petróleo brasileiro.
"Face ao porte que temos, faz-se absolutamente necessária a presença da presidente da República numa licitação como essa", disse ainda a diretora-geral da ANP, ao anunciar que, ao contrário da 11.ª rodada de licitação, realizada no Rio de Janeiro, o leilão da área de Libra será em Brasília, com a presença da presidente Dilma. É a segunda decisão que mostra a intenção de explorar politicamente o fato.
Dado o potencial de Libra, é muito provável, como prevê a diretora-geral da ANP, que apenas grandes empresas participem do leilão. Elas terão à sua disposição um grande número de informações sobre a área, o que aumentará sua segurança e tenderá a elevar o valor de sua oferta pela concessão.
O marco legal para a exploração do petróleo do pré-sal assegurou à Petrobrás um papel central. Mesmo que não participe originalmente do consórcio vencedor, a estatal tem assegurada a participação de pelo menos 30% do empreendimento. A contrapartida desse direito é a obrigação de a Petrobrás participar, na mesma proporção, de todos os investimentos que terão de ser feitos em Libra e que, segundo estimativas iniciais, podem superar US$ 250 bilhões.
Recorde-se que esse valor é próximo do total do plano de investimento da Petrobrás para os próximos anos - plano que, obviamente, não inclui as necessidades financeiras que surgirão para a exploração de Libra. Se a empresa já enfrenta dificuldades para cumprir seu plano sem Libra, maiores elas serão para participar da exploração da nova área.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

A Argentina afunda no populismo demagogico

Sem comentários (ou já feitos...).
Aliás, só um: depois de tudo o que se passou, e não só ali, mas também em outros lugares próximos, como é que líderes políticos conseguem ser tão néscios?
Eles não conhecem a história passada, não leram sobre ela?
E vejam que alguns são viejitos para ter vivido os tempos sombrios da decadência econômica, da fuga de capitais, da hiperinflação.
São caolhos, ou estúpidos mesmo?
Paulo Roberto de Almeida
May 22, 2013

Argentina: Increases of Cash Handouts to Poor

By THE ASSOCIATED PRESS

Argentina’s president has announced increases of as much as 35 percent in cash handouts to the poor, students, pregnant women and retirees. President Cristina Fernández de Kirchner said the programs also will reach nearly 700,000 more children, expanding the social safety net and encouraging consumer spending this election year. She said the total cost of the subsidies would grow $7.8 billion a year.
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Cristina anunció que "movimientos sociales y juveniles" controlarán los precios

Dijo que serán desplegados en todo el país, en el marco de una campaña llamada "Mirar para cuidar". Habló de "operativo permanente". Y aseguró que el Gobierno "no va a dejar librados" los precios "a la buena voluntad de los empresarios".
22/05/13 - 19:08
En medio de la escasez de productos en las góndolas de los supermercados y con un congelamiento parcial de precios vigente, la Presidenta anunció que "movimientos sociales y juveniles" controlarán esos precios, para así intentar contrarrestar la inflación en la canasta básica.
En un discurso ofrecido por cadena nacional, Cristina afirmó que "no vamos a dejar el acuerdo de precios a la buena voluntad y vamos a utilizar la fuerza de los movimientos políticos y juveniles para desplegarlos en todo el territorio". La campaña será llamada "Mirar para cuidar" y será un "operativo permanente".
Además, reclamó a los empresarios "generar empleo" ya que el Estado ya "tiene políticas activas", al tiempo que resaltó la necesidad de mantener "el nivel de consumo y de gente ocupada".
"El tema no es el aumento de precios sino producir mas", afirmó la mandataria. En ese sentido, pidió a los empresarios "si hay que tomar a alguien", hacerlo.
Pero la situación en los supermercados es más compleja. De hecho, mucho de los productos que integran la nueva canasta congeleada que elaboró el secretario de Comercio, Guillermo Moreno, no están en las góndolas. Según una recorrida de Clarín por supermercados de la Ciudad, faltan los productos más populares y económicos. De la lista representativa de 500 productos, entre el 50 y el 70 por ciento no pudo ser encontrado.
Por eso, varias asociaciones planean exigir la creación de una cláusula de garantía de stock. Fernando Blanco Muiño, presidente de la Unión de Consumidores de Argentina, sostuvo que la medida implica "que los supermercados se comprometan y obligen a ofrecer en góndola los productos del listado a toda hora, sin limitación alguna de cantidad y permanente en el tiempo que dure el congelamiento". 
Para Muiño, el no incluir esa cláusula, significa lanzar "una política pública incompleta y que, tal como sucedió con el congelamiento que venció el pasado 30 de abril, direccionada al fracaso".
En tanto, Héctor Polino, de Consumidores Libres, dijo que la lista "tiene muy poca verdura y fruta, nada de pescado, poca variedad de carne vacuna. En contraposición, mucha variedad de galletitas (21 presentaciones) y de sal fina y sal gruesa. También muchas presentaciones de vinagre y yerba mate, cincro presentaciones de palitos salados y helado bombón, que no es indispensable en la mesa familiar".

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Os crimes econômicos do lulismo-petrolífero: editorial do Estadao

Os paraguaios é que estão certos: sua Constituição prevê a deposição, ou impedimento para ficarmos no conceito clássico, de um presidente incompetente, depois de um devido processo no Congresso. Foi o que fizeram com o bispo prolífico, um exemplo, entre muitos outros, de populismo demagógico que subiu pela via eleitoral (sempre aberta aos demagogos e falastrões), mas que desceu pela ação constitucional do parlamento paraguaio.
Os outros países, enfurecidos porque um parlamento tinha ousado tocar num dos seus (os bolivarianos, num sentido amplo), puniram o Paraguai e, ilegalmente, suspenderam sua participação no Mercosul e na Unasul (essa totalmente bolivariana).
Pois bem, se o mesmo dispositivo existisse no Brasil, e se tivessemos um Parlamento digno desse nome, o ex-presidente Lula poderia ser acusado de crimes econômicos. Foi o que ele fez não apenas com a Petrobras, mas com toda a matriz energética brasileira, além de dezenas de outros crimes econômicos a serem devidamente contabilizados. O editorial do Estadão abaixo relaciona alguns:


Cinco anos perdidos

16 de maio de 2013 | 2h 09
Editorial O Estado de S.Paulo
O governo pode celebrar o bom resultado obtido no leilão de blocos para exploração de petróleo e gás, um sucesso de público e de renda, mas os brasileiros têm motivos ainda mais fortes para lamentar a perda de cinco anos desde a última licitação. Com arrecadação de R$ 2,82 bilhões - recorde em termos nominais - e participação de 12 empresas nacionais e 18 estrangeiras, a rodada comprovou a disposição de grandes empresas multinacionais, como a Exxon Mobil, a BP e a Total, de investir no Brasil.
Foram arrematados em dois dias 142 dos 289 blocos licitados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Com enorme atraso, o governo acabou reconhecendo, na prática, o erro cometido quando resolveu, a partir de 2009, condicionar a participação estrangeira no setor de petróleo a critérios tão míopes quanto ineficazes.
Guiado por uma desastrosa mistura de nacionalismo, estatismo e centralismo administrativo, o governo tentou atribuir à Petrobrás um papel superior às suas possibilidades na estratégia de exploração e produção de petróleo e gás. Errou de forma infantil, ao subestimar os custos desse programa. Bastaria levar em conta as dificuldades excepcionais da exploração do pré-sal para renunciar àquela pretensão.
Além disso, o Palácio do Planalto, o centro real de comando da Petrobrás, tentou impor à empresa um conjunto absurdo de obrigações. A estatal teria de contribuir para o controle da inflação, operando com preços contidos. Teria de servir às fantasias geopolíticas do presidente Luiz Inácio da Silva, participando de empreendimentos com a PDVSA do caudilho bolivariano Hugo Chávez. Deveria operar como instrumento de uma política industrial anacrônica, suportando custos excessivos para beneficiar fornecedores nacionais de insumos e equipamentos. Nenhuma dessas políticas funcionou.
Uma das consequências foi a estagnação da produção. Em 2009 a empresa produziu por dia, em média, 2,29 milhões de barris equivalentes de petróleo. Em 2011 o resultado foi apenas 3,85% maior, 2,38 milhões. Em 2012 diminuiu 2%, recuando para 2,35 milhões.
Neste ano, segundo projeção apresentada em relatório oficial, a produção dificilmente será maior que a do ano passado. No caso da extração de óleo e LGN, o retrocesso foi de 2 milhões de barris/dia em 2010 para 1,98 milhão no ano passado, número quase igual ao de 2009, 1,97 milhão.
Enquanto isso, a demanda de combustíveis e lubrificantes cresceu no mercado interno. O desequilíbrio entre oferta e procura foi acentuado pelos problemas da produção de etanol, prejudicada pela contenção dos preços da gasolina.
A Petrobrás converteu-se rapidamente em grande importadora, passando a pressionar perigosamente a balança comercial. Com a máxima discrição, o governo enrolou e escondeu a bandeira da autossuficiência, agitada com entusiasmo pela cúpula petista durante um breve período.
O plano de negócios da Petrobrás, apresentado em março deste ano, prevê investimentos de US$ 236,7 bilhões entre 2013 e 2017. O documento inclui - para repetir sua linguagem - alguns dos pressupostos da "financiabilidade" do plano: manutenção do grau de investimento da empresa, convergência com os preços internacionais de derivados e desinvestimentos no Brasil e, principalmente, no exterior.
Dirigentes da estatal comemoraram nos últimos dias a captação de US$ 11 bilhões no mercado financeiro internacional. Foi uma operação de proporções respeitáveis, mas falta muito, sem dúvida, para a cobertura das necessidades da empresa.
Enquanto a Petrobrás derrapava na execução de seus planos e perdia dinheiro para atender às fantasias, tolices ideológicas e objetivos políticos do grupo no poder, o cenário internacional mudava.
Uma das novidades mais notáveis ocorreu nos Estados Unidos, com a drástica redução dos custos de exploração do gás de xisto. Segundo alguns especialistas, pode-se falar de uma revolução no setor energético, iniciada há cerca de cinco anos. Nesse período, a política brasileira de petróleo hibernou, como se o "resto" do mundo pudesse ficar parado à espera do Brasil.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

MEC se excede na demagogia; que tal acabar com ele? - Editorial OESP

A demagogia de Mercadante

Editorial O Estado de S.Paulo, 14 de dezembro de 2012

Numa iniciativa claramente ideológica, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, está tentando submeter as universidades particulares a um rígido controle governamental. Para tanto, o ministro vem pressionando a Câmara dos Deputados a aprovar, em regime de urgência, o projeto de lei que cria o Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior (Insaes), atribuindo-lhe as atuais funções da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC, que seria extinta.
Entre outras inovações, o projeto autoriza o Insaes a criar 550 cargos, com um custo de R$ 43,4 milhões por ano. Amplia o poder de intervenção do governo no setor educacional, permitindo ao órgão vetar aquisições e fusões de universidades particulares. E cria uma taxa de supervisão que as instituições terão de pagar, quando forem avaliadas. Por isso, o projeto foi mal recebido pelas universidades particulares.
"O Estado está criando uma autarquia financiada pela iniciativa privada. A taxa de supervisão, baseada no poder de polícia, não encontra fundamento legal nem moral para sua existência", diz a presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares, Amábile Pacios. "Quem é o governo para falar em qualidade? Quando resolver o problema da saúde e da segurança, aí poderá ter outras pretensões", afirma o advogado do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal, Henrique de Mello.
Apesar de a abertura e o funcionamento de universidades privadas serem permitidos pela legislação, Mercadante, invocando a tese da "educação pública, gratuita e de qualidade", estimulou as entidades chapa-branca mantidas pelo MEC - como a UNE - a defender maior regulação do mercado educacional e a apoiar o projeto de criação do Insaes.
A Constituição não impede a expansão das universidades privadas - um setor onde há muita demanda reprimida. Aliás, um dos principais projetos da administração petista, o ProUni, apesar de ter sido apresentado pelos estrategistas de marketing do partido como uma iniciativa para ajudar os estudantes a pagar as mensalidades, foi decisivo para o crescimento das instituições particulares de ensino superior. Algumas chegaram a abrir capital na bolsa de valores e outras passaram a ser controladas por fundos de investimento. Nos últimos anos, foram registradas mais de 200 fusões e incorporações de universidades privadas no País - a maior negociação foi a aquisição, pelo Grupo Kroton, por R$ 500 milhões, de uma instituição catarinense com 70 mil alunos.
Agora, Mercadante decidiu interferir nesses negócios. Mas, como não pode fazê-lo sem alterar a Constituição, optou por criar obstáculos burocráticos e impor às universidades privadas uma legislação minudente e uma regulação detalhista. Além do apoio pedido à UNE, ele propôs ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) uma parceria para agilizar o julgamento administrativo dos processos de fusão de universidades privadas. O ministro alega que as negociações na iniciativa privada costumam ser "aceleradas", o que afetaria os projetos pedagógicos das instituições de ensino. "Temos demanda de abertura de cursos que não conseguimos atender na velocidade que gostaríamos", afirmou. Apesar de não haver relação direta entre ritmo das negociações e implementação de projetos pedagógicos, a UNE repetiu o mantra. "Aglutinar várias universidades na mão de um grupo educacional prejudica a qualidade drasticamente. Esses grupos também acabam com bolsas e não destinam verba para pesquisa", disse um dos dirigentes da entidade, Yuri Pires, ao jornal Valor.
Nas audiências públicas da Câmara, o projeto recebeu contundentes críticas dos mais variados setores. Tentando refutá-las, os assessores de Mercadante estimularam os deputados a "melhorá-lo". Essa é uma tarefa impossível. Por levar o MEC a desrespeitar a ordem jurídica e a invadir áreas de competência do Cade, que é vinculado ao Ministério da Justiça, não resta aos parlamentares outra saída a não ser jogar o projeto no lixo.

domingo, 30 de setembro de 2012

Yo, El Supremo? Nao: o ocaso do patriarca...


Lula está definhando?

Editorial O Estado de S.Paulo, 30 de setembro de 2012
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desistiu de ajudar os candidatos do PT em dificuldades no Nordeste e vai priorizar a campanha de Fernando Haddad em São Paulo. Oficialmente, os petistas dizem que não haveria tempo para cumprir toda a agenda prevista. Mas o que fica claro é que, para Lula, a eleição em diversas capitais nordestinas já está perdida, e agora ele tenta socorrer Haddad, o candidato que ele inventou, como último recurso para salvar sua reputação de kingmaker. Trata-se de um cenário constrangedor para quem já foi classificado como "deus", pela ministra da Cultura, Marta Suplicy.
Antes do início da atual campanha, a maioria dos petistas estava segura de que, uma vez recuperado do câncer, Lula subiria nos palanques Brasil afora e, com seu toque mágico, transformaria qualquer um em prefeito. Com essa pretensão, corroborada por astronômicos índices de popularidade, Lula atribuiu-se o direito de impor suas vontades ao PT e aos aliados, incluindo-se aí tirar candidatos do bolso do colete e forjar alianças que superam os limites da decência, como a que resultou no aperto de mão entre o petista e Paulo Maluf e na coligação, em Belo Horizonte, com o notório Newton Cardoso (PMDB).
Diante dos tropeços do lulopetismo, no entanto, até "Newtão" viu-se à vontade para criticar o partido do ex-presidente, em entrevista a O Globo (28/9): "O Lula e o PT perderam o discurso, não têm mais aquela coisa do apelo do partido novo, da ética, da moral. O PT está sendo um parceiro pesado para carregar".
O caso mais emblemático dos problemas do PT é o do Recife, onde o senador Humberto Costa começou a campanha com cerca de 40% das intenções de voto e definhou até os 16%. Costa foi uma imposição de Lula, contrariando o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB - partido da base da presidente Dilma Rousseff. Como resposta, Campos lançou como candidato Geraldo Júlio, que logo ganhou o apoio de um dos maiores desafetos de Lula, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), cujas desavenças com Campos foram superadas em nome do objetivo comum de derrotar o PT.
Em carta aberta contra Humberto Costa, petistas pernambucanos criticaram a "política do personalismo" e advertiram: "O PT apequena-se perante a sociedade, utilizando práticas que sempre condenou e das quais foi vítima".
A turbulência não se limita ao Nordeste. Há também derrota à vista em Belo Horizonte, onde, segundo aliados peemedebistas, o petista Patrus Ananias - candidato indicado por Dilma e chancelado por Lula - está abandonado e há petistas trabalhando "por debaixo dos panos" em favor da candidatura à reeleição de Marcio Lacerda, do PSB, de olho nas eleições de 2014 para o governo do Estado.
Já em São Paulo, onde Lula pretende centrar seus esforços, a situação é ainda pior. A imposição de Haddad como candidato melindrou Marta Suplicy, que só entrou na campanha porque ganhou um Ministério vistoso no governo federal. Além disso, a aliança com Maluf causou uma ruidosa crise com a ex-prefeita e aliada Luiza Erundina (PSB). Ambas, Marta e Erundina, têm eleitores cativos na periferia de São Paulo, justamente onde Haddad está penando obter apoio.
O esfarelamento petista nas eleições municipais, resultante da mão pesada de Lula, é o efeito colateral do projeto de salvar a imagem do ex-presidente, ameaçada pelos efeitos históricos do julgamento do mensalão e pelo desmonte paulatino, por parte de Dilma, de seu legado de incompetência administrativa e de corrupção.
Embora empenhada em defender o que chamou de "herança bendita", a presidente mantém distância prudente da refrega eleitoral na qual seu criador está mergulhado e empresta seu peso aos candidatos lulistas de maneira apenas protocolar. Realista, ela acredita que, se Haddad chegar ao segundo turno, já terá sido uma vitória.
"O Lula está definhando", sentenciou Jarbas Vasconcelos. Pode ser um exagero, próprio da retórica de palanque. Mas parece cada vez mais evidente que, ao contrário do que se gabavam o ex-presidente e seus seguidores, Lula não é onipotente.

sábado, 29 de setembro de 2012

'Una sombra pronto seras...': ideologias politicas

Como um peronismo de botequim, sem qualquer doutrina, coerência ou mensagem mais explícita, a não ser a demagogia, a mentira e a embromação, esse fantasma da política brasileira atual deve desaparecer sem deixar rastros significativos...
Paulo Roberto de Almeida 

'Lulismo', um conceito equívoco

ALDO, FORNAZIERI - DIRETOR ACADÊMICO DA FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO
O Estado de S.Paulo, 29 de setembro de 2012

Nos últimos tempos surgiu uma profusão de estudos, menções e referências ao conceito de "lulismo". Autores das mais variadas tendências referem-se ao conceito. Basta citar Francisco de Oliveira, Ricardo Vélez Rodríguez e André Singer. Com Os Sentidos do Lulismo André Singer empreendeu o mais abrange esforço para entender o suposto fenômeno. Dentre os vários artigos, reflexões e o livro, há poucas referências inquiridoras sobre a pertinência ou o significado do conceito.
De modo geral, a referência ao "lulismo" é como se ele fosse um dado evidente da realidade. Parece ser predominante a ligação entre o conceito e os processos eleitorais de que Lula foi candidato ou protagonista importante. Para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o "lulismo" expressa uma apelo aos pobres e uma prática de conciliação geral das classes; para Francisco de Oliveira, trata-se de uma "funcionalização da pobreza" para manter a exploração; para Vélez Rodríguez, é uma variante do populismo e uma prática patrimonialista de uso do Estado para fins políticos; e para André Singer, é um realinhamento eleitoral que implica a articulação dos segmentos mais pobres da população como a nova base social de apoio a Lula e, em parte, ao PT.
Os bons dicionários dizem que a função de um conceito é descrever os objetos da experiência para reconhecê-los, classificá-los e organizá-los. De acordo com o Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa, a partir dos séculos 19 e 20 o uso do sufixo "ismo" disseminou-se "para designar movimentos sociais, ideológicos, políticos, opinativos, religiosos e personativos, através de nomes próprios representativos, ou de nomes locativos de origem...". No campo da política, portanto, o sufixo "ismo" associa-se a um corpo doutrinário ideológico, filosófico ou religioso de caráter sistêmico e coerente.
Na medida em que, no caso em questão, o sufixo "ismo" vem associado ao nome Lula, sugere-se a existência de um movimento político ou ideológico personativo configurando numa doutrina ético-política que veicula e enfatiza o valor da pessoa do ex-presidente e seus laços de solidariedade com um corpo coletivo que pode ser o "povo brasileiro" ou, particularmente, os "pobres", para a maior parte das análises.
Na realidade, tal movimento não existe. Nem mesmo dentro do PT existe uma corrente doutrinária ou seguidista lulista. O suposto caciquismo ou personalismo de Lula também não é efetivo. As recentes definições de candidatos passaram por intrincados processos de negociações e concessões mútuas e construções de consensos entre as partes.
Restaria ver se há um movimento lulista personativo na esfera social ou eleitoral. Nem mesmo nesse plano há evidências capazes de legitimar o suposto lulismo. Lula não deixou nem teve a intenção de legar um corpo doutrinário dessa natureza e, menos ainda, um movimento em torno de seu nome. O que houve foi um processo eleitoral, bem analisado do ponto de vista empírico por André Singer. Tanto as eleições de Lula quanto os seus dois mandatos devem ser analisados a partir de suas determinações específicas, sem transcendências ideológicas.
O fenômeno que aconteceu e vem acontecendo no Brasil tem similaridades, com formas nuançadas, em outros países da América Latina. O Peru conseguiu resultados espetaculares na redução da pobreza. Na Colômbia, depois de dois mandatos de Álvaro Uribe, elegeu-se Juan Manuel Santos, do mesmo partido político. Na Argentina, depois de um mandato de Néstor Kirchner, está em curso o segundo mandato de Cristina. O eleitorado reelege ou elege sucessores de governantes que conseguem bons resultados nas políticas sociais e econômicas.
Mas existem exceções a essa regra. No Chile, depois de 20 anos de governos bem-sucedidos da Concertación e mesmo com a ex-presidente Michelle Bachelet terminando seu governo com mais de 80% de aprovação, o candidato opositor de centro-direita, Sebastián Piñera, venceu as eleições. No mundo de hoje as hegemonias partidárias são menos estáveis e menos duráveis em relação ao passado. A perdurabilidade de projetos de poder depende ora de êxitos e resultados, ora dos líderes que os representam.
O eleitorado é pragmático, vota interessado e, na sua maior parte, não segue ideologias. Se um governo apresenta bons resultados, promove o crescimento, gera empregos, favorece o consumo, distribui renda, de modo geral o eleitorado quer a sua continuidade. Uma tabela do livro de Singer mostra que em 2006, no segundo turno, 44% dos eleitores que ganhavam entre cinco e dez salários mínimos e 36% dos que ganhavam acima de dez salários mínimos preferiam Lula. Isso desconstitui qualquer tese de que há uma polarização de classe nas eleições. Não faz muito sentido perguntar a um eleitor médio brasileiro se ele é de esquerda ou de direita, pois esses conceitos têm pouca referência prática.
Dilma mantém uma relação de continuidade e de diferença em relação a Lula e aos seus governos. Ela constituiu personalidade política própria e uma especificidade de seu governo, evitando o que muitos temiam: ficar à sombra de Lula. E o próprio Lula contribuiu para isso, evitando uma presença mais ostensiva no governo dela. O melhor método para analisar os dois governos é fazer um estudo comparativo entre ambos.
As eleições municipais deste ano parecem mostrar que não existe um eleitorado lulista cativo, configurado em qualquer fração de classe. Embora existam certas preferências partidárias em determinados setores sociais, o fato é que, em seu modo pragmático de ser, o eleitorado não é um ativo estocável por ninguém. Cada eleição é uma nova batalha, com novas circunstâncias e novos atores. Quem acredita na existência de um eleitorado cativo tende a ver o trem da História passar sem embarcar nele.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Brasil: afundar os padroes, sempre...: idiotas querem rebaixar concursos

Cada vez que não se consegue resolver um problema -- por exemplo, o do baixo nível educacional do povo brasileiro -- sempre aparece um energúmeno pretendendo rebaixar os padrões para equalizar as chances, não pelo alto, mas por baixo, pela diminuição dos requisitos e exigências.
Sempre aparece uma proposta estúpida de onde elas são exatamente supostas aparecer: no poder legislativo, qualquer poder legislativo.
O triunfo dos medíocres?
Provavelmente.
E vamos continuar convivendo com esse tipo de proposta idiota pelo futuro previsível...
Paulo Roberto de Almeida

Concursos: projeto reserva 20% das vagas para baixa renda

Texto não afeta reserva de vagas às pessoas portadoras de deficiência, que é constitucional

AGÊNCIA CÂMARA
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RIO - A Câmara dos Deputados está analisando o Projeto de Lei 2525/11, do deputado Manato (PDT-ES), que reserva 20% das vagas em concursos públicos para pessoas de baixa renda. Segundo a proposta, caberá ao Executivo definir os critérios sobre quem poderá se beneficiar com a medida. Esses critérios deverão ser baseados na renda nacional bruta per capita.
O texto não afetará a reserva de vagas às pessoas com deficiência, que é constitucional, independentemente de sua renda. Essa população continuará sob as regras estabelecidas na Lei 8.112/90, que reserva a ela até 20% das vagas disponíveis no concurso.
- É necessário que haja uma medida de curto ou médio prazo para reduzir a injustiça social, a fim de que se comece, desde já, a mudar a situação do País, para que os cidadãos de baixa renda passem a ter acesso a empregos e cargos públicos, concorrendo de uma forma mais justa - diz o deputado.
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/emprego/concursos-projeto-reserva-20-das-vagas-para-baixa-renda-3607043#ixzz1izXwCaAn
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