O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador livros Paulo Roberto de Almeida. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador livros Paulo Roberto de Almeida. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 13 de março de 2019

Contra a Corrente: trecho de meu próximo livro - Paulo Roberto de Almeida

A despeito de estar limitado ao período 2014-2018, como indicado em seu subtítulo, meu livro comporta dois textos que foram elaborados neste princípio de ano de 2019.
Ademais do prefácio, já postado aqui neste link: 
existe uma pequena seção do capítulo 23, que também foi redigida em janeiro deste ano.
Permito-me transcrevê-la abaixo.
Paulo Roberto de Almeida

23.9. Epílogo: estaríamos numa versão circular da história? 
Termino a revisão, perfunctória, desse meu depoimento, num momento também crucial da democracia brasileira, em uma conjuntura em que se afastou – pelo menos temporariamente – o antigo regime lulopetista, que ameaçava reinstalar-se no poder ainda em outubro de 2018. Entre o final de 2018 e o início de 2019, tem-se a impressão de que concluímos não apenas um governo de transição – o do vice-presidente Michel Temer, alçado constitucionalmente à condição de presidente como resultado do “golpe” parlamentar processando entre maio e agosto de 2016 –, mas também encerramos um regime político, embora ainda não “enterrado” completamente, pois que objeto de uma resistência política e de alguma barragem “intelectual” em meios importantes da opinião pública (os ambientes universitários e dos meios de comunicação, prioritariamente), o que permite afirmar que o nefando regime criminoso possui certa resiliência política (que não está limitada aos militantes partidários e lideranças sindicais, já que dispondo igualmente de fortes apoios em meios jurídicos e corporativos), e de alguma simpatia no exterior. Com efeito, tanto a história do “golpe” contra o governo lulopetista, como uma suposta “ameaça” de retorno ao autoritarismo dos tempos da ditadura militar, e mesmo de implantação de um suposto “fascismo”, como resultado do recente processo eleitoral, encontraram bastante acolhimento nos periódicos estrangeiros, mesmo alguns mais “liberais” ou supostamente conservadores, como a revista Economist, por exemplo.
Ao final desse regime, iniciamos uma nova etapa na vida do país, aparentemente nas antípodas das orientações em vigor anteriormente, mas que conservam algumas das características já evidenciadas naquela fase, a saber: ideias e conceitos identificados com correntes de direita, ou conservadoras, que não se limitam ao alegado liberalismo econômico proclamado pelos novos donos do poder. Talvez seja ainda muito cedo para apresentar evidências ou argumentos tendentes a confirmar aquela visão circular da história, presente em determinadas teorias historiográficas ou até religiosas. Cabe observar com atenção as novas orientações, para depois efetuar alguma análise objetiva da nova situação. Quanto ao meu papel, ele permanecerá substancialmente o mesmo, qual seja: a observação cuidadosa da realidade, a reflexão ponderada, a manutenção de minha independência de pensamento, em total honestidade intelectual, com a prática sempre recomendada do ceticismo sadio, a melhor atitude que se pode manter em contextos transitórios e levando a destinos ainda incertos.
Continuarei, no que me concerne, em meu quilombo de resistência intelectual: o blog Diplomatizzando, não para fazer resistência ao novo governo, mas simplesmente para praticar meu esporte habitual: a análise crítica das políticas públicas e sua possível adequação às necessidades do Brasil. Temos um problema de curto prazo – o déficit orçamentário e o ajuste fiscal –, um desafio de médio prazo – a manutenção de uma taxa de crescimento sustentado via investimentos produtivos – e um outro enorme desafio de médio e longo prazos: a elevação dos ganhos de produtividade, questão estruturalmente vinculada aos níveis medíocres da educação de massas no Brasil. Espero sinceramente que o Brasil possa vencer seus mais urgentes desafios e introduzir novos padrões de educação. 

[15/01/2019]

terça-feira, 12 de março de 2019

Google Alerts: política externa do Brasil

Em tempos normais, a safra de notícias sob esse conceito é bastante reduzida.
Mas, quem disse que vivemos tempos normais?
Alguns estão vivendo seu inferno astral...
Eu, pelo menos, voltei a meus tempos normais: na biblioteca, na companhia de bons livros, pensando em qual vai ser o título de meu próximo livro.
O mais recente, que está sendo impresso neste momento, leva como título:
Contra a Corrente: ensaios contrarianista sobre as relações internacionais do Brasil, 2014-2018. (apresentação e sumário neste link)
Deve estar sendo publicado muito em breve.
Num momento, em tresloucado gesto, pensei em estender o segundo ano a 2019, mas prudentemente recuei, e parei em 2018.
Não, não foi por prudência.
Foi porque imaginei que pronto teria abundante material para compor um novo livro exclusivamente sobre nossas peripécias diplomáticas em 2019. De fato, notícias e reflexões é que não faltam.
Bem, vamos ao que interessa.
Paulo Roberto de Almeida
Belo Horizonte, 12 de março de 2019


Google
politica externa do Brasil
Atualização semanal  11 de março de 2019
NOTÍCIAS 
... da demissão, minha opinião sobre a atual política externa do Itamaraty. ... sistemática e completa de qual seria a estratégia internacional do Brasil, ...
Google PlusFacebookTwitterSinalizar como irrelevante 
247, com Prensa Latina - O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, detalhou nesta sexta-feira (8) a posição, as perspectivas e ações de ...
Google PlusFacebookTwitterSinalizar como irrelevante 
“Abandonar uma política externa independente e se atrelar aos EUA é uma postura que tem ... Nesse caso, quais as consequências para o Brasil?
Google PlusFacebookTwitterSinalizar como irrelevante 
Portanto, quando Almeida quis, em seu blog, “estimular o debate sobre a política externa brasileira” e publicar trabalhos críticos à política brasileira ...
Google PlusFacebookTwitterSinalizar como irrelevante 
Nesse caso, será a primeira vez que o Brasil negociará um acordo do ... os deputados, não é favorável para grandes avanços em política externa.
Google PlusFacebookTwitterSinalizar como irrelevante 
Bolsonaro confirmou também que o presidente da China, Xi Jinping, virá ao Brasil para participar da 10ª Cúpula do Brics (grupo que reúne Brasil, ...
Google PlusFacebookTwitterSinalizar como irrelevante 
Não tinha ocupado nenhum posto de relevo no Brasil ou no exterior. ... no Brasil e o alinhamento automático à política externa dos Estados Unidos.
Google PlusFacebookTwitterSinalizar como irrelevante 

domingo, 10 de março de 2019

Falacias Academicas: ensaios sobre alguns mitos persistentes - um livro incompleto (2010) - Paulo Roberto de Almeida

Nos anos finais da primeira década do atual milênio – não, não espero viver até o próximo, no máximo até a próxima década – eu tinha começado uma série, improvisada ao início, que intitulei de "Falácias Acadêmicas", sem que eu tivesse tido conhecimento, até 2009, do livro de Thomas Sowell, Economic Facts and Fallacies, publicado um ano antes.
Em 2010, resolvi juntar isso num livro de autor, e aqui está ele agora, incompleto, sem prefácio, sem introdução e sem capítulo conclusivo, que ficaram em estado de rascunho, e a própria série interrompida (com um ou outro texto feito depois de 2010), sem que eu a jamais retomasse, ou completasse o livro.
Como não vou ter tempo de fazer isso, resolvi colocar essa draft book a disposição dos interessados, esperando que eles me incitem, estimulem, obriguem a terminar a obra e a revisar os capítulos escritos uma década atrás.
Pode ser descarregado nos seguintes links na plataforma Academia.edu: 

https://www.academia.edu/29701444/Falacias_Academicas_ensaios_sobre_alguns_mitos_persistentes_draft_book_2010_
e
https://www.academia.edu/s/aae3bca687/falacias-academicas-um-livro-incompleto-2010

Eis os dados editoriais: 
Falácias Acadêmicas: ensaios sobre alguns mitos persistentes / Paulo Roberto de Almeida. — Brasília: Edição do autor, 2010.

Eis o índice do livro: 


Índice

Prefácio

Introdução: o que são falácias e como incorrem nelas os acadêmicos...


1.     O mito do neoliberalismo
Da pouco nobre arte de ser falaz
As novas roupas do velho imperialismo, em sua fase neoliberal
O neoliberalismo como produto de uma imaginação confusa
O neoliberalismo produz miséria e é sinônimo de barbárie?
O neoliberalismo é um mito, mas alguns ingênuos não sabem disso

2.     O mito do Consenso de Washington
Mais um poderoso inimigo, mas algo fantasmagórico
As famosas regras do Consenso de Washington, em versão resumida
As regras do Consenso de Washington, explicadas em detalhe
1. Disciplina fiscal
2. Prioridades nas despesas públicas
3. Reforma tributária
4. Taxa de juros de mercado
5. Taxa de câmbio competitiva
6. Política comercial de integração aos fluxos mundiais
7. Abertura ao investimento direto estrangeiro
8. Privatização de estatais ineficientes
9. Desregulação de setores controlados ou cartelizados
10. Direitos de propriedade
O que aconteceu, antes e independentemente do Consenso de Washington?
Concluindo de forma inconclusiva: não existem soluções-milagre em economia

3.     O mito do marco teórico
Tente entender...
A praga do marco teórico
O que é e o que não precisa ser o tal de marco teórico

4.     O mito do Estado corretor dos desequilíbrios de mercado
Os mercados sempre provocam desequilíbrios e crises?
Os mercados são incapazes de se auto-corrigirem?
São os Estados os “corretores” ideais dos desequilíbrios de Mercado?
O sistema financeiro só funciona bem com muita regulação dos Estados?

5.     O mito do complô dos países ricos contra o desenvolvimento dos países pobres
A busca de culpados (sempre deve existir algum...)
Friedrich List: versão século 21
Uma história secreta do capitalismo?
Políticas estatais como fator de desenvolvimento?
A arte de chutar escadas: uma fábula fabulosa


6.     Os mitos da Revolução Cubana
O mito fundador: a revolução que se transformou em reação
A especificidade cubana: uma ilha que é quase uma fazenda pessoal
Os mitos entretidos pelo regime e por seus admiradores
O mito do socialismo
O mito das conquistas sociais
O mito do imperialismo como ameaça
À guisa de conclusão: um manifesto a favor do povo cubano

7.     Os mitos em torno do movimento militar de 1964
Ossificação ideológica e revisionismo histórico: interpretações abertas
O maniqueísmo em torno do golpe de 1964: triunfo de uma escola
Mitos do governo Goulart: reformas de base e autonomia frente ao império
Desmontando os mitos: instabilidade política e incapacidade de reformar
Desmontando os mitos: uma análise das ‘reformas progressistas’
Balanço econômico do governo Goulart: uma visão pouco complacente

8.     Os mitos da utopia marxista
O que é uma utopia e como o marxismo se encaixa no molde?
Utopia marxista e falácias acadêmicas: qual sua importância relativa?
Quais são os mitos da utopia marxista?
As falácias econômicas do marxismo

9.     O mito do socialismo do século 21
O que é o socialismo original e quais as suas definições básicas?
Quais são as características do alegado socialismo do século 21 e em que medida ele difere do original?
Quão novo é, de fato, o socialismo do século 21 e quais suas chances de dar certo, onde o velho fracassou miseravelmente?
Do socialismo mais eletricidade do século 20 para o socialismo mais informática do século 21: alguma inovação genial?
A história se repete? Talvez, mas não precisaria ser como tragédia...

10.   Mitos sobre o sistema monetário internacional
Os órfãos de Keynes em busca de um Bretton Woods mítico
A ilusão da liquidez perfeita, do equilíbrio contínuo e da moeda estável
À procura de uma ‘tia rica’ para cobrir o seu déficit de pagamentos
OK: na ausência de uma nova moeda internacional, usemos as moedas locais
Um outro Bretton Woods é possível?; não é proibido sonhar...

11.   O mito da transição do capitalismo ao socialismo
O socialismo vai emergir a partir do capitalismo?
A teoria da transição e os caminhos divergentes do socialismo e do capitalismo
A China e a maior ‘invenção’ da humanidade: capitalismo ou socialismo?
A Rússia e a maior ‘catástrofe’ do século 20: 1991 ou 1917?
A transição inexistente: enterrando um mito conceitual

12.   O mito da exploração capitalista
De que exploração estamos falando?
O caráter historicamente necessário da exploração do homem pelo homem
O progresso civilizatório e os sistemas imperiais (mas não apenas eles)
Existiria progresso humano sem exploração?: dificilmente
Eliminando um mito marxista: a exploração como dominação

13.   O mito do socialismo de mercado na China
Introdução: uma falácia legitimadora da transição ao capitalismo
O surgimento do socialismo na China: uma parte dos equívocos do século 20
Os desastres verdadeiramente desastrosos e cumulativos do socialismo chinês
A longa marcha da China em direção ao capitalismo: nada de muito glorioso
Existe “socialismo de mercado” na China?; se existe, não é socialismo
Reconciliando o mito com a realidade: de volta ao velho e duro capitalismo


Conclusão: como não incorrer em falácias, sem deixar de ser acadêmico...

====================

Algum dia termino...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 10 de março de 2019