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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Brasil nao tem vergonha de ser protecionista...

...e de achar que medidas ilegais são aceitáveis.
Sempre vou me surpreender com a capacidade que têm certas pessoas de dourar a pílula da contravenção, achando que não tem nada de mais, uma ilegalidade aqui, outra ali, uma falcatruas a acordos internacionais, o desrespeito a sistemas de solução de controvérsias, enfim, a legalidade premiada, a esperteza aparentemente vencedora.
Neste caso, a contravenção é dupla, tanto na "suspensão" (primeiro por telefone, e recusando o delegado paraguaio que chegava em Mendoza), quanto na "admissão plena" da Venezuela ao Mercosul, que não é admissão e muito menos plena, mas ilegalidade cometida de maneira totalmente política.
 O Paraguai já prometeu submeter o seu caso ao sistema de solução de controvérsias do Mercosul; se este julgar o contrariamente aos seus interesses, estará dando um grande passo para sua total queda na ilegitimidade e irrelevância.
Aqui um funcionário brasileiro acha bom o ingresso da Venezuela no Mercosul, considerando o ato como favas contadas, o que está longe de ser o caso. Se a Venezuela compra muito do Brasil é porque sua economia está em frangalhos, como aliás reconhece, publicamente, e sem qualquer sentido de tato diplomático, o funcionário em questão. Ele não se dá conta que a Venezuela já não obedece mais a regras de mercado, mas que toda importação é decidida politicamente pelo caudilho supremo, podendo aumentar ou diminuir ao sabor de suse humores.
 Não há nenhuma graça no caso em espécie, apenas uma constatação adicional de que o Mercosul submerge num estado catatônico e epiléptico (desculpem os termos médicos, mas como eu já disse, o Mercosul está mais para Kafka e Gabriel Garcia Marquez do que para Max Weber). 
Paulo Roberto de Almeida 

Entrada da Venezuela no Mercosul agradou governo, diz Alessandro Teixeira

Agência Brasil, 7/07/2012
Brasília – A aprovação da entrada da Venezuela no Mercosul agradou ao governo brasileiro. Para o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, o Brasil deve aproveitar a oportunidade para aumentar exportações com o novo parceiro comercial.
“Eu fico muito contente com o processo, Venezuela é um mercado muito importante, nosso terceiro maior mercado na América Latina. Tem dinheiro advindo do petróleo e estrutura que demanda muito porque eles não têm industria. Eles importam muito, então temos possibilidade de crescer muito para lá”, disse.
Teixeira destacou que com o ingresso no Mercosul, a Venezuela terá que subir a tarifa externa comum (TEC), o que beneficia os parceiros do bloco. “Quando a gente colocar 200 produtos na TEC, além do que já tem, faz com que as taxas de importação fiquem mais altas, e quem está dentro do bloco tem vantagem para vender, porque não existe taxa e isso vai dar acesso aos nossos exportadores”, disse.
O secretario executivo defende o fortalecimento do Mercosul para melhor a competitividade mundial nesse período de crise e aposta no ingresso venezuelano ao bloco para alcançar esse objetivo. “(A Venezuela) vai dar fortalecimento. Espero que consigamos fazer um trabalho para fortalecer o bloco, é um parceiro importante tanto para o Brasil, quanto para Argentina e Uruguai”, disse.


O Mercosul aprovou a entrada da Venezuela como membro permanente no último dia (29), em Mendonza, na Argentina. O ingresso oficial ocorrerá no dia 31 de julho em uma cúpula do bloco econômico, no Rio de Janeiro. A aprovação ocorreu após a suspensão temporária do Paraguai. A entrada como membro pleno do bloco era barrada pelo Congresso paraguaio. Desta vez, o novo sócio recebeu apoio dos Congressos do Brasil, Uruguai e da Argentina.