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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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terça-feira, 16 de junho de 2020

O inimigo público n. 1 do governo Trump: John Bolton

Trump Administration Asks Judge to Stop Publication of Bolton’s Book

The request comes a week before the highly anticipated memoir was set to be published.
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John Bolton is planning to publish a memoir of his time as President Trump’s national security adviser.
Credit...Logan Cyrus/Agence France-Presse — Getty Images
The Trump administration sued the former national security adviser John R. Bolton on Tuesday to stop the publication of his highly anticipated memoir about his time in the White House, saying it contained classified information that would compromise national security if it became public.
The book, “The Room Where It Happened,” is set for release on June 23. Administration officials have repeatedly warned Mr. Bolton against publishing the book.
Mr. Bolton “had negotiated a book deal allegedly worth about $2 million and had drafted a 500-plus-page manuscript rife with classified information, which he proposed to release to the world,” the Justice Department said in a lawsuit against Mr. Bolton filed in federal court in Washington.
Mr. Bolton’s lawyer, Charles Cooper, has said that his client acted in good faith and that the Trump administration is abusing a standard review process to prevent Mr. Bolton from revealing information that is merely embarrassing to President Trump, but not a threat to national security.
On Monday, Mr. Trump accused Mr. Bolton of violating policies related to classified information by moving ahead with the book.
But the book has already been printed and bound and has shipped to warehouses, which could make it more difficult for the administration to stop Mr. Bolton’s account from becoming public.
Mr. Bolton submitted the manuscript to the administration for review in January. At the time, the impeachment inquiry was underway into whether Mr. Trump’s dealings with Ukraine constituted an abuse of power.
Democrats asked Mr. Bolton to testify voluntarily in the House impeachment inquiry, but he declined, and they never sought a subpoena, fearing a protracted court fight. Mr. Bolton offered to testify in the impeachment trial in the Senate, where Republicans control the majority. They declined to call him.
One critical account from the book emerged during the trial, when The New York Times reported that Mr. Bolton, in his manuscript, said that Mr. Trump directly tied military aid to Ukraine to his desire for investigations he sought to undermine a political rival, former Vice President Joseph R. Biden Jr. Mr. Bolton made clear, in a statement released this week, that the book contained other explosive details.
The government’s system for reviewing books and other material by former officials was created to ensure that classified and other sensitive information remained secret. Officials must agree to submit any works to the review process in order to obtain a security clearance.
A group of former national security officials said last year in a lawsuit that the pre-publication review process for books and articles unjustifiably restricted their rights to free speech and due process.
They claimed that the review system, which is governed by several ambiguous policies, gives reviewing officials too much discretionary power over what is published and allows them to quickly clear reviews for former officials who write positively about the government.
Maggie Haberman is a White House correspondent. She joined The Times in 2015 as a campaign correspondent and was part of a team that won a Pulitzer Prize in 2018 for reporting on President Trump’s advisers and their connections to Russia. @maggieNYT
Katie Benner covers the Justice Department. She was part of a team that won a Pulitzer Prize in 2018 for public service for reporting on workplace sexual harassment issues. 

Linhas do Tempo: políticas sociais pós 1985 até 2018 - Fundação FHC

Caso não esteja visualizando corretamente esta mensagem, acesse este link
 

 
 
Nós, da Fundação FHC, convidamos você a conhecer nosso novo projeto: as Linhas do Tempo sobre diferentes direitos construídos na história recente. Elas cobrem o período de 1985 a 2018, apresentando os principais eventos, leis e mobilizações que ocorreram em torno da questão racial, dos direitos indígenas e das mulheres, da reforma agrária e da política ambiental.
 
 
Nossa intenção é mostrar a interação política entre governo e sociedade, com seus diferentes atores e interesses, que estão por trás de mudanças na legislação e nas mentalidades em relação a esses temas. Entender o processo de construção da cidadania nos ajuda a defender conquistas importantes no presente e ampliá-las no futuro.
 
 
As Linhas do Tempo podem ser acessadas gratuitamente neste link. Esperamos que possam ser úteis como fonte de pesquisa dentro e fora da sala de aula. O projeto está em constante transformação. Novos temas serão apresentados em breve. Estamos abertos a receber críticas e sugestões, corrigir eventuais erros e suprir lacunas. Não hesite em escrever para o e-mail linhasdotempo@fundacaofhc.org.br.
 
 
Se você gostou das Linhas do Tempo, por favor divulgue-as. O conhecimento histórico e o debate qualificado de ideias são fundamentais para a democracia.
 

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Tradicionalismo: a extrema direita no poder - Venício A. de Lima (Carta Maior)

Tradicionalismo: a extrema direita no poder

Por Venício A. de Lima 

Carta Maior, 15/06/2020 
 
Valor Econômico noticiou no início de junho que Gerald Brant, executivo do mercado financeiro e diretor de uma empresa de investimentos nos Estados Unidos, deverá ser nomeado para assessor especial no Ministério das Relações Exteriores, uma espécie de conselheiro, ligado diretamente ao gabinete do chanceler Ernesto Araújo. (Cf. Daniel Rittner, “Amigo de Bannon, Gerald Brant pode quebrar tabu e ter cargo no Itamaraty”, 5/6/2020). A notícia causou estranheza, dentre outras razões, porque o indicado não é da carreira diplomática. Uma das reações indignadas veio do ex-ministro Celso Amorim. Se confirmada esta nomeação, afirmou, representaria “um estupro” na diplomacia brasileira; “uma coisa inexplicável, uma violência sem tamanho. Um tiro final no Itamaraty” (Cf. “Amorim: nomear aliado de Bannon no Itamaraty é um estupro” in https://www.brasil247.com/mundo/amorim-nomear-aliado-de-bannon-no-itamaraty-e-um-estupro ).

Quais são as credenciais de Gerald Brant e o que ele representa? Para simplificar a resposta, recorro a um episódio relatado pelo professor da University of Colorado Boulder, Benjamin Teitelbaum em seu recente War for Eternity – Inside Bannon’s Far-Right Circle of Global Power Brokers (Guerra pela Eternidade – Dentro do círculo de extrema direita dos poderosos globais de Bannon, Dey St./HarperCollins, 2020). 

Em janeiro de 2019, Teitelbaum foi convidado para um jantar na casa de Steve Bannon – ex-CEO do portal de extrema direita Breitbart News, ex vice-presidente da Cambridge Analytica, ex-coordenador da campanha de Donald Trump e ex-estrategista chefe na Casa Branca. O evento celebrava o encontro do anfitrião com Olavo de Carvalho, referência doutrinária do recém-eleito governo de Jair Bolsonaro no Brasil. Entre os seletos convidados americanos e brasileiros estava Gerald Brant. Depois do “Pai Nosso” de agradecimento pela refeição, o investidor propôs um brinde e saudou: “Isto é um sonho se realizando. Trump na Casa Branca, Bolsonaro em Brasília. E aqui em Washington, Bannon e Olavo de Carvalho, face-a-face. Este é um novo mundo, amigos” (pp. 164-165). Ao longo do jantar os presentes descreveram as perspectivas do governo Bolsonaro e, em resposta a uma pergunta de Bannon sobre qual a posição de seus partidários, declararam unânimes: “alinhamento com o Ocidente Judeu-Cristão”. (pp. 167).

Para os que já conhecem as relações entre a família Bolsonaro, Olavo de Carvalho, Ernesto Araújo e Steve Bannon, a eventual nomeação de Gerald Brant certamente não causaria qualquer estranheza. O que os une é a adesão a uma doutrina chamada Tradicionalismo.

O Tradicionalismo
War for Eternity é, de certa forma, uma introdução ao Tradicionalismo, com “T” maiúsculo para se diferenciar do simples tradicionalismo (conservadorismo), crítico do novo por acreditar que a vida era melhor no passado. Pesquisado e escrito, nas palavras do próprio autor, no espaço cinzento entre a etnografia e o jornalismo investigativo, o livro resulta de mais de 20 horas de entrevistas gravadas com Steve Bannon e muitas horas com outros adeptos do Tradicionalismo, direta ou indiretamente, a ele relacionados: extremistas radicais da AltRight, nacionalistas brancos (White Nationalists), membros da Ku Klux Klan e neonazistas. Gente como Daniel Friberg (Suécia) e Richard Spencer (EUA); Michael Bagley, Jason Reza Jorjani e John B. Morgan (EUA); Tibor Baranyi e Gabor Vona (Hungria). Somos também introduzidos a figuras como o místico armênio George Gurdjieff (1866-1949), o filósofo esotérico sufista suíço Frithjof Schouon (1907-1998) e a francesa defensora do nazismo Savitri Devi (1905-1982). Entre os mais proeminentes entrevistados, o russo Aleksandr Dugin e o brasileiro Olavo de Carvalho. O conjunto doutrinário que resulta e articula toda essa gente é, para dizer o mínimo, assustador. 

Não há no livro uma resposta organizada para a pergunta “o que é o Tradicionalismo? ”. Escrito primariamente para o público leitor estadunidense, War for Eternity está centrado em Steve Bannon, não só pelas posições que já ocupou no governo Trump, mas, sobretudo, pelo papel de articulador dos Tradicionalistas que busca exercer em nível mundial. O leitor (a) terá que garimpar os elementos que vão surgindo na narrativa para construir uma visão de conjunto desta bizarra forma de pensar. O que se segue é uma breve tentativa de síntese, parcial e seletiva, privilegiando o que se relaciona ao Brasil de Bolsonaro.

Embora haja importantes diferenças entre eles, os pais fundadores do Tradicionalismo são dois pensadores da primeira metade do século XX: o francês René Guénon (1886-1951) e o italiano Julius Evola (1898-1974). O primeiro, ex-católico, ex-maçom, convertido ao islamismo sufista. O segundo, racista, misógino e ligado ao fascismo de Mussolini. Teitelbaum registra: “René Guénon morreu paranoico e envolvido em conflitos com seus ex-seguidores em 1951, e Julius Evola passou seus últimos anos encafurnado no seu apartamento em Roma com um pequeno grupo de seguidores excepcionalmente radicais e perigosos – alguns deles, simples terroristas – e desprezado por muitos Tradicionalistas” (p. 133).

O Tradicionalismo é um “esoterismo religioso” que se “opõe à modernidade Ocidental e à ciência” (p.137). Uma de suas características básicas é a crença – que tem sua origem no Hinduísmo – de que o tempo histórico se desenvolve em ciclos: as idades de ouro, de prata, de bronze e das trevas. Cada um desses ciclos é representado por diferentes tipos de castas, ordenadas por uma hierarquia descendente: os padres, os guerreiros, os mercadores e os escravos. É uma visão fatalista e pessimista, de vez que esses ciclos se repetirão independentemente da agência humana. Apesar disso, Tradicionalistas militam para acelerar a passagem de um ciclo para outro. Eles acreditam que estamos vivendo uma era das trevas que deve ser implodida para que se retorne ao ciclo inicial, à idade de ouro. Nela viveremos numa sociedade não massificada, não homogeneizada materialmente, onde não existem valores universais – como democracia, comunismo e direitos humanos – mas sim diferentes espiritualidades sob a tutela de uma teocracia hierárquica. 

A modernidade é o oposto do Tradicionalismo. É ela que caracteriza a era das trevas. Ela promove o enfraquecimento da religião em favor da razão (Iluminismo), o declínio do que não pode ser quantificado matematicamente – espírito, emoções, o supranatural – em favor do que é material. A modernidade também envolve a organização de grandes massas de pessoas com fins políticos ou de consumo. Disso resulta a padronização e a homogeneização da vida social. A modernidade acredita no progresso, na criatividade humana que pode nos conduzir a um mundo melhor do que esse no qual vivemos. Tradicionalistas aspiram a tudo que a modernidade não é. Eles acreditam em verdades eternas, transcendentes e estilos de vida, não na busca do progresso.

A hierarquia é um dos sinais da sociedade sadia. Os inimigos da diferença são os universalismos, valores ou sistemas considerados verdadeiros para toda a humanidade e não para grupos específicos. Na modernidade, a democracia é frequentemente compreendida nestes termos, tratada até mesmo em documentos fundadores de estados-nações liberais como parte de um conjunto auto evidente de direitos emanados de Deus, simultâneos ao conceito de uma igualdade universal. 

Os Tradicionalistas adotam o que René Guénon chamou de “teoria da inversão” que é uma das características da era das trevas. “Tudo que você pensa que é bom, é ruim. Toda mudança que você considera progresso, na verdade, é regressão. Toda instância aparente de justiça, na verdade, é opressão” (p. 78). O sistema de valores do mundo moderno é, portanto, o oposto da verdade.

A este amplo quadro de crenças, se acrescentam, de acordo com diferentes matizes do Tradicionalismo, o racismo – a superioridade ariana – e a misogenia – os homens arianos constituem  a casta dominante da idade de ouro.

Os Tradicionalistas atuam através do que chamam de metapolitica, vale dizer, privilegiam o ativismo através da cultura – artes, entretenimento, espaços intelectuais, religião, educação – e não necessariamente através de instituições políticas tradicionais. “Se você consegue alterar a cultura de uma sociedade, você terá criado uma oportunidade política para você mesmo. Fracasse em conseguir isto e você não terá qualquer chance” (p. 61). 

Uma das manifestações concretas do Tradicionalismo – embora, por óbvio, ele não constitua sua única causa explicativa – é a ascenção ao poder de grupos políticos de extrema direita em diferentes partes do mundo, sobretudo a partir da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, em 2016.

O leitor (a) deve estar se perguntando: de onde sai o dinheiro? quem financia os Tradicionalistas? Teitelbaum não está exatamente preocupado em esclarecer esta questão. Todavia, pelo menos no caso de Steve Bannon, a fonte é publica e conhecida. Nos meses em que o livro estava sendo escrito ele recebia 1 milhão de dólares/ano do bilionário dissidente e exilado chinês, Guo Wengui (p. 94).

O guru Tradicionalista brasileiro
Em pelo menos quatro dos 22 capítulos do War for Eternity (10, 13,14 e 20), Olavo de Carvalho é o personagem principal ou merece destaque. Estudioso da extrema direita, Teitelbaum se interessou por ele quando, na primeira manifestação pública do presidente eleito Jair Bolsonaro, através de uma “live” caseira, viu que haviam quatro livros estrategicamente colocados na mesa à sua frente: a Bíblia, a Constituição Brasileira de 1988, Memórias da Segunda Guerra Mundial de Winston Churchill e O Mínimo que você precisa saber para não ser um idiota de Olavo de Carvalho. O vínculo com Olavo de Carvalho foi confirmado publicamente quando, em 1º de maio de 2019, o governo Bolsonaro concedeu-lhe o mais alto grau da Ordem de Rio Branco, criada para "distinguir serviços meritórios e virtudes cívicas, estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção” (Cf. https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/bolsonaro-concede-a-olavo-de-carvalho-condecoracao-igual-a-de-mourao-e-moro.shtml ).

Comunista nos tempos de estudante, passou a se interessar por alquimia e astrologia, frequentando círculos ocultistas em São Paulo. Para a revista Planeta, “entrevistou extraterrestres e pessoas mortas” (p.129). Nesta época deu aulas de astrologia em livrarias e na PUC-SP. “Esoterismo era sua grande paixão” (p. 129). Desde a década de 70 ele tem contato com a obra de René Guénon, a quem considera “crazy”, mas julga que “escreveu muita coisa verdadeira” (p.169). Nos anos 80 esteve envolvido numa estranhíssima celebração Maryamiyya tariqa (uma ordem sufista), liderada por Frithjof Schuon que se considerava o herdeiro de René Guenon (pp. 129-136), em Bloomington, Indiana. Nesta época havia se convertido ao sufismo e se tornou muqaddam (facilitador) de uma tariqa em São Paulo. 

Olavo de Carvalho é um Tradicionalista “excêntrico” (p.128) à sua própria maneira, embora compartilhe pontos fundamentais com os pilares da doutrina. “Despreza a mídia e as universidades” (p.128). Acredita que “esquerdistas se infiltraram no sistema educacional brasileiro em preparação para uma revolução comunista” (p.168). Afirma literalmente: “se eu fosse mostrar a você fotografias das universidades brasileiras, você veria somente pessoas nus fazendo sexo. Eles vão para a universidade para fazer sexo e se você tenta pará-los eles se revoltam, começam a chorar, te veem como um opressor” (pp. 254-255). 

Ele se alinha totalmente com Steve Bannon “na condenação da China e na urgência de resistir à sua influência global” (p.166). Perguntado se temia a China ou o Islã, respondeu: “Eu acredito que a China é mais perigosa. Eles não têm um senso real de humanidade. Eles pensam que pessoas são coisas (...). Eles pensam que você pode substituir uma pessoa por outra. Eles não são boas pessoas” (p. 257).

Ao concluir sua análise sobre o debate público que Olavo de Carvalho travou com o Tradicionalista russo Aleksandr Dugin em 2011, Teitelbaum afirma: “O que, afinal, Olavo apoia? Primeiro e acima de tudo, cristãos de todos os países, Israel e nacionalistas conservadores americanos. Os hábitos sociais rurais dos americanos, em particular, parecem capturar alguma coisa sacrossanta para ele. Ele viu coesão crescente, caridade e voluntarismo quando o Estado se retirou da sociedade americana” (p. 182).

Desde 2005 morando numa zona rural do estado de Virgínia, nos Estados Unidos, agora católico – uma forma de intensificar sua oposição ao comunismo (p. 176) – Olavo de Carvalho passou a oferecer cursos pela internet (Youtube, Facebook) e pelo rádio. Obteve sucesso e “formou” vários quadros que hoje ocupam posições fundamentais no governo de Jair Bolsonaro: Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Abraham Weintraub (Educação) são apenas os mais conhecidos.

Tradicionalismo no Brasil
No capítulo final de War for Eternity, Teitelbaum observa: “Tradicionalismo em sua forma original não estimula preocupações com desigualdades e injustiças. Quando seu comando de arregimentar populações em torno de uma essência espiritual arcaica é combinado com uma ideologia que preserva sua própria versão apocalíptica – como o messianismo de cristãos evangélicos com a crença adicional de que a destruição terrena é necessária para uma utopia terrena, e não celestial – pode existir razão para alarme. Na verdade, para vários dos Tradicionalistas, esta filosofia oferece o pretexto não para a apatia (...) mas para seu exato oposto: a ação transformadora temerária na crença de que o mundo está prestes a mudar e, portanto, medidas audaciosas são justificadas. Tradicionalismo não vê razão para se subordinar à política” (pp. 280-281).
É neste contexto que se deve buscar a compreensão do que ocorre no Brasil de Bolsonaro. No caso específico da nomeação de Gerald Brant – empresário americano de extrema direita ligado a Steve Bannon – para conselheiro da política externa brasileira, há de se lembrar que o chanceler Ernesto Araujo discute Guénon e Evola fluentemente e que “mais do que o próprio Olavo, é um Tradicionalista” (p.165). No seu blog “Metapolítica 17 – Contra o Globalismo” (Cf. https://www.metapoliticabrasil.com/blog/ ) ele se apresenta: “Sou Ernesto Araújo. Tenho 28 anos de serviço público e sou também escritor. Quero ajudar o Brasil e o mundo a se libertarem da ideologia globalista. Globalismo é a globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural. Essencialmente é um sistema anti-humano e anti-cristão. A fé em Cristo significa, hoje, lutar contra o globalismo, cujo objetivo último é romper a conexão entre Deus e o homem, tornado o homem escravo e Deus irrelevante. O projeto metapolítico significa, essencialmente, abrir-se para a presença de Deus na política e na história”

O Tradicionalismo, vale dizer, a extrema direita, assumiu o poder no Brasil.

[Brasília, 15 de junho de 2020]
Venício A. de Lima é Professor Emérito da UnB e Pesquisador Sênior do CEBRAP-UFMG

segunda-feira, 15 de junho de 2020

SindItamaraty em defesa do Itamaraty (pois é, onde está a ADB?) - Nota contra ingresso fora do quadro

SindItamaraty emite nota contra a admissão de quadros externos ao MRE:
Notícias
Nota Oficial
15 Junho 2020
O Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty) vem a público manifestar profunda preocupação com a eventual contratação de assessor fora dos quadros do MRE, conforme veiculado pela imprensa.
A admissão no Ministério das Relações Exteriores (MRE) de pessoas alheias às carreiras do Serviço Exterior Brasileiro (SEB) representaria atentado à própria política externa nacional, tradicionalmente formulada por quadros formados, treinados e qualificados nas melhores práticas de defesa dos interesses nacionais, em consonância com o papel do Brasil na comunidade internacional.
A preocupação com a eventual nomeação é agravada pelo risco de ver integrar em nosso foro elemento de dupla nacionalidade, notoriamente próximo ao governo estrangeiro, e, naturalmente, comprometido com interesses desvinculados dos nossos. A intenção de trazer alguém estranho aos quadros do MRE trai o propósito de contemplar interesses alheios aos objetivos do País.
É falaciosa a alegação de que tal nomeação poderia ser útil ao ministério ao trazer pessoas de perfil técnico: nossos quadros têm amplo conhecimento técnico nas mais diversas áreas e, além disso, contam sempre, nas negociações de escopo internacional, com profissionais igualmente experientes de outras instâncias do serviço público.
A medida tornaria vulnerável toda a política exterior do Brasil, ameaçando, pois, a independência e, ipso facto, a soberania nacional. A própria ideia desprestigia o Serviço Exterior Brasileiro e envergonha a tradição diplomática nacional. O intento conspurcaria a direção da política externa brasileira, com vício de desvio de finalidade.
Tendo em vista a instabilidade e a apreensão que uma notícia dessa natureza carrega para o ambiente profissional, o Sinditamaraty convida o ministro Ernesto Araújo a reiterar publicamente que se mantêm idênticos os parâmetros de nomeação para cargos em comissão e funções de chefia no MRE, assim como o fez em janeiro de 2019.
O Sindicato segue mobilizado em sua defesa da profissionalização dos quadros do Itamaraty, com a necessária especialização e modernização nas melhores práticas profissionais.
A entidade permanece alerta na prevenção de medidas que possam ameaçar as conquistas obtidas e pugna pela prevalência dos interesses do Brasil.

A imagem censurada que envergonha o poder - Aroeira

Lembro-me de caricaturas horríveis de personagens políticos do mais alto nível: por exemplo, Temer como vampiro, Rodrigo Maia com focinho de porco, uma deputada retratada como Pepa Pig, e coisas assim. Quem é político trm de se acostumar com essas coisas. Algum motivo deve existir para o presidente ser retratado assim: ele recomendou que seus asseclas invadissem hospitais e UTIs. Merece...
PS: A IMAGEM NÃO APARECE no Facebook, provavelmente por algum tipo de censura demandada pelo Ministro da Justiça contra essa ferramenta.


Vidas Paralelas: as diplomacias de Lula e Bolsonaro comparadas - Paulo Roberto de Almeida

Vidas Paralelas: as diplomacias de Lula e Bolsonaro comparadas

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: Entrevista; finalidade: Trabalho acadêmico]
  
1. Os dois primeiros anos de Lula em seus dois mandatos e os dois primeiros de Bolsonaro.
O governo Lula – que tinha prometido manter a política econômica do governo precedente na sua “Carta ao Povo Brasileiro” de junho de 2002 – começou muito bem no plano econômico, mas em compensação deu uma guinada para a esquerda na política externa, para contentar as suas bases militantes. Criou uma nova orientação para a política externa, que chamou de Sul Global, ou seja, priorizando uma política de relacionamento especial e prioritário com países do Sul, em contraposição ao que se tinha antes, que era uma política externa universalista, sem discriminações geográficas. 
Contou para isso o fato de que, depois de bastante tempo terem servido diplomatas como conselheiros presidenciais em matéria de política externa, se passou a ter um apparatchik do PT cumprindo essa função, um homem, Marco Aurélio Garcia, que foi um aliado integral dos comunistas cubanos na montagem do Foro de S. Paulo. Muito da política externa seguida durante todos os governos petistas tiveram essa inclinação, inclusive de apoio às mais execráveis ditaduras do continente e de outros continentes.
Em contraste, a política externa de Bolsonaro se colocou desde o início em confronto com essa orientação, mas exagerando do lado da extrema-direita, até exagerando na importância do Foro de S. Paulo, e colocando o combate ao marxismo cultural como uma das prioridades do Itamaraty, inclusive acusando diplomatas de terem servido de suporte a essa orientação ideológica do novo governo. O relacionamento do governo Bolsonaro se fez, ou se faz, prioritariamente em direção de outros regimes nacionalistas de extrema-direita, a começar pela figura do presidente americano, supostamente um campeão da luta contra o fantasma do globalismo e o multilateralismo. Com isso, essa política externa conseguiu alienar, inclusive por outras medidas em ambiente e direitos humanos, as boas relações que o Brasil mantinha com parceiros tradicionais na Europa.
De toda forma, não temos ainda dois anos de Bolsonaro, mas já nos dezoito meses podemos concluir que tem sido um desastre muito maior do que os primeiros dois anos do governo Lula, com uma ruptura completa nas grandes linhas da diplomacia brasileira, assim como nos métodos de trabalho do Itamaraty. 
Se posso recomendar mais amplas leituras sobre cada uma das duas políticas externas e suas práticas diplomáticas, elas figuram nestas obras minhas: 
Sobre a diplomacia de Lula: Nunca Antes na Diplomacia...: A política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Appris, 2014; impresso e e-book); Contra a corrente: ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil, 2014-2018 (Curitiba: Appris, 2019; idem). Sobre a diplomacia de Bolsonaro; Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (2019; em edição de autor e pela UFRR; disponíveis livremente em meu blog Diplomatizzando); O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (Kindle 2020; ASIN: B08B17X5C1). Especificamente sobre o primeiro mandato dos governos Lula, tenho este artigo: 1699. “A diplomacia do governo Lula: balanço e perspectivas”, Brasília, 11 dezembro 2006, 14 p. Versão completa divulgada no blog Diplomatizzando (21/05/2012; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2012/05/diplomacia-do-primeiro-mandato-de-lula.html).

2. Caracterizando as políticas externas de Lula e Bolsonaro
A de Lula, esquerdista moderada e desenvolvimentista; a de Bolsonaro, ideologicamente marcada à extrema-direita, e subordinada não apenas aos Estados Unidos, mas ao governo Trump particularmente. Uma ruptura com os padrões tradicionais da política externa do Itamaraty muito mais profunda do que a que tinha ocorrido sob Lula. Para uma análise mais aprofundada, valem as recomendações das leituras acima.

3. A política interna de Lula e Bolsonaro
Supostamente liberal, mas de fato com NENHUMA privatização e quase nenhuma implementação de reformas fundamentais, a não ser a da Previdência, em grande medida feita pelo Congresso, e uma outra de regime especial para a questão da pandemia, preservado a reforma feita no governo Temer de controle de gastos.
Sobre a política econômica do governo Lula, posso indicar este meu artigo: 2192. “Uma avaliação do governo Lula: a área econômica”, Shanghai, 26 setembro 2010, 9 p. Revista Espaço Acadêmico (ano 10, n. 113, outubro 2010, p. 38-45; ISSN: 1519-6186; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/11273/6144).

4. Aliados e inimigos de Lula e Bolsonaro (econômicos, sociais, políticos)
A esquerda em geral, o governo comunista cubano em especial, e os bolivarianos da América do Sul, no caso de Lula. No caso de Bolsonaro, demonstrou uma subserviência a Trump jamais vista em qualquer presidente brasileiro. No plano interno, os sindicalistas para Lula – dotações do MTb para as centrais sindicais, sem comprovação de gastos – e para os ruralistas mais atrasados no caso de Bolsonaro, daí os ataques contra a fiscalização dos desmatamentos na Amazônia e a denúncia das ONGs em todas as áreas.

5. Relação de Bolsonaro com Trump
Subserviência explícita, como se notou no “I love you Trump”, por ocasião da abertura dos debates na AGNU, em setembro de 2019. Também cultiva Netanyahu em Israel e outros líderes de direita.

6. Estratégia de segurança de Lula e Bolsonaro, preocupação com ameaças à segurança e investimento nas forças armadas.
Ambos procuraram atender aos reclamos das FFAA e dos militares, mais no terreno dos soldos e pensões militares do que dos equipamentos e projetos. No caso de Bolsonaro, também conta o apoio às PMs, que ele pretende fazer uma espécie de milícia a seu serviço. Um artigo sobre e estratégia global do governo Lula: 2207. “Never Seen Before in Brazil: Lula’s grand diplomacy”, Shanghai, 18 outubro 2010, 20 p. Publicado na Revista Brasileira de Política Internacional (vol. 53, n. 2, 2010, p. 160-177; ISSN: 0034-7329; link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292010000200009&lng=en&nrm=iso&tlng=en; arquivo em pdf: http://www.scielo.br/pdf/rbpi/v53n2/09.pdf).

7. Os principais interesses da política externa de Lula e Bolsonaro
Lula era megalomaníaco e queria ser reconhecido como grande líder mundial, ou pelo menos do Terceiro Mundo. Bolsonaro quer transformar a política externa do Brasil em bastião da luta contra o comunismo, o globalismo e outros supostos inimigos externos. Procedi a um exame sintético da política externa de Lula neste artigo: 2189. “Balanço do governo Lula: evolução do setor externo”, Shanghai, 25 setembro 2010, 6 p. Foco no comércio exterior e na integração mundial. Publicado em Dom Total (19/05/2011; link: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=1981).

8. A consistência de Lula com a ideologia de esquerda
Retoricamente muito forte, mas na prática mais moderada; Lula nunca foi de fato de esquerda, sempre foi um oportunista. Já Bolsonaro não tem nenhuma objeção a ser identificado com a direita mais extrema. Cultivou Taiwan, antes das eleições, o que deixou os chineses muito irritados. Sobre o papel do governo Lula na questão política, tenho um artigo: 2510. “Democracy Deficit in Emerging Countries: Undemocratic trends in Latin America and the role of Brazil”, Hartford, 3 September 2013, 34 p. Paper for the Conference “Promoting Democracy: What Role for the Emerging Powers?”, organized by the Deutsches Institut für Entwicklungspolitik (DIE), the International Development Research Centre (IRDC), and the University of Ottawa (Ottawa, 15-16 October 2013; Academia.edu (link: https://www.academia.edu/43350326/Democracy_Deficit_in_Emerging_Countries_Undemocratic_trends_in_Latin_America_and_the_role_of_Brazil_2013_).

9. A consistência de Bolsonaro com a ideologia da direita
Nenhuma, pois Bolsonaro não tem capacidade de formular um pensamento político. Apenas tem instintos primitivos de anticomunismo primário. Profundamente autoritário.

10. Bolsonaro e a pandemia do COVID-19.
Continuou um negacionista empenhado em sabotar as medidas de isolamento. Alguns artigos meus: 3646. “Pandemia global e pandemia nacional: um futuro pior que o passado”, Brasília, 23 abril 2020, 10 p. Notas para palestra online; disponível no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/04/uma-palestra-sobre-duas-pandemias.html) e em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42836086/Pandemia_global_e_pandemia_nacional_um_futuro_pior_que_o_passado_2020_); 3673. “A política externa e a diplomacia brasileira em tempos de pandemia global”, Brasília, 18-20 maio 2020, 28 p. Ensaio sobre a temática do título, para servir como texto de apoio a palestra online; disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/43208735/A_politica_externa_e_a_diplomacia_brasileira_em_tempos_de_pandemia_global_2020_) e anunciado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/a-politica-externa-e-diplomacia.html).

11. Comparando diretamente a política externa de Lula e Bolsonaro
Não há termos de comparação. Lula era um oportunista em todos os sentidos, inclusive e principalmente na política externa. Bolsonaro é um destruidor de todas as instituições existentes. Remeto novamente aos meus livros já referidos anteriormente: Nunca Antes na Diplomacia...: A política externa brasileira em tempos não convencionais(Curitiba: Appris, 2014; impresso e e-book); Contra a corrente: ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil, 2014-2018 (Curitiba: Appris, 2019; idem); Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (2019; em edição de autor e pela UFRR; disponíveis livremente em meu blog Diplomatizzando); O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (Kindle 2020; ASIN: B08B17X5C1).

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 15 de junho de 2020

Um curso sobre as Constituições brasileiras - Rodrigo Marinho (Mises Brasil)

Olá! Tudo bem? 
Tenho certeza que em algum momento da sua vida, independente da sua idade, você já ouviu dizer que o Brasil é o país do futuro. Entra década e sai década e essa frase continua sendo dita. Mas você já parou para pensar por que esse futuro nunca chega? Por que parece que estamos estagnados e presos no passado e que não conseguimos sair do lugar?
Agora, através do mais novo curso online do Instituto Mises Brasil “Por Que o Brasil Não Dá Certo: A História das Constituições", com aulas ministradas por Rodrigo Marinho, você irá entender os reais motivos pelo qual o nosso país é tão atrasado na política  e na economia.
Trata-se de um curso perfeito para aqueles que têm interesse na área do Direito e para aqueles que desejam aprofundar mais o seu conhecimento.
E para você já ir sentindo um pouco do gostinho do curso, estamos disponibilizando a primeira aula inteiramente GRÁTIS. Para assistir, basta clicar abaixo.
Quero assistir! 
O curso é vitalício, 100% online, totalmente adaptável à sua rotina, e após a conclusão você recebe um certificado digital do Instituto Mises Brasil.
Qualquer dúvida, você poderá tirá-la entrando em contato conosco através das nossas redes sociais ou pelo e-mail contato@mises.org.br.
Atenciosamente,
Equipe Mises Brasil.

Macau, a mais leal -Observatório da Política China


Macau no jugó con China: ¿ganó?Xulio Ríos es director del Observatorio de la Política China

In AutonomíasEstudiosGeneral by Xulio Ríos
El 20 de diciembre de 1999, China recuperó la plena soberanía de Macau. Para Portugal significó el final de un ciclo de más de cuatro siglos de presencia administrativa en Asia; para Europa, la desaparición del último vestigio de su proceso de expansión en dicho continente; para China, el adiós definitivo al “último símbolo del colonialismo” en su territorio.
Aunque resulta inevitable referirse a Hong Kong al hablar del enclave portugués, conviene tener presente que además de ser casi anecdótica en términos comparativos, toda la conocida como “cuestión de Macau” se halla en el polo opuesto a Hong Kong y no solo desde el punto de vista estrictamente geográfico. En efecto, para empezar, el territorio, entonces de unos 17 km2 (frente a los 1.061 Km2 de Hong Kong), es una pequeña península situada sobre el estuario del río Sikiang, que incluye la ciudad de Macau, y las islas de Coloane, y las dos Taipa. La población no alcanzaba el medio millón de habitantes (frente a los más de siete millones de Hong Kong) y el PNB per cápita ascendía a 16.840 dólares (en 1997) frente a los 22.950 de Hong Kong (en 1995).
También a diferencia de Hong Kong, la influencia de los factores culturales y sentimentales desempeña en Macau un papel preponderante. Macau siempre ha tenido para Portugal un enorme valor simbólico. Desterrado de la patria, fue aquí donde Luíz de Camoes escribió su obra cumbre, Os Lusiadas, y durante los 60 años de regencia española en el país vecino (1580-1640) la bandera portuguesa nunca dejó de ser izada en Macau. De ahí que en la simbología inscrita en la bandera municipal, al lado de las armas de la ciudad, figure la frase “Cidade do Nome de Deus de Macau, Nao Há Outra Mais Leal”. También muy cerca de Macau nació Sun Yat-sen, quien en 1911, fundaría la República de China, una vez derribada la última dinastía imperial.
Al momento de la devolución, la fuerza económica de Macau no era comparable en modo alguno a la vecina Hong Kong. Ello influyó con seguridad en su proyección exterior, siempre mucho menor. La ausencia de grandes disensiones entre Portugal y China también restó protagonismo informativo al proceso de transición. Incluso para los dirigentes chinos, a diferencia de Hong Kong o Taiwán, siempre presentes en sus discursos o en los análisis a propósito de la reunificación, Macau parecía contar poco.
(Texto completo en el PDF adjunto).