O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Seixas Corrêa: o Paulo Roberto não existe! - Paulo Roberto de Almeida (helàs!)


Seixas Corrêa: o Paulo Roberto não existe!

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: comentário a entrevista; finalidade: concordar com o autor da frase]



Poucas semanas atrás fui solicitado a conceder uma entrevista à jornalista Consuelo Dieguez, da revista Piauí, sobre o nosso inefável chanceler (desculpem, não sei se esse é bem o termo que se aplica ao ministro acidental) e suas peripécias no Itamaraty, sendo que tal demanda foi feita apenas por ter eu sido defenestrado por esse personagem de meu posto de diretor (entre 3/08/2016 e 4/03/2019) do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais numa chuvosa manhã de Carnaval. De natureza mais para o reservoso – um pouco como o coronel Ponciano de Azeredo Furtado, do genial romance de José Cândido de Carvalho, O Coronel e o Lobisomem –, eu não teria me prestado a uma diatribe pública, preferindo ficar no meu canto, lendo e escrevendo, se não fosse, justamente, por essa pedra no meu caminho geralmente discreto, e especificamente voltado para essas leituras e escritos mal sabidos e pouco lidos.
Mas acontece que, nessa mesma trajetória, minhas retinas fatigadas de várias outras leituras acabaram topando tardiamente com essa matéria da Piauí, exatamente na manhã deste 11 de abril, numa leitura de avião e aeroporto. E qual não foi a minha surpresa, ao deparar-me com uma frase absolutamente genial e verdadeira, que aliás confirma o meu natural reservoso referido acima. Para os que necessitam colocar a frase em seu contexto remeto à matéria completa, com estes dados editoriais: Consuelo Dieguez, “O chanceler do regresso: os planos de Ernesto Araújo para salvar o Brasil e o Ocidente”, revista Piauí (n. 151, abril 2019, p. 20-29). A frase aparece na p. 27, quando Seixas Corrêa, indagado pela jornalista, nega que ele me tenha punido pela “Lei da Mordaça” – isso foi em 2001 e novamente em 2002 – e proclama solene e peremptoriamente:
O Paulo Roberto é um rapaz muito inteligente, mas, sinceramente, ele não existe.

Quero de imediato declarar minha satisfação por ter sido objeto de uma declaração de tão augusta figura – descendente de barões do Império e grande servidor do Itamaraty durante décadas, tendo inclusive galgado por duas vezes o mais alto posto reservado aos membros da carreira, o de Secretário Geral – e afirmar, também peremptoriamente, que concordo, em gênero, número e grau, com tal afirmação do circunspecto embaixador: Sim, eu não existo! Ufa! Isso me dá um grande alívio
Com efeito, pelo menos agora eu não existo, funcional ou diplomaticamente, uma vez que não tenho nenhum cargo no Itamaraty, nem terei qualquer outro cargo em postos do exterior, pois uma pessoa que não existe não pode pretender representar o Brasil, não é mesmo? Portanto, como antigamente, nos tempos mais sorridentes do lulopetismo diplomático, vou ter de me recolher ao meu habitat natural, a Biblioteca do Itamaraty, onde continuarei fazendo o que sempre fiz nessa minha vida profissional e acadêmica de muitos livros e algumas poucas pedras no caminho: ler, refletir, escrever, eventualmente publicar o que escrevo, seja nas minhas ferramentas sociais, seja em revistas, seja sob a forma de livros. Exatamente como já o fiz, na anterior travessia do deserto, durante o lulopetismo, que demorou o exato dobro de meu autoexílio de sete anos no exterior, durante a ditadura militar, que tampouco existe, segundo o chanceler e um anterior responsável pelo MEC.
Entre 2003 e 2016 não tive nenhum cargo na Secretaria de Estado das Relações Exteriores, quando então passei vários anos nesse douto exílio, especial para bibliófilos, o que me possibilitou escrever dois ou três livros, além de incontáveis artigos. Aliás, não sei se o embaixador Seixas Corrêa reparou, mas esta pequena nota que escrevo num aeroporto leva o número 3.447 na minha lista de trabalhos originais, sendo que o último trabalho publicado, justamente uma avaliação dos cem primeiros dias da diplomacia do genro dele (na verdade não é) – “Uma revolução cultural acontece na diplomacia brasileira”, revista Época (10/04/2019; link: https://epoca.globo.com/uma-revolucao-cultural-acontece-na-diplomacia-brasileira-opiniao-23588268) – leva o número 1306 da lista de trabalhos publicados. Não quero, por favor, constrangê-lo, com esse estranho caso de um ser que não existe, mas que vive escrevendo e publicando...
Pois eu estou muito contente de NÃO EXISTIR, pelo menos na perspectiva da atual, e deplorável, diplomacia do genro do embaixador Seixas Corrêa, pois ela é uma assemblagem mal costurada de invectivas contra o globalismo – outra coisa que, como diria aquele antigo astrólogo argentino, NO ECZISTE! –, de lamentos e indignação sobre a decadência do Ocidente cristão – calma, gente, Trump está aí para nos salvar –, de luta ingente contra o marxismo cultural – que contaminou, como se sabe, pelo menos metade dos diplomatas –, enfim, contra outros males secundários (climatismo, falta de uma verdadeira fé, além de várias doenças de pele), mas que estão sendo vigorosamente combatidos pelo brancaleônico exército de novos templários que assaltou, literalmente, o governo, a sociedade, o país e a nação. 
Para isso, eu realmente não existo. Nem quero existir, pois minha biografia contaminada pelo marxismo cultural ficaria indelevelmente marcada por uma colaboração não desejada com um dos mais contundentes assaltos contra a racionalidade, o bom senso, a prudência e o comedimento, que sempre caracterizaram a ação do Itamaraty desde o Império até essa republiqueta da nova direita, que não parece dispor de uma doutrina acabada, ou sequer de um mapa do caminho, sendo apenas um caminhar errante e hesitante entre o nada e o lugar nenhum.

Agradeço, portanto, ao embaixador Seixas Corrêa, por deixar patente, claríssima e declarada a minha não existência, e posso confirmar que continuarei assim mesmo: não existindo, mas de vez em quando escrevendo, postando ou publicando algumas coisas, a partir desse lugar que eu muito prezo, onde já estive anteriormente: o limbo.
Termino dizendo que este ser inexistente que vos escreve inaugura por esta pequena nota uma nova série de escritos, “Crônicas do Limbo”, através das quais lembrarei a todos que mesmo fantasmas podem, de vez em quando, vir a incomodar os seres existentes, que poderão, ou não, replicar nos mesmos espaços nos quais escrevo, como sempre abertos a tudo o que for inteligente e pertinente.
Saudações etéreas...

Paulo Roberto de Almeida
Rio de Janeiro, 3447; 11 de abril de 2019



Is the honeymoon period over for Brazil's Bolsonaro? - Katy Watson (BBC)

Lua de mel? Onde? Quando? Por que? Havia algum motivo?
Desde a eleição já sabiamos que seria difícil.
Aí, veio a Lei de Murphy, implacável como sempre...
Como diria aquela hiena de um antigo desenho animado na TV: "Oh Deus, oh céus, eu sabia que não iria dar certo..."
Pois é, o que não poderia dar certo, deu certo, da pior forma possível.
Temos governo?
Não parece...
Paulo Roberto de Almeida

BBC, Londres – 11.4.2019
Is the honeymoon period over for Brazil's Bolsonaro?
Katy Watson

He said he would deliver a safer Brazil to appease those worried about rising violence, an economic turnaround after several years of crisis and - perhaps most central to his campaign - an end to old-style corrupt politics which have seen dozens of high-ranking politicians, including a former president, jailed.
For millions of Brazilians fed up with the status quo, the gun-loving former army officer was the only man for the top job despite sexist, racist and a homophobic remarks he made during the campaign.

Reality sets in

While 100 days in office may not be long enough to judge the president's performance, some of his erstwhile supporters are now expressing doubts about his ability to lead the largest democracy in Latin America.
Late last month, the president caused outrage by suggesting the armed forces commemorate the start of military rule 55 years ago. His anti-corruption image has been tainted by allegations that his son Flavio was involved in financial scandals and death squads.
And then of course, there was that awkward time during carnival when he posted a video on Twitter of a sex act performed by two men at a street party that he felt was bringing the reputation of the country down.
He has now got the lowest approval rating recorded by a first-time president in the initial 100 days in power since the country returned to democracy in the 1980s.

Lack of change

"The feeling is that the situation is worse than it was before the elections," says Rafael Alcadipani, an associate professor at the Getulio Vargas Foundation. "Everyone wanted change in society but the commander-in-chief hasn't shown himself to be capable of delivering any type of change."
"He's failed to show Brazilians confidence in his plan for government," says Roberta Braga, associate director at the Atlantic Council's Adrienne Arsht Latin America Centre in Washington DC. "He's losing a lot of support. It clearly takes time to implement these very complex reforms but Brazilians expected a lot from him."
One of Mr Bolsonaro's campaign commitments was to bring down violence by making it easier for people to own guns. Within a couple of weeks of being sworn in, he had loosened regulations to make it easier to keep guns at home.
This was music to the ears of people like gun club member Natasha Imata, whom I met at LAAD Expo, Latin America's largest security and defence show in Rio de Janeiro last week.
But despite his swift action on gun ownership, Ms Imata thinks that the new president is "not focussed on security".
Her husband Vitor agrees. "His whole campaign was focussed on helping Brazilians but that's not happened. It's been a weak start," he says.
From bullish to confused
Brazil's stock market and currency soared after Mr Bolsonaro's election in what some dubbed the "Bullsonaro wave". But since he took over power on 1 January, signals have been more mixed.
While many in the industry point to a strong economic team led by market-friendly economy minister Paulo Guedes, unemployment levels have remained stubbornly high.
There is also a reluctant acceptance that the government may not be able to push through much-needed reforms such as pension cuts as easily as it had hoped.
"We have serious doubts about the capacity of the government to continue to do these reforms," says Andre Perfeito, chief economist at Necton brokerage in São Paulo. "Bolsonaro's main promise was pension reform. And he's not doing the political job to deliver that."

Others though, are more upbeat.

Walter Maciel is the CEO of independent asset management company AZ Quest: "Most of the old political leaders were not re-elected and went home. There is a major renovation in congress, a new government that was elected by people who desired a huge change, not only in the way the country was led but also in the way that politics was done."
"So you have a lot of new people coming in, many of them coming in without any political experience. Of course there's some kind of externality and undesired volatility but it's part of the learning process," Mr Maciel says.

Change of heart

Government worker Gabriel Moraes voted for Jair Bolsonaro but says he would not do so again. He thinks the president needs to be more statesman-like and has so far failed.
"As a head of state, any message he sends out is a reflection of society today," Mr Moraes argues. "Life in civil society isn't like an army barracks. Sure there has to be order and discipline but there have to be principles, rules and respect too."
But his cousin Alessandra Guadelupe Regondi disagrees. A big fan of President Bolsonaro, she says he represents something very different, something that Brazil needs.
With a military background in her family, Ms Regondi warmed to the politician during the campaign.
His promises of cutting ministries in the government and making it more efficient, for example, appealed to her and she has even got a photo of the two of them together, in pride of place on her bookshelf in the living room.
Ms Regondi does not see any problem with the president's social media habit. "It helps him get closer to the people," she argues.
"Leaders were always from the same parties," she says. "He's a new hope, like Donald Trump was. He went against everything - and still won."

Mourao at the Wilson Center, in Washington

A Conversation with His Excellency Hamilton Mourão, Vice President of the Republic of Brazil

The first 100 days of the Bolsonaro administration have been marked by political paralysis, in large part due to the successive crises generated by the President’s own inner circle, if not by himself. Amidst the political noise, Vice President Hamilton Mourão has emerged as a voice of reason and moderation, capable of providing direction in domestic and foreign affairs alike. Vice President Mourão has taken over management of the crisis in Venezuela and has been increasingly sought after by officials from China, Europe, and the Middle East, as well as the business community, to act as an interlocutor for the government. The former four-star general has also become a favorite of Brazilian journalists—who are frequently critical of the new administration—for his willingness to engage with the media and for his important remarks on the need for government to value a diversity of opinions. 

Selected Quotes from Vice President Mourão

“We are committed to restoring the confidence in the country and in its institutions so we can resume the path to our social and economic development. From the outset, our government has taken steps toward reform of the State: We reduced the number of ministries, appointing a cabinet without political influence, far from the practice that sold the government to political parties. We have also cut more than twenty thousand positions in different levels of the federal government, the so-called ‘commissioned positions’, which are open for non-career appointments, and therefore were part of the give and take game of old politics.”
“The armed forces will keep as they are, and as they have been in the last 34 years since the end of the military regime in Brazil in 1985. We have received the task from the Brazilian people to run the government for the next four years and to do our best, our big efforts, to change the course of action that Brazil was taking and to restore our economy and to restore the security of our people and to put the country back on its tracks so that we can reach sustainable development.”
"We have to do all that is in our hands to press the Maduro government to call new elections, to get out. And, okay, they don’t have the capacity to solve what is happening there. The country is shattered economically, the population is suffering because they don’t have access to food, they don’t have access to medicines. The problem now of electric power has reached the point of no return… What can we do? It is what we are doing through the Group of Lima. We have to apply [political and economic] pressure… The political pressure is being applied since the moment that we did not recognize anymore Maduro as the real government in Venezuela. And the economic pressure… the great pressure comes from the U.S.”
“…There is no question about the change [in climate], it’s changed. In Rio, any rain is a big problem. By the typography of the city, by the disorganization of and occupation of the city, so we have to deal with this. Of course, at first there was all that talk about the Paris Agreement, okay, we are going to stay in the Paris Agreement, we have to fulfill the Paris Agreement, and I think that we in Brazil can pass a good word to everybody once we do our homework on this problem of sustainability and the environmental question. Also I look forward, because there is going to be a market for carbon credits in the nearby future. Well, we will have a lot of carbon credits to sell.”
The Brazil Institute was honored to welcome Vice President Mourão at the Wilson Center on April 9, for a conversation on the political outlook for Brazil in the coming year and beyond. 
04-09-2019 A Conversation with His Excellency Hamilton Mourão, Vice President of the Republic of Brazil
Header image by Agência Brasil

Matérias sobre os cem primeiros dias da diplomacia brasileira

Até começa com meu artigo na revista Época. Mas tem muito mais, até uma matéria a favor, por mais incrível que pareça (mas é compreensível: trata-se do chanceler acidental elogiando a si próprio, o que pode ser vitupério). 
Paulo Roberto de Almeida

Diplomacia brasileira
Atualização diária  11 de abril de 2019
NOTÍCIAS 


Estão sendo quebrados padrões históricos da diplomacia e da política externa brasileira. Assistimos a uma espécie de “revolução cultural” na ...
Google PlusFacebookTwitterSinalizar como irrelevante 




O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, chega nesta quinta-feira (11) aos seus cem dias à frente da chancelaria brasileira em alta com o ...
Google PlusFacebookTwitterSinalizar como irrelevante 


... da Agricultura, Tereza Cristina, em uma tentativa de apaziguar os ânimos após o mal-estar causado pelo alinhamento da diplomacia brasileira com ...
Google PlusFacebookTwitterSinalizar como irrelevante 


Mas o sr. considera que a diplomacia brasileira está agindo para corrigir essa queda internacional do comércio? Eu acho que a política externa ...
Google PlusFacebookTwitterSinalizar como irrelevante 


... da embaixada em Israel, medida que rompe com toda a postura de neutralidade de negociação que sempre caracterizou a diplomacia brasileira.
Google PlusFacebookTwitterSinalizar como irrelevante 

Defenestrados do IPRI planejam um clube dos defenestrados do Itamaraty

Estou pensando em criar, com o ex-secretário geral do Itamaraty, à época, diretor como eu do IPI, um "clube dos defenestrados" do Itamaraty, pois ele, em 11 de abril de 2011, como eu, em 4 de março de 2019, fomos defenestrados do cargo que ocupávamos, que eu ocupei, desde 3 de agosto de 2016, nesse antro de "marxismo cultural" (no meu caso), de nacionalismo desenvolvimentista, no caso dele, ambos por demonstrarmos independência de pensamento em relação às posturas dominantes no Itamaraty, e ambos vítimas da intolerância com respeito a posições que eventualmente não se coadunavam com o Zeitgeist de cada momento.
No caso do Samuel, havia a famigerada Lei da Mordaça, introduzida pelo então SG do Itamaraty, no meu caso, apenas a insegurança, o temor de ser desmascarado, de um chanceler acidental que sabe que está desempenhando um papel que não era o seu tradicionalmente, ou seja, pura figuração, a serviço dos que o colocaram nessa posição que representa, a meu ver, o terceiro escalão do processo decisório em matéria de política externa.
Samuel e eu vamos tomar umas cervejas para comemorar a inauguração desse novo clube, e provavelmente convidar outros eventuais defenestrados de arbítrios similares.
Para mim, tudo é motivo de divertimento. Eu estaria na verdade deprimido se tivesse de servir à política externa esquizofrênica do atual chantecler...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11 de abril de 2019

São Paulo, quarta-feira, 11 de abril de 2001 
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Embaixador contra a Alca cai no ItamaratyDA REPORTAGEM LOCAL

O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães foi demitido do Ipri (Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais), do qual era diretor, por manter uma posição diferente da do Itamaraty em relação à Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Para exonerá-lo da função, o Ministério das Relações Exteriores baseou-se na circular baixada pelo ministro Celso Lafer, em fevereiro deste ano, que proíbe qualquer manifestação pública sobre política externa, por parte dos diplomatas, sem autorização superior.
Foi a primeira exoneração de um embaixador de seu cargo com base na "lei da mordaça", como ficou conhecida a norma do ministério.
A posição de Pinheiro Guimarães contra a criação da Alca era pública, o que incomodava o Itamaraty. A gota d'água teria sido a divulgação do texto "A Alca É o Fim do Mercosul", de autoria do embaixador.
De acordo com ele, a indústria nacional não está pronta para competir com a norte-americana, o que poderia causar forte abalo no setor.
A posição do Itamaraty criou polêmica também no meio jurídico, por poder ferir o artigo 5º da Constituição, que garante a todos os brasileiros a inviolabilidade do direito à livre manifestação do pensamento, independentemente de censura ou licença (incisos IV e IX).
O conselheiro Carlos Henrique Cardim assumirá as funções de Pinheiro Guimarães no Ipri. Não está definido ainda para que área do Itamaraty o embaixador será transferido.

Texto Anterior: Comércio livre: Acordo com UE traz mais ganhos ao país, diz pesquisa
Próximo Texto: Sem Kyoto, EUA perdem moral, afirma governo 
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1104200124.htm?fbclid=IwAR0ubHUInHestj9y4Ci5EQIn0oe5BZ7pRwjuXMqnsxvkwiISSetlqQ0G0pc