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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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terça-feira, 31 de março de 2015

Academia.edu: geografia dos acessos a minha pagina -Paulo Roberto de Almeida


Academia.edu: estatísticas de acesso por países de origem

Apenas um exercício estatístico, sem maior significação substantiva para fins de conclusões sobre a geografia da minha pequena ONU visitadora no Academia.edu.
Do total de 34.401 visitações que recebi em minha página desde o início (até já esqueci quando foi, mas deve ter sido em torno de 2012), 21.400, ou seja, 62% do total, são de origem desconhecida, o que significa que foram feitas por instrumentos de busca, que provavelmente se dividem entre os dois primeiros países identificados, EUA e Brasil, cujos números, portanto, deveriam ser um pouco mais inflacionados. Nesse total geral, o Brasil ficaria, com 28% do total geral, mas aumentaria, se considerássemos apenas os identificados, quanto sua proporção subiria para 74% do total, e os EUA identificados ficariam com 4,9%.
Retirando os desconhecidos, teríamos apenas 13 mil acessos identificados.
Paulo Roberto de Almeida 

Em 30/03/2015

Country
30-Day Views
All-Time Views
Unknown
145
21,400
Brazil
1,214
9,671
United States
122
643
Portugal
52
312
France
27
303
United Kingdom
7
150
Mozambique
14
140
Argentina
8
126
Russian Federation
17
121
Belgium
18
120
Spain
8
106
Angola
5
97
Germany
10
85
Italy
4
69
Mexico
0
51
Canada
3
51
Australia
3
47
Uruguay
2
38
Ecuador
0
36
Switzerland
3
33
Netherlands
1
32
Indonesia
3
31
India
1
31
Turkey
1
30
Egypt
1
30
Korea, Republic of
0
29
Japan
0
28
Greece
1
27
Poland
1
27
Colombia
1
25
Peru
1
23
Senegal
3
16
Romania
0
16
Morocco
0
15
South Africa
0
15
China
1
13
Ukraine
0
13
Philippines
0
13
Thailand
0
13
Chile
1
12
Slovakia
0
12
Cape Verde
1
11
Pakistan
0
11
Malaysia
2
10
Dominican Republic
0
9
Algeria
0
9
Puerto Rico
0
9
Sweden
0
9
Lebanon
0
8
Côte D'Ivoire
1
8
Paraguay
2
8
Guatemala
0
8
Croatia
0
7
Hungary
1
7
Israel
0
7
Czech Republic
2
7
Ireland
0
7
Haiti
0
7
Finland
0
7
Zimbabwe
2
6
Viet Nam
0
6
Iran, Islamic Republic Of
0
6
Tunisia
1
6
Madagascar
1
6
Nigeria
2
6
Austria
0
6
Kenya
0
5
Norway
0
5
Serbia
0
4
Saudi Arabia
0
4
Hong Kong
0
4
Timor-Leste
0
4
Ethiopia
0
4
Bangladesh
0
4
Ghana
0
4
Luxembourg
0
4
Iraq
0
4
Oman
0
3
Slovenia
0
3
Unknown
0
3
Cameroon
0
3
Congo, The Democratic Republic Of The
0
3
Kazakhstan
0
3
Belize
0
3
Burundi
0
3
Singapore
1
3
Venezuela
0
3
Denmark
2
3
Trinidad and Tobago
1
2
Zambia
0
2
Tanzania
0
2
Costa Rica
0
2
Macedonia, the Former Yugoslav Republic Of
0
2
Taiwan
0
2
Mongolia
0
2
Martinique
0
2
Malta
0
2
Gabon
1
2
Guinea
1
2
Yemen
0
2
Bulgaria
0
2
New Zealand
0
2
Bahrain
0
2
Sudan
1
2
Kyrgyzstan
0
2
Bolivia
0
2
Kuwait
0
2
Sao Tome and Principe
0
2
Cuba
0
2
Réunion
0
1
Nepal
0
1
Namibia
0
1
Mali
0
1
Sri Lanka
0
1
Fiji
0
1
El Salvador
0
1
Togo
0
1
Estonia
0
1
Qatar
0
1
Armenia
0
1
Albania
0
1
Unknown
0
1
Saint Vincent And The Grenedines
0
1
Cyprus
1
1
Congo
1
1
Palestinian Territory, Occupied
1
1
French Guiana
1
1
Bosnia and Herzegovina
0
1


Commodities: tendencia secular ao declinio nos precos - PesquisaMacroecomica Itau

Excelente estudo de Artur Manoel Passos, sobre o qual tenho algumas observações.
1) Quando se fala de declínio, ou ascensão, numa série histórica de valores, sempre se deve perguntar, em relação a quê, exatamente?
    Pode ser em relação a um ponto na trajetória -- e se escolhermos um outro ponto a tendência pode mudar, certo? -- mas pode ser em relação à referência escolhida para comparação.
2) Neste caso, é dito é que se trata de relação aos preços de serviços, mas não se apresenta qual o indicador preciso desses serviços, e quais serviços são computados na série.
3) A tendência secular de queda de commodities poderia sustentar o famoso argumento prebischiano sobre "deterioração dos termos do intercâmbio", mas na verdade o desmente, pois diz que os manufaturados também caem.
4) Precisaria ficar claro que manufaturados SEMPRE vão cair, absoluta e relativamente, dados os ganhos de escala, de produtividade, de inovação nessa área.
5) Preços agrícolas também devem cair tendencialmente, com o crescimento progressivo da produtividade, incorporação de novas terras, diminuição do crescimento demográfico, etc, mas sempre depende da relação oferta e demanda, e a primeira reage a expectativa de ganhos futuros.
6) Metais e minerais são estoques fixos e dependem de infraestrutura, efeito substituição, mas não são "renovaveis", como agrícolas e manufaturas.
7) O principal problema, no entanto, são os serviços, que constituem uma gama enorme de itens, alguns com ganhos contínuos de produtividade -- telecomunicações, por exemplo -- e outros de ganhos nulos, ou de custos crescentes (corte de cabelo, por exemplo).

    Sugeriria que o estudo tivesse mais aperfeiçoamentos metodológicos para responder a tais tipos de questionamentos.
Paulo Roberto de Almeida
Declínio secular das commodities, de volta à tendência?
MACRO VISÃO
Itaú Macroeconômica
31/03/2015
 
A queda dos últimos anos trouxe os preços reais das commodities de volta à tendência de declínio secular.
O declínio secular é concentrado nas commodities agrícolas, mas os manufaturados também caíram em termos reais. A queda de ambos é em relação aos preços de serviços. 
Queda de 2014 marca retorno à média de longo prazo
Construímos uma série desde 1913 dos preços agregados de commodities em dólar, deflacionada pelo índice de preços ao consumidor dos EUA.  A série combina dados mensais de índices de preços ao produtor nos EUA (1913 - 1956), índices agregados históricos (1957 - 1989) e o Índice de Commodities Itaú (1990 - 2014). O anexo 1 traz mais detalhes.
A série (gráfico 1) possui informações importantes sobre o ciclo e tendência de longo prazo das commodities.
O ciclo de forte alta dos preços iniciado em 2002 (associado à China) foi precedido de três ciclos anteriores. O primeiro, entre 1915 e 1919, pode estar associado à 1ª Guerra Mundial. O próximo coincide com a 2ª Guerra Mundial e a reconstrução da Europa no pós-guerra. O terceiro ciclo parece ter começado com a crise do petróleo em 1973 e deve ter continuado com o repasse de custos maiores de energia para as demais commodities.
A queda dos preços entre 2011 e 2014 trouxe os preços para a tendência de longo prazo. Por esta ótica, não é possível rejeitar uma continuidade da queda, já que os ciclos de alta anteriores foram sucedidos por preços abaixo da tendência.
O padrão cíclico observado nos preços encontra uma explicação nos fundamentos. Os ciclos de alta tendem a ser causados por aceleração da demanda. A alta dos preços incentiva investimentos. A maturação dos investimentos aumenta a capacidade de produção. Quando este aumento coincide com o fim do ciclo de crescimento anormal da demanda, os preços recuam por um longo período, até que o balanço entre oferta e demanda volte a níveis equilibrados.
Dos quatro ciclos observados nos últimos 100 anos, três deles se encaixam neste comportamento (1ª Guerra Mundial, 2ª Guerra Mundial e reconstrução de Europa, boom da China).
A crise do petróleo de 1973 apresentou características distintas. Neste caso, a alta começou a partir de um choque de oferta do petróleo, levando a repasse de custos para as demais commodities. A queda dos preços ocorreu com a política desinflacionaria dos EUA a partir do fim da década de 70.
Quanto à tendência de longo prazo, observamos uma queda das commodities agregadas em termos reais. A queda dos preços agregados em termos reais traz duas perguntas adicionais:
  1. Os três componentes (agrícolas, metais e energia) mostram a mesma tendência?
  2. A tendência de queda reflete um desempenho inferior de commodities em relação a bens manufaturados ou serviços?
A tendência de queda é restrita às commodities agrícolas 
Para avaliar se os todos os três grupos de commodities mostram esta queda em termos reais, criamos séries de commodities agrícolas, metálicas e energéticas desde 1926[1].
As commodities agrícolas recuaram em termos reais ao longo do período (gráfico 2). Além disso, os principais ciclos de alta coincidem com as altas do índice agregado.
Ao contrário dos preços agregados, a commodities metálicas e energéticas mostram ligeira tendência de alta em termos reais (gráfico 3). Nas duas séries, o ciclo de alta da década passada é mais intenso do que os ciclos anteriores.
Bens manufaturados também mostram tendência secular de queda de preços em termos reais
A tendência de queda das commodities em termos reais não é em relação a bens manufaturados. Tanto o índice agregado de commodities quanto o índice de preços de bens finais (da séries de preços ao produtor dos EUA) mostram queda em termos reais desde 1947 (ver gráfico 4). A queda em termos reais de commodities e manufaturados é resultado da tendência de alta dos preços de serviços.
Desse modo, os termos de troca de um país que exporta  commodities e importa manufaturados não não mostra uma tendencia de queda no longo prazo.
Artur Manoel Passos
Itau Macroenômica

1964: FFAA dizem BASTA ao presidente Goulart - Editorial do Estado em 31 de marco

Um Editorial histórico.
O venerável jornal reacionário se colocando ao lado das FFAA que reagiam aos desmandos do presidente que se mostrava conivente com as quebras de hierarquia nas FFAA: primeiro em relação à greve dos sargentos da Aeronáutica, que em setembro de 1963 deixaram Brasília sem comunicações com o resto do país durante horas, senão dias; depois com a revolta dos marinheiros no início de 1964, que foram deixados impunes por decisão do próprio ministro da Marinha, o que revoltou o conjunto dos comandantes militares.
Mal o jornal sabia que, no momento em que seu editorial era publicado, tropas comandadas pelo impulsivo general Olympio Mourão Filho começavam a se deslocar de Juiz de Fora em direção ao Rio de Janeiro.
Era o início de um movimento que iria durar, sem que fosse possível prever, 21 anos.
Paulo Roberto de Almeida

O exército e os desmandos do presidente
 Editorial do jornal "O Estado de São Paulo, edição de 31 de março de 1964

Após os primeiros momentos de extrema confusão provocados pela atitude insólita do sr. Presidente da República no caso da rebelião dos marinheiros nacionais, volta a calma aos espíritos e com ela parece a Nação não estar longe de considerar de certo modo benéficos os acontecimentos desenrolados na ex-capital da República na quinta e sexta-feira da Paixão.

Dos gestos com que vinha surpreendendo o País, e que se diria não encontrarem uma barreira nas Classes Armadas, passou S.Exª numa clara demonstração de que a força de que se julgava detentor era ilusória para uma posição em que vai muito além daquilo que parecia senão razoável pelo menos admissível.

Segundo a sua própria versão, S. Exª teria levado a sua campanha aos últimos extremos coagido pela necessidade de obter contra a oposição das correntes "retrógradas" da coletividade medidas que não visariam senão ao bem de todos e, particularmente, o das camadas que mais sofrem as conseqüências da hostilidade de certos meios e do atraso geral das estruturas sociais do País. E, beneficiando-se dessa possível interpretação de sua conduta, julgou-se em condições, diante do levante das guarnições dos nossos vasos de guerra, de ir ao extremo de solidarizar-se com o gravíssimo atentado à hierarquia militar.

Já da revolta verificada em Brasília, entre os sargentos das nossas forças aéreas, o princípio da autoridade militar havia sido profundamente atingido Através dessa intentona, os que têm por missão esclarecer a opinião pública sobre o que se vem passando desde a posse do sr. João Goulart até hoje não tiveram dificuldade em advertir a Nação de que o episódio ocorrido nada mais era do que o prenúncio de coisas muitíssimo mais graves. A maneira quase paternal com que as autoridades federais deliberaram tratar os revoltosos denunciava, só por si, a origem oficial daqueles lamentabilíssimos acontecimentos.

A grande maioria dos oficiais das forças do ar não se deixou iludir sobre o verdadeiro significado do golpe que então recebeu. Atingidos no seu pundonor profissional, puderam desde logo concluir que a Nação não se achava diante de um episódio fortuito, mas sim, no início de um processo em que os acontecimentos não tardariam a desdobrar-se com a agressividade proporcional à absoluta impunidade com que haviam saído do movimento subversivo os sargentos revoltosos.

Nessa altura, já brotava no seio das forças da terra o sentimento de que algo de extremamente grave vinha fermentando no mais íntimo da estrutura nacional. Mas o sentimento de disciplina, o respeito à hierarquia e a obediência ao preceito constitucional que faz do Presidente da República o chefe das Forças Armadas levaram o Exército a conter o sentimento de repulsa que, na quase totalidade das suas fileiras provocaram os desregramentos do ocupante do Palácio da Alvorada.

A tensão entre as forças terrestres era notória e não demonstrava nenhuma argúcia o observador político que não vislumbrasse a precariedade do poder que sobre elas supunha ainda possuir o caudilho. E foi dentro dessa atmosfera pesada e sombria que se verificaram os acontecimentos da Semana Santa. Não se poderá afirmar que tanto a Marinha como o Exército os julgassem tão próximos. Não se iludiam as duas corporações quanto ao que estava para se produzir, mas jamais poderiam supor que a crise alcançasse as proporções com que explodiu. Se a rebelião dos sargentos da Aeronáutica fora suficiente para anular praticamente a eficiência da Arma, a subversão da ordem na Marinha assumia as dimensões de um verdadeiro desastre nacional.

Foi, aliás, o que desde o primeiro instante compreendeu a única instituição militar que até agora não foi contaminada pela ação revolucionária daqueles que se propuseram destruir pela base as forças cuja missão consiste em defender a ordem e a integridade institucional do País. A atitude de incondicional solidariedade aos seus colegas de armas, assumida pelo Clube Militar, a altivez com que o almirantado fez ouvir a sua voz na defesa da corporação a que pertence, assim como, os entendimentos que sabemos estar em curso neste momento entre o alto comando das forças da terra e os que, nas diferentes regiões do País, chefiam o II, o III e o IV Exército, permitem-nos afirmar que cessou, de uma vez por todas, a liberdade de movimentos do sr. Presidente da República contra as instituições.

Bem analisadas as coisas, e vistas em profundidade, o chefe do Executivo sente-se, neste instante, em sérias dificuldades em face daqueles que até aqui não cessaram de dar mostras do seu respeito a Constituição, através do acatamento dado às ordens de S. Exª. A promessa que acaba de tornar pública o Sr.Presidente da República de voltar atrás do seu ato de insânia, mandando abrir inquérito sobre os acontecimentos, não deixa, apesar da sua capciosidade, dúvida alguma de que o Exército nacional disse um BASTA categórico e definitivo aos desmandos de S. Exª.