O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sábado, 30 de junho de 2012

Commanding Heights - Daniel Yergin, Joseph Stanislaw

Meu correspondente benévolo, sempre interessado em melhorar o meu conhecimento e o dos meus leitores, me envia os links para uma série televisiva que eu já utilizo, em DVD, em minhas aulas.
Mas, seguem as recomendações para a série:


Commanding Heights: The Battle for the World Economy
Roteiro de Daniel Yergin, Joseph Stanislaw
PBS videos

-EPISODE ONE:"THE BATTLE OF IDEAS"(19 Chapters)

-EPISODE TWO:"THE AGONY OF REFORM"(21 Chapters)

-EPISODE THREE:"THE NEW RULES OF THE GAME"(23 Chapters) 

O grafico da miseria (ou da precariedade) - The Economist

Nota liminar: um post antigo, que tinha ficado nos rascunhos, aparentemente sem publicação.

Daily chart

Feeling gloomy

Jan 9th 2012, 15:41 by The Economist online


More bad news for Europe's troubled economies
THE new year was a bad time for a public figure to die. Kiro Gligorov, the first president of independent Macedonia, was rather ignored when he died on January 1st: the foreigners who might normally be interested in such an event were occupied trying to work out whether nuclear war was imminent on the Korean peninsula. Macedonia may remember Mr Gligorov fondly, but the country is in a mess. It comes top of our misery index, which combines two powerful indicators of economic gloom—unemployment and inflation. Out-of-control price rises are mainly a problem in oil-rich countries with loopy economic management such as Venezuela and Iran (and, to a lesser degree, Russia). One striking feature of the updated index, however, is that high unemployment now places a number of rich European countries right up there with the most miserable countries in the world—or at least in the 92 for which we have good data.

Resenhas do passado: retomando as postagens; Welber Barral (org.), Direito e Desenvolvimento

Retomo a postagem de minhas resenhas antigas, publicadas na revista do Ipea (que já foi boa, mas que hoje virou um repositório do pensamento único), uma vez que elas estão relinkadas; mas nem sempre postadas corretamente: em várias resenhas simplesmente faltam os dados editoriais dos livros, que geralmente vinham com a capa do livro, igualmente suprimida em muitos casos.
Vão ter de contratar um webmaster mais competente.
Geralmente as minhas resenhas, dada a dimensão, eram implacavelmente cortadas pelo editor. Eu aqui recomponho o tamanho original, e o texto completo.
Paulo Roberto de Almeida  

21. “Conexões entre direito e desenvolvimento”, Brasília, 9 outubro 2005, 2 p. Resenha de Welber Barral (org), Direito e Desenvolvimento: Análise da ordem jurídica brasileira sob a ótica do desenvolvimento (São Paulo: Editora Singular, 2005, p. 360). Publicado em Desafios do Desenvolvimento (Brasília: IPEA-PNUD, Ano 2, nº 16, novembro 2005, p. 61; link: http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1792:catid=28&Itemid=23). Relação de Trabalhos nº 1479. Relação de Publicados nº 603.



Conexões entre direito e desenvolvimento


Welber Barral (org),
Direito e Desenvolvimento: Análise da ordem jurídica brasileira sob a ótica do desenvolvimento
São Paulo: Editora Singular, 2005, 360 p.

“É difícil pensar que o desenvolvimento possa realmente ser visto independentemente de seus componentes econômicos, sociais, políticos ou jurídicos”, diz Amartya Sen no texto que serve de prefácio a esta obra, que recolhe contribuições de uma dúzia de especialistas no direito brasileiro sob a direção do professor de direito internacional econômico da UFSC, Welber Barral. A intenção foi a de analisar os vários ramos do direito no contexto do ordenamento jurídico brasileiro, tendo o objetivo do desenvolvimento como critério funcional. O economista e prêmio Nobel indiano, que se esforçou por incorporar a liberdade como um componente necessário do processo de desenvolvimento, reconhece que o capitalismo não emergiu até que o direito evoluísse e ocorresse a aceitação jurídica e prática dos direitos de propriedade, de forma a tornar possível uma economia baseada na propriedade privada.
O organizador apresenta, por sua vez, os elementos constitutivos de uma ordem jurídica que não seja um empecilho ao processo de desenvolvimento. Eles podem ser resumidos nos seguintes fatores: regras claras e previsíveis; tratamento eqüitativo dos cidadãos; participação democrática e eficiência do judiciário. Alguns obstáculos ao bom funcionamento da ordem jurídica podem, por outro lado, ser identificados nos problemas seguintes: a ignorância do processo econômico pelos responsáveis pela aplicação das leis, uma crença exagerada no poder das normas, bem como uma retórica romântica e abstrata sobre a defesa dos direitos humanos, resultando numa ordem jurídica imaginária, distante da realidade da vida das pessoas.
Os países latino-americanos são conhecidos por ostentar uma rica tradição jurídica, ao mesmo tempo em que a estrutura regulatória do direito conhece altos custos de transação, uma insegurança jurídica notória e a falta de transparência nos processos. Como diz Barral, “a história latino-americana é infelizmente pródiga em exemplos de uma elite (jurídica e política) predatória”. 
Os colaboradores convidados abordam tanto aspectos conceituais das conexões entre o direito e o desenvolvimento – sua inserção na Constituição de 1988, o desenvolvimento sustentável, as relações com os direitos humanos e a educação, o acesso à justiça, as políticas de desenvolvimento regional e o papel das agências reguladoras – como sua vinculação com os diversos ramos do direito no quadro do ordenamento brasileiro: concorrência, sistema tributário, investimentos e os direitos de propriedade intelectual.
Aqui e ali emerge certo idealismo jurídico, como a demanda por uma mudança na “lógica do capitalismo” que deveria, segundo um jurista belga, substituir a “noção de lucro por aquela de necessidade”, ou o “consumo como meio e não como objetivo”. No conjunto, porém, o volume preenche de maneira satisfatória seu objetivo de análise crítica da ordem jurídica brasileira do ponto de vista do desenvolvimento.

Brasília, 1479: 9 outubro 2005, 2 p.

Autobiografia (nao terminada) de Bachar Al-Assad - Tahar Ben-Jelloun


Bachar Al-Assad, intime

LEMONDE | 18.02.12 | 14h41   •  Mis à jour le 18.02.12 | 16h21

Le président syrien Bachar Al-Assad, en mars 2009.
Le président syrien Bachar Al-Assad, en mars 2009.REUTERS/KHALED AL-HARIRI

C'est par effraction que je suis entré dans la tête du président syrien. C'est une forteresse inaccessible. Avant d'arriver à s'en approcher, il faut passer pas moins de sept barrages. Haute sécurité. Peur et méfiance. Comme son père, Hafez, il se tient à distance. On raconte qu'un jour Hafez Al-Assad a fait fusiller les sept soldats qui devaient filtrer le passage des personnes qui avaient rendez-vous avec lui. Hafez aimait jouer aux échecs avec un ami d'enfance. Chaque après-midi, l'ami se présentait et se faisait fouiller sept fois avant d'arriver à la salle de jeu. Un jour, à force de le voir, les soldats le laissèrent passer sans faire leur travail.

Lorsque Hafez le sut, ordre fut donné d'exécuter les malheureux gardes qui avaient manqué à leur devoir. Le petit Bachar connaît cet épisode, un parmi tant d'autres, aussi sanglants les uns que les autres. Lui aussi est injoignable. Il y a de quoi. Quand on tue, on risque d'être tué. Alors on prend les précautions nécessaires et même plus.
Sa tête n'est pas très grande. Elle est occupée par du foin, des épingles et des lames de rasoir. Je ne sais pas pourquoi. Son cerveau est calme. Pas de stress, pas de nervosité. Je ne sais pas d'où il tient cette tranquillité. Question d'hérédité, ou bien a-t-il suivi des cours du soir pour apprendre à tuer sans que cela le dérange, sans qu'il soit le moins du monde inquiété par le malheur qu'il sème. Je me suis fait tout petit et j'ai tendu l'oreille. Car le petit pense et n'hésite pas à avoirdes idées audacieuses :
J'ai tout appris de feu mon père, un grand homme d'Etat, un homme sensible, cultivé et grand stratège. Je me souviens qu'Henry Kissinger l'appréciait beaucoup. Il m'avait dit que lui aussi aimait bien le secrétaire d'Etat américain dont il admirait l'intelligence et le réalisme politique. Ils s'entendaient bien tous les deux. Mon père me rappelait comment cet homme a fait éliminer physiquement Salvador Allende et l'a remplacé par Pinochet.
Ces derniers temps, j'entre en communication avec mon père. Il est génial. C'est lui qui me dicte ce que je dois faire. Il m'encourage et m'indique des pistes à suivre. Il m'a dit dernièrement, au cas où les choses viendraient à empirer, de retourner au Liban, car ni lui ni moi n'avions admis la manière dont notre armée a été expulsée de ce pays en 2005. Même la mort d'Hariri et de quelques autres ingrats n'a pueffacer la honte que ces Libanais nous ont infligée.
Pour le moment, ça va. Je tiens. Pas de panique. D'abord, je ne suis ni Saddam ni Kadhafi. Vous ne me verrez pas ridiculisé par des agents américains en train dechercher des poux dans ma tête ou bien égorgé par des fanatiques. Ces deux-là se sont fait avoir parce que leur niveau d'intelligence n'était pas des meilleurs. Je suis de la famille Al-Assad, une famille et un clan unis et solidaires. Une grande famille, forte et puissante, qui a des traditions. Je ne fais pas n'importe quoi. Je résiste contre un complot international. J'ai des preuves. Aucune envie de voir mon pays devenir une république islamique dirigée par des analphabètes ou bien un bastion de cette gauche stupide juste bonne à parader dans les salons européens.
Mon père m'a appris que, en politique, il faut avoir un coeur de bronze. Le mien, je l'ai habitué à ce qu'il ne se brise jamais. Pas de sentiments, pas de faiblesse. Car je joue ma tête et la vie de toute ma famille. Les voyous qui mettent la Syrie à feu et à sang n'ont que ce qu'ils méritent. On parle de "printemps arabe" ! C'est quoi cette histoire ? Où voit-on un printemps ? Ce n'est pas parce que des agitateurs inconscients occupent des places publiques que les saisons ont changé de rythme et de sens. Chez moi, ce qu'ils appellent "le printemps" ne passera pas.
J'ai donné l'ordre de suspendre cette saison jusqu'à la victoire. Pourquoi le printemps serait synonyme de ma disparition ? Non seulement je ne vais pasmourir, mais je tuerai tout le monde avant. Il est dit dans l'islam que s'il faut sacrifierles deux tiers d'un peuple pour n'en garder qu'un tiers bon, il ne faut pas hésiter. J'applique cette loi vieille comme les Arabes. Je rappelle que la Syrie est un pays laïque, comme la France qui, tout à coup me trahit et me fait la morale. Et le pauvre Obama qui me condamne et parle d'atrocités ! De quoi se mêle-t-il ? Il n'a pas vu ce que son armée a fait en Irak et en Afghanistan ?
Que me reproche-t-on ? De donner l'ordre à l'armée de tirer sur les manifestants ? Si je ne fais pas ça, je perds ma place, je ne me ferai plus respecter. Regardez comment mon ami Moubarak s'est retrouvé du jour au lendemain éjecté de son palais. Il a manqué de détermination et de volonté. L'armée l'a trahi. Le pauvre, quelle déchéance, malade, déprimé, on le traîne sur une civière pour être jugé ! Les peuples sont ingrats. Ils oublient vite ce que les présidents font pour eux. Mon armée est composée en majorité d'hommes fidèles. Ceux qui ont déserté l'ont payé très cher. Je n'ai pas d'états d'âme. Je me défends, je dirai même, c'est de la légitime défense.
J'ai pris la précaution de mettre à l'abri Asma, ma femme, et mes trois enfants, Hafez, Zeyn et Karim. C'est normal, je réagis en bon mari et en bon père de famille. Je vois comment des pères irresponsables poussent leurs enfants à manifestertout en sachant pertinemment qu'ils peuvent tomber sous des balles perdues. On m'a dit que des enfants sont morts. Je n'arrive pas à le croire, et je rends leurs parents responsables de ce malheur, car il n'y a pas pire malheur que de perdre un de ses enfants ; je me souviens de la douleur de mon père le jour où mon frère aîné, Bassel, est mort dans un accident de voiture. Il a pleuré. Oui, j'ai vu mon pèrepleurer face à l'injustice du destin qui lui a ravi son fils bien-aimé.
Mon père, cet homme exceptionnel qui a fait de la Syrie un grand pays et qui a rendu la vie dure au voisin israélien, ce président a pleuré parce qu'il ne pouvait même pas se venger. Bassel mort, tué par la route. Il n'allait tout de même pasbombarder la route qui fut fatale au fils qu'il préparait pour lui succéder. Il n'a pas supporté d'être contrarié. Moi non plus. Je ne supporterai jamais d'être critiqué ou combattu.
Les Nations unies ont essayé de me salir et me demandent de me retirer. C'est de l'ingérence dans les affaires strictement internes de la Syrie. Que cette assemblée de fantoches me laisse en paix. Partir ? Pour aller où ? Elles me prennent pour unBen Ali ? Je ne vais tout de même pas monter dans un avion et mendier l'asile politique dans le monde !
Heureusement que la Russie de mon ami Poutine et la Chine ont opposé leur veto. Mon ami Ahmadinejad aussi est avec moi ; il m'appelle souvent et me dit de ne pascéder. Il y a quand même une justice. Les insurgés sont des terroristes, des agents payés par l'Europe et même par certains pays arabes qui ont des comptes à régleravec moi. Vous n'avez qu'à suivre les émissions d'Al-Jazira pour comprendre que le complot existe.
On me parle de tortures ! C'est tout à fait normal de torturer pour éviter des massacres, pour que des innocents ne tombent pas sous les balles des mauvais Syriens.
Je tiens le pays ; je tiens tête à ceux qui veulent instaurer un autre régime ; on devrait me remercier et m'aider à protéger la Syrie du danger islamiste. Je sais ce que les islamistes feront avec ma tribu des alaouites ainsi qu'avec les minorités chrétienne et arménienne. Le Vatican devrait venir à mon secours au lieu de mecondamner. Heureusement ce ne sont que des mots. Autre chose que ce que font actuellement les Européens en gelant mes avoirs chez eux et en essayant d'asphyxier le peuple en empêchant les échanges commerciaux. C'est mesquin et malhonnête. On m'en veut parce que la Syrie a toujours tenu tête à l'ennemi sioniste. Elle ne s'est jamais courbée face à Israël.
Mon père m'a dit au lendemain du massacre d'Hama, j'avais 17 ans : tu vois, mon fils, si je n'avais pas réagi avec cette fermeté, ce soir, nous ne serions plus là. Il a eu raison. Moi aussi, si je ne bombarde pas Homs, je sais où je dormirai ce soir : à la morgue ! Alors, il faut arrêter de dire n'importe quoi. 20 000 morts à Hama (à l'époque, personne n'avait réagi) ; à peine 8 000 entre Draa, Homs, Damas et Hama. Et tout ce tintamarre !
Vous savez pourquoi Asma, ma chère femme, m'a épousé ? Pour les valeurs que j'incarne. Elle l'a déclaré dans Paris Match du 10 décembre 2010. Ces valeurs se lisent sur mon visage. J'en suis fier.
Vous savez pourquoi j'ai fait ophtalmologie ? Parce que je suis allergique à la vue du sang.
En quittant cette tête, je me suis pris les pieds dans des fils électriques. Bachar est branché sur la centrale de la torture. C'est lui qui, pour passer le temps, appuie sur la pédale qui envoie des décharges dans les parties génitales des suppliciés. Il paraît que ça l'amuse et renforce sa détermination à débarrasser la Syrie des deux tiers jugés mauvais.
Ecrivain et poète francophone né à Fès (Maroc) en 1944, a enseigné la philosophie et étudié la psychiatrie sociale avant de devenir romancier. Il est membre de l'académie Goncourt depuis 2008. Il a reçu le prix Goncourt pour "La Nuit sacrée" (Points Seuil, 1987). Auteur de nombreux ouvrages, ses derniers livres parus sont : "L'Etincelle : révoltes dans les pays arabes", "Par le feu", "Que la blessure se ferme" (Gallimard)
Tahar Ben Jelloun