O jornal O Globo, em sua edição desta segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011 (O Mundo, p. 23), traz entrevistas com um dos mais famosos militantes democráticos do Egito, levado ao exílio pela repressão do regime de Hosni Mubarak, o sociólogo (atualmente nos EUA) Saad Eddin Ibrahim, que falou com a correspondente do jornal em NY, Fernanda Godoy.
Entre suas declarações registradas sobre a crise no Egito, encontram-se esta duas últimas perguntas e respostas dadas pelo dissidente democrata:
"Espero que Obama não seja enganado"
Entrevista: Saad Eddin Ibrahim
Fernanda Godoy
O Globo, 7/02/2011
O senhor acha que outros países, como o Brasil, deveriam se engajar nesse processo de negociação?
IBRAHIM: Espero que sim. Sou muito crítico de três países: Brasil, África do Sul e Índia. Esses três países nos desapontaram, faltaram conosco.
Por que o senhor diz isso?
IBRAHIM: Porque esses são países do Terceiro Mundo. Se eles tivessem tomado uma posição em defesa da democracia no Egito, teria sido recebido de outra maneira. Todas as vezes que os EUA ou a Europa falavam em democracia, os representantes do regime gritavam: 'Imperialismo!', 'Colonialismo!!'. Mas se a Índia, o Brasil ou a África do Sul tivessem ficado do nosso lado, como nós fizemos quando eles lutavam contra o apartheid ou a ditadura militar brasileira, se esses países, que são democracias emergentes, sem aspirações colonialistas, tivessem se colocado do lado da democracia, teriam ajudado muito. O governo não poderia dizer que estávamos convidando a uma intervenção.
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Paulo Roberto de Almeida
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
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3 comentários:
Prezado Professor Paulo,
Também sou da opinião de que o Brasil deveria ter uma postura mais engajada na crise atual no Egito, até por conta da presidência mensal do Conselho de Segurança e de sua participação atual no Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Independentemente disso, fiquei na dúvida sobre sua posição a respeito: afinal, o Brasil deveria ou não intervir como ator interessado no Oriente Médio e vizinhanças?
Um abraço,
Jefferson
Meu caro Sidarta,
O Brasil sempre foi "tucano" em sua diplomacia, ou seja, sempre ficou em cima do muro.
Na era Lula, ele pendeu para um dos lados, infelizmente o lado errado, das ditaduras, dos regimes que desrespeitam os direitos humanos, dos piores regimes, enfim, amigos do PT...
Agora, creio que vai voltar a ficar em cima do muro.
Minha opinião não conta muito, pois não sou formulador das posições brasileira, apenas um observador crítico....
Claro que eu gostaria que fôssemos mais incisivos nessas questoes de democracia e direitos humanos, mas reconheço que é difíci,l no plano diplomático, tomar partido por um dos lados, pois isto significaria intervenção nos assuntos internos de outros países.
Acho que não gostaríamos que outros nos dissessem como melhorar nossa democracia de péssima qualidade, melhor essa (in)Justiça vergonhosa, terminar com essa corrupção pornográfica, todos esses políticos ladrões, são coisas que simplesmente não cabem na boca de um diplomata e não podem ser ditas.
Entendeu?
Paulo Roberto de Almeida
Muito já fariamos pela causa do Direitos Humanos se nossos mandatários se privassem de tirar fotos de braços dados com ditadores.
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