Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
domingo, 13 de abril de 2014
Heranca maldita (nao so dos companheiros): as grandes obras abandonadas... - Simon Romero (NYT)
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Porque o Estado brasileiro nao funciona - Ney Carvalho
Com todo esse aparelhamento por militantes que estão ali por outros motivos do que servir ao cidadão, mas servir ao partido, pode-se imaginar a razão, uma das, pois existem outras...
Isso está na cara e não precisa de muitas explicações sociológicas, históricas, nada. É tudo uma questão de competência, ou falta de...
Paulo Roberto de Almeida
Porque o Estado não funciona
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Menores infratores: a iniciativa privada cuidaria melhor, e por bem menos, do que o Estado
Paulo Roberto de Almeida
A 'elite' da Fundação Casa
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quarta-feira, 27 de março de 2013
Estado brasileiro: ogro famelico, obeso, ineficiente...
Alguns acham normal abrir uma estatal ou um novo ministério, a um custo de vários milhões de reais adicionais.
Esses provavelmente não sabem quanto custa, de tempo, emprego de capitais, trabalhadores, ao setor privado, para produzir UM único milhão de reais. Eles acham que dinheiro nasce nas árvores.
Paulo Roberto de Almeida
(...)
O mostrengo administrativo existente em Brasília, caro e ineficiente, tem agora 24 ministérios, além de dez secretarias da Presidência e 5 órgãos, cujos ocupantes têm status de ministro.
Essa elite “chapa branca”, ao que tudo indica, é recorde mundial. Nos Estados Unidos, país com 315 milhões de habitantes e PIB de US$ 15,5 trilhões, são apenas 15 os ministros. Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel toca a quarta maior economia do planeta com 17 auxiliares diretos. No Brasil, é muito provável que a presidente da República cruze com algum dos seus ministros e sequer lembre o seu nome. Muitos devem encontrá-la nas solenidades e em despachos semestrais, o que aconteceu com a ex-ministra Marina Silva na gestão de Lula. A maioria da população dificilmente será capaz de dizer os nomes de meia dúzia dessas autoridades, o que, aliás, não faz muita diferença.
Com o inchaço da máquina administrativa, o número de servidores públicos federais ativos chegou a 1.130.460 em 2012, com aumento de 136.673 funcionários em relação a 1997. No mesmo período, os cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) cresceram de 17.607 para 22.417 comissionados. Como o que é ruim em Brasília costuma ser reproduzido no resto do País, a União, os estados e os municípios possuem aproximadamente 9,4 milhões de servidores públicos, conforme estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2011. Cerca de 4,9 milhões estão nas prefeituras e 3,5 milhões nos estados. As despesas com pessoal nas três esferas de governo representam 14% do Produto Interno Bruto (PIB). Neste ano, só no Orçamento da União estão previstos R$ 226 bilhões para “pessoal e encargos sociais”, valor quatro vezes maior do que o destinado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
(...)
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Brasil: um gigante com uma bola de ferro nos pés...
Os prisioneiros são os empresários, ou todos aqueles que pretenderiam trabalhar e criar riqueza.
A bola de ferro tem dono, proprietário, fabricante e controlador: o governo, com seu manancial burocrático, com sua carga de impostos, com sua ineficiência proverbial, enfim, um feitor analfabeto, que pouco entende de economia, mas que pretende ditar regras para os pobres prisioneiros que somos todos nós.
De fato é assim: políticos em geral são incultos em matéria econômica, e os companheiros no governo têm os preconceitos típicos dos que se acreditam desenvolvimentistas, mas que são apenas keynesianos de botequim, rústicos como todos esses universitários que saem de cursos despreparados.
Esse é o Brasil.
Paulo Roberto de Almeida
O investimento emperrado
O valor investido entre 2013 e 2016 será 28,9% maior que o aplicado entre 2008 e 2011, segundo projeção do BNDES. Os números de 2012 ficaram fora da comparação. A maior parcela dos novos investimentos (R$ 1,03 trilhão) será destinada à indústria, de acordo com as projeções, e ficará 22% acima da contabilizada entre 2008 e 2011. O segundo maior valor (R$ 489 bilhões) será aplicado na infraestrutura, mas a expansão, de 36,2%, será bem mais acentuada. O total previsto para serviços (R$ 217 bilhões) também terá um aumento considerável de 36,7%.
Ao estabelecer suas estimativas, os técnicos do banco levaram em conta as consultas dirigidas à instituição e as novas aprovações de projetos. Os cálculos podem parecer, portanto, bem fundamentados, mas com certeza incluem uma dose razoável de otimismo quanto à eficiência do setor público e à disposição dos empresários privados.
A ação do governo é duplamente importante para a evolução dos investimentos. Primeiro, porque o próprio setor público é responsável por uma grande parcela da formação de capital fixo, por meio de projetos de infraestrutura realizados diretamente ou em parceria com o setor privado. E a ineficiência do governo tanto na realização de investimentos quanto na mobilização de recursos privados é notória. Segundo, porque a ação governamental dificulta a ação das empresas, com excesso de burocracia, tributação mal orientada e sinais pouco claros a respeito dos rumos de sua política.
Mesmo os incentivos são em geral medidas de efeito limitado, por serem mal dirigidos e pouco articulados com ações amplas de política econômica. Estímulos temporários e parciais ao consumo são um exemplo de ineficiência: favorecem as vendas durante algum tempo, mas são insuficientes para gerar confiança na evolução dos negócios a médio prazo. O sistema tributário continua ruim, mesmo com algumas desonerações parciais, e é um dos vários fatores determinantes da baixa produtividade geral da economia.
Pequenos aumentos na taxa de investimento, isto é, na relação entre o valor investido e o PIB, serão celebrados pelo governo a cada ano como vitórias, mas pouco afetarão a capacidade de crescimento do País.
Os técnicos do governo fariam bem se refletissem um pouco mais sobre os dados do próprio BNDES. No ano passado, o banco desembolsou R$ 156 bilhões. Descontada a inflação, esse valor foi 5,4% maior que o de 2011, um resultado aparentemente positivo. Mas, pelo mesmo critério, o dinheiro desembolsado em 2012 foi menor que os totais liberados em 2009 (R$ 164 bilhões) e 2010 (R$ 190 bilhões).
Em todos esses anos o Tesouro transferiu grandes somas ao BNDES para financiar projetos empresariais, mas o resultado global foi um fiasco indisfarçável. Será muito fácil, e errado, atribuir o problema à crise externa. Um pouco de autocrítica, para variar, será muito saudável.
Missão da OMC no Brasil avaliará se País é protecionista
A investigação da OMC tem como objetivo preparar um informe sobre a situação do Brasil, que será apresentado aos demais integrantes do órgão, no fim de junho, em Genebra. Na ocasião, governos de todo o mundo poderão questionar as práticas comerciais do Brasil.
A revisão da política brasileira é realizada pela OMC a cada quatro anos e serve como uma espécie de sabatina para apontar os desafios e as medidas que poderiam ser consideradas como irregulares.
Em 2009, por exemplo, governos de todo o mundo enviaram mais de 530 perguntas ao Itamaraty e parte dos ataques se referiam à elevação de tarifas no Brasil. A média de impostos passou de 10,4% para 11,5% entre 2005 e 2009, diante da elevação de tarifas de importação para têxteis de calçados.
Em 2004, a OMC sugeriu que o Brasil acelerasse a liberalização de seu mercado para crescer a taxas mais altas. Desde então, o que ocorreu foi o contrário, segundo os governos que enviaram questões ao Itamaraty.
Agora, técnicos da OMC vão se debruçar nas leis criadas pelo Brasil, nos últimos meses, consideradas por países ricos como protecionistas. Isso inclui a elevação de impostos de importação e a isenção de impostos para empresas que fabriquem seus produtos dentro do mercado brasileiro. Outro ponto que a OMC deve avaliar é o impacto da valorização do real nas importações, além do peso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Sustentável (BNDES) e de subsídios locais para a produção.
Nos últimos meses, governos como o dos EUA, Europa, Coreia do Sul, México e Japão foram críticos à posição do Brasil no comércio internacional, denunciando uma escalada de tarifas e barreiras.
Segundo diplomatas em Brasília, não seria uma surpresa se a OMC lidar com alguns desses casos em reuniões que vai manter com o Itamaraty, com o Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior e com o Ministério da Fazenda a partir de segunda-feira.
Diplomático, o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, tem evitado fazer críticas diretas ao Brasil. Mas vem insistindo que "o protecionismo não garante proteções" e alertando que a elevação de tarifas pode ser prejudicial para a economia importadora.
Campanha
O comportamento do governo brasileiro também já aterrissou na campanha para a disputa do cargo máximo da OMC. O candidato mexicano, Hermínio Blanco, atacou diretamente algumas das propostas brasileiras, acusando Brasília de protecionismo.
"Temos de manter a OMC como uma organização que defenda o comércio", disse. O candidato ainda criticou a decisão do Brasil de suspender o acordo automotivo com o México. "O acordo foi útil para gerar empregos e sua suspensão só mostra como é importante que, em eventuais acordos futuros, teremos de prever mecanismos de solução de disputa para que governos pensem duas vezes se querem sair de um tratado."
Diante da imagem do Brasil, o próprio candidato brasileiro para a liderança da OMC, Roberto Azevedo, optou por se distanciar da posição comercial do governo de Dilma Rousseff, insistindo que, se for eleito, defenderá a visão do conjunto de países.
Para o exame da OMC, porém, o Brasil já está com suas respostas prontas. A elevação de tarifas não foi feita de forma irregular, já que o imposto cobrado ainda está dentro das margens permitidas ao País. Além disso, o Itamaraty deixará claro que os demais países não têm do que se queixar: desde a elevação das taxas, as importações continuaram crescendo e que, portanto, as novas barreiras não eram proibitivas. O governo mostrará que as importações crescem a um ritmo superior às exportações nos últimos meses.
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
O dinossauro brasileiro move lentamente o rabo - The Economist
Em lugar de tratar do básico, o dinossauro fica se metendo onde não deve -- inclusão social, digital, telefônica, sexual, e por aí vai -- em lugar de deixar os mercados resolverem a provisão de bens e serviços a custos razoáveis, que são absurdamente caros apenas porque esse mesmo dinossauro intrusivo pretende se meter onde não deve e com isso recolhe impostos extorsivos para serviços miseráveis.
Paulo Roberto de Almeida
Brazil’s economy
Facing headwinds, Dilma changes course
The government announces plans to privatise infrastructure, and disappoints striking bureaucrats
- »Facing headwinds, Dilma changes course
- The countdown starts
- Tunnel vision
- The waiting game
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quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Interventionist Brazil: State acknowledges its inneficiency
Brazil changes tack with new stimulus plan
By Joao FelletBBC Brasil, Brasilia, 14/08/2012
Brazil's government is set to launch the first in a series of measures that could inject up to $50bn (£32bn) into the economy over the next five years. The first part of the plan, to be announced on Wednesday, includes privatising about 14,000 kilometres of railways and roads.
The privatisation of ports, lower energy costs and incentives for industry will soon follow.
The package is designed to boost what have been disappointing growth levels.
President Dilma Rousseff has invited 50 leading Brazilian businessmen to the capital Brasilia where she will personally launch the new strategy.
In May, she brought the businessmen to the presidential palace - the Planalto - to ask them what was needed to stimulate the economy.
Growth in Brazil is predicted to be under 2% this year, the weakest annual performance since 2009 and a sharp slowdown from an impressive 7.5% rise in 2010.
Rising debt rates Prior to these measures, the government had been counting mainly on rising levels of domestic consumption - fuelled by credit growth and rising income among poor Brazilians - alongside investments by state companies.
Expensive energy, poor infrastructure and increasing labour costs - known here as 'Custo Brasil' or the 'Brazil Cost' - have also weighed on growth, analysts say.
Now the government will increase the role played by private investors, who were seen to have lost ground during the government of Luiz Inacio Lula da Silva, Brazil's president from 2003-2010.
President Rousseff was his chosen successor, but she is seen as a tough and pragmatic decision maker when it comes to economic policy.
In February, the government granted three of the largest airports in the country to private companies, hoping to improve overstretched facilities before the 2014 Football World Cup.
Boosting investment Now roads, railways, ports and perhaps other airports will also be privatised. President Rousseff hopes these concessions will also help to improve the country's much-criticised infrastructure.
"The government realized that privatisations are a way to boost investment", says Felipe Salto, an economist at Tendencias, a leading consulting firm in Brazil.
The concessions are expected to attract up to $50bn in investments in five years.
Rousseff is also preparing to lower the price of energy for industry with the abolition of some federal taxes, which could cut the price by 10%.
Further extensive reductions would depend on tough negotiations with governors and politicians across the country.
Economists are worried, however, about a new round of tax reductions for industry that should be announced in the coming weeks.
"Without structural changes, they could even generate demand and short-term growth, but also cause higher inflation", says Mr Salto.
The measures, he says, would also affect the fiscal balance.
"Comprehensive stimulus measures could harm the efforts to bring down public debt, leading to imbalance in government accounts."
Late diagnosis For economist Silvia Matos, professor at Getulio Vargas Foundation, "the new package shows that the government is convinced that the economy faces a structural problem.
"The diagnosis is correct, but took too long to be made."
According to Ms Matos, previous economic steps taken by the government this year, such as reducing taxes on cars, were not enough to lift GDP.
Not even the recent devaluation of the currency, the real, and the progressive reduction in interest rates, have produced significant effects so far.
According to the National Confederation of Industry, 11 of the 19 industrial sectors they were tracking suffered a drop in capacity in 2011, indicating a cooling in industrial activity.
Ms Matos believes the new package will tackle some key economic problems, but says Brazil faces other serious issues such as increased public spending and an inefficient tax system.
Without reforms in these areas, she says, the country's economy will remain vulnerable.