Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2017
Ricardo Bergamini escreve sobre a esquizofrenia economica brasileira
Ricardo Bergamini
13 de janeiro de 2017
Taxa de crescimento, de câmbio, de juros, de inflação, de desemprego, Carga Tributária, Política Fiscal e Política Tributária são termômetros, não febre.
Nos governos e nas empresas os responsáveis pelos indicadores relativos aos termômetros são os tesoureiros com os seus fluxos de caixa, cabendo à Diretoria e ao Conselho de Administração a responsabilidade por cuidar da febre.
Pela enésima vez vou repetir as minhas colocações de que por deformação cultural somente nos preocupamos com os indicadores do termômetro. Se os senhores pesquisarem na internet irá verificar que não faltam artigos abordando os indicadores do termômetro, mas raramente se encontra algum artigo abordando a febre, ou seja: preocupamo-nos mais com as consequências do que com as causas.
Análise dos termômetros econômicos e a febre
Taxa de Crescimento Econômico
Somente ocorre de forma robusta e sadia por dois fatores: descoberta de novas tecnologias e consequente aumento de produtividade, ou aumento de poupança.
A febre é a farsa usada pelo governo do PT de produzir crescimento econômico pela ilusão monetária, com base no aumento de crédito internacional promovido pela emissão de dólares falsos pelos Estados Unidos, para financiar as guerras do Iraque e do Afeganistão gerando uma grande liquidez internacional (no Brasil saindo de 25,39% do PIB em 2002 para 54,48% do PIB em 2015), porém esse modelo ao atingir o esgotamento da capacidade de endividamento das famílias e das empresas se transforma em uma tragédia econômica cuja correção leva muito tempo.
Nos governos militares que utilizaram essa mesma estratégia do falso crescimento lastreado na emissão de dólares falsos emitidos pelos Estados Unidos para financiar a guerra do Vietnam, a partir de 1980 se iniciou a sua bancarrota e ficamos patinando na maionese até o Plano Real em 1994.
Taxa de Câmbio
É um indicador que mostra desequilíbrio nas relações exógenas do Brasil com o resto do mundo.
A febre ocorre por desequilíbrio na carga tributária entre as nações, gerando contrabando, ou desconfiança, risco jurídico, provocando fuga de capital.
Taxa de Juros
É o termômetro menos importante para análise, sendo apenas o preço do dinheiro, que da mesma forma que qualquer outro produto ou serviço, se tiver em abundância o preço desce e caso contrário sobe. Fico pasmo ao ver pessoas preocupadas com esse termômetro. Até os feirantes conhecem a lei da oferta e da procura.
A febre é o descontrole imoral e criminoso de gastos públicos, gerando déficits monstruosos, tendo que serem cobertos com vultosos empréstimos, que os investidores nacionais e internacionais agradecem calorosamente por essa prática criminosa dos governos.
Taxa de Inflação
É um termômetro que indica que a economia está em desequilíbrio entre a oferta monetária e a quantidade de produtos ofertados.
A febre é que somente o governo federal tem poder de combater com a politica monetária e cortes de gastos público.
Carga Tributária
É um termômetro que tem como únicos e exclusivos responsáveis os governos (Federal, Estaduais e Municipais).
A febre é que da mesma forma que nos condomínios, aumentou as despesas, aumenta o rateio da taxa condominial.
Política Fiscal
É um termômetro para apuração das despesas do governo.
A febre é o imoral, criminoso e injusto gastos públicos, principalmente com pessoal, tais como:
- Em 2015 o Regime Geral de Previdência Social (INSS) destinado aos trabalhadores de segunda classe (empresas privadas) com 99,6 milhões de participantes (contribuintes e beneficiários) gerou um déficit previdenciário da ordem de R$ 78,9 bilhões.
- Em 2015 o Regime Próprio da Previdência Social destinado aos trabalhadores de primeira classe (servidores públicos) – União, 26 estados, DF e 2067 municípios mais ricos, com apenas 9,6 milhões de participantes (contribuintes e beneficiários) gerou um déficit previdenciário da ordem de R$ 114,3 bilhões.
- O Congresso Nacional é constituído por 513 deputados federais e 81 senadores e para atenderem a esses 594 senhores, segundo o ministério do planejamento, em dezembro de 2015 existiam 24.896 servidores ativos que custaram R$ 5,4 bilhões. Considerando também os 10.360 servidores inativos que custaram R$ 3,5 bilhões o custo total com essa imoral e criminosa usina de gastos públicos foi de R$ 8,9 bilhões.
Política Tributária
É o termômetro para apuração das receitas.
A febre é a imoral, criminosa, injusta e monstruosa forma de arrecadação brasileira, conforme abaixo:
A composição da Carga Tributária dos Estados Unidos tem como base 83,07% de sua arrecadação incidindo sobre a Renda, Lucro, Ganho de Capital, Folha Salarial e Propriedade (classes privilegiadas da nação americana).
A composição da Carga Tributária do Brasil tem como base 52,82% de sua arrecadação incidindo sobre Bens e Serviços, ou seja: feijão, arroz, ovo, remédio, transporte, dentre outros (na grande maioria atingindo as classes menos privilegiadas, ou miseráveis).
Nota: Antes de encerrar gostaria de saber onde se poderia debater esses assuntos no Brasil? Se souberem me avisem!
Ricardo Bergamini
quinta-feira, 9 de junho de 2016
Ja ouviram falar do tal modelo liberal-periferico? Claro: coisa de academicos na estratosfera... - Reinaldo Goncalves, Paulo Roberto de Almeida
Como todos sabem, não faço nenhuma concessão a acadêmicos puros, ou seja, os que vivem num mundo em que ninguém afere custos de manutenção, e todos querem viver às custas do Estado, que é pago sempre pelos mais pobres.
Já de início, percebo que vou discordar da filosofia, ainda que suas análises possam ter consistência em algumas áreas. Por isso faço desde já minhas críticas preventivas com base neste resumo de sua entrevista mais recente.
O aprofundamento do Modelo Liberal Periférico; Governo Temer aproveita “caldo de cultura” criado por FHC, Lula e Dilma
Reinaldo Gonçalves
“A questão central é quem paga os impostos. Penso que a turma da FIESP tem que pagar mais impostos. Ao mesmo tempo, o governo tem que se mostrar capaz de moralizar e racionalizar os gastos públicos”.
PRA: Quanta bobagem. Essa coisa de modelo, de qualquer tipo, é típico de acadêmicos que vivem na estratosfera. Governo NENHUM se pauta por modelos, ainda que seus responsáveis políticos e econômicos possam ter algumas ideias (e preconceitos) na cabeça. Governos, quando assumem as rédeas de um país, quando o ministro da economia senta naquela cadeira, tem primeiro de olhar os números, para saber o que dá para fazer. Se os políticos puderem aumentar os impostos sobre todos, não duvidem que eles vão fazer, pois são pagos para gastar o nosso dinheiro. Olhando os números, e olhando a base de apoio, no parlamento ou na sociedade, os governos, ou seja, os dirigentes eleitos, vão fazer aquilo que é possível fazer, dentro do que cabe fazer, com as forças de que dispõem. Essa coisa de modelo, desenvolvimentista, liberal, periférico ou não, isso é bobagem de acadêmico.
Quanto à receita, o economista delira mais uma vez. O que ele chama de turma da FIESP é apenas a parte superior da economia de mercado, os grandes capitalistas, que não são os que fornecem mais empregos e renda à sociedade, e sim os milhões de pequenos capitalistas e informais que concentram o grosso da força de trabalho, os que são ao mesmo tempo os provedores de emprego e de renda. Os grandes capitalista são inovadores e deveriam, se pudessem, criar mais riqueza, investindo mais e empregando mais. Por que eles não o fazem? Porque deixam um terço, ou mais, do que faturam para o governo, e não empregam mais porque o custo da mão-de-obra é muito elevado, com todos os penduricalhos da CLT, salário mínimo de base, etc. Ou seja, fazê-los pagar mais impostos significa simplesmente expatriar os grandes capitalistas (que são os que podem se mover) para outros lugares, onde o ambiente de negócios é mais favorável, o custo da mão-de-obra mais baixo, etc. Quanto aos demais, eles vão continuar operando como podem, muitos com trabalho informal, elidindo o fisco, etc. Quem não percebe isso só pode ser acadêmico…
Governo não tem de moralizar nenhum imposto. Tem é de cobrar o mínimo de impostos necessários para as tarefas básicas comuns — aquelas coisas clássicas do Estado, e ponto — e deixar o máximo possível com a sociedade, que saberá o que fazer com a riqueza que ela própria criou (e certamente gostaria de ter mais dinheiro, se o governo deixasse). Racionalizar gastos públicos também é a palavra errada: governo tem é de cobrar menos impostos para gastar menos.
Quanto menos dinheiro o governo arrecada, menos ele pode gastar e isso é o ideal, inclusive para não ter tanta corrupção.
Sempre vou me surpreender com a inconsciência dos acadêmicos.
Uma última recomendação: a economia brasileira é muito regulada e dirigida pelo Estado, que se encarrega de dizer quem pode e quem não pode oferecer bens e serviços para consumo privado. Em consequência, a economia é ultra-cartelizada e monopolizada. Concorrência sempre é bom, inclusive nos serviços públicos.
Uma última recomendação: as universidades públicas no Brasil são muito ruins em relação ao dinheiro que recebem do governo justamente porque são públicas, e não prestam conta do dinheiro recebido. Proponho dar-lhes total autonomia, e limitar o seu financiamento a um "mensalão básico". Elas deveriam ter um conselho de gestão independente dos professores, e conseguir dinheiro com projetos, pagando o que desejam aos seus "trabalhadores", segundo o mérito, sem isonomia, sem estabilidade de início, sem penduricalhos negociados por máfias sindicais. Trabalhadores de academia devem ser livres para vender sua força de trabalho: quem merece mais vai ganhar mais. Que tal?
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Paulo Roberto de Almeida
O aprofundamento do Modelo Liberal Periférico; Governo Temer aproveita “caldo de cultura” criado por FHC, Lula e Dilma
Entrevista especial com Reinaldo Gonçalves
Por Patricia Fachin
Instituto Humanitas Unisinos, Segunda, 06 de junho de 2016
http://ihu.unisinos.br/entrevistas/555950-o-aprofundamento-do-modelo-liberal-periferico-governo-temer-aproveita-caldo-de-cultura-criado-por-fhc-lula-e-dilma
"Calculo que o custo econômico acumulado no período 2011-18 é de 4 trilhões de dólares caso não haja o impedimento de Dilma Rousseff. O custo econômico é medido como a diferença entre a renda potencial e a renda efetiva. Nunca antes na história do país houve custo econômico tão elevado em termos absolutos e relativos.
O pacote econômico anunciado pelo governo interino de Michel Temer indica que “na essência” se trata de uma continuidade do Modelo Liberal Periférico - MLP, que vinha sendo adotado nos governos anteriores. A diferença é que “nosgovernos Lula e Dilma o MLP aparecia disfarçado de um social-liberalismo frágil, enquanto no governo Temer o MLP arreganha sua cara conservadora e liberal”, afirma Reinaldo Gonçalves em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line.
Foto: Fundação Lauro Campos |
"Calculo que o custo econômico acumulado no período 2011-18 é de 4 trilhões de dólares caso não haja o impedimento de Dilma Rousseff. O custo econômico é medido como a diferença entre a renda potencial e a renda efetiva. Nunca antes na história do país houvecusto econômico tão elevado em termos absolutos e relativos. " |
"A reforma tributária é a prioridade número 1 quando se trata de instrumentos" |
"Quem são as novas autoridades econômicas? Nada além de representantes, despachantes, dos grandes bancos brasileiros e internacionais" |