O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador pesquisa científica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador pesquisa científica. Mostrar todas as postagens

domingo, 17 de junho de 2012

Fapesp, 50 anos - Celso Lafer


Fapesp, 50 anos

Celso Lafer
O Estado de S.Paulo, 17 de junho de 2012
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) celebrou seu jubileu de ouro na Sala São Paulo, na noite de 30 de maio. Suas realizações são o fruto de uma ação coletiva dos muitos que, nestes 50 anos, a ela se dedicaram. A base da ação da instituição reside, no meu entender, em dois conceitos: o da qualidade de um bom princípio e o da autoridade, na acepção de Hannah Arendt.
Arché, a palavra grega para princípio, aponta para dois significados - o de começo e o de comando. O princípio da Fapesp foi tanto um ponto de partida quanto o fundamento que explica o movimento que se iniciou a partir desse ponto de partida.
Com efeito, a Fapesp, como agência de fomento à pesquisa e a sua correspondente evolução no correr dos anos, está indissoluvelmente ligada aos seus princípios, vale dizer, à qualidade da concepção que comandou as suas origens.
As origens desse princípio remontam à Assembleia Constituinte Paulista de 1947, quando um fecundo trabalho conjunto entre membros da comunidade científica de São Paulo e deputados estaduais resultou na elaboração e aprovação do artigo 123 da Constituição estadual.
"O amparo à pesquisa científica será propiciado pelo Estado, por intermédio de uma fundação, organizada em moldes que forem estabelecidos por lei. § Único: Anualmente o Estado atribuirá a essa fundação, como renda especial de sua privativa administração, quantia não inferior a meio por cento do total de sua receita ordinária", dizia o artigo.
De maneira pioneira em nosso país, consagrou-se o reconhecimento da importância do respaldo à pesquisa como política pública de Estado, voltada para apoiar as atividades vinculadas a descobertas de novos conhecimentos que ampliam o entendimento e o poder de uma sociedade sobre o seu destino e os seus caminhos.
O artigo 123 teve a natureza de uma norma programática que estipulou a relevância de recursos regulares previsíveis e a autonomia administrativa como vis directiva das providências legislativas e orçamentárias necessárias para a sua plena efetivação.
Registro que essa vis directiva é uma das condições de sustentabilidade de uma política científico-tecnológica de Estado, e não de governos, posto que o tempo da pesquisa e da sua gestão é um tempo próprio, mais longo, distinto, por isso mesmo, do tempo curto das urgências políticas, do tempo online dos meios de comunicação e o da celeridade dos movimentos financeiros.
A efetivação da "ideia a realizar" do amparo à pesquisa foi obra do governador Carvalho Pinto, que, também interagindo construtivamente com o Poder Legislativo paulista e a comunidade científica, logrou aprovar a lei n.º 5.918 de 1960. Esta autorizou o Poder Executivo a instituir a Fapesp e Carvalho Pinto a instituiu com o decreto n.º 40.132 de 23/5/1962, conferindo, na ocasião, precisão à norma programática do "amparo à pesquisa" preconizada pela Constituição.
Entre as diretrizes estabelecidas e que retêm plena atualidade, destaco: a de que cabe à Fapesp apoiar a pesquisa, e não fazer pesquisa; a de que deve fornecer elementos de orientação e auxílio financeiro, sem interferir com a personalidade do investigador ou da instituição; a de que o âmbito de sua atuação deve ser limitado apenas pela idoneidade dos projetos e pela extensão dos recursos disponíveis; a de que não cabe restrição quanto ao gênero da pesquisa realizada; a do reconhecimento da interdependência entre pesquisa básica e aplicada; a da limitação das despesas administrativas a um teto de 5% do orçamento da fundação, tendo em vista assegurar que os recursos, provenientes do contribuinte paulista, fossem direcionados para as finalidades da pesquisa; a do empenho na objetividade e imparcialidade na avaliação das solicitações apresentadas, pela análise dos pares, o que ensejou a integração da comunidade acadêmica à Fapesp e adicionou sustentável qualidade ao processo decisório da instituição; a da republicana prestação de contas - contrapartida da autonomia - não só aos órgãos de controle da administração pública paulista, mas também à comunidade mais ampla, mediante relatórios anuais e outros meios de divulgação permanente de suas atividades.
Autoridade - autorictas - provém de augere, aumentar. E, como explica Hannah Arendt, a autoridade se constrói acrescendo sempre algo de significativo ao ato da fundação. É por isso que a dinâmica da Fapesp foi norteada pelo empenho em sempre dar nova abrangência às suas atividades de apoio à pesquisa.
Contribuiu para isso a decisão da Assembleia Constituinte Estadual de 1988, pela qual o porcentual da receita anual do Estado destinada à Fapesp passou de 0,5% para 1% e se adicionou à sua missão o desenvolvimento tecnológico.
São exemplos dessa dinâmica: o apoio a bem estruturados projetos de longo prazo, em todas as áreas do conhecimento (como é o caso dos temáticos e dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão - Cepids); os programas em rede de pesquisa abrangente, como o Biota-Fapesp (o estudo da biodiversidade e proposição de políticas para seu uso sustentável) e o Bioen (pesquisa sobre bioenergia); os investimentos de apoio à infraestrutura de pesquisa (por exemplo, o navio Alpha Crucis para a pesquisa oceanográfica); a aproximação com o setor empresarial para estimular a inovação na produção, contemplada com os programas da pesquisa em parceria (Pite) e o da pesquisa inovativa em pequenas empresas (Pipe); e a internacionalização da Fapesp por meio de acordos com entidades congêneres no mundo, o que enseja o avanço do conhecimento, por obra do potencial de sinérgica interação entre pesquisadores nacionais e estrangeiros.
A qualidade de um bom princípio, adensado pela autoridade do que a ele se adicionou no correr de 50 anos, explica por que a Fapesp tem sido capaz de contribuir de maneira significativa para que o nosso Estado se situe melhor no País e no mundo com o impacto do conhecimento gerado pelas pesquisas que patrocina.  
PRESIDENTE DA FAPESP

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Incendio na base da Antartida: minhas condolencias aos mortos e a pesquisa brasileira

Um desastre incomensurável, que deve atrasar por muitos anos qualquer pesquisa e qualquer novo esforço brasileiro na Antártida. Qualquer que seja o destino futuro dessa base (enfim, uma outra, próxima dali), é evidente que o golpe é rude para a pesquisa científica brasileira, ainda mais rude do que o golpe terrível (de impacto também comercial e tecnológico) ocorrido na base de Alcântara seis ou sete anos atrás.
Minhas condolências aos familiares dos mortos, minha solidariedade aos que tudo perderam na base, e minha esperança de que voltemos ao esforço, aprendendo com os erros, o que ainda não conseguimos fazer em relação a diversos outros episódios da vida nacional (em política, e em economia, por exemplo).
Paulo Roberto de Almeida 

 Estadão Online, 25/02/2012

A Estação Comandante Ferraz, base militar e científica brasileira na Antártica, foi destruída por um incêndio na madrugada deste sábado, 25, causando a morte de dois militares. Havia 60 pessoas na estação, metade delas pesquisadores de universidades nacionais, que escaparam ilesos. À tarde, a base foi abandonada pelos militares que ainda tentavam conter as chamas.
Em nota, a Marinha não reconhece nem as mortes dos militares nem a destruição da base. Informa apenas que o sargento Roberto Lopes dos Santos e o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo continuam desaparecidos e que o sargento Luciano Gomes Medeiros sofreu ferimentos, mas não corre risco de morte.
O fogo começou na praça das máquinas, onde funcionavam os geradores de energia da estação, e se alastrou com rapidez. A Comandante Ferraz tem um formato contínuo. A praça das máquinas não é separada fisicamente dos alojamentos, laboratórios e demais ambientes.
“A estação acabou.” A frase foi usada por um oficial da Marinha lotado na Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm), envolvida nas atividades brasileiras na Antártica, em telefonema à bióloga Yocie Yoneshigue Valentin, coordenadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia-Antártico de Pesquisas Ambientais (INCT-APA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável por algumas das mais importantes pesquisas brasileiras no continente.
A especialista, que voltou da Antártica este ano, ainda conseguiu contato com alguns colegas que escaparam do incêndio com a roupa que vestiam.
“Eles deixaram tudo para trás, documentos, pesquisas, bagagem. É uma perda irreparável. Contaram que uns foram sendo acordados pelos outros, porque o alarme de segurança da estação não soou. Estamos consternados. Parece que não sobrou nada”, lamentou.
Cientistas que estavam na estação contam que os dois militares que morreram não conseguiram sair da praça de máquinas quando as chamas se espalharam. Os corpos continuavam à tarde dentro da estrutura onde funcionam os geradores da base, totalmente destruída.
O fogo começou às 2h. Uma explosão acordou a todos. As causas são desconhecidas. Os 30 pesquisadores, um alpinista que presta apoio às ações de campo, um representante do Ministério do Meio Ambiente e 12 funcionários civis do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (especializados em reparos e manutenção) foram transferidos ao amanhecer, em helicópteros, para a base antártica Eduardo Frei, do Chile.
De acordo com a Marinha, um avião cedido pela Força Aérea da Argentina resgatou o grupo brasileiro na base chilena, levando-o para a cidade de Punta Arenas, na Patagônia do Chile. De lá os brasileiros deverão voltar em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), que decolou neste sábado à tarde do Rio.
Em contatos por e-mail com parentes no Brasil, os pesquisadores relataram de modo bastante sucinto o que aconteceu e avisaram que somente em Punta Arenas, por causa dos transtornos e dificuldades decorrentes do incêndio, poderão retomar os contatos.
“Aconteceu um incêndio na estação. Fomos resgatados agora sem ferimentos. (…) Estamos na base chilena. (…) Assim que puder telefono”, avisou cedo o biofísico João Paulo Machado Torres, da UFRJ, à mulher Susana Fonseca.
Uma equipe de 15 militares da Marinha, comandadas pelo capitão-de-fragata Fernando Tadeu Coimbra, permanecera na base, sediada na Baía do Almirantado, ilha Rei George, no arquipélago Shetlands do Sul, a 130 km do continente antártico, para apagar o fogo. À tarde, a Marinha informou que até eles tiveram que abandonar a base, oficialmente devido às “condições meteorológicas adversas”.
“Assim que as condições meteorológicas permitirem, a Marinha do Brasil, com apoio do navio ‘Lautaro’, da Armada do Chile, enviará uma equipe do grupo-base,liderada pelo chefe da Estação Antártica Comandante Ferraz (capitão-de-fragata Fernando Tadeu Coimbra) para avaliar os danos causados à estrutura da Estação”, informa comunicado da Marinha.

sábado, 17 de setembro de 2011

O Brasil e a nanotecnologia - Paulo Roberto de Almeida

Um texto de 2005, mas que conserva sua validade analítica...

O Brasil e a nanotecnologia: rumo à quarta revolução industrial 

Paulo Roberto de Almeida
Espaço Acadêmico (Maringá, a. VI, n. 52, set. 2005;

O mundo encontra-se no limiar de uma nova revolução industrial, ou melhor, ele já está, de fato, mergulhado nela: trata-se, obviamente, da transformação radical dos processos e produtos de nossa atual civilização industrial por meio da aplicação do infinitamente pequeno às mais diferentes utilidades da vida diária. Essa revolução é bem mais importante, e mais desafiadora, do que aquelas que presidiram ao domínio do homem sobre as forças da natureza nas três revoluções anteriores ou etapas precedentes de progressos materiais e tecnológicos desta nossa civilização industrial.
Com efeito, a primeira revolução industrial, iniciada na Grã-Bretanha há pouco mais de dois séculos, assistiu à transformação da energia em força mecânica, sob a forma de caldeiras e máquinas a vapor, o que redundou, entre outros avanços materiais, no impulso dado às indústrias manufatureiras (com destaque para o setor têxtil) e aos transportes aquaviários e ferroviários. Ao mesmo tempo, começou a funcionar o primeiro instrumento verdadeiramente universal de comunicação quase instantânea, o telégrafo (ainda funcionando à base de fios e de cabos submarinos), que representou uma espécie de internet da era vitoriana. Já na segunda revolução industrial, um século após, o destaque ficou com a eletricidade e a química, resultando em novos tipos de motores (elétricos e à explosão), em novos materiais e processos inéditos de fabricação, paralelamente ao surgimento das grandes empresas (algumas vezes organizadas em cartéis), do telégrafo sem fio e, logo mais adiante, do rádio, difundindo instantaneamente a informação pelos ares. A terceira revolução industrial, nossa contemporânea por sua vez, mobilizou circuitos eletrônicos e, logo em seguida, os circuitos integrados, os famosos microchips, que transformaram irremediavelmente as formas de comunicação e de informação, com a explosão da internet e do comércio eletrônico e voltada crescentemente para o lazer.
A quarta revolução industrial, na qual estamos ingressando neste momento histórico, mobiliza, fundamentalmente, as ciências da vida, sob a forma da biotecnologia, bem como uma gama multidisciplinar de ciências exatas e cognitivas que responde pelo nome de nanociência. Esta, por sua vez, se confunde praticamente com suas materializações práticas, sob a forma da nanotecnologia. Desde várias décadas, senão há mais de um século, os cientistas tentam domar o infinitamente pequeno, plenamente conscientes de que é ao nível das moléculas, das partículas e dos átomos que se joga parte importante do jogo da vida e da própria composição e funcionamento do infinitamente grande, isto é, do universo. Essa busca resultou em enormes avanços científicos e materiais para a humanidade, assim como no deslanchar de forças que chegaram a ameaçar a própria sobrevivência da civilização sobre o planeta, tanto sob a forma do holocausto nuclear como na perspectiva de uma guerra biológica ou química.
Agora, quando os novos equilíbrios estratégicos e a diminuição das tensões permitida pela relativa convergência de valores e de sistemas econômico-sociais atribuem um sentido positivo às pesquisas científicas nas áreas da energia atômica, dos novos materiais, dos elementos químicos e da biologia, as possibilidades abertas pela inovação tecnológica e pela cooperação internacional nessas áreas de fronteira do conhecimento humano abrem um potencial imenso de realizações, para a humanidade em geral, e também para o Brasil.
O Brasil logrou, com efeito, construir um sistema de ciência e tecnologia que se caracteriza pela quase excelência, do ponto de vista dos padrões conhecidos nos países em desenvolvimento, inclusive não ficando a dever, em certas áreas de pesquisa, quase nada aos países desenvolvidos. O desempenho do Brasil é menos satisfatório no que se refere à transposição das descobertas, inovações e resultados do saber científico para o campo da pesquisa aplicada e no terreno prático de suas derivações tecnológicas e industriais mais imediatas. Ambas as insuficiências resultam de uma deficiente cultura patentária e de um preconceito ainda latente na academia ‑ felizmente cada vez mais residual ‑ contra aplicações instrumentais ou “utilitárias” da pesquisa científica. Ainda assim, pode-se dizer que os resultados já alcançados nessa área, inclusive a partir da “marcha forçada” em direção dos últimos gargalos nos ramos intermediários e de insumos, bem como os investimentos estatais em alguns setores de ponta, oportunamente revertidos ao setor privado, permitem classificar o Brasil como uma economia industrializada e plenamente inserida na terceira revolução industrial.
Mas, esse “acabamento” relativamente satisfatório do processo industrializador no Brasil pode doravante estar sendo ameaçado, justamente, pelos novos processos, métodos e materiais inéditos que estão emergindo como resultado da revolução da nanociência e da nanotecnologia aplicadas ao complexo e diversificado setor industrial ou manufatureiro. De fato, a nanociência permite, impulsiona e praticamente obriga à geração de conhecimentos avançados, que se revelam convergentes em vários setores da arte e do engenho humanos, em biotecnologia, nos novos materiais, na instrumentação técnica, assim como nas próprias formas de organização social da produção e do trabalho humano. A nanotecnologia, por sua vez, leva, quase que naturalmente, ao surgimento de novos ramos industriais e de novos mercados que, ao configurarem um novo padrão, superior, de produção fabril e manufatureira, não tardarão a se impor, doravante, como a mais nova fronteira da civilização industrial, um paradigma incontornável de concepção, desenho e fabricação de novos produtos e insumos que modificarão, de forma substancial e irremediavelmente, as características da sociedade atual.
As tendências que já apontam para uma situação de ruptura tecnológica e de mudança profunda na configuração de procedimentos industriais afetarão a produtividade relativa das indústrias, o jogo das vantagens comparativas entre os países, bem como a própria composição do comércio internacional, condenando os países que não se alinharem aos novos padrões a perdas gradativas de competitividade ou até mesmo à esclerose precoce de parques industriais inteiros. Não há nenhum exagero na afirmação precedente: o lado científico e, a fortiori, o lado prático da nanotecnologia chegaram para alterar definitivamente velhos padrões industriais e correntes tradicionais de comércio internacional. Uma coisa precisa ficar clara, desde já: os países que não se decidirem por incorporar, por adotar ou que, simplesmente, não se adaptarem ao novo paradigma correm o sério risco de serem alijados dessa nova face da civilização industrial emergente.
Trata-se, portanto, de uma questão de sobrevivência e de preservação dos níveis de bem-estar. Não se deve estranhar, assim, que os níveis de investimentos financeiros nessa área, tanto em países desenvolvidos (como EUA, Alemanha e França), como em países em desenvolvimento (com destaque para a China, Índia e Coréia), sejam, desde já, significativos e crescentes. As perspectivas, de certa forma, são comensuráveis com as altas expectativas de mercado para produtos da nanotecnologia: cerca de 1 trilhão de dólares nos próximos 10 a 15 anos, com a possibilidade, segundo estimativas, de que o Brasil ocupe talvez 1% deste faturamento.
Essa personagem central da nova revolução industrial de nosso tempo, que é a nanotecnologia, apresenta a potencialidade de acoplar e introduzir novas sinergias ao esforço brasileiro de desenvolvimento econômico, científico e tecnológico. Existem, claramente, oportunidades abertas ao Brasil, enquanto economia que possui uma competência identificada (ainda que não de forma inteiramente sistemática) numa área que vai modificar de forma irremediável o padrão de desenvolvimento industrial e tecnológico no futuro próximo. (...) O Brasil possui pequeno (mas ativo) número de universidades ocupadas nessa nova área de conhecimento. Duas universidades brasileiras, a USP e a Unicamp, respondem por cerca da metade da produção científica publicada em nanotecnologia, seguidas em quase igualdade de condições pela Universidade Federal de São Carlos, pela UFMG e pela UnB.

A gama de atividades classificadas como nanotecnologia cobre áreas de pesquisa tradicionais como a química e a física, chegando às atividades que envolvem ciências dos materiais, biotecnologia, etc., o que demonstra o caráter altamente abrangente da nanociência e da nanotecnologia (N&N). De fato, uma das particularidades da N&N é que ela requer competências científicas com os mais variados horizontes. A N&N sendo uma área altamente interdisciplinar não permite que se tenha uma idéia exata dos aspectos relacionados a cada uma das disciplinas implicadas. Como todas as áreas, ela está baseada em noções fundamentais conhecidas dos cientistas e engenheiros. Aliás, a separação entre nanociência e nanotecnologia não tem nenhum significado na prática: é exatamente por esta razão que na maioria do tempo o termo nanotecnologia acaba por recobrir nanociência.
Todos os países inovadores estabeleceram e apóiam ativamente programas de nanotecnologia, com orçamentos crescentes e do mesmo nível que a biotecnologia, tecnologias da informação e meio ambiente. Os programas de nanotecnologia analisados estão vinculados às estratégias nacionais de desenvolvimento econômico e de competitividade e todos têm alvos econômicos definidos. Todos os setores industriais estão desenvolvendo produtos nanotecnológicos, embora algumas empresas optem por não identificá-los como tal, por razões, provavelmente, de imagem pública, ou talvez para diminuir resistências do tipo das que se manifestaram em relação a produtos da biotecnologia.
O crescimento previsto pelos especialistas para os mercados de produtos nanotecnológicos é muito superior ao crescimento de outros mercados dinâmicos, como o de computadores e telefones celulares. Estima-se que as aplicações de nanotecnologia e as que estarão atingindo os mercados nos próximos anos são evolucionárias, mais do que revolucionárias, estando concentradas nas áreas de determinação de propriedades de materiais, produção química, manufatura de precisão e computação. Não existe, no momento, nenhuma possibilidade razoavelmente definida para o uso de nanomáquinas capazes de fabricar materiais montando-os átomo por átomo. Apesar delas ocuparem espaço na imaginação de escritores, elas não estão nas cogitações de estrategistas das empresas inovadoras a não ser nas formas de síntese química/bioquímica e auto-organização. No entanto, é muito provável o aparecimento – praticamente inevitável ‑ de aplicações revolucionárias da nanotecnologia, a médio e longo prazo.

Paulo Roberto de Almeida
[23 de agosto de 2005]

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Uma biblioteca digital: boa fonte de pesquisa

Recebi, como sempre ocorre na internet, uma boa indicação de pesquisa. Testei, com o verbete "economic history, Brazil", e obtive algumas boas indicações de leitura.

Acesse gratuitamente toda a Biblioteca Digital da Central de Cursos da Universidade Gama Filho
Colaboração: Altemir Braz Dantas Junior
Data de Publicação: 01 de fevereiro de 2011

A Biblioteca Digital da Central de Cursos da Universidade Gama Filho disponibiliza gratuitamente para a população a totalidade dos acervos digitais de texto completo de bibliotecas de 1.200 universidades, artigos de 30 mil periódicos científicos, além dos bancos de dados de centros de pesquisa, bibliotecas nacionais e órgãos governamentais de 59 países, através da participação no consórcio internacional OAI - Open Archives Initiative.
O consórcio OAI é o maior compartilhamento de informação científica de toda a história, no qual as instituições signatárias concordaram em abrir e compartilhar seus acervos de texto completo para a difusão e integração de sua produção científica e cultural, formando um acervo único internacional de mais de 32 milhões de arquivos completos e abertos que agora estão disponíveis no Brasil através da Biblioteca Digital da Central de Cursos da Universidade Gama Filho.
Há excelente conteúdo de computação, com artigos completos do MIT.
A biblioteca foi desenvolvida por Giovanni Eldasi.
http://posugf.com.br/biblioteca/

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A ciencia brasileira nas paginas da Nature

A mais prestigiosa revista de pesquisa científica do mundo, a inglesa Nature, publica duas matérias -- uma avaliação de conjuntura e uma entrevista com o ministro da área -- sobre os avanços da pesquisa científica no Brasil.

HIGH HOPES FOR BRAZILIAN SCIENCE
Anna Petherick
Nature, Vol 465, June 2010

As President Lula prepares to leave office, researchers expect that innovation will invigorate the economy.

It is rare that a head of state ends a second term with approval ratings of around 80%. But when Brazilian President Luiz Inácio Lula da Silva took to the stage last month at a science-policy conference, his popularity was clear: more than 3,000 scientists, administrators and industrialists stood to applaud him and to cheer his science minister of five years, Sérgio Rezende.

With a government convinced that science is an essential part of a growing economy, Brazilian researchers have never known better times, and the 4th National Conference on Science, Technology and Innovation in Brasilia on 26–28 May was brimming with optimism for an even sunnier future. At the conference, Lula signed a series of bills that will help to sustain his legacy of science investment after he and Rezende leave office on 1 January 2011. The bills, IF enacted by the National Congress, will increase funding for postdocs and establish three new biodiversity research centres, with the overall goal being to further reduce the country’s brain drain and perhaps even reverse it.

The conference will deliver a consensus statement from Brazil’s top scientific brass on where its research programme should focus over the next decade. The document is likely to be influential, says Luiz Davidovich, a director of the Brazilian Academy of Sciences and a physicist at the Federal University of Rio de Janeiro. “The conference is the first time that those at the heart of science, and those tangentially involved, have all been brought together — and at a point when things are really taking off,” adds Carlos Henrique de Brito Cruz, the scientific director of FAPESP, São Paulo’s state research foundation. The consensus statement, due to be published in two months’ time, will be sent to all of the presidential candidates.

One prominent suggestion expected to be in the statement is the fostering of centres of excellence. “We need to look after our Pelés as well as build more football pitches,” says de Brito Cruz. “The current focus of funding is on new centres, but there is no specific programme to fund research stars.” Another proposal is to provide more incentives for multinational companies to conduct research and development in Brazil.

These policies would build on a well-funded foundation. The Brazilian Ministry of Science and Technology says that after Lula took Office in 2003, total public and commercial funding for science and technology soared from 21.4 billion reais (US$11.4 billion) to 43.1 billion reais in 2008 (or from 1.26% to 1.43% of Brazil’s growing gross domestic product; GDP) – due in part to Lula, and to policies implemented by former president Fernando Henrique Cardoso.

Publications by Brazilians in peer-reviewed science journals have leapt from 14,237 in 2003 to 30,415 in 2008, according to data analysts Thomson Reuters. This is impressive not only in the context of Latin America but also compared with Russia, India and China, for example. In 2000, Brazil generated 43% of Latin America’s peer-reviewed publications. Scientific output has since improved across the region, but in 2008, Brazilian publications made up 55% of the total. Brazil has particular strengths in agricultural science; for example, in 2000, a consortium based in São Paulo became the first in the world to sequence the genome of a plant pathogen, the bacterium Xylella fastidiosa, which destroys citrus crops.

Brazil spends significantly more per researcher than China or Russia, according to its science ministry. “I believe we have reached a point where the sector will grow organically,” says Rezende. “So the next person in charge will not have to do much.

“ Science is also doing well at the level of individual states, which provide a significant source of public funding, although efforts to boost science are patchy. Many states are looking to emulate wealthy São Paulo, which has the strongest scientific tradition. “There is an article from 1947 in the constitution of the state of São Paulo,” explains de Brito Cruz. “It says that 1% of all revenues of the state go towards research. No other science-funding agency in possibly the whole world has that kind of financial security and autonomy [from the federal government].”

The benefits of having significant funding separate from federal sources were felt most keenly in the 1990s, when Brazil’s government struggled with economic stresses such as hyperinflation. Science funding dried up elsewhere in the country, but researchers in São Paulo experienced much less disruption.

Recently, other states have copied this legislation. In addition, São Paulo’s three large state universities receive 9.57% of the state’s income from its lucrative sales tax, giving them a unique boost.

But even in São Paulo, the growth in published research has not been matched by growth in patented research, which is crucial if science is to invigorate the economy and provide a better quality of life for Brazil’s 193 million inhabitants. Most scientists at the May conference agreed that solving this problem is probably the biggest challenge facing Brazilian science.

Early in its tenure, Lula’s administration made it legal for the government to fund research by private companies, and afforded tax breaks to firms that invest in innovation. But the number of patented inventions coming out of Brazil has risen only slightly since these measures were passed. “The problem is that company directors have the option of putting money in the hands of their heads of finance to generate a return in the financial markets, or in those of their head of research and development, which is risky and expensive,” says Eduardo Viotti of Columbia University in New York, who advises the Brazilian senate on science policy. “In the past, at least, it has seemed less risky to them to bet on the financial markets.”

Commercial research and development is being boosted by the discovery in 2007 of large oil deposits off the coast of São Paulo and Rio de Janeiro. When oil does start flowing, Lula has promised that a proportion of the riches will be siphoned towards science. The exact percentage is still being debated, but it will be set before Lula and Rezende leave office.

The chances are good that scientists will get much of what they ask for on their consensus wishlist, even after Lula’s departure. The frontrunners in October’s presidential election are José Serra, a former governor of science friendly São Paulo, and Lula’s former chief of staff Dilma Rousseff, who is backed by Lula and is expected to continue his policies. These may include his plan to raise science spending to 2% of GDP by 2020.


INTERVIEW: EXCITING TIMES FOR BRAZILIAN SCIENCE
Fonte: Interview by Fabio Pulizzi, Nature Materials, VOL 69, July 2010
Sergio Machado Rezende has served for 5 years as the Minister for Science and Technology of Brazil. Nature Materials has asked him about the past and future of science in his country.

How did you become interested in physics?

When I attended my first physics course in high school I was immediately fascinated by the rigorous formulation of classical mechanics and its ability to describe common phenomena through simple equations. Solving physics problems was really enjoyable for me. However, in the 1950s fundamental science did not really offer career opportunities in Brazil, so I decided to study engineering instead. After graduating in electronic engineering in Rio de Janeiro I went to MIT in the USA for my PhD. It was during this period that my interests shifted back towards the more fundamental, rather than applications-based aspects of the materials used in electronics, and gradually I became a materials physicist.

What made you decide to become active in politics as well as in science?

It was not really a deliberate decision, rather the consequence of my involvement with administration and policy making during my scientific career. After my PhD I went back to Rio, where I was appointed associate professor of physics at the Catholic University. In the early 1970s I moved to Recife, capital of the state of Pernambuco in the northeast of Brazil. I was in fact sent there on a mission of the National Research Council to establish a physics department that would be active in research at the Pernambuco Federal University. As I was the first faculty member in physics with a PhD degree, it was natural for me to become head of department. I was young and I learned to carry out administrative activities in parallel to research. In the 1980s I became dean of the Centre for Exact Sciences and in the early 1990s I was invited to become scientific director of the newly created Pernambuco Science Foundation, the first state agency to support science and technology in the northeast region. I managed to do the job in those positions while still remaining active in teaching and research. In 1995 I was invited to be the State Secretary for Science and Technology by Miguel Arraes, the elected state governor, even if I had no previous involvement with politics, and in four years I gained considerable experience in policy making and running science and technology programmes.

In your view, how has science in Brazil evolved in past decades?

Over the second half of the last century, Brazil built up a complex system of science and technology that today ranks thirteenth in the world in terms of scientific publications, according to the Thomson Reuters database, ahead of countries such as Holland and Russia. There are more than 100,000 active researchers in Brazil today, and we have a considerable number of scientists and engineers doing scientific and technological research of international standing. Among the best known examples of success in Brazilian research are the biofuels programme; oil drilling and production in deep waters by Petrobras; and agribusiness, where high productivity levels were made possible by work conducted by Embrapa, the federal organization for research in livestock and agriculture.

What about the time in which you have been science minister?

We need to keep in mind that building such a complex system and keeping it working required a huge effort. The scientific community lacked experience and there was no innovation culture; there were no steady science and technology policies, or substantial investments and, last but not least, there was almost no connection between research and industry. There were very difficult moments in which shortage of funds was such as to withhold fellowship payments for Brazilian students abroad. Fortunately, because of the firm priority given by President Lula’s government to science, technology and innovation in the past decade the situation has improved dramatically.

In what way? Have investments increased?

Definitely. In 2000, expenses for science and technology were of the order of R$15.2 billion (R$ is the Brazilian unit of currency, the real), equating to 1.3% of Brazil’s gross domestic product (GDP) (at present US$1.00 = R$1.80). In 2008, investment surpassed R$43 billion, reaching 1.43% of GDP. These figures include the federal public sector, funding from single states and from public and private companies. The overall public-sector participation is 55%, versus 45% from companies. An important part of this funding is the National Fund for Scientific and Technological development (FNDCT), which nowadays is a prominent part of the budget of the Ministry of Science and Technology. It was first established in 1970, but for a long time it suffered from chronic shortage of funds. However, in 1999 the previous government created the so-called sectoral funds, which are based on taxation of specific sectors of economic activity. These sectors include the exploitation of natural resources, oil and specific industrial products, and they include fees on licenses for the acquisition of foreign technology. Such sectoral funds are now an integral part of the FNDCT, and have made possible its consistent growth. To give you an idea, the FNDCT disbursed R$350 million in 2002; in 2010 the amount will reach R$3.1 billion.

Which areas of research will develop more as a result these investments?

So far Brazilian scientists have mainly contributed to extending the frontiers of fundamental knowledge and I believe this process will intensify further. Researchers are becoming more experienced, young people are being exposed to science of higher quality and the infrastructure for research is improving. And in applied science and engineering there will be an effort in all the areas that represent a priority at the international level. To list a few: biotechnology and nanotechnology; information and communication technologies; health; energy; agribusiness; biodiversity and natural resources; Amazonian and semi-arid regions; meteorology and climate change; space and nuclear research.

Have research institutes of excellence in these areas been created?

Partly. Three years ago the government launched a programme for the National Institutes for Science and Technology with a call for US$330 million to provide established centres of excellence with the means to strengthen their resources. But we have also created new institutions. One of them is the National Center for Science and Technology of Bioethanol, in Campinas, in the state of São Paulo, with the aim of improving technology for producing ethanol from cellulose. We also created a new centre for microelectronics, the National Center for Advanced Electronics Technology, in Porto Alegre, in the state of Rio Grande do Sul, and the Center for Earth Studies at the National Institute for Space Research in the state of São Paulo, for studies in global climate change. We extended a few centres that are under the direct responsibility of the Ministry of Science and Technology, for example the National Institute for Amazonian studies. But aside from creating new institutes and expanded existing ones, the real effort was to improve the general infrastructure for research, increase the number of researchers and provide them with appropriate conditions to produce good results. Part of this has been raising the salaries of scientists working in universities and in the research centres of the Ministry of Science and Technology.

Brazilian researchers used to go abroad to gain expertise. Is this changing now?

It has already changed. It is important to clarify that only in the 1950s, with the establishment of federal agencies to support science, the National Research Council and the Commission for the Improvement of Faculty Personnel, did Brazil begin to lay the foundations for a scientific community. This was done mainly by granting fellowships for graduate studies abroad, primarily in the USA and Europe. The first MSc degree was created in Rio de Janeiro only in 1963, and it took several years to set up MSc and PhD programmes throughout the country. It is only natural therefore that the first generations of Brazilian scientists studied abroad. Nowadays, universities and research institutions are well equipped, there are excellent graduate programmes in many universities and the funding agencies offer fewer fellowships for graduate studies abroad. On the other hand, research experience in other countries is still considered very formative and graduates can easily obtain support for post-doctoral programmes abroad. The government also stimulates participation of young scientists working in ‘big science’, which requires huge investments and facilities to engage in international collaborations. For instance, we support participation in the research programmes of large American and European laboratories such as Fermilab and CERN for studying elementary particle physics, and large astronomical observatories such as the Southern Observatory for Astronomical Research, and Gemini in Chile.

Is there an effort to raise the number of undergraduate students in science?

Absolutely. The government launched a few programmes to stimulate the interest of science in schools. A classic example was the establishment in 2005 of the mathematics olympics for state schools only. Previously, only about 200,000 pupils per year would take part in such events, and they were mainly from private schools. State-school pupils did not feel confident enough so the government decided to create a state-schools-only competition. Ten million pupils participated in the first year and the number rose to 19 million in 2009. Programmes of this type stimulate interest in mathematics, and the best pupils can obtain fellowships and can keep studying the subject at a higher level. Of course increasing interest in mathematics contributes to stimulating interest in science and engineering as well.

You mentioned climate change: how will Brazilian science contribute in this area?

We should bear in mind that climate change is not just a scientific but also a political issue, with global economic, social and environmental consequences. Brazil has made its position on this matter internationally known, as well as its successful endeavours at reducing emissions and strengthening its scientific research capacity in this field. At the recent conference on climate change in Copenhagen, Brazil announced a voluntary commitment to reduce emissions of greenhouse gases by 37% relative to the ‘business-as-usual values’ in 2020. All this keeping in mind that Brazil is a relatively low-carbon-level society. Brazilian industry has had a record of low greenhouse gas emissions, and there is still room to maintain or even enhance this trend by increasing the use of renewable sources. According to data from the 2008 National Energy Balance, such participation is 45%, which means a clean energy matrix in comparison with the rest of the world average, which is 13%. An important part of this contribution is played by biofuels in transport. With the invention of flex-fuel cars, made by laboratories in Brazil, the use of ethanol from sugar cane has been increasing steadily and has matched that of gasoline. One of the largest contributions to greenhouse gas emissions in the past has been deforestation, but impressive efforts have also been made at reducing such emissions — they fell by about 45% in 2009 compared with 2008. I am convinced that Brazil is on the right track, and it will contribute decisively to global endeavours to mitigate climate change. Regarding the scientific work in this area, we have established a large network of laboratories and research groups involved in all aspects of climate change science, such as climate modelling, emissions from land use and agriculture practices, biodiversity and natural resources, among others. This network is led by some of the most experienced scientists in Brazil, who have participated in international boards, such as the Intergovernmental Panel on Climate Change, and have strong international collaboration.

You are obviously a very busy person. Are you still an active researcher as well?

I am in the sense that I keep thinking about physics; I follow the literature; try to give suggestions to colleagues and students; and I do some calculations, eventually publishing a few papers. But to be considered an active researcher at my age and with my experience I should be involved in many more topics of research that I am able to. I probably devote 10% of my energy and time to research, and this includes weekends, when I am most productive. It is not that much, but it allows me to keep in touch with the developments in the area that I am most involved, which is magnetic phenomena in nanostructured materials.

Will you remain active in politics, maybe still as a minister in the future?

I will definitely not stay a minister, regardless of who will be elected president next year. By 31 December 2010, I will have been heavily involved in science policy for 8 years as president of the Financing Agency for Studies and Projects for 2.5 years and as a minister afterwards. I think this is enough and I feel rewarded by the results achieved. I also have started to feel uncomfortable about spending most of the time away from home and family. Finally, I believe that a renewal of concepts, ideas and practices will be mostly beneficial for our scientific and technological system, to keep it healthy and make it progress further.