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quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Brasil-Angola: whatever goes, always - imprensa e Paulo Roberto de Almeida

Meus comentários iniciais às notícias sobre corrupção Brasil-Angola (ou PT-Sonangol-Petrobras), e sobre o pedido do PSDB de investigação.
Paulo Roberto de Almeida

A relação Brasil-Angola, desde tempos imemoriais, é uma das promíscuas possíveis, e isso independentemente dos regimes e das fases da política em cada um dos países. Mas não é preciso remontar a Charles Boxer para descobrir o bas-fonds dessa promiscuidade. Na época da guerra civil angolana, os generais do MPLA não queriam acabar com a guerra, pois ela era fonte de lucrativos negócios: não apenas tráfico de armas, mas também contrabando de diamantes, de café, e outros fatores, sempre de caráter ilegal, corrupto, criminoso. 
Durante todo o período de guerra, companhias brasileiras e o próprio governo tornaram-se grandes fornecedores de produtos e serviços para o governo, companhias e importadores angolanos, gerando grandes lucros (e "lucros") para os agentes primários, para intermediários, e possivelmente funcionários governamentais, de todos os tipos, escalões e responsabilidades.
O negócio do petróleo sempre constituiu um "negócio" à parte, objeto de muitos, diferentes contratos entre não só a Petrobras e a Sonangol, mas também companhias associadas. Inevitável, nesse contexto, que as intermediações sejam bem maiores do que em contratos diretos, abertos, transparentes, o que nunca foi o caso desse setor. Eles eram múltiplos, fechados, absolutamente secretos, com cláusulas jamais analisadas pelos Senadores.
Interessante ainda registrar que o Brasil JAMAIS revelou seus contratos e acordos bilaterais com Angola, a qualquer das entidades multilaterais ou intergovenamentais que se ocupamm de transações financeiras internacionais ou de créditos e financiamentos concedidos. Nem o FMI, nem o Clube de Paris foram em qualquer tempo informado sobre os acordos e protocolos recíprocos de investimentos, de financiamentos, de créditos à exportação concedidos de um lado a outro do Atlântico, numa notável e extraordinária falta de transparência. 
Tudo isso ocorre desde os tempos da guerra civil, e continuaram ocorrendo ao longo dos anos 1980 e 1990, independentemente de governos e ideologias. Os ladrões existiam dos dois lados e eles eram cada vez mais famintos.
Não surpreende, assim, que construindo sobre essa base, os companheiros encontraram condições ideais, amplo espaço e terreno fértil para exercerem suas melhores qualidades, que sabemos todos quais são, de que tipo e com quais ambições.
Angola é um dos países mais corruptos do mundo, segundo relatórios da Transparency International, mas o Brasil companheiro provavelmente não fica muito atrás.
Portanto, toda essa história angolana constitui algo muito maior do que simples Pixulecos para o PT, a coisa é muito maior, mais intensa, mais longa, e vem de longe, desde a época da guerra civil. Mas, vamos reconhecer, os companheiros souberam aproveitar as circunstâncias para agregar, ao lado da sua “vaca petrolífera” original, a Petrobras, uma outra vaca petrolífera, também enorme, gerando milhões de dólares de “negócios”.
Paulo Roberto de Almeida  
Brasília, 20/01/2016


Angola e a origem da diplomacia do pixuleco
O Antagonista, Brasil 20.01.16 12:59

Se o PSDB quiser aprofundar o propinoduto angolano, O Antagonista recomenda que peça ao Itamaraty cópia do telegrama com o relato da visita do então chanceler Celso Amorim a Angola em julho de 2005.
Nele, há registro de proposta do ministro para que José Genoíno visitasse Angola a fim de estabelecer um mecanismo de cooperação entre o PT e o MPLA.
Pelo visto, mecanismos de cooperação em negócios envolvendo petróleo e pixulecos.

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Líder do PSDB pede que Procuradoria investigue se PT recebeu dinheiro de Angola
Ação é baseada no depoimento do Cerveró sobre negociação com petrolífera angolana
POR ISABEL BRAGA
O Globo, 20/01/2016  

BRASÍLIA — Com base em informações prestadas pelo ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, o PSDB entrou com ação, nesta quarta-feira, na Procuradoria-Geral Eleitoral, pedindo investigação sobre o suposto recebimento de recursos de origem estrangeira em favor do Partido dos Trabalhadores. A ação pede ainda a extinção do PT, caso fique comprovada a prática.
A Constituição Federal e a Lei dos Partidos vedam que partidos políticos recebam recursos de entidades ou governos estrangeiros e, se comprovada a prática, após trânsito em julgado de decisão, e estabelecem o cancelamento do registro civil e do estatuto do partido que tenha infringido a norma.
A ação foi apresentada pelo vice-presidente jurídico do PSDB e líder da bancada na Câmara, Carlos Sampaio (SP). De acordo com as informações prestadas por Cerveró, a campanha à reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 teria recebido R$ 50 milhões em propina, provenientes de uma negociação para a compra de US$ 300 milhões em blocos de petróleo na África em 2005. Segundo Cerveró, o dinheiro seria originário da estatal petrolífera angolana Sonangol.
— É uma denúncia gravíssima, apresentada por um integrante da quadrilha que operava o Petrolão, e que precisa ser investigada — justificou Sampaio.

No documento, o tucano cita reportagem veiculada pelo jornal "Valor Econômico" sobre o fato. Cerveró atribui a informação a Manuel Domingos Vicente, que presidiu o Conselho de Administração da Sonangol, estatal petrolífera angolana. De acordo com o delator, a negociação foi conduzida "pelos altos escalões do governo brasileiro e angolano" sendo o representante brasileiro o ministro da Fazenda Antonio Palocci.
"Como se pode verificar dos fatos revelados, há indícios concretos de que o partido Representado foi beneficiário de recursos oriundos de uma entidade estrangeira, de titularidade do Governo de Angola, através da campanha presidencial de 2006. Não se pode perder de vista que a responsabilidade da agremiação partidária sobre os recursos recebidos é incontestável, pois o partido é solidariamente responsável pela campanha eleitoral de seus candidatos, conforme artigo 241 do Código Eleitoral. A verdade, nobres julgadores, é que os elementos já existentes sobre a questão aqui suscitada inclinam pela existência de recebimento, pelo partido Requerido, de recursos ilícitos por se tratar de fonte estrangeira", diz um trecho do pedido do tucano:
"Requer-se seja determinada a abertura de competente procedimento investigatório a fim de se apurar, com profundidade e rapidez que o caso requer, em que condições e de que forma foram entregues recursos de origem estrangeira em benefício da campanha eleitoral presidencial do Partido dos Trabalhadores no ano de 2006, para que, comprovada a prática ilícita por esta agremiação partidária, seja promovida competente ação judicial de extinção do Partido dos Trabalhadores, por ser medida de direito."

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Pedido de Representação (para investigação) do PSDB:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PROCURADOR-GERAL ELEITORAL 

O PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA – PSDB NACIONAL, partido político com estatuto devidamente registrado no Egrégio Tribunal Superior Eleitoral, com personalidade jurídica de direito privado e sede na cidade de Brasília, Distrito Federal, no SGAS Quadra 607, Edifício Metrópolis, Cobertura 02, CEP: 70.200-670, regularmente inscrito no CNPJ sob o nº 03.653.474/0001-20, neste ato representado por seu Vice-Presidente jurídico, Deputado Federal CARLOS HENRIQUE FOCESI SAMPAIO, brasileiro, casado, Procurador de Justiça licenciado, inscrito no CPF sob nº 061.972.778-08, com endereço na cidade de Brasília, Distrito Federal, na Câmara dos Deputados, Anexo IV, Gabinete 207, infra-assinado, com fundamento nos arts. 129, incisos III e VIII da Constituição Federal, art. 18 do Código Eleitoral e art. 28, inciso I da Lei 9.096/95, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer esta

 REPRESENTAÇÃO 

para apuração de fatos praticados pelo PARTIDOS DOS TRABALHADORES – PT, partido político com estatuto devidamente registrado no Egrégio Tribunal Superior Eleitoral, com personalidade jurídica de direito privado e sede na cidade de Brasília, Distrito Federal, SCS, Q. 2, Bl. C, nº 256, 1º andar, Ed. Toufic, Asa Sul, Brasília-DF, CEP: 70302-000, regularmente inscrito no CNPJ sob o nº 00.067.262/0001-70, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor, ponderar para, ao final, requerer o quanto segue: 

1.- A soberania da República Federativa do Brasil constitui um dos fundamentos do Estado brasileiro, como expressamente consignado no art. 1º, inciso I da Constituição Federal, que se faz manifesta a partir do não condicionamento do Estado a outro poder, seja ele externo ou interno. 

Historicamente, a soberania tem sua manifestação máxima na preservação do território e da população que nele habita contra ações de agentes externos. Garantir esta condição da nação brasileira é dever de todo e qualquer cidadão brasileiro, especialmente dos mandatários públicos. 

Objetivando a preservação da soberania nacional nossa Carta Magna dispõe de diversos institutos que balizam a atuação dos agentes públicos na defesa dos interesses nacionais, tais como a intervenção federal (art. 34), a expressa indicação dos princípios que norteiam a relação do país com nações estrangeiras (art. 4º) e as exigências e competências para o Brasil declarar guerra (arts. 49, 84 e 91, § 1º, I). 

Neste diapasão, o art. 17, inciso II da Constituição Federal proíbe os partidos políticos de receberem de entidades e governo estrangeiro quaisquer recursos financeiros. É a necessidade de garantir a soberania nacional que impõem a não sujeição dos partidos políticos a entidades estrangeiras, inclusive por meio da cooptaçãofinanceira. 

Ora, se as agremiações partidárias têm como razão de ser a representatividade de ideologias sociais a serem implementadas a partir do exercício do poder político, a toda evidência que estas somente podem se sujeitar aos interesses nacionais, sob pena de se permitir que interesses estrangeiros se imponham em detrimento das reais necessidades do povo brasileiro. Esta a razão de não se permitir que recursos de natureza estrangeira sejam utilizados para financiar partidos políticos. 

Ao disciplinar a norma constitucional, a Lei dos Partidos Políticos (Lei 9.096/95), em seus arts. 31, I e 28, inciso I, dispõe: 

“Art. 31. É vedado ao partido receber, direta ou indiretamente, sob qualquer forma ou pretexto, contribuição ou auxílio pecuniário ou estimável em dinheiro, inclusive através de publicidade de qualquer espécie, procedente de:

 I – entidade ou governo estrangeiro;”

 “Art. 28, O Tribunal Superior Eleitoral, após trânsito em julgado de decisão, determina o cancelamento do registro civil e do estatuto do partido contra o qual fique provado:

 I – ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros de procedência estrangeira;” (SEM GRIFO NO ORIGINAL) 

Como se pode verificar da norma vigente, o recebimento de recursos de procedência estrangeira por partido político é ilegal,importando, quando comprovado o recebimento,cancelamento do registro e do estatuto do partido.

 2.- É neste quadro jurídico que se insere a revelação de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobrás e delator na Operação Lava-Jato, de que o Partido dos Trabalhadores foi beneficiado com a doação de R$ 50 milhões originário da estatal petrolífera angolana Sonangol. 

Sobre este fato, noticiou o jornal Estado de São Paulo, a respeito de matéria veiculada pelo periódico Valor Econômico: 

Cerveró cita propina de R$ 50 milhões na campanha de Lula em 2006 POR REDAÇÃO 18/01/2016, 13h11 

Ex-diretor da Petrobrás afirmou que dinheiro saiu de uma negociação para a compra de US$ 300 milhões em blocos de petróleo na África em 2005, segundo jornal Valor Econômico Atualizada às 15h05 

Em documentação entregue à Procuradoria-Geral da República, anterior ao acerto de sua delação premiada, o ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveróafirmou que a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, recebeu R$ 50 milhões em propina. O dinheiro teria saído de uma negociação para a compra de US$ 300 milhões em blocos de petróleo na África em 2005. As informações foram divulgadas pelo jornal Valor Econômico nesta segunda-feira, 18. 

Cerveró atribui a informação a Manuel Domingos Vicente, que presidiu o Conselho de Administração da Sonangol, estatal petrolífera angolana. “Manoel (sic) Vicente foi explícito em afirmar que desses US$ 300 milhões pagos pela Petrobrás a Sonangol, companhia estatal de petróleo de Angola, retornaram ao Brasil como propina para financiamento da campanha presidencial do PT valores entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões.” 

Segundo o delator, que teve seu acordo firmado em novembro do ano passado, a negociação foi conduzida ‘pelos altos escalões do governo brasileiro e angolano, sendo o representante brasileiro o ministro da Fazenda [Antonio] Palocci”. 

Cerveró foi diretor da Petrobrás entre 2003 e 2008. Após ser exonerado do cargo, ele assumiu a Diretoria Financeira da BR Distribuidora, subsidiária da estatal, onde ficou até 2014, por cerca de 6 anos. 

O delator afirmou no documento que soube da propina por meio de Manuel Vicente. Atualmente, Domingos Vicente é vice-presidente de Angola. 

“Nestor tinha uma relação de amizade com o Dr. Manoel (sic) Vicente (presidente da Sonangol), que em conversas mencionou textualmente a frase “Porque nós somos homens do partido! Temos que atender as determinações do partido!”, diz o documento. 

Como se pode verificar dos fatos revelados, há indícios concretos de que o partido Representado foi beneficiário de recursos oriundos de uma entidade estrangeira, de titularidade do Governo de Angola, através da campanha presidencial de 2006. Não se pode perder de vista que a responsabilidade da agremiação partidária sobre os recursos recebidos é incontestável, pois o partido é solidariamente responsável pela campanha eleitoral de seus candidatos, conforme art. 241 do Código Eleitoral. 

A verdade, nobres julgadores, é que os elementos já existentes sobre a questão aqui suscitada inclinam pela existência de recebimento, pelo partido Requerido, de recursos ilícitos por setratar de fonte estrangeira. 

Não bastasse a enxurrada de recursos oriundos de corrupção, como demonstrou a operação Lava Jato, agora é revelado que o Partido dos Trabalhadores se socorreu de recursos estrangeiros para suas campanhas eleitorais. Este proceder do PT põe em cheque a soberania nacional, pois, na medida em que era um representante deste partido quem exercia e continuou a exercer o mandato de Presidente da República nos anos que se seguiram, já não se sabe quais os interesses efetivamente foramatendidos pelo então Chefe do Poder Executivo. 

Neste contexto, a entrega de uma unidade de refinaria da Petrobrás para o Governo Boliviano, no ano de 2006, pelo então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com grandes prejuízos à estatal brasileira, demonstra que o partido Representado tem inclinação na defesa de interesses de países estrangeiros em detrimento dos interesses nacionais. 

Estes fatos, Nobre Procurador-Geral, revelam a necessidade de urgente investigação dos fatos, objetivando preservar os interesses do país. 

3.- Diante do exposto, requer-se seja determinada a abertura de competente procedimento investigatório a fim de se apurar, com profundidade e rapidez que o caso requer, em que condições e de que forma foram entregues recursos de origem estrangeira em benefício da campanha eleitoral presidencial do Partido dos Trabalhadores no ano de 2006, para que, comprovada a prática ilícita por esta agremiação partidária, seja promovida competente ação judicial de extinção do Partido dos Trabalhadores, por ser medida de direito. 

Termos em que, 
Pede deferimento. 

Brasília, 19 de janeiro de 2016. 
 CARLOS SAMPAIO DEPUTADO FEDERAL VICE-PRESIDENTE JURÍDICO DO PSDB

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Do prazer de percorrer estantes de bibliotecas, em acesso especial...

Amplio aqui um comentário que fiz a propósito de uma outra surpresa que tive recentemente, ao descobrir, ao retirar um livro para uma pesquisa, que eu já tinha retirado o mesmo livro 17 anos atrás (e que não parece ter causado grande impressão, pois não recordava tal fato, numa vida dedicada aos livros e às leituras).
Em lugar de apenas "buscar" livros indiretamente, eu sempre busquei percorrer pessoalmente as estantes das bibliotecas que frequentei, o que sempre faço quando consigo "corromper" os guardiões -- geralmente bibliotecárias -- dessas instituições, para me deixarem percorrer as estantes diretamente, em lugar de ficar restrito às fichas dos livros, atualmente em formato eletrônico.
Descobri uma obra, que um dos primeiros ministros da Bélgica no Rio de Janeiro (provavelmente Encarregado de Negócios, e não ministro plenipotenciário) escreveu sobre Le Budget du Brésil, dois grossos volumes publicados no final dos anos 1840, e que ele presenteou ao historiaador e diplomata brasileiro Varnhagen em Madri, em 1852, devidamente dedicacé e que o brasileiro nunca abriu, pois ainda tive de cortar aquelas páginas dobradas que eram o modo de impressão dos antigos livros em brochura.
O futuro Visconde de Porto Seguro não leu o livro, o que me deu um duplo prazer: abrir pela primeira vez um livro de biblioteca, jamais retirado em 150 anos, e descobrir um estudo sobre o orçamento brasileiro que ainda hoje guarda sua total validade.
Apreciando a feitura dos orçamentos nacionais, o ministro belga dizia que, em geral, os países procedem da seguinte maneira: primeiro se estimam as receitas e depois se fixam as despesas.
Au Brésil c'est le contraire, dizia ele: primeiro o governo fixa as despesas e depois vai buscar as receitas.
Até hoje a regra é essa...
Pois é, nada como ler livros antigos para descobrir coisas absolutamente "novas"...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 19 de janeiro de 2016

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Brasil, ajuste fiscal: discordando de Otaviano Canuto - Paulo Roberto de Almeida

Retiro, da leitura de uma entrevista com nosso representante no FMI, o economista Otaviano Canuto, publicada nesta segunda-feira 18 de janeiro de 2016, no jornal El País, a frase que vai abaixo, que me permito comentar.
Antes, porém, para quem desejar ler a matéria inteira, aqui está a referência:

“Não há nada de ruim na Lava Jato. Teremos mais concorrência”

http://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/15/economia/1452889862_537896.html

Agora a frase:

"Como economista, o que eu espero sinceramente é que em algum momento, quando seja adequado, o Congresso reconheça a necessidade de recuperação dos níveis de carga tributária aos patamares que estavam. É disso que se trata a CPMF, não é de aumento de carga tributária e sim de recuperação da carga tributária para os níveis que ela estava. Dadas as dificuldades de se mexer nos gastos mandatórios, no curto prazo, esse é o caminho mais suave para a consolidação do ajuste fiscal. É bom e importante que, enquanto isso aconteça, também haja uma discussão sobre os fatores estruturais. No curto prazo, independentemente dos desdobramentos políticos, é importante que haja uma aprovação da recuperação da carga tributária."

Sinto discordar, não apenas porque sou contra QUALQUER AUMENTO de impostos no Brasil, como sou a favor de sua redução, nominal e absoluta, mas também porque o procedimento é nefasto, para o país, para sua economia, para a sociedade.
Como NÃO economista, eu espero sinceramente que o Congresso NÃO reconheça a necessidade de recuperação dos níveis de carga tributária nos patamares que estavam antes da crise. Eles já eram elevadíssimos, em pelo menos DEZ PONTOS percentuais aos que vigoravam, e vigoram, em países emergentes ou em desenvolvimento com níveis similares de renda per capita.
Ou seja, o Brasil já constituía uma ANORMALIDADE, ao exibir uma carga fiscal equivalente à média da OCDE, ou de país rico -- em torno de 38% do PIB -- bem superior à dos emergentes, que ficam ao redor de 25% do PIB, e maior ainda do que certos países desenvolvidos -- como Japão e EUA, que giram em torno de 30% do PIB -- e não se pode esperar manter esse patamar que já está na origem da perda de competitividade das empresas, do fraco desempenho geral da economia, e do comportamento altamente IRRACIONAL do Estado, que tende a gastar sempre mais do que o crescimento do produto e da própria arrecadação tributária.
O que acontece com famílias, indivíduos e empresas que, por uma razão qualquer, enfrentam uma queda em sua renda disponível?
Simplesmente se ajustam os gastos aos novos patamares de "riqueza", ou de receitas, ou de renda disponíveis. Por exemplo: indivíduos deixam de trocar de carro a intervalos regulares, famílias deixam de frequentar restaurantes ou de planejar ir à Disney World duas vezes por ano. Empresas costumam reduzir as bonificações de seus dirigentes, ou trabalhar com menos pessoal, o que for mais factível. Em qualquer das hipóteses, NINGUÉM, indivíduos, famílias ou empresas, PASSA A VIVER COM O DINHEIRO DOS OUTROS.
Por que o Governo deveria fazer isso?
Por que o Governo não pode reduzir seus gastos e despesas não obrigatórias.
Se indivíduos, famílias ou empresas enfrentam despesas obrigatórias, eles precisam se desfazer de parte de seu patrimônio: reduzir a poupança, vender o segundo carro, as joias da vovó, alienar propriedades ou ativos.
Por que o governo não privatiza, por que o governo não reduz ministérios, demite terceirizados, cargos de confiança, sem relação contratual ou estabilidade? Por que, aliás, não acaba com a estabilidade?
Por que, no meio de tanto desemprego, funcionário público é o único que não sofre, e até tem aumento de salário.
Por que o governo aumenta o Fundo Partidário e as verbas dos parlamentares?

Continuo com Otaviano Canuto, glosando o que ele diz.
Primeiro, transcrevo mais uma vez o que ele disse:
"Dadas as dificuldades de se mexer nos gastos mandatórios, no curto prazo, esse é o caminho mais suave para a consolidação do ajuste fiscal. É bom e importante que, enquanto isso aconteça, também haja uma discussão sobre os fatores estruturais."

Não, não é. Esse é o caminho da drug addiction: ou seja, o governo gasta compulsivamente, e quando enfrenta uma dificuldade resolve avançar sobre os ativos dos particulares, famílias ou empresas. Se a sociedade consentir em que o governo recomponha seus patamares de arrecadação, para continuar gastando o mesmo, ele nunca vai alterar esse padrão de comportamento, e vai continuar avançando sobre a riqueza social continuamente.

Sinto muito, meu caro Otaviano, mas esta é a oportunidade para aplicar um torniquete nos gastos do governo, por mais recessivo que isso possa parecer. O governo já impôs muito sofrimento à sociedade: quebra de empresas, desemprego, nos tornou a todos nós mais pobres, e sem perspectiva de aumento de renda no futuro previsível.
Está na hora de darmos um basta nessa equação, e trazer o governo de volta a menos de 30% do PIB de carga fiscal total. O Brasil não pode mais suportar um governo perdulário, e a sociedade precisa aprender a conviver com um sistema em que menos dinheiro passe pelo Estado, pois esta é a única forma de recompormos bases saudáveis de crescimento.
Por isso discordo de meu amigo Otaviano Canuto, e digo:
NÃO À CPMF. Não a novos impostos.
Redução geral da carga tributária a partir de agora, à razão de meio ponto percentual por ano. Em dez anos, depois de passar essa praga de aloprados econômicos no governo, vamos estar com uma carga fiscal total razoável, e com o Brasil possuindo um Estado menos obeso, menos balofo, menos perdulário.

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 18 de janeiro de 2016

Petrobras: sua destruicao pela corrupcao e inepcia lulopetista e sua recapitalizacao - Editorial Valor Economico

O editorial do jornal Valor Econômico é leniente com o quadro terrível de saque, extorsão, assalto, roubo deliberado a que a Petrobras foi submetida pela gangue de mafiosos que domina o país desde 2003.
O jornal fala em equívocos de políticas do governo, que redundaram em grandes gastos com determinados projetos. ERRADO!
O que o jornal precisaria dizer é que esses "equívocos" -- Abreu e Lima, Pasadena, Comperj e muitos outros, no Brasil e no exteriro -- foram feitos deliberadamente para extorquir milhões de dólares da companhia e do governo, em desvios cientificamente calculados, planejados, executados criteriosamente para provocar as perdas e desvios BILIONÁRIOS que provocaram em favor da gangue de assaltantes, a pior corja que já assumiu responsanbilidades governativas no país e na companhia.
Certas coisas precisam ficar claras: crimes econômicos são todos crimes comuns na Petrobras e fora dela. Só sabemos uma pontinha do iceberg de corrupção e roubalheiras sistemáticas em todas as esferas públicas E PRIVADAS do Brasil. Infelizmente.
Paulo Roberto de Almeida

Capitalização da Petrobras se mostra inevitável

Editorial - Valor Econômico, 18 de Janeiro de 2016

Todos os sinais de alerta foram dados ao governo para a precária situação financeira da Petrobras. O quadro tomou cores ainda mais dramáticas com a queda do preço internacional do petróleo para o nível de 2003 e com a forte desvalorização do real nos últimos meses. Antes disso, no entanto, a principal empresa brasileira já estava em grandes apuros, afogada em dívidas que totalizam US$ 122 bilhões e em um escândalo de corrupção sem precedentes.

O destino de uma das maiores petroleiras do mundo, que chegou a valer US$ 270 bilhões no mercado e hoje vale em torno de US$ 25 bilhões, foi um dos assuntos abordados pela mídia no café da manhã que a presidente Dilma Rousseff teve, na sexta feira, com profissionais das agências de notícias, portais na internet e revistas semanais. "Não é só a Petrobras que tem que pensar no que vai fazer, mas todas (as empresas de petróleo do mundo). O governo sempre estará preocupado com a Petrobras, sobretudo se os fatores que a prejudicam são exógenos", disse Dilma, referindo-se à queda do preço da commoditie para um patamar de US$ 30,00 o barril no mercado internacional.

Não foram apenas "fatores exógenos", no entanto, que prejudicaram a Petrobrás, como mostram os relatos de desvios de recursos da empresa que estão sendo apurados pela Operação Lava-Jato. A empresa foi vítima de decisões equivocadas do governo federal. Seja pela execução de investimentos inadequados, como foi o caso das quatro refinarias que construiu - a Premium 1 e 2 (Maranhão e Ceará), a Abreu e Lima (Pernambuco) e o Comperj (Rio de Janeiro), ou pela prática do congelamento de preços dos combustíveis levada à cabo pelo governo do PT por tempo prolongado demais, quase quatro anos.

As motivações para a construção das refinarias a um custo de US$ 50 bilhões foram políticas e fundamentadas em projeções de produção da Petrobras que não se confirmaram. Os recursos gastos na Premium 1 e 2, em torno de US$ 3 bilhões, viraram prejuízo no balanço da estatal. As outras duas não geram receita alguma.

A empresa estatal foi usada como instrumento de política industrial - para refundar a indústria naval no país - cujos objetivos nem de longe foram alcançados. Deixou, ao final, sem chão uma empresa, a Sete Brasil, criada em 2010 para contratar a construção de 28 sondas para a exploração do pré-sal, em uma superestimativa da demanda por sondas que deverá ser reduzida a menos da metade. E como instrumento de controle da inflação, em um malfadado congelamento de preços dos combustíveis no país, subsidiando, assim, os proprietários de automóveis. Essa foi a cereja no bolo de desacertos consecutivos que levou a estatal à situação em que se encontra hoje.

Mesmo com as restrições ao aumento de sua receita, o governo impôs à Petrobrás um plano de investimento de proporções gigantescas, o que levou a empresa a um forte endividamento. Além disso, a Petrobras está submetida à Lei do Petróleo que a obriga a participar com 30%, no mínimo, dos investimentos na exploração de cada um dos campos de petróleo do pré-sal. Isso, sem falar nas exigencias de conteúdo nacional que o governo insiste em manter.

É claro que a queda vertiginosa do preço do petróleo e a desvalorização do real, para quem está tremendamente endividado em dólar, agravou a já delicada situação financeira da estatal. A própria presidente da República admitiu, na entrevista de sexta-feira, que é necessário avaliar a estratégia de investimentos da Petrobras caso o cenário de preços baixos do petróleo permaneça. Mas parece claro que não é apenas redução dos investimentos e a venda de ativos que resolverão os problemas.

A capitalização da empresa se mostra inevitável, embora a direção da companhia considere esta como sua última opção para saná-la. No ano passado chegou-se a examinar um socorro do governo, na forma de instrumento híbrido de capital e dívida (IHCD), mas a discussão não prosperou pelo impacto direto que teria na já elevada dívida bruta do setor público. O assunto ficou na gaveta, mas pode ser retomado a qualquer momento.

Estamos diante, portanto, de mais um evento que terá grande repercussão nas contas públicas. A eventual capitalização da Petrobras aumentará a dívida pública, qualquer que seja o instrumento a ser utilizado, e socializará o prejuízo.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Relacoes monetarias internacionais da China - resenha de livro

King on Helleiner and Kirshner, 'The Great Wall of Money: Power and Politics in China's International Monetary Relations' [review]

Eric Helleiner, Jonathan Kirshner, eds.
The Great Wall of Money: Power and Politics in China's International Monetary Relations
Cornell Studies in Money Series. Ithaca:    Cornell University Press, 2014. 288 pp. $24.95 (paper), ISBN 978-0-8014-7959-5; $70.00 (cloth), ISBN 978-0-8014-5309-0.

Reviewed by Winnie King (University of Bristol)
Published on H-Diplo (January, 2016)
Commissioned by Seth Offenbach

Research and commentaries on China’s economic reform process abound. However, a critical and expansive assessment of policy developments analyzing the last decade and a half of China’s protected financial sector is far rarer. This is why Eric Helleiner and Jonathan Kirshner’s edited volume, which examines the role, rationale, and impact of decision making in China’s monetary and financial sectors, represents an important contribution to the literature on Chinese political economy. Offering readers an accessible examination of the nexus of political economy and power politics in China, this is a valuable addition to a rather under-researched field (though published material on business and management is quite extensive). Comprised of eight distinct chapters, it addresses issues ranging from historical relations with monetary institutions like the International Monetary Fund (IMF), to central policy issues like foreign reserves, the exchange rate, and the renminbi, as well as China’s utilization of monetary and macroeconomic policy for diplomacy, power, and surveillance.

Helleiner and Kirshner’s introductory chapter ties the contribution together in a coherent fashion, reflecting well on how we do, and how we should, come to assess China’s decision making primarily through the lens of monetary policy. Confronted with both external demands and domestic interests (state, elite, and otherwise) as sources of monetary policy, China’s struggle to define its actions can be characterized by a key dichotomy of “power-as-influence” and “power-as-autonomy” (p. 3). The volume adopts a framework assessing whether its behavior and policy decisions are a means to influence or to act independently of systemic norms or external pressures.

Whichever camp the different authors settle in, each is an expert in the field and therefore makes this discussion all the more vigorous. The chapters offer a coherent interpretation of the themes, while simultaneously providing individual assessments. Benjamin J. Cohen’s chapter on China’s economic rise within the current system adopts a comparative perspective, contrasting China’s experiences with that of other rising powers in the past (West Germany, Japan, the Euro Currency Area, and stimulatingly Saudi Arabia). The historical line continues with Helleiner and Bessma Momani’s highly enjoyable examination of the relationship between China and the IMF. It begins with the People’s Republic of China’s (PRC) contributing role in the construction of the IMF’s strategy toward developing economies; and it quickly moves on to the PRC’s effort to secure itself both diplomatically and financially as it moved to open its doors in the late 1970s. David A. Steinberg’s chapter analyzes what is seen as China’s desire for large foreign-reserve holdings, beginning with an economic assessment of the value of reserve accumulation, contrasting this with a more empirical perspective of domestic political stakeholders (elite or institutional). He rounds his discussion off with effective qualitative and quantitative research, including interviews, and concludes that both types of research offer insight into China’s behavior.

Hongying Wang’s chapter on China’s exchange rate policy examines what many identify as China’s contribution to global economic imbalances. Again contrasting China’s own domestic views regarding its exchange rate with responses of its major trading partners, Wang offers additional and rarely considered factors of the “collective contribution of East Asian economies,” including the household consumption net savings ratio so commonly found in these economies (p. 102). Stressing how boosting declining consumption levels has been a much-lauded option for rebalancing trade and currency valuations, Wang shows, however, that this only stood at 35 percent at the time of publication (compared to the world average of 60 percent) (p. 107). Given this, Wang identifies numerous political and domestic systemic barriers that must be remedied before any offset can be sufficiently experienced.

Andrew Walter’s contribution assesses China’s relationship with the IMF through the line of management of international macroeconomic monetary policy surveillance practices. He begins by discussing the tensions that continue today between the PRC and the IMF, and the mixed results of these exchanges due to China’s own policy rigidity and its disagreements with the United States and the IMF about China’s monetary policies. Walter illustrates that this issue goes beyond the point of whether the IMF is a policy tool of the United States or scrutiny of internal policies by the IMF are biased in nature. He demonstrates that the onset of the global financial crisis offers a new line of assessment. As China moves to gradually rebalance its economy, understanding its policy decisions and actions within a “rule-breaker” or “rule-taker” frame ignores significant points, including the substantial structural and institutional changes in the international system that need to come. Reforms have also led to new and competing divisions of interest as resources, policy hierarchies, and preferences increasingly diverge. This growing complexity will shape not only how China responds to but also what it demands from future global monetary governance practices.

Yang Jiang asks the question, “to what extent is China actually preparing itself for the role of a global monetary power through monetary diplomacy?” (pp. 156-157). His chapter frames the discussion around competing interests of China’s domestic monetary elites—liberals versus conservatives. Through several empirical cases, Jiang argues that China’s policy behavior is the product of entrenched interests. The Eurozone crisis case illustrates China’s multifaceted strategy of investment, debt-rescue approach, underscoring economic benefits with little impact on China’s domestic sphere. Following this, its currency swap diplomacy and aid regime, as well as China’s engagement with multilateral monetary institutions and promotion of renminbi internationalization, require little structural commitment or reform domestically. Promoting central economic goals, these reflect a compromise tending toward short-term pragmatic gain, rather than a tendency toward substantial institutional reform or movement for global monetary leadership.

In the second of three chapters addressing the factors influencing China’s approach to monetary governance structures (global or regional), Gregory Chin examines China’s rising monetary power capacity. He argues that China has adopted a comprehensive effort to reshape the global monetary and currency framework. Whether through the promotion of an alternative reserve currency option or through the promotion of reserve diversification, China has been a key player in coordinated efforts through the G20 to promote diversity of the international monetary system, or by cooperating with BRICS nations (Brazil, Russia, India, China, and South Africa) to press the IMF for reform on the Special Drawing Rights Basket. Further efforts to establish alternative multilateral organizations, such as a BRICS-led development bank, as a vehicle for reserve diversification, or China’s own efforts to promote its own currency—the yuan—underscore China’s commitment to this campaign. Contrasting clearly from Jiang’s chapter, Chin suggests there are clear “broader ambitions, and more fundamental adjustments to the international monetary system ... [with] deep strategic roots” (p. 212).

The final chapter, by Kirshner, takes up the topic of China’s currency internationalization strategy—with reference to the renminbi’s role in establishing China’s position as a monetary leader in East Asia. Using the events of 2008, which offered up an opportunity to directly challenge the veracity of the liberal economic order, Kirshner argues that the promotion of the renminbi is a vehicle for China to both “rule make” and “rule break”; China’s currency represents a challenge to capitalism’s ideological line. Reinforcing lessons learned from the 1998 Asian crisis, the global financial crisis has offered China a window of opportunity both where it is willing to have the renminbi be a larger force in the international monetary system and where a growing number of Asian partners are open to taking it up. Like many of the other authors, Kirshner does stress, however, that while the renminbi is quickly becoming a key currency in East Asia, political factors continue to play a dominant role in the pace and nature of these developments.

This volume covers an impressive and ideal combination of topics for those interested in China’s international monetary relations on a broad basis. It also has much to contribute for both students and scholars of Chinese political economy and Chinese politics in general. While industry stakeholders and commentators have written extensively on China’s currency reform, exchange rate policy, and IMF’s Special Drawing Rights Basket, they offer little insight into the why—the motivations, players, and priorities—behind China’s approach to monetary policy and relations. In this volume, each chapter blends an impressive combination of research methods, expertise, and critical insights, filling this gap effectively. Helleiner and Kirshner’s collection, however, does end rather abruptly. They offer no concluding chapter to tie the discussions together, but there is scope for initiating the next line of query—that of China learning the lessons from 2008. While Walter does touch on this issue in his chapter on China and IMF policy surveillance, there is much insight to garner of the inner workings of China’s policy processes and shifting priorities following its first-hand experience of a global economic crisis since the implementation of its open door policy in the late 1970s. There is much more we can learn given the gradual evolution of the world’s largest developing economy, and this volume offers a solid foundation to build on.

Printable Version: http://www.h-net.org/reviews/showpdf.php?id=44344

Citation: Winnie King. Review of Helleiner, Eric; Kirshner, Jonathan, eds., The Great Wall of Money: Power and Politics in China's International Monetary Relations. H-Diplo, H-Net Reviews. January, 2016.
URL: http://www.h-net.org/reviews/showrev.php?id=44344

Aumento das desigualdades distributivas de renda, um produto da era lulopetista - Tendencias Consultoria Integrada

Mais desmantelamento do mito sobre as desigualdades distributivas no Brasil, que não apenas não diminuiram, sob o reino dos companheiros, como aumentaram significativamente ao longo dos últimos anos.
Ou seja, a propaganda enganosa do PT é exatamente isso mesmo, uma mistificação mentirosa. Isso quer dizer que TODAS as polítcas do lulopetismo beneficiaram OS MAIS RICOS, contrariamente ao que eles dizem.
Não poderia ser de outra forma: os petralhas fizeram um conluio com os estratos mais ricos da população para melhor extrair riqueza para si mesmos e para o seu projeto criminoso de poder: a extorquir mais dos ricos, eles permitiam que esses se apropriassem de frações maiores da riqueza criada por toda a sociedade, e distribuiam algumas migalhar aos mais pobres.
Quem foi mais extorquido, portanto, foi a classe média, como fração trabalhadora, e as empresas em geral, que perderam lucros (pois o faturamento foi diminuido com a elevação contínua dos impostos) e competitividade interna e externa, resultando nessa desindustrialização horrorosa acelerada pelas políticas nefastas dos lulopetistas.
De fato, dos quatro pontos percentuais do PIB de aumento da extração fiscal, apenas 1 (UM) por cento foi para os programas sociais (Bolsa Família e outros), sendo que 3 (TRÊS) por cento foram apropriados pelo próprio Estado e pelos seus sócios privilegiados: os grandes capitalistas promíscuos, os mandarins da República, os partidos políticos e os corruptos petralhas, que se apropriaram de somas fantásticas, destruindo não só a Petrobras, mas toda a economia nacional.
Esse é o resultado catastrófico da era lulopetista, que eu chamo de A GRANDE DESTRUIÇÃO.
Paulo Roberto de Almeida
Anápolis, 16/01/2015

Classe A tem maior fatia da renda do País

Estudo com base nos dados da Receita Federal aponta que a distribuição de renda é pior que a mostrada pelos números da Pnad

A distribuição de renda no Brasil é pior do que se imaginava. Um estudo elaborado pela Tendências Consultoria Integrada mostrou que a classe A – famílias com rendimento superior a R$ 14.695 – detém uma fatia ainda maior da massa de renda nacional.
O levantamento elaborado pelos economistas Adriano Pitoli, Camila Saito e Ernesto Guedes foi feito com base nos dados da Receita Federal e mostrou que as 2,5 milhões de famílias da classe A são responsáveis por 37,4% da massa da renda nacional. Nos dados mais conhecidos, obtidos por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), estimava-se que os mais ricos tenham 16,7% da renda nacional.
Os economistas chegaram ao novo número sobre distribuição de renda com base numa espécie de Pnad ajustada. O ajuste foi feito analisando a renda de duas formas. Para as famílias com ganhos de até cinco salários mínimos, foram utilizados os dados tradicionais da Pnad. Para as faixas mais ricas, o estudo levou em conta as declarações de Imposto de Renda.
“Todo mundo sabia que a desigualdade de renda no Brasil era enorme, mas ela é muito maior do que se imaginava”, afirma Adriano Pitoli.

Dados omitidos. A vantagem de analisar os dados da Receita para as classes mais ricas é explicada pelo fato de a Pnad ser declaratória e, portanto, limitada para mensurar dados envolvendo fontes de renda com ativos financeiros e aluguéis.
“As pesquisas declaratórias (como a Pnad) são ineficientes para capturar a renda de aplicações financeiras, aluguéis e ganhos de capital”, afirma Pitoli. “Na verdade, ninguém tem esses números de cabeça.”
O exercício da Tendências deixa evidente a dificuldade da Pnad em apurar o tamanho da desigualdade brasileira. Nas famílias com renda entre cinco e dez salários mínimos, a massa de renda apurada pela Pnad é 13% menor do que mostra o dado da Receita Federal. A diferença é crescente conforme o topo da pirâmide se aproxima.
Na faixa de brasileiros com ganhos acima de 160 salários mínimos, a massa de renda captada pela Pnad é 97% menor do que os dados obtidos pela análise do Imposto de Renda.
“A desigualdade com base nos dados da Pnad é menor do que mostram os dados da Receita”, afirma Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper. “Existe uma dificuldade da Pnad em captar a renda da fatia mais rica da população.”

Abismo entre classes. O estudo da consultoria Tendências também chegou a outras duas conclusões relevantes: o abismo entre as classes sociais é maior do que se imaginava e as classes A e B são um pouco maiores do que indicavam as pesquisas tradicionais.
Pela Pnad tradicional, a classes A responde por 2% do total das famílias brasileiras, e a classe B, por 12,6%. Nos dados ajustados pela consultoria, a fatia das classes aumenta para 3,6% e 15%, respectivamente.
Com relação ao distanciamento entre as classes sociais, o estudo da consultoria apontou que a renda das famílias da classe A é 40,9 vezes maior do que as da classe D/E. Na Pnad original, a diferença apurada era de 23,3 vezes.
“A intenção do estudo não é substituir os dados da Pnad e da Receita. O exercício é continuar olhando a Pnad para as classes de menor renda, e na faixa das classes de maior renda fazer os ajustes para eliminar o viés da omissão de renda”, afirma Pitoli.

 

 

Brasilianistas: Kenneth Maxwell, ingles, sobre Richard Morse, um americano diferente

Eu estava em Washington quando Richard Morse faleceu, e participei de uma homenagem a ele organizada por Thomas Cohen, diretor da Oliveira Lima Library, da Catholic University of America, feita na catedral católica de Washington, quando falaram diversos alunos e discípulos de Morse, inclusive Dain Borges, se bem me lembro.
Morse era efetivamente diferente, e dentre seus trabalhos seminais, posso referir-me não apenas ao seus estudo sobre São Paulo, feito no início dos anos 1950, mas também a um artigo seminal -- que não sei se li em inglês ou numa versão traduzida em alguma revista brasileira -- comparando São Paulo e Manchester, não apenas como cidades, mas como pensamento econômico nas épocas de seus respectivos processos de industrialização.
Li O Espelho de Próspero e tinha essa informação de que não tinha sido publicado em inglês, pois discrepava profundamente da maneira como os brasilianistas e os latino-americanistas americanos em geral interpretavam a América Latina.
Foi um grande brasilianista, sem dúvida alguma, e foi uma pena não termos tido sua colaboração no livro que organizei sobre os brasilianistas: O Brasil dos Brasilianistas (Paz e Terra, 2002), e em sua versão americana Envisaging Brazil (Wisconsin, 2005). Mas tampouco tivemos a colaboração de Kennet Maxwell: eu lhe havia solicitado um ensaio sobre, justamente, as discrepâncias entre as análises dos brasilianistas americanos e a produção própria do "brasilianismo brasileiro", ou seja, como os americanos leram os grandes mestres brasileiros. Kenneth Maxwell, um brasilianista inglês especializado na Inconfidência Mineira, até que começou a fazer o seu trabalho, mas nunca terminou, e fui assim obrigado a deixá-lo fora de nosso volume. Uma pena.
Em todo caso, aproveitem este belo artigo publicado agora por ele.
Paulo Roberto de Almeida
Anápolis, 17/01/2016

Brasilianistas, abençoados sejam!

Morse acreditava que a cultura latino-americana tinha a sua própria importância, para além de mero reflexo da americana 

Kenneth Maxwell

O Globo, 15/01/206

Redescobri, esses dias, um artigo de ocasião de Richard Morse sobre os “brasilianistas”. Em 1980, fui eleito para a cadeira do Comitê de Estudos do Brasil da Associação Histórica Americana. Era um mandato de dois anos. Nós decidimos dedicar a sessão anual a uma discussão sobre as recentes publicações dos “brasilianistas”. No primeiro ano, convidamos Fernando Novais, da Universidade de São Paulo, para Nova York. Em 1981, convidamos Richard Morse para Los Angeles.
Richard McGee Morse era, à época, professor de História em Stanford. Nascido em 1922, a sua família estava entre os primeiros colonos da Nova Inglaterra, ali se instalando no início do século XVII. Ele estudou em Hotchkiss, o colégio mais prestigiado de Connecticut. Depois, como o seu pai, estudou na Princeton University.
Depois de prestar serviço militar no Pacífico durante os estágios finais da Segunda Guerra, doutorou-se na Columbia University. A sua tese era a história do desenvolvimento urbano de São Paulo, publicada no Brasil em 1970. Ele, então, lecionou na Universidade de Porto Rico, em Yale e Stanford, até o encerramento de sua carreira como diretor do Programa Latino-Americano no Wilson Centre em Washington. Ele sempre fora, apesar do seu criticismo da estreiteza acadêmica, um burocrata muito habilidoso. No começo dos anos 70, ele dirigiu o escritório da Fundação Ford, no Rio.
O seu livro mais célebre foi “O espelho de Próspero — Cultura e ideias na América”, publicado pela Cia. das Letras, em 1988. Morse sempre acreditou que a cultura latino-americana tinha a sua própria importância, para além de mero reflexo da americana. O livro é uma rica exploração histórica das experiências culturais que formaram a Ibero-América. Antonio Candido destacou sobre a obra: “rara erudição e intuição construtiva”. Mas nem todos a receberam bem no Brasil. Simon Schwartzman achou o livro “profundamente equivocado e potencialmente danoso em suas implicações”. Os mexicanos foram mais complementares. Enrique Krause, escrevendo em sua revista literária “Letras livres”, elogiou Morse pela sua afirmação de que os latino-americanos tinham, de fato, criado uma civilização original. “O espelho de Próspero” nunca foi publicado na língua nativa de Morse.
Em 1954, ainda na Columbia University, Richard Morse se casou com Emerante de Pradines, uma cantora e bailarina haitiana. Tiveram dois filhos. Um deles, Richard Auguste Morse, graduou-se em Princeton, como o pai e o avô, mas seguiu os passos da mãe, tornando-se uma figura proeminente da música haitiana, além de gerenciar o Hotel Oloffson, em Porto Príncipe, que serviu de inspiração para o Hotel Trianon da obra “Os comediantes”, de Graham Greene.
Richard McGee Morse morreu em Pétionville, no Haiti, em 2001. “Ema” continua viva, aos 97 anos, assim como a influência deste mestre do “eroticismo de ideias”. Eu ainda me recordo das caras nervosas dos reunidos em Los Angeles, quando Morse fez as suas observações sobre os brasilianistas: “Abençoados sejam! O que no mundo ainda há a se fazer?” Morse não conseguiu resistir à analogia ao “Que fazer?”, de Lênin. Sempre gentil, mas também implacável, ele os criticava: todos ali sabiam que estavam sendo insultados, mas ninguém realmente entendia como e por quê.

Kenneth Maxwell é historiador

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/brasilianistas-abencoados-sejam-1-18478744#ixzz3xUxCJVCm
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O mito da redução da desiguadade distributiva no Brasil: na verdade aumentou a desigualdade sob o PT (G1)

O mito da redução das desigualdades distributivas no Brasil sob o comando econômico dos companheiros é isso, nada mais do que um mito. Na verdade, as desigualdades aumentaram, ainda que moderadamente, e as camadas mais ricas passaram a deter uma parte maior da riqueza produzida no conjunto da economia. Isso desmantela a propaganda enganosa do PT de que reduziram as desigualdades: NÃO reduziram, aumentaram, em virtude de suas políticas corruptas e em favor dos ricos empresários e dos detentores de capital -- os rentistas do setor financeiro, como os próprios petistas os chamam -- que por acaso são os mesmos que financiam o partido corrupto e mentiroso. Tampouco eliminaram a pobreza e elevaram estratos pobres para faixas mais altas de bem-estar. MENTIRA, mais uma vez. O que os petistas fizeram, com uma pequena parte dos recursos adicionais que arrancaram dos brasileiros produtivos, foi dispensar pagamentos aos mais pobres, os inscritos do Bolsa-Família, passando assim NÃO a eliminar a pobreza, mas a SUBSIDIAR O CONSUMO dos mais pobres, ou seja, simplesmente financiando consumo, SEM QUALQUER mudança na estrutura produtiva ou na capacidade produtiva dos mais pobres. Isso não é sustentável, e não é acabar com a pobreza ou a desigualdade.
Ou seja, todo o conjunto de melhorias apregoadas pelos petistas constituem deslavada mentira, grotesta mistificação dos dados da realidade, como demonstrado aliás nesta matéria sobre a desigualdade.

Paulo Roberto de Almeida  

Anápolis, 17/01/2016

Desigualdade não diminuiu nos últimos anos, diz pesquisa da UnB

Estudo mostra que 10% dos mais ricos detém 53,8% da renda no país.
Conclusão difere da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE.

Do G1, em Brasília
16/10/2015

Um estudo feito por dois pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) mostra que a desigualdade de renda no Brasil não diminuiu nos últimos anos, e sim permanece estável. A conclusão é diferente do que aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2014, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A metodologia adotada também permitiu concluir que, em 2012, 10% dos brasileiros mais ricos detinham 53,8% da renda no país. Em 2006, esse percentual era de 51,1%.
De acordo com a pesquisa, a variação de 2,67 pontos percentuais é tão pequena que não poderia ser interpretada como um aumento na concentração de renda, mas sim como uma “flutuação” dentro de uma “tendência de estabilidade”.
O mesmo foi observado entre 1% dos mais ricos. Em 2012, eles detinham 24,4% da renda no país, ante 22,8% em 2006 (variação de 1,64 pontos percentuais).
Para chegar a essas conclusões, os professores levaram em conta dados da Receita Federal sobre o Imposto de Renda. A metodologia permitiu que eles chegassem a resultados diferentes do que mostra a Pnad de 2014, do IBGE, que indicou queda da desigualdade no país nos últimos anos.
As conclusões fazem parte do artigo “A estabilidade da desigualdade no Brasil entre 2006 e 2012: resultados adicionais”, assinado pelos professores Marcelo Medeiros e Pedro H. Souza. O trabalho é um desdobramento de outro estudo sobre o tema, divulgado por eles em 2014.

Perdas cambiais e prejuizos do BC com os swaps cambiais -- Alexandro Martello (G1)


BC tem perda de quase R$ 90 bilhões com intervenções no câmbio em 2015
Alexandro Martello
G1, em Brasília, 6/01/2016

Disparada do dólar em 2015 motivou maior perda anual desde 2003.
Porém, ganho líquido com valorização de reservas foi de R$ 259 bilhões.

No ano passado, houve a maior perda anual com essas operações da série histórica, que começa, para anos fechados, em 2003. Até então, o maior prejuízo, em todo um ano, havia sido registrado em 2014 (R$ 17,32 bilhões).
De forma geral, o BC registra lucro com esses contratos quando o dólar cai e perde quando a cotação da moeda norte-americana sobe. Em todo ano passado, a moeda norte-americana subiu 48,49% sobre o real, no que foi o maior avanço anual em 13 anos.

Avaliação do BC
Nos últimos meses do ano passado, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou no Congresso Nacional que, por outro lado, a alta do dólar valoriza as reservas internacionais. Esse valor, segundo ele, supera as perdas com os swaps cambiais.
Em 2015, o BC informou que o ganho líquido com a valorização das reservas internacionais brasileiras, que é calculado pela sua rentabilidade (com a alta do dólar, as reservas em reais também ficam maiores) menos o custo de captação, foi de R$ 259,97 bilhões.
Ainda de acordo com o BC, a valorização das reservas, entretanto, não tem impacto no chamado superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública), assim como não tem efeito no déficit nominal do setor público, mas incorporam o balanço do Banco Central. Os valores são exclusivamente utilizados para abater a dívida pública.
Tombini também afirmou, no ano passado, que o BC "nunca falou em segurar taxa de câmbio". "Falou em segurar volatilidade, permitir que os mercados funcionassem. Hoje temos um mercado de futuros que é bastante líquido. Ali estava a pressão", declarou Tombini naquele momento.

No fim de setembro, o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que as operações de swap têm proposito de oferecer "hedge" (proteção) ao setor privado contra a alta do dólar.
"É uma proteção contra a flutuação do câmbio, que funciona bem em termos de ajuste das contas externas e as operações conferem proteção aos agentes privados. Isso significa que as empresas que têm dívida, compromissos em moeda estrangeira, podem se proteger com o swap. Isso atenua os impactos sobre o setor produtivo sobre a renda, sobre a produção, sobre o emprego, sobre a arrecadação", declarou ele na ocasião.

Swaps impactam indicadores fiscais
Por outro lado, os prejuízos do Banco Central com os contratos de "swaps cambiais" são incorporados às despesas com juros da dívida pública e ajudam a impulsionar o déficit nominal – que somou 9,3% do PIB em 12 meses até novembro. Esse conceito é acompanhado pelas agências de classificação de risco.
Os contratos de "swap" também ajudam a impulsionar a dívida do setor público. No caso da dívida bruta, uma das principais formas de comparação internacional (que não considera os ativos dos países, como as reservas cambiais) – conceito também acompanhado pelas agências de classificação de risco – o endividamento brasileiro subiu em setembro. No fim de novembro, estava em 65,1% do PIB (R$ 3,84 trilhões).
Alguns bancos já projetam a dívida bruta em 70% do PIB no futuro. O próprio Banco Central admitiu na semana passada que, considerando as previsões de mercado para PIB, câmbio, juros básicos da economia e inflação em 2016, além de um déficit primário de 1% do PIB (estimado pelos analistas para 2016), a dívida bruta somaria 71,5% do PIB no fim deste ano.
Com a piora dos indicadores, entre eles aqueles relacionados com as contas públicas, o Brasil já perdeu o grau de investimento por duas das três maiores agências de classificação de risco no ano passado. No início de setembro, a Standard & Poors tirou o grau de investimento do país. Em dezembro, a Fitch anunciou o rebaixamento da nota brasileira para grau especulativo. Com isso, alguns fundos de pensão, por conta de suas regras, têm de retirar investimentos do país.
Recentemente, os Ministérios da Fazenda e do Planejamento avaliaram que a perda do grau de investimento pela segunda das três grandes agências de classificação de risco poderia ter "efeitos consideráveis" para a economia brasileira. "Caso o Governo perca o grau de investimento pela segunda das três grandes agências de classificação de risco, ele deixará de ser considerado pelos investidores, inclusive pelos grandes investidores institucionais, como uma alternativa de investimento com baixo risco de crédito", avaliam os ministérios.

Para que servem os contratos de "swap"?
O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana.
No vencimento deles, o investidor se compromete a pagar uma taxa de juros sobre o valor dos contratos e recebe do BC a variação do dólar no mesmo período.
Segundo o BC, os contratos de "swap cambial", que voltaram a ser emitidos em junho de 2013, quando a moeda norte-americana se aproximava de R$ 2,40, visam dar proteção para os agentes ("hedge") que têm dívida em moeda estrangeira e fornecer liquidez para o mercado – evitando também uma volatilidade maior (forte sobe e desce) das cotações no mercado à vista.
Esse tipo de contrato também representa uma forma de proteção a empresas com dívidas altas em dólar. Se uma empresa fatura em reais, mas tem dívidas em dólares, pode ser interessante investir nestes contratos que a livram do risco de perder dinheiro com uma disparada da moeda norte-americana. Mas a estratégia tem um custo e envolve riscos. Se o dólar cair ou ficar estável, a empresa pode ter perdas e isso complica seu balanço.

sábado, 16 de janeiro de 2016

2015-16 State of the Future - Millenium Project book


2015-16 State of the Future

by Jerome C. Glenn, Elizabeth Florescu, and The Millennium Project Team

The 2015-16 State of the Future is a compelling overview of humanity's present situation, challenges and opportunities, potentials for the future, and actions and policies that could improve humanity's outlook - in clear, precise, and readable text with unparalleled breadth and depth. "It is time for intolerance of irrelevant speeches and non-actions by leaders. The stakes are too high to tolerate business as usual", warns the Executive Summary of the report.

Pages: 289; includes some 40 graphs
ISBN: 978-0-9882639-2-5
Library of Congress Control Number: 98-646672

See the video of the report`s launch at the Woodrow Wilson Center
Al Jazeera interview with Jerome C. Glenn, CEO of The Millennium Project
Press Release: The Millennium Project's newly-released "2015-16 State of the Future" Confirms that the World is Winning More than Losing, but Where it is Losing is Very Serious.
Media Advisory (pdf)

2015-16 State of the Future

by Jerome C. Glenn, Elizabeth Florescu, and The Millennium Project Team

A lucid, thought-provoking, strategically oriented exploration of the transforming world order.
          Mihaly Simai, former Chairman, United Nations University
The State of the Future can make a difference in the world. Well done.
          Wendell Bell, Professor Emeritus, Yale University
Global intelligence on the future of the world in the palm of your hand
          KurzweilAI News
So important for many people around the world.
          Eleonora Masini, former Secretary and President, World Futures Studies Federation
Absolutely worth the reader’s time… takes the reader much farther forward than most thinking.
          Defense & Foreign Affairs Policy Journal
Strategic Planning for the Planet… remarkably articulate and prescient
          Willian Halal, Foresight Journal
Authoritative compendium of what we know about the future of humanity and our planet.
          The Futurist
Certainly, the guide to make better decisions and achieve success.
          Julio Millán, President Coraza Corporación Azteca
Invaluable insights into the future for the United Nations, its Member States, and civil society.
          Ban Ki-moon, Secretary-General, United Nations

Executive Summary (pdf): Arabic, Chinese, Croatian, English, French, Japanese, Korean, Portuguese, Romanian, Spanish

Table of Contents
Description and Foreword
What are the Prospects for Humanity?
List of Figures, Tables, Boxes


Table of Contents

FOREWORD
EXECUTIVE SUMMARY 1
GLOBAL CHALLENGES 15

      1. Sustainable Development and Climate Change 18
      2. Water and Sanitation 28
      3. Population and Resources 40
      4. Democratization 52
      5. Global Foresight and Decisionmaking 66
      6. Global Convergence of ICT 78
      7. Rich-Poor Gap 88
      8. Health Issues 110
      9. Education and Learning 132
      10. Peace and Conflict 140
      11. Status of Women 158
      12. Transnational Organized Crime 174
      13. Energy 184
      14. Science and Technology 196
      15. Global Ethics 206
2015 STATE OF THE FUTURE INDEX 217
FUTURE OF WORK/TECHNOLOGY 2050 241
APPENDICES

      Millennium Project Node Chairs, Boards & Sponsors 273
      List of Tables, Figures, and Boxes 280
ACRONYMS AND ABBREVIATIONS 284

DESCRIPTION and FOREWORD
The 2015–16 State of the Future brings together an extraordinarily diverse set of data, information, intelligence, and hopefully some wisdom about the future. This is the eighteenth edition of the State of the Future. We believe that each edition is better than the last. We update data, improve insights, and respond to feedback. You can add your feedback online at the Global Futures Intelligence System (themp.org). There is a comment icon in the lower right corner of the executive summary and the same for
every one of the 15 Global Challenges.
The short overviews of the 15 Global Challenges are getting longer and more detailed each year. In addition to giving you possibly the best overview in existence for each challenge, think of these as a reference to keep on your desk to return to as needed. Just as you would not speedread the encyclopedia, this section should also be taken in short doses. Take your time to reflect on what you are reading in each challenge and in the sections on the State of the Future Index and the Future Work/ Technology 2050.
This is the second year we have used the Global Futures Intelligence System to update and improve the State of the Future report. The challenges in GFIS are updated daily from news aggregations, scanning items, situation charts, and other resources, which has led to greater detail and depth than in the previous edition.
While this report presents the distilled results of recent research by The Millennium Project, GFIS contains the detailed background and data for that research, plus all of The Millennium Project’s research since its founding in 1996. It also contains the largest internationally peerreviewed set of methods to explore future possibilities ever assembled in one source. Readers of this report should subscribe to GFIS to keep up to date and participate in improving insights about future possibilities.
The purpose of futures research is to systematically explore, create, and test both possible and desirable futures in order to improve decisions. Just as the person on top of the mast on old sailing ships used to point out the rocks and safe channels to the captain below for the smooth running of the ship through uncharted waters, so too futurists with foresight systems for the world can point out problems and opportunities to leaders and the public around the world. Since decision-making is increasingly affected by globalization, global futures research is increasingly valuable for decision-making by individuals, groups, and institutions. The quality of democracies emerging around the world is enhanced by better-informed publics; understanding issues and opportunities in this report can contribute to improved democratic decision-making.
This report is for thought leaders, decision-makers, and all those who care about the world and its future. Readers will learn how their interests fit into the global situation and how the global situation may affect them and their interests. The State of the Future and GFIS provide an additional eye on global change. These are information utilities that
people can draw from as relevant to their unique needs. They provide an overview of the global strategic landscape. Business executives use the research as input to their strategic planning. University professors, futurists, and other consultants find this information useful in teaching and research.
The Millennium Project is a global participatory think tank of futurists, scholars, scientists, business planners, and policy makers who work for international organizations, governments, corporations, NGOs, and universities and who volunteer their time to improve each edition of the State of the Future. It was selected to be among the top
10 think tanks in the world for new ideas and paradigms by the 2013 and 2014 University of Pennsylvania’s GoTo Think Tank Index and as a 2012 Computerworld Honors Laureate for its innovations in collective intelligence systems.
The purposes of The Millennium Project are to assist in organizing futures research, improve thinking about the future, and make that thinking available through a variety of media for consideration in policymaking, advanced training, public education, and feedback, ideally in order to accumulate wisdom about potential futures.
The Project’s diversity of opinions and global views is ensured by its 56 Nodes around the world. These are groups of individuals and organizations that interconnect global and local perspectives. They identify participants, conduct interviews, translate and distribute questionnaires, and conduct research and conferences. It is through their contributions that the world picture of this report and indeed all of The Millennium Project’s work emerge.
Through its research, publications, addresses at conferences, and Nodes, The Millennium Project helps to nurture an international collaborative spirit of free inquiry and feedback for increasing collective intelligence to improve social, technical, and environmental viability for human development. Feedback on any sections of the book is most
welcome and may help shape the next State of the Future, GFIS, and the general work of The Millennium Project.
Jerome C. Glenn, Executive Director
Elizabeth Florescu, Director of Research
The Millennium Project Team -- Staff , 56 Nodes, Reviewers

What are the Prospects for Humanity? They could be great, provided the main global challenges are addressed, shows the 2015-16 State of the Future produced by The Millennium Project

The State of the Future is a comprehensive overview of the present situation and prospects for humanity, integrating forecasts, trends, and judgments of thought leaders and scholars from around the world sharing important future possibilities to improve strategies today.
The 205-16 State of the Future shows that the world is improving better than most pessimists know and that future dangers are worse than most optimists indicate. We need serious, coherent, and integrated understandings of mega-problems and opportunities to identify and implement strategies on the scale necessary to address global challenges. This report should be used as a reference to further that understanding. After 18 years of producing the State of the Future reports, it is increasingly clear that humanity has the resources to address its global challenges, but it is not clear that an integrated set of global and local strategies will be implemented together and on the scale necessary to build a better future.
“The State of the Future is an unparalleled overview of what is, what ought to be, and how to achieve it,” says Jerome Glenn, CEO of The Millennium Project. “The 2015-16 edition is the richest array and synthesis of data, information, and intelligent insights that The Millennium Project has ever assembled. "A lucid, thought-provoking, strategically oriented exploration of the transforming world order" says Mihaly Simai, former Chairman of the United Nations University. It integrates and distills the rapidly changing global situation in technology, environment, social unrest, development gaps, security, energy, food, organized crime, gender relations, governance, health, education, and more.
The Executive Summary of the 2015-16 State of the Future gives a clear and precise overview of our situation, prospects, and suggestions for building a better future, plus an annual World Report Card of where we are winning and losing, and the 2015 State of the Future Index.
The section on the 15 Global Challenges provides a framework for understanding global change with infographics for each challenge.
The State of the Future Index (SOFI) section offers more details on how the SOFI is computed, graphs and forecsts for the 28 variables included in the SOFI, a sensitivity analysis of the 2015 SOFI, and national applications for four European countries.
The section on the Future Work/Technology 2050 shares the initial analysis of a Real-Time Delphi study that explores a series of questions such as:
• What should we begin to do now to prevent long-term structural unemployment due to future technologies?
• What questions need to be resolved to answer whether AI and other future technologies will create more jobs than they replace?
• If massive unemployment cannot be prevented, what politicaleconomic changes would it be wise to begin to develop?
Rich with data, analysis and forecasts, the State of the Future report is a unic "one-stop-shop" to understand the present situation and potential prospects in all the domains-- from economy to demographics, S&T, climate change, democracy, and global ethics.
The Millennium Project is a global participatory think tank connecting 56 Nodes around the world that identify important long-range challenges and strategies, and initiate and conduct foresight studies, workshops, symposiums, and advanced training. Over 4,500 futurists, scholars, business planners, and policy makers who work for international organizations, governments, corporations, NGOs, and universities have participated in The Millennium Project’s research since its inception in 1996. The Project’s mission is to improve thinking about the future and make that thinking available through a variety of media for feedback to accumulate wisdom about the future for better decisions today. It produces the annual State of the Future reports, the Futures Research Methodology series, the Global Futures Intelligence System (GFIS), and special studies. The Millennium Project was selected among the top ten think tanks in the world for new ideas and paradigms by the 2013 University of Pennsylvania’s GoTo Think Tank Index, and as a 2012 Computerworld Honors Laureate for its contributions to collective intelligence systems.


List of Figures, Tables, Boxes
Executive Summary
Figure 1. Initial Draft Concept for Discussion of an Integrated Global Strategy 8
Figure 2. State of the Future Index 2015 9
Figure 3. Where We Are Winning 11
Figure 4. Where We Are Losing or There Is Little or No Progress 12
Box 1. Variables Included in the Computation of the 2015 SOFI 10
Global Challenges
Figure 1.1 Global Challenges 17
Figure 1.2 Improved water source (% of population with access) 38
Figure 1.3 Renewable internal freshwater resources per capita (cubic meters) 39
Figure 1.4 Freedom rights (number of countries rated "free") 65
Figure 1.5 Internet penetration by Region 87
Figure 1.6 Poverty headcount ratio at $1.25 a day (PPP) (% of population) 109
Figure 1.7 Health expenditure per capita (current $) 130
Figure 1.8 Likelihood of education and learning possibilities by 2030 139
Figure 1.9 Terrorism incidents 157
Figure 1.10 CPIA transparency, accountability, and corruption in the public sector rating 215
Figure 1.11 Global Challenges and SOFI Process 216
State of the Future Index
Figure 2.1 State of the Future Index 2015 -- 220
Figure 2.2 State of the Future Index 2015 with 25% improvements of Energy Efficiency and Income Inequality between 2016 and 2025 -- 220
Figure 2.3 Where we are winning 221
Figure 2.4 Where we are losing or there is no progress 222
Figure 2.5 2014 SOFI Czech Republic 223
Figure 2.6 2014 SOFI Hungary 223
Figure 2.7 2014 SOFI Poland 224
Figure 2.8 2014 SOFI Slovakia 224
Figure 2.9 V4 2014 SOFI 225
Figure 2.10 2014 SOFI Comparison among V4 countries 225
Figure 2.11 GNI per capita, PPP (constant 2011 international $) 226
Figure 2.12 Economic income inequality (Income share held by highest 10%) 227
Figure 2.13 Unemployment, total (% of world labor force) 227
Figure 2.14 Poverty headcount ratio at $1.25 a day (PPP) (% of population) 228
Figure 2.15 CPIA transparency, accountability, and corruption in the public sector rating 228
Figure 2.16 Foreign direct investment, net inflows (BoP, current $, billions) ………..……….229
Figure 2.17 R&D expenditures (% of GDP) 229
Figure 2.18 Population growth (annual %) 230
Figure 2.19 Life expectancy at birth (years) 230
Figure 2.20 Mortality rate, infant (per 1,000 live births) 231
Figure 2.21 Prevalence of undernourishment (% of population) 231
Figure 2.22 Health expenditure per capita (current $) 232
Figure 2.23 Physicians (per 1,000 people) 232
Figure 2.24 Improved water source (% of population with access) 233
Figure 2.25 Renewable internal freshwater resources per capita (cubic meters) 233
Figure 2.26 Biocapacity per capita (gha) 234
Figure 2.27 Forest area (% of land area) 234
Figure 2.28 Fossil fuel and cement production emissions (MtC/yr) 235
Figure 2.29 Energy efficiency (GDP per unit of energy use (constant 2011 PPP $ per kg of oil equivalent)) 235
Figure 2.30 Electricity production from renewable sources, excluding hydroelectric (% of total) 236
Figure 2.31 Literacy rate, adult total (% of people aged 15 and above) 236
Figure 2.32 School enrollment, secondary (% gross) 237
Figure 2.33 Share of high-skilled employment (%) 237
Figure 2.34 Number of wars and armed conflicts 238
Figure 2.35 Terrorism incidents 238
Figure 2.36 Freedom rights (number of countries rated "free") 239
Figure 2.37 Proportion of seats held by women in national parliaments (% of members) 239
Figure 2.38 Internet users (per 100 people) 240
Box 2.1 Variables Included in the Computation of the 2015 SOFI 218

Work/Tech 2050
Figure 3.1 Average Rate of Unemployment by 2050 by 10-year increments 246
Table 3.1 Age Group of Participants 244
Table 3.2 Respondents’ Degree of Expertise in Futures Research 245
Table 3.3 Institutional Affiliation of the Participants 245
Table 3.4 Average Rating of Technologies Likely to Replace Rather than Create More Jobs/Work by 2050 -- 249
Table 3.5 Average Rating of the Factors Thought to Help Create Jobs and Prevent Mass Unemployment by 2050 -- 250
Table 3.6 Average Rating of the Likelihood and Effectiveness of Some Suggested Actions to Create New Work/Income by 2050 -- 253
Table 3.7 Average Likelihood Rating of Some Potential Developments Addressing Income Gaps 256
Table 3.8 Necessity of Guaranteed Income (number of responses) 258
Table 3.9 Potential Changes in the Cost of Living by 2050 -- 260
Table 3.10 Scenarios Axes Rank-Ordered by the Number of Votes Received 266
Table 3.11 Themes to be Considered for the 2050 Scenarios 267

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A FEA-USP virou uma sucursal da Unicamp? Nao acredito! Em todo caso...

Como é que a USP ainda consegue ser respeitável com certos professores?
Não estou falando da Fefelech, que é um reduto de ideólogos gramscianos perdidos na zona sul.
Eu falo da venerável FEA, a Faculdade de Economia e Administração.
Esta professora, por exemplo, até começa direitinho, citando trabalhos sérios sobre reservas e dívida externa, mas o final, Mon Dieu, ela escorrega completamente na maionese ideológica típica da UniCamp e do Palácio do Planalto.

A propósito do eventual uso das reservas internacionais para outros fins que não o famoso colchão de segurança no BP ela afirma, ao final de seus artigo: "se o objetivo é nos deixar reféns do FMI e forçar novas privatizações em um futuro próximo, queimar as reservas é um bom começo."

Que ridículo! Reféns do FMI??? Essa moça precisa urgentemente fazer um estágio no FMI para aprender o que faz aquela instituição inútil de Washington.
Agora, no que se refere às tais privatizações, ele pirou de vez. Provavelmente deve achar que empresas estatais são a maior maravilha do universo. Dessas, estilo Petrobras, para serem saqueadas por máfias sindicais como ocorre no Brasil...
Paulo Roberto de Almeida

Quem tem medo das nossas reservas?
Laura Carvalho
 Folha de S. Paulo, 14/01/2016

Desde o ano passado, diversas propostas vêm surgindo para que o Banco Central reduza deliberadamente o seu nível de reservas internacionais.

Na primeira delas, da qual já tratei na coluna "Versão Brasileira", de 8/10/2015, a ideia era utilizar todas as reservas em um curto espaço de tempo para frear a desvalorização da taxa de câmbio e a aceleração da taxa de inflação.

Na segunda, parte das reservas deveria ser utilizada para quitar a dívida pública, já que o governo paga juros maiores sobre a dívida que emite do que é remunerado pelas reservas que mantém.

Na terceira proposta, as reservas poderiam ser usadas para a realização de investimentos públicos. Apesar dos objetivos distintos —salvo se o que se quer, ao fim e ao cabo, seja simplesmente acabar com as reservas—, os riscos envolvidos são similares.

O debate sobre qual é o nível adequado de reservas cresceu na literatura econômica a partir do seu acúmulo rápido por muitos países emergentes na última década.

Por um lado, as reservas apresentam custo de oportunidade, pois em geral rendem menos do que a dívida emitida para comprá-las. Por outro lado, as reservas funcionam como um colchão para absorver choques externos e reduzir os danos sobre a economia quando há forte fuga de capitais ("Sudden Stops"). Reduzem ainda o risco de default sobre a dívida externa e, assim, a própria probabilidade de que um "Sudden Stop" ocorra.

Há relativo consenso na literatura de que as reservas acumuladas por países emergentes pré-2008 foram fundamentais para amenizar os efeitos da crise nessas economias. No entanto, a pergunta sobre se o nível de reservas já teria atingido um patamar excessivo originou uma série de estudos recentes. Mesmo nos trabalhos que consideram ser esse o caso de alguns países asiáticos, como o de Calvo, Izquierdo e Loo-Kung (2012) publicado pelo "National Bureau of Economic Research", as reservas brasileiras ainda estariam abaixo do nível ótimo.

No ano de 2015, a valorização das nossas reservas em dólar, que enquanto ativos do governo reduzem a dívida pública líquida, quando combinada à quase inexistência de dívida externa soberana, foi fundamental para manter baixo o risco de default sobre títulos brasileiros e, assim, para impedir que a forte volatilidade financeira nos mercados internacionais precipitasse uma crise cambial.

O contexto continua sendo dos mais arriscados. A ameaça de elevação da taxa de juros americana e a turbulência na China continuarão a desencadear fortes movimentos especulativos no mercado internacional, o que, na falta de controles de capital, inevitavelmente golpeia os mercados emergentes. O uso de reservas poderá ser fundamental para absorver choques maiores e impedir uma eventual crise agravada pelo aumento das dívidas de empresas brasileiras em dólar.

Se o objetivo é mesmo o de estabilizar a dívida bruta e supostamente criar espaço para a retomada dos investimentos públicos, melhor seria se o Banco Central não continuasse a elevar a taxa de juros em meio a uma economia deprimida e com taxa de inflação que já sinaliza uma desaceleração. Mas, se o objetivo é nos deixar reféns do FMI e forçar novas privatizações em um futuro próximo, queimar as reservas é um bom começo.

Laura Carvalho é professora do Departamento de Economia da FEA-USP com doutorado na New School for Social Research (NYC).

China: concentracao de renda estilo brasileiro, ou africano? - Gabriel Wildau e Tom Mitchell (FT)

Desigualdade de renda na China já é das maiores
Por Gabriel Wildau e Tom Mitchell
Financial Times, de Xangai e Pequim, 15/01/2016

A China comunista tem um dos níveis mais altos de desigualdade de renda no mundo, e o 1% de famílias mais ricas detém um terço da riqueza do país, diz um relatório da Universidade de Pequim. Os 25% mais pobres entre os lares chineses detém apenas 1% da riqueza total do país, segundo o estudo.

O Coeficiente de Gini chinês referente à renda, uma medida amplamente usada para mensurar desigualdade, ficou em 0,49 em 2012, diz o estudo. O Banco Mundial considera que um coeficiente acima de 0,40 indica desigualdade de renda grave. Entre os 25 maiores países em população monitorados pelo Banco Mundial, só a África do Sul e o Brasil são mais elevados, com 0,63 e 0,53, respectivamente. O número dos EUA é 0,41, ao passo que o da Alemanha é 0,3.

O estudo do Instituto de Pesquisas em Ciências Sociais da universidade provavelmente reforçará os apelos por uma tributação mais progressiva e por um aumento dos gastos com bem-estar social no país nominalmente comunista. O Coeficiente de Gini chinês na década de 1980 era de cerca de 0,3.

"Não há dúvida de que a diferença de renda está ficando cada vez maior", disse Zhou Xiaozheng, professor de sociologia na Universidade de Renmin, em Pequim. "Os pobres estão ficando mais pobres e os ricos, mais ricos".

Embora a desigualdade de renda da China seja mais grave do que outros grandes países, a desigualdade de riqueza é pior nos EUA. O 1% de famílias americanas mais ricas detinha 42% de toda a riqueza nos EUA em 2012, segundo pesquisa de Emmanuel Saez, economista da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Corrupção desenfreada e rendas não declaradas são obstáculos à formulação de estimativas sobre os níveis de renda e riqueza na China. Os números são substancialmente maiores do que as estimativas oficiais.

A agência de estatísticas chinesa disse no ano passado que o Coeficiente de Gini no país havia caído ligeiramente, para 0,469 em 2014, de 0,477 em 2011. Outra estimativa, de economistas respeitados na Universidade do Sudoeste de Finanças e Economia, em Chengdu, apontam que o Coeficiente de Gini ficou em 0,61 em 2010. O mais recente relatório é baseado numa pesquisa envolvendo cerca de 15 mil famílias em 25 províncias.

Por outro lado, o Relatório Hurun divulgou ontem que o número de milionários na China cresceu 8% em relação ao ano passado, para 3,14 milhões.

De acordo com a Lista dos Chineses Mais Ricos (2015), do Hurun, existem 596 bilionários (em dólares) no país, mais do que nos EUA.

O governo chinês comprometeu-se em atacar a desigualdade.

"Nós queremos fazer o bolo crescer continuamente e, ao mesmo tempo, assegurar que ele seja dividido corretamente. A sociedade chinesa mantém há muito tempo o lema: 'Não se preocupe com a quantidade, preocupe-se que todos tenham a mesma quantidade', escreveu Xi Jinping, o presidente chinês, no "Diário do Povo", jornal que é porta-voz do governo, em 2014.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Hangout sobre politica internacional, Cezar Roedel, Roque Callage e Paulo Roberto de Almeida

Acabamos de realizar um hangout de 2 horas sobre um conjunto de temas que vão da política externa brasileira, passando pela herança do Império e da Velha República, indo para a miopia da chamada diplomacia Sul-Sul, examinando nossas relações com a vizinha Argentina, e a situação desse país, tratando igualmente de questões econômicas brasileiras -- como o endividamento -- e do fenômeno dos blocos comerciais.
Tudo isso disponibilizado aqui, para quem tiver paciência de ver e ouvir:

https://plus.google.com/events/cei86brqh3ug6bco1pj7q7hbrt4

Terminei com uma resposta à pergunta do Prof. Cezar Roedel, sobre como eu veria uma capa da The Economist sobre o Brasil agora.
Respondi que não via, justamente, talvez uma capa sobre o renascimento argentino, Argentina revival, mas não uma capa sobre o Brasil, a não ser aqueles gráficos negativos no terreno econômico.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 15 de janeiro de 2016