O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Investimento em queda no Brasil, pela primeira vez em 30 anos - G1

 Acredito que essa tendência conforma uma queda estrutural que tem a ver com a incapacidade fundamental de o Brasil inverter o seu longo declínio econômico, pela inexistência de uma visão clara do governo, dos vários governos, desde meados dos anos 2000, quanto aos vetores da retomada do crescimento, que não podem mais ser o velho protecionismo e o dirigismo estatal, do passado, em favor de uma clara integração nas cadeias de valor. 

Paulo Roberto de Almeida 


Investimento no Brasil cairá na década pela 1ª vez desde os anos 80, aponta estudo


Levantamento realizado pela FGV mostra que taxa de investimento deve recuar 2,2% ao ano, em média, entre 2011 e 2020. Incertezas sobre a trajetória da dívida pública e endividamento elevado das empresas são principais obstáculos para retomada.
Por Luiz Guilherme Gerbelli, G1

25/10/2020 07h29  Atualizado há 23 horas

Ao fim desta década, a economia brasileira vai ter colhido mais um indicador ruim. Entre 2011 e 2020, os investimentos deverão ter registrado queda média de 2,2% ao ano, mostra levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Será a primeira queda do investimento para um período de dez anos desde 1980, conhecida como a década perdida.

O investimento é mais um dado que evidencia a fraqueza econômica do país na década atual. Outro levantamento do Ibre já apontou que o Produto Interno Bruto (PIB) do período de 2011 e 2020 será o pior dos últimos 120 anos, pelo menos.

Nos anos recentes, o fraco desempenho dos investimentos se concentrou de 2014 em diante, período a partir do qual a economia brasileira enfrentou uma dura recessão até 2016, observou um triênio de lenta recuperação e, agora em 2020, passou a ser impactada pela pandemia de coronavírus, que colocou o país novamente em recessão.

Fraco desempenho
"O Brasil tem nos últimos 40 anos duas décadas perdidas, então isso explica o fato de o país estar com esse quadro de crescimento fraco", diz Marcel Balassiano, pesquisador do Ibre/FGV e um dos autores do levantamento. O estudo também teve a participação dos economistas do Ibre Claudio Considera e Juliana Trece.

Para calcular o dado do investimento na década atual, o Ibre utilizou a projeção para o desempenho do investimento contida no relatório de inflação, do Banco Central. A expectativa é de queda de 6,6% neste ano.

Se não houvesse a crise provocada pela pandemia, o desempenho do investimento continuaria fraco. No relatório de inflação de dezembro do ano passado, portanto, antes de iniciada a pandemia, a expectativa era de alta de 4,1% para os investimentos, o que levaria a década atual a apresentar uma queda média de 1,2%.

"O coronavírus agravou uma situação. Mas sem a doença, o Brasil continuaria com esse problema (de fraco investimento)", afirma Juliana.

Incertezas travam investimentos
A taxa de investimentos é medida pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que apura tudo o que se investe em máquinas, bens duráveis, aumento da capacidade produtiva e construção civil.

O avanço deste componente do PIB é fundamental para que o país consiga colher um crescimento mais sustentável e robusto ao longo dos próximos anos e, assim, aumentar a riqueza da sua população, afirmam os economistas. Mas desde 1980, o avanço médio da taxa investimento no país é de apenas 0,5% ao ano.

"O Brasil tomou a decisão de ficar parado, não tomou a decisão de crescer, de distribuir renda", diz Considera. "O país ficou três anos crescendo 1% ao ano, é praticamente o avanço da população. É renda per capita crescendo zero.”

Mais do que um retrovisor fraco, há uma dúvida sobre se o Brasil vai ser capaz de recuperar a força dos investimentos no futuro.

O país lida com uma série de incertezas. A maior delas está na área fiscal. Com a pandemia, o endividamento do governo deve se aproximar de 100% do PIB neste ano, um patamar considerado alta para uma economia emergente como a brasileira.

A principal dúvida na área fiscal é se o governo vai manter o teto de gastos, que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior. Na leitura do mercado, uma eventual deterioração das contas públicas pode levar a uma fuga de investidores do país, o que provocaria uma depreciação do câmbio e um consequente aumento da taxa básica de juros – hoje em 2% ao ano.

Juros mais altos encarecem a tomada de crédito pelas empresas para realizar novos investimentos.

"Existe o receio de que a trajetória da dívida pública cause ainda mais problemas", diz Considera. "Não cumprir o teto traz muita insegurança para os investidores. E a situação do capital externo, que está mais saindo do que entrando, pode se agravar ainda mais."

Há ainda uma agenda longa e já antiga de reformas estruturais que o Brasil precisa endereçar, como a tributária, para melhorar o ambiente de negócios. "As reformas são na direção de atrair investimentos. É fundamental que sejam realizadas", afirma Considera.

Empresas endividadas
Além de provocar uma piora do cenário macro, a pandemia afetou a saúde financeira das maiores empresas do Brasil, com o aumento do endividamento, o que também se torna um empecilho para a retomada dos investimentos.

No primeiro semestre, a relação entre endividamento líquido sobre capital próprio das companhias chegou a 73,5%, segundo levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Isso quer dizer que, para cada R$ 1 em dinheiro dos sócios, as empresas têm quase R$ 0,74 em financiamentos.

No primeiro semestre de 2019, essa relação era de 58,7%.

Mais dívida
"Esse é um quadro que dificulta muito o investimento. É preciso lembrar que são duas crises próximas e que já houve um bom aumento do endividamento das empresas na crise anterior" , afirma o economista-chefe do Iedi, Rafael Cagnin. "A primeira onda de endividamento ainda não tinha sido totalmente digerida pelas empresas."
O levantamento do Iedi foi realizado com 240 empresas não-financeiras

Influência dos juros e de leilões de infraestrutura
A retomada dos investimentos no país passa pelo cenário de juros baixos - o que reforça a necessidade de acerto das contas públicas - e pela retomada dos leilões de infraestrutura.

Na última recessão, entre o fim de 2014 e 2016, o cenário para a melhora dos investimentos era considerado até mais difícil, avalia o diretor do ASA Investments, Carlos Kawall. Naquela ocasião, os juros estavam mais altos e a Operação Lava Jato provocava estragos econômicos em boas parte das maiores construtoras do país.

"A taxa de juros a 2% está ajudando numa retomada imobiliária, por exemplo", diz Kawall. "O financiamento imobiliário é um das poucas modalidades (de crédito) que sofreu pouco ou quase não sofreu com a crise e logo se recuperou."

Desde que assumiu, a equipe econômica sempre defendeu que a participação da iniciativa privada deveria liderar a retomada dos investimentos em infraestrutura no país. Mas, em quase dois anos, o governo conseguiu tirar pouca coisa do papel.

Em janeiro deste ano, a equipe econômica esperava leiloar ao menos seis estatais.

"O cenário é bom para a infraestrutura. A retomada dos leilões se dá em outra base (em relação ao governo Dilma). Dessa vez, com a atratividade adequada", afirma Kawall. "O único problema é que se trata de um processo lento, na medida em que toda a parte regulatória é demorada."

https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/10/25/investimento-no-brasil-caira-na-decada-pela-1a-vez-desde-os-anos-80-aponta-estudo.ghtml

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

How to run an effective webinar - Sheila Vieira (AJE)

How to run an effective webinar

With digital events increasing in popularity and being the new normal, webinars offer a safe environment for disseminating knowledge while social distancing, which make them a great communication tool among scholars and higher education institutions. 

Sheila Vieira, PhD

Academic Translation Advisor II

PhD, Mechanical Engineering
UNICAMP

SEE MORE ARTICLES BY SHEILA VIEIRA, PHD

AJE, September 16, 2020

(American Journal of Experts)

https://www.aje.com/arc/how-to-run-an-effective-webinar/?utm_source=American+Journal+Experts+List&utm_campaign=4ead73bf32-webinar_en&utm_medium=email&utm_term=0_cd7c932b5e-4ead73bf32-233635265

A webinar is a live, synchronous, interactive, and in real-time online seminar (either free or paid) that lasts 30 minutes to one hour. It has the purpose of teaching/learning and requires viewers to sign up in order to watch it.

They allow you to share your screen, videos, and powerpoint slides; chat with attendees; have virtual rooms for group work, and hold Q&A sessions where viewers can ask questions live. In addition, webinars offer other interactive opportunities, such as surveys and calls to action.

In the higher education setting, a webinar enables communication among professors, lecturers and students, and a group interaction that can happen from anywhere in the world, as presenters or attendees don’t need to be physically in the same classroom. In addition to enabling long-distance learning, webinars can also be used to promote your research, host a conference, and broaden your audience.

Webinars have also been shown to be effective in promoting student learning and are comparable to face-to-face classroom teaching. To run an effective webinar, just follow the steps below. Note that some of these steps won’t apply if your students are the target audience.

  1. Choose a topic: A good topic informs and motivates attendees. If you have a new perspective on your topic or a new version of a conference presentation that will benefit your audience, or if you are discussing a timely news-based issue, the webinar format is a good fit. Just one reminder: make sure your presentation will not have major changes over time. By doing so, not only will you tend to rate higher in a web search, but you also won’t need to worry about updating the content.

  2. Plan your webinar. Focus on the topic, and don’t go off on tangents. Decide how many speakers you will have; choose someone who knows the subject and is comfortable with speaking on camera. Think about whether the webinar will have a panel discussion format, how many people will attend, and how you will carry out your Q&A session.

  3. Choose a webinar platform: choose a platform that best fits your needs. Your choice will depend on the size of your audience, your budget, and recommendations from your institution. Here is a list of some webinar platforms: Adobe ConnectGoToWebinarZoomEasyWebinarWebinarNinjaDemioWebinarJamEverWebinarClickMeetingZohoCisco WebexBigMarkerOn24

  4. Prepare your presentation: Boring is distracting. Avoid webinars that last more than one hour. The ideal length is around 40 minutes. Stay focused, and stand out by making an engaging presentation and providing an enjoyable experience to your audience. Open your presentation with an icebreaker related to your topic. However, remember to keep your speech simple, direct, and to-the-point. Use engaging and fun images in your slides. Polls and handouts can also make a big difference. Finish with the main idea in a way that will make them leave the webinar thinking about what has been said. Once prepared, practice your presentation multiple times.

  5. Promote your webinar: Try to host your webinar from Tuesday to Thursday - those are the days with the highest attendance rate, although since March 2020 Mondays and Fridays are also becoming more popular for webinars. Choose a date and time considering the different time zones. The best time to run a webinar is 2:00 p.m. Eastern time. </p> Start promoting your webinar at least two weeks in advance. Although Mondays, Wednesdays, and Thursdays are great days for promoting your event, plan on sending email invites on a Tuesday, which is when you will likely have the highest open rates. </p> Add a webinar section to your website and promote it on social media; create a hashtag for your webinar. Pin the announcement to your Facebook and Twitter accounts - by doing so, this will be the first communication visitors will see from you. Your webinar can also be streamed live on Facebook or YouTube. Also, post the announcement on LinkedIn, which can tremendously increase your visibility. </p> If possible, set up an automatic email to remind people one day to two hours before the webinar goes live. Always keep track of when to promote or host your webinar as trends can change over time.

  6. Use a headset microphone and a landline phone: You need to ensure everyone can clearly hear the presenter. Poor quality audio will destroy any effort to make a high-quality webinar. It is also recommended to use a landline phone just in case your internet connection fails.

  7. Test the webinar and have your laptop fully charged: Run at least one test webinar to make lecturers comfortable with the webinar controls and avoid issues and confusion. A fully charged laptop is a must.

  8. Do everything you practiced: in addition to being prepared, arrive 15 minutes before the scheduled webinar. During your presentation, move around and engage your audience. When things start to get too technical and you feel you are losing the audience, bring it back by simplifying. Make comparisons to daily life and relatable experiences. Remember to finish with the main idea so your audience will leave the webinar thinking about what you just said

  9. Record your webinar and make it available: Record the webinar and then upload it to your website or a video-sharing platform, such as YouTube or Facebook. This will attract the interest of more people and extend your reach.

  10. Follow up with your attendees: check if your attendees have any questions or requests shortly after the webinar. Send a feedback survey to improve future webinars.</p>


Sources:

[1] ClickMeeting. “How To Attract Crowds To Your Webinar: Webinar Manual.” KnowledgeBase Clickmeeting, knowledge.clickmeeting.com/manual/attract-crowds-webinar/.

[2] Gegenfurtner, Andreas, and Christian Ebner. “Webinars in Higher Education and Professional Training: A Meta-Analysis and Systematic Review of Randomized Controlled Trials.” Educational Research Review, Elsevier, 7 Oct. 2019, www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1747938X1830561X.

[3] “How to Do a Webinar Your Audience Will Love.” WordStream, www.wordstream.com/blog/ws/2014/08/26/how-to-do-a-webinar.

[4] Mayday, Michael. “How COVID-19 Changed Webinars: A Comparison of March 2020 to 2019 Benchmarks: ON24 Blog.” ON24, 28 Apr. 2020, www.on24.com/blog/how-covid-19-is-changing-webinars/.

[5] “Webinar Promotion - The Ultimate Webinar Marketing Guide.” Livestorm, livestorm.co/webinar-promotion/.

[6] Winn, Ross. “Best Webinar Software: Platforms To Teach or Sell In 2020.” Podcast Insights®, 21 May 2020, www.podcastinsights.com/best-webinar-software/.

Published on 09/16/202


O chanceler pária, num governo pária, se esforçando para transformar o Brasil em país pária - Editorial Estadão

 Editorial ESTADAO

Orgulho de ser pária


O Estado de S. Paulo, 26 Oct 2020


Sob as ordens de Jair Bolsonaro, e de Ernesto Araújo, guinada na política externa colocou o Brasil na inédita posição de pária.


Que o chanceler Ernesto Araújo é uma desonra para o Itamaraty não é novidade. No seu tresloucado discurso de posse no Ministério das Relações Exteriores, em 2 de janeiro de 2019, o ministro já dissera a que vinha e, desde então, tem trabalhado quase exclusivamente para transformar a Casa de Rio Branco em uma espécie de casamata da chamada ala ideológica do governo de Jair Bolsonaro. Em sua defesa, não se pode dizer que Araújo não esteja cumprindo bem a missão que lhe foi dada.

Sob as ordens do presidente Jair Bolsonaro e a diligente condução de seu chanceler, a guinada empreendida na política externa para “libertar” o País do “jugo esquerdista”, do “marxismo cultural”, do “globalismo” e, pasme o leitor, do “covidismo” colocou o Brasil na inédita posição de pária no cenário internacional. De dois anos para cá, o Brasil deixou de ser um interlocutor relevante em uma miríade de temas caros à comunidade das nações, como meio ambiente, cooperação científica, ações humanitárias e comércio.

Até aqui, Ernesto Araújo vinha, a seu modo, rebatendo as críticas à subversão da tradição diplomática brasileira e à nova e inglória condição de pária internacional do País aludindo à suposta resistência de alguns setores do Ministério das Relações Exteriores, que estariam “contrariados” com as mudanças que empreendeu na pasta, e às pressões de países não alinhados e organismos multilaterais, como a própria Organização das Nações Unidas (ONU), entre outras teorias conspirativas que servem mais ao anedotário do que à real compreensão da dimensão dos males causados à reputação do Brasil no plano internacional. De acordo com este obtuso raciocínio, o País não seria um pária, mas teria se posicionado, isso sim, no que Araújo classifica como “o lado certo da História”.

Esse discurso mudou. Ao que parece, o ministro Araújo decidiu assumir de vez que não só o País é um pária, como há razões para se orgulhar da condição.

Ao participar da cerimônia de formatura de diplomatas no Itamaraty, dia 22 passado, Ernesto Araújo afirmou que “é bom ser pária”. Colocando o Brasil como uma das únicas vozes a proclamar a liberdade no mundo, ao lado dos Estados Unidos, o chanceler afirmou que, “se isso faz de nós um pária internacional, então que sejamos esse pária, que sejamos esse Severino que sonha e essa Severina que reza”.

O chanceler aludiu a João Cabral de Melo Neto, poeta e diplomata que foi escolhido o patrono da turma de formandos. “Modestamente, eu também considero-me as duas coisas, poeta e diplomata.” Pobre João, logo em seguida atacado em sua memória pelo inacreditável chefe da diplomacia brasileira. Após dizer que João Cabral tinha “uma grande sensibilidade para o sofrimento do povo brasileiro”, Araújo afirmou que a resposta do poeta a este “gigantesco e premente problema” se dirigiu para o que chamou de “lado errado”, o “lado do marxismo e da esquerda”. Uma vez mais, a referência ao “lado certo da História” que tanto apraz aos liberticidas.

Entre referências supostamente eruditas e parvoíces como “todo ‘isentão’ é um escravo de um marxista defunto” que permearam o discurso, o ministro fez um balanço de sua gestão à frente do Itamaraty, enumerando o que, em sua visão, seriam conquistas advindas da inflexão na política externa. “Esta política externa Severina, digamos assim, tem conseguido resultados. Concluímos acordos comerciais com as maiores economias do mundo, como a União Europeia e os Estados Unidos, e restauramos as relações com países de alta tecnologia, como Israel e Japão.”

O acordo comercial entre União Europeia e Mercosul está ameaçado pelos desatinos do governo na condução da crise ambiental. Com os Estados Unidos, ainda não deixou o campo das intenções. E como se restauram relações que jamais foram rompidas permanece um mistério.

Oxalá a turma de formandos do Itamaraty inspire-se no tão atacado passado da instituição e um dia ajude a reconstruir a reputação do País.


Que os formandos do Itamaraty se inspirem no passado para reconstruir a reputação do País.


China debate mais um plano quinquenal de desenvolvimento - CGTN

 A China insiste em ter planos de desenvolvimento, o que não é desconhecido no Brasil: nós temos os nossos PPAs, por exemplo, nas eles não parecem servir para grande coisa.

A questão principal é que a China tem um governo autoritário que acredita nos seus planos, e tem meios de implementá-los, mas não apenas por ter um Estado autocrático, e sim por ter mandarins instruídos e guiados basicamente pela ideia do desenvolvimento, o que também já foi uma obsessão nacional (mas deixou de ser, há muito tempo).

Esquecendo essa mistificação do “socialismo com características chinesas” (que representa apenas uma legitimação para a ditadura do PCC), o fato é que a China conduziu e conduz o mais impressionante processo de modernização mais impressionante da história mundial, numa escala e dimensões jamais conhecidos na história humana e na economia mundial.

Esta matéria da CGTN explica um pouco o que está em jogo nesta conjuntura e nos próximos 15 anos. Não tenho nenhuma dúvida de que a China já venceu a presente Guerra Fria econômica — que não foi ela que iniciou — e que, infelizmente, o mundo em geral e os países pobres em particular não vão se beneficiar de uma possível e necessária cooperação (e mesmo integração econômica) entre a China e os EUA. Ficará para o futuro, quando os EUA tiverem lideranças mais esclarecidas, ou quando eles tiverem decaído bem mais, ao ponto de se tornarem mais humildes. Aposto mais nesta segunda hipótese...

Paulo Roberto de Almeida


How will China shape its new journey for the coming five years?
Updated 21:19, 26-Oct-2020

China is holding the widely-anticipated fifth plenary session of the 19th Central Committee of the Communist Party of China (CPC) in Beijing starting from Monday, with a focus on the blueprint for the country's future.

Undoubtedly, China will keep upholding the centralized and unified leadership of the CPC and staying on the path of socialism with Chinese characteristics, but on the future prospects of the world's second-largest economy as it prepares economic and social development plans for the next five years, questions remain.

How will China navigate this new stage of development? What will China's economic and social roadmap be in the post-epidemic era? The following is a comprehensive guide for you to catch the pulse of the meeting.

Why does the meeting matter?

The highest decision-making bodies of the CPC, China's ruling party, are composed of two parts: the CPC National Congress, and the CPC Central Committee elected by its national congress.

Here is a review of all such plenary sessions since late 2012:

The fourth plenary session last year reviewed and adopted the CPC Central Committee's decision on some major issues concerning how to uphold and improve the system of socialism with Chinese characteristics and advance the modernization of China's system and capacity for governance.

According to the agenda of this year's session, the proposals for formulating the country's 14th Five-Year (2021-2025) Plan for Economic and Social Development and future targets for 2035 will be assessed.

Drawn up every five years since 1953, the FYP is a major feature of China's governance system, setting growth targets and defining economic and social development policies to ensure national strategies keep pace with the times.

Since 1953, China has formulated and implemented 13 FYPs. This year, for the first time, a 15-year "long-term vision" is mentioned along with the 14th version of the FYP, aiming for 2035 when the country's socialist modernization is expected to be basically achieved.

Eyes on China's plan for coming years

Development goals set for the 13th FYP period (2016-2020) are about to be accomplished, which will mark a new and major step forward in China's economic and scientific power, as well as national strength.

Analysts said that given growing uncertainties, the 14th FYP has attracted great attention, as it will be the first FYP after China accomplishes building a moderately prosperous society in all respects and realizing its first centennial goal in 2020, as well as making all-out efforts to achieve its second centennial goal – to build a great modern socialist country around 2049.

"The 14th Five-Year Plan will be a critical plan, drawn up at a critical time," said Wang Changlin, president of the Academy of Macroeconomic Research of the National Development and Reform Commission.

The Political Bureau of the CPC Central Committee has said that the FYP is a "vivid practice of China's socialist democracy." But how?

China has solicited public opinions online on compiling the 14th FYP since August 15, and by convening and presiding over a number of symposiums, Chinese President Xi Jinping has directly listened to opinions and advice on the country's economic and social development in the 2021-2025 plan period from all walks of society.

Read more:

Xi Jinping encourages public advice on China's 14th Five-Year Plan

01:56

After gathering suggestions widely, how will the blueprint be drawn up? 

Clues can be found from the Political Bureau's meetings, during which the following principles are stressed in making the 14th FYP – upholding the overall leadership of the CPC, maintaining and improving the system of socialism with Chinese characteristics, putting people first, building a new development pattern, deepening reform and opening up and forestalling and defusing major risks and challenges.

Adhering to these key points, three aspects may be highlighted in the plan.

- Dual circulation

First introduced in May, the new development pattern known as "dual circulation," which takes the domestic market as the mainstay while letting domestic and foreign markets boost each other, has been placed high on the authorities' agenda.

In pursuing the new development pattern, scientific and technological innovation, especially making breakthroughs in core technologies, is widely regarded as the key to shaping domestic circulation.

Read more:

Guide to China's dual circulation economy

02:10

When talking about what to expect for the next five-year plan, Bert Hofman, former World Bank Country Director for China, told CGTN during an interview that the dual circulation is a vital strategy in China's economic blueprint.

"Two elements of more domestic demand and more domestic capability and innovation are, I think, an important part of the dual circulation. It does not mean that China is going to close down," he said, and added that the domestic circulation is going to be more important than the international circulation when rebalancing towards more domestic capabilities.

"Over the past decade, China has increased household consumption in GDP a little bit, from 35 percent to about 40 percent but it has a long way to go," he said.

- High-quality development in economy

While chairing a meeting on the new plan in November last year, Chinese Premier Li Keqiang stressed several principles of making the new plan, including to keep the economy running within a reasonable range, to promote high-quality development, to emphasize the vision of people-centered development and to highlight the role of reform and innovation in tackling difficulties.

Following the principle of pursuing progress while ensuring stability, all regions and departments have deepened the all-round reform, taken the initiative to further open up and maintained medium-high economic growth within a reasonable range, he said.

Read more:

China unveils guideline on improving the socialist market economy

Wang Tao, the chief China economist at UBS Investment Bank, predicted in his article that the 14th FYP will emphasize fostering structural changes domestically and improve the quality of growth.

"This means that the 14th FYP will likely set ambitious targets for urbanization (likely another 5-point increase in hukou urbanization rate), new urban employment growth (possibly another $50 million in 2021-25), increase in shares of consumption and services, improvement in the social safety net, and an increase in education and research and development spending," said the economist.

- People's sense of fulfillment, happiness and security

Aside from providing the general direction, the 14th FYP is more like "a super policy package" – setting quantitative indexes on many fields, including economic growth and environmental protection, and listing major programs and infrastructure projects affecting people's livelihood, Yan Yilong, a research fellow with the Center for China Studies at Tsinghua University, told the Global Times.

Meeting people's ever-growing needs for a better life has always been an important issue in China, and Xi Jinping has called for efforts in promoting the development of China's education, culture, health and sports sectors to reach the goal.

In this regard, policies concerning these areas will undoubtedly be covered in the 14th FYP.

Managing editor: Duan Fengyuan
Video editor: Zhang Rongyi 
Copy editor: Moosa Abbas
Chief editor: Chen Ran
Producer: Dang Zheng 
Managing director: Zhang Shilei


Mini-reflexão sobre o estado (pouco) civilizatório do Brasil - Paulo Roberto de Almeida

 Mini-reflexão sobre o estado (pouco) civilizatório do Brasil

Paulo Roberto de Almeida


Existe uma profunda incompreensão, nos meios políticos e da mídia, quanto ao que representa Bolsonaro em termos de Weltanschauung, ou seja, de concepção do mundo, inclusive para ele próprio, que não é suficientemente inteligente para perceber o que ele mesmo representa, não para a superfície das coisas, essa superestrutura da vida política que aparentemente divide certas lideranças representativas, mas sim o próprio tecido social, a organização da sociedade.

Vamos sair da epiderme das coisas que mobilizam a atenção dos comentaristas conjunturais da atualidade política.

Não se trata apenas de Salles, que ganha mais uma sobrevida no governo e que não tem nada a ver com uma suposta “ala ideológica” do governo: se trata de tudo aquilo que toca no âmago da concepção do mundo de Bolsonaro, e isso concerne saúde, educação, DH, relações exteriores, entre outros componentes da sociedade real, ou seja, vai muito além do mundinho da política ordinária. 

Os militares, não só as FFAA, mas as forças de segurança como um todo, embarcaram na sustentação de um homem que não está destruindo, sem ter consciência do processo, apenas as instituições superficiais da política, mas a própria sociedade. Ele sequer percebe a dimensão de sua ação, pois não possui, nunca possuiu, nenhum “plano de voo” sobre o que pretende para si ou para a sociedade.

O homem não é apenas um poço de contradições, um conjunto de instintos primitivos, que sequer lhe afloram à consciência e não encontram tradução exata no nosso campo analítico, que busca organizar as ações dos homens de maneira racional. Bolsonaro pertence a um outro universo, para o qual não existe cartografia possível ou identificável.

Não existe apenas uma simples “crise da democracia” brasileira ou meramente “das instituições republicanas”, numa concepção superficial do que seja o Brasil, esse mundinho conectado, de um pequeno grupo de privilegiados que somos todos aqueles, nós, privilegiados, que participamos deste tipo de debate político.

O Brasil se aproxima (talvez já esteja) de um estado de anomia social, ou societal (mas que é sobretudo mental), que pode obstar, ou inviabilizar, um processo de desenvolvimento abrangente da sociedade, pois que dificulta o diagnóstico correto dos principais problemas, e consequentemente o estabelecimento de prescrições adequadas para os seus principais problemas, que não são apenas os da organização política da sociedade, e sim o próprio substrato civilizatório.

Alguns “humoristas filosóficos” brincavam com essa característica brasileira, que era a de passar do atraso do passado (escravocrata, desigual) para a decadência do presente, sem nunca ter alcançado a modernidade. Talvez eles tenham razão, mesmo se estamos falando apenas de conceitos basicamente subjetivos como esses de atraso e modernidade. 

A vida real das pessoas, dos milhões de “cidadãos” (o termo pouco se aplica) concretos do Brasil, além e abaixo do mundinho de privilegiados que somos nós, não é tocada pelo frenesi de notícias, de brigas e composições superficiais da política rastaquera que é essa que seguimos, não se move no presente estado de anomia da sociedade brasileira. 

Reproduzindo um poeta-compositor não muito apreciado pelos atuais “donos do poder”, nós brasileiros, “caminhamos cegos pelo continente”, sem perceber que somos subtraídos em “tenebrosas transações”.

Nem o próprio ator principal desse processo tem visão clara ou a consciência do que ele próprio representa, ou do que se passa no Brasil, na região e no mundo. Não é nem um um ator, um boneco, ou um robô manipulado por poderosas forças conspiratórias como querem acreditar alguns idiotas da própria mistificação construída para viver à custa dos demais (como aliás fazem elites dominantes e estratos dirigentes).

O fato é que embarcamos numa “jangada de pedra”, que anda à deriva, sem GPS, sem portulanos, sem sequer saber o que desejamos para o país ou o que queremos para nós próprios. Mas nossos desejos, os desta camada de privilegiados que somos, não têm muito a ver com as necessidades da imensa maioria do povo brasileiro, que só busca sobreviver, e dar uma vida melhor para os filhos. 

Nossa crise civilizatória não terá desfecho rápido, nem soluções fáceis: estas passam por certo grau de avanços de educação e de conhecimento na maioria da população, de certos progressos cívicos que, infelizmente, não fomos capazes de criar, ou prover para a maioria, nos últimos 200 anos de nação independente e de Estado mais ou menos constituído. 

Sorry, mas não será para esta, ou sequer para a próxima geração; vai demorar um pouco mais. Os obstáculos não são técnicos, pois os meios estão à nossa disposição. Eles são sobretudo mentais, de compreensão da realidade, e estes são mais difíceis de superar.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 26/10/2020

PS: Não creio que tudo isso o que escrevi acima seja apenas o pessimismo de um sociólogo aprendiz; creio que representa o realismo de um dedicado, e longevo, observador da realidade, do Brasil e do mundo. Reflitam vocês também...

domingo, 25 de outubro de 2020

A inacreditável submissão da diplomacia bolsolavista a Trump - Jorge Vasconcellos (CB)

Conexão de Bolsonaro não é com EUA, mas com Trump; problema é se ele não se reeleger, dizem analistas

Jorge Vasconcellos

Correio Braziliense, 25/10/2020 

https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2020/10/4884507-conexao-de-bolsonaro-nao-e-com-eua-mas-com-trump-problema-e-se-ele-nao-se-reeleger-dizem-analistas.html

Embaixadores aposentados e professores advertem: estreitamento excessivo com EUA não trará resultados positivos automaticamente ao Brasil. Conexão Brasília-Washington ameaça isolar o país, sendo preterido até por tradicionais parceiros comerciais

A política de alinhamento do Palácio do Planalto com as posições do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem trazido preocupações a representantes da diplomacia e a especialistas. Eles alertam que o interesse nacional deve estar acima de questões ideológicas ou geopolíticas, nas discussões importantes para o desenvolvimento do país. Segundo essa visão, a disputa comercial entre os EUA e a China exerce uma forte pressão sobre decisões do Brasil em temas como a tecnologia 5G, a relação com as nações vizinhas, a aquisição de vacinas contra a covid-19 e outras questões.

Traço marcante do governo do presidente Jair Bolsonaro, o alinhamento com Washington tem levado o Brasil a corresponder aos interesses norte-americanos em diferentes arenas, seja nos organismos globais ou nas relações comerciais. Por outro lado, essa postura tem empurrado o país para uma situação de crescente isolamento internacional, de distanciamento de outras potências importantes, sobretudo europeias. Também tem provocado incômodos nas relações bilaterais com a China, principal destino das exportações brasileiras.

Em um dos casos mais evidentes, o Ministério das Comunicações, atendendo a pedido de Bolsonaro, segue na indefinição sobre a data da realização do aguardado leilão da tecnologia 5G, dominada pelos chineses. Da mesma forma que o Brasil, outros países sul-americanos também têm sido pressionados pelos EUA nesse sentido, já que o governo americano teme o avanço dos interesses de Pequim na região.

Disputa do 5G

Crítico da “ideologização da diplomacia” durante os governos do PT, Rubens Barbosa, ex-embaixador brasileiro em Londres e em Washington, considera que esse viés persiste na administração Bolsonaro, porém na direção contrária. Na sua visão, o Brasil não deveria tomar partido da China nem dos EUA, mas abrir a licitação da 5G para todos os interessados em concorrer e buscar o resultado mais favorável. Ao defender “menos ideologia e geopolítica e mais interesse nacional”, ele afirma que essa tecnologia poderia ajudar o Brasil a sair da crise por meio da modernização da economia e das indústrias.

“Há muitos outros interesses envolvidos, não é só o do governo. É o interesse da sociedade, porque afeta a vida dos consumidores; afeta os custos do produto que vai ser adquirido pelas empresas brasileiras. Dessa forma, precisam ser ouvidos o Congresso e as empresas para saber quais são os interesses do conjunto”, afirmou Barbosa, hoje diretor-presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), em São Paulo.

Para o embaixador aposentado, o Brasil é um país muito grande para se submeter a interesses externos. “Todos os países têm interesses e o Brasil tem que examinar qualquer pedido feito por um outro país, qualquer que seja esse país, segundo o interesse nacional, acima de ideologias e acima de questões geopolíticas. O Brasil é uma das maiores economias do mundo, o relacionamento tem que estar subordinado ao interesse nacional. O Brasil seria uma exceção se não fizer”, cobrou.

Em uma outra questão envolvendo as ambições de Washington na região, o governo tem sido acusado, e não só por opositores, de estar a serviço dos interesses dos americanos na Venezuela, entre os quais uma possível invasão militar. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por exemplo, divulgou nota, em 18 de setembro, condenando a visita do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, a Roraima, que faz fronteira com a Venezuela, às vésperas das eleições presidenciais americanas. Considerou que a visita “afronta as tradições de autonomia e altivez” das políticas externa e de defesa do Brasil.

Um grupo de ex-chanceleres brasileiros divulgou nota em apoio ao presidente da Câmara. Um dos signatários é Celso Amorim, à frente do Itamaraty de 2003 a 2010. “É um absurdo o que está acontecendo com a nossa política externa há muito tempo. É um contrassenso. A única característica coerente dela é a submissão total não aos Estados Unidos, mas ao governo Trump. Isso é política de submissão, é a internalização da política externa de um outro país”, criticou.

Vacina e etanol

Além da questão venezuelana, Celso Amorim também criticou o acordo, firmado em setembro, pelo qual o governo brasileiro aprovou uma cota de isenção tarifária para a importação de 187,5 milhões de litros de etanol dos Estados Unidos, país que responde por cerca de 90% do que chega desse combustível aos portos brasileiros a cada ano. Com a decisão, o etanol poderá entrar no Brasil sem a incidência do imposto de importação – que, atualmente, é de 20% para todos os países que não integram o Mercosul.

“Não dá para entender essa questão da tarifa do etanol. Não tem paralelo na história. É um momento de uma absoluta submissão aos Estados Unidos. É a única explicação”, indignou-se Amorim.

Ele também criticou o veto do presidente Bolsonaro à compra da vacina chinesa, a Coronavac, destinada ao combate ao novo coronavírus. "O ministro da Saúde, que é um general, anuncia que vai comprar a vacina chinesa e, algumas horas depois, o presidente decide o contrário. O que é que é isso? Como é que o Brasil ataca o principal parceiro comercial. Um país com o qual nós temos um superávit de 70% de todo o superávit comercial brasileiro. Foge à razão. É uma coisa anormal", declarou o ex-ministro.

Juliano Cortinhas, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), lembrou que Bolsonaro nomeou como chanceler um embaixador inexperiente que, segundo ele, deu um giro de 180 graus na experiência centenária de apoio às organizações internacionais e a uma política externa autônoma e soberana. Segundo o docente, o Brasil filiou-se, em vários sentidos, a uma visão de mundo a partir da qual não há ganhos.

“Nosso interesse significa proteger o produto nacional de concorrências desleais do sistema internacional. Não é isso que a gente vem fazendo; ao contrário, a gente vem protegendo o produto americano. O interesse nacional brasileiro é aumentar o nosso mercado, não o mercado dos EUA, como o Brasil tem feito na questão do 5G”, lamentou Cortinhas.

Para Günther Richter Mros, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o alinhamento do governo atual com a administração Trump reflete uma aposta alta feita por Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, por investimentos diretos com dinheiro dos EUA. Segundo ele, desde 2018 Washington vem trabalhando para tornar realidade um plano envolvendo até US$ 60 bilhões para a oferta de crédito a projetos de interesse da Casa Branca. Günther afirma que essa é uma das respostas americanas aos avanços da China em investimentos diretos em vários países de desenvolvimento baixo ou médio.

“Caso Trump seja reeleito, em novembro, poderá ocorrer avanços nas linhas de crédito americanas, mas em troca do afastamento do Brasil dos investimentos chineses. Mas, caso Joe Biden vença, a tendência é de que as sonhadas linhas de crédito não saiam tão facilmente. É verdade, ainda, que com Trump, tampouco, há certeza de cumprimento das promessas”, frisou o Günther.

Procurado pela reportagem para comentar as críticas à política externa, o Ministério das Relações Exteriores não respondeu até o fechamento desta edição. 

 

How Trump has changed the world - Rebecca Seales (BBC News)

 

US election 2020: How Trump has changed the world

By Rebecca Seales
BBC News, October 24, 2020

Published
Related Topics
Donald Trump and map of the world

The president of the United States is not just the leader of his country, he is probably the most powerful person on Earth. What he does changes life for all of us. Donald Trump is no exception. So how exactly has Mr Trump changed the world?

Short presentational grey line

How the world sees America

President Trump has repeatedly declared the US "the greatest country in the world". But according to a recent 13-nation poll by the Pew Research Center, he hasn't done much for its image overseas.

In many European countries, the percentage of the public with a positive view of America is at its lowest for almost 20 years. In the UK, 41% had a favourable opinion, while in France it was 31%, the lowest since 2003, and in Germany just 26%.

A BBC graphic showing the percentage of people who say they have confidence or no confidence in various world leaders
1px transparent line

America's response to the coronavirus pandemic was a major factor - only 15% of respondents felt the US had handled the virus well, according to figures from July and August.

Stepping back on climate change

It's hard to pin down what President Trump believes about climate change, as he's called it everything from "an expensive hoax", to a "serious subject" that is "very important to me". What is clear is that six months into the job, he dismayed scientists by announcing America's withdrawal from the Paris climate accord, which committed nearly 200 countries to keeping global temperature rises well under 2C.

The US is the second-biggest emitter of greenhouse gases behind China, and researchers have warned that if Mr Trump is re-elected, it may become impossible to keep global warming in check.

Rejecting the Paris agreement, the president claimed it "would have been shutting down American producers with excessive regulatory restrictions". This has been a theme for Mr Trump, who has removed a raft of pollution regulations to cut the cost of producing coal, oil and gas.

Link box banner top
Link box banner bottom

Several US coal mines have still closed, however, driven by competition from cheaper natural gas and state efforts to support renewable energy. Government figures show renewable sources generated more energy than coal in the US in 2019, for the first time in more than 130 years.

America's exit from the Paris climate deal formally takes effect on 4 November, the day after the presidential election. Joe Biden has pledged to rejoin the pact if he wins.

Fears that the US pull-out would prompt a domino effect have not been realised, although some observers believe it smoothed the path for Brazil and Saudi Arabia to block progress on cutting carbon emissions.

Closed borders, for some

President Trump set out his stall on immigration just a week after his inauguration, closing US borders to travellers from seven Muslim-majority countries. Currently 13 nations are subject to tight travel restrictions.

The number of foreign-born people living in the US was about 3% higher in 2019 than in 2016, President Obama's last year in office. But who those immigrants are has changed.

A BBC graphic showing a small rise in the number of US residents born overseas
1px transparent line

The percentage of US residents born in Mexico has fallen steadily during Mr Trump's term, while the number who moved from elsewhere in Latin America and the Caribbean has increased. There has also been a general tightening of the number of visas enabling people to settle permanently in the US - particularly for relatives of those already living there.

If there's an emblem of President Trump's immigration policy, it's surely the "big, beautiful wall" he swore to build on the border with Mexico. As of 19 October, US Customs and Border Protection says 371 miles of wall have been constructed - almost all of it replacement fencing where barriers already existed.

The work did not deter those desperate to reach America.

The number of migrants detained at the US-Mexico border hit its highest level for 12 years in 2019, spurred by a peak in arrivals during the spring. More than half were families, mostly from Guatemala, Honduras, and El Salvador, where violence and poverty are driving people to seek asylum and a new life elsewhere.

Turning to refugees, Donald Trump has made swingeing cuts to the number who can resettle in America. The US took in almost 85,000 refugees in the fiscal year 2016, which fell to under 54,000 people the following year.

In 2021, the maximum will be 15,000 people - the fewest since the refugee programme launched in 1980.

1px transparent line

The rise of 'fake news'

"I think one of the greatest of all terms I've come up with is 'fake'," Donald Trump said in an October 2017 interview. Although the president definitely didn't invent the term "fake news", it's fair to say he popularised it. According to social media posts and audio transcripts monitored by Factba.se, he has used the phrase about 2,000 times since first tweeting it in December 2016.

1px transparent line

Search Google for "fake news" today and you'll get more than 1.1 billion results from all over the world. Charted over time, you can see how US interest rose in the winter of 2016-17, and spiked the week the president unveiled what he called the "Fake News Awards", a list of news stories he viewed as false.

A BBC graphic charting Google searches for the words 'fake news' over time
1px transparent line

During the 2016 White House race, "fake news" meant untrue reports like one about Pope Francis endorsing Mr Trump for the presidency. But as it seeped into popular usage, that meaning shifted away from being just about misinformation.

The president has frequently used "fake news" to attack news stories he disagrees with. In February 2017, he took it further, branding several news outlets "the enemy of the American people".

1px transparent line

It's a term that's been picked up by leaders in Thailand, the Philippines, Saudi Arabia and Bahrain, among others, and some have used allegations of spreading "fake news" to justify repression and prosecutions against opposition activists and journalists.

Civil society groups say that by using the term against credible reporting, politicians fundamentally undermine democracy, which relies on people agreeing what the basic facts are.

America's 'endless wars', and a Middle East deal

In his February 2019 State of the Union address, President Trump pledged to withdraw US troops from Syria, declaring: "Great nations do not fight endless wars."

The numbers paint a more nuanced story. Not least because months down the line, Mr Trump decided to keep about 500 troops in Syria after all to protect oil wells. The president has scaled back the presence he inherited in Afghanistan, and to an extent in Iraq and Syria. But American forces are still everywhere they were the day he took office.

A BBC graph showing the number of US troops overseas between 2008 and 2020
1px transparent line

There are ways to impact on the Middle East without troops, of course. President Trump overturned the objections of previous presidents by moving the US embassy from Tel Aviv to Jerusalem in 2018, and recognising the city, including its occupied East, as Israel's capital. Last month he hailed the "dawn of a new Middle East" when the United Arab Emirates and Bahrain signed agreements normalising relations with Israel - a move the US helped broker.

Rhetoric aside, this was perhaps the most significant diplomatic achievement of the Trump administration. The two Gulf states are just the third and fourth Arab nations in the Middle East to recognise Israel since it declared independence in 1948.

The art of the (trade) deal

President Trump seems to scorn deals he didn't broker. On his first day in office, he dumped the Trans-Pacific Partnership, a 12-nation trade deal approved by President Obama, after branding it "horrible". The withdrawal mostly benefited China, which viewed the deal as an attempt to curb its influence in the Asia-Pacific region. But in the US, critics who felt the agreement would compromise American jobs cheered its demise.

Mr Trump also renegotiated the North American Free Trade Agreement with Canada and Mexico, which he called "perhaps the worst trade deal ever made". Its replacement left much unchanged, but toughened up labour provisions and rules on the sourcing of car parts.

The president's real fixation has been how America benefits from trade with the world. The outcome was a bitter trade war with China, in which the world's two largest economies imposed hundreds of billions of dollars of taxes on each other's goods. It's been a headache for US soybean farmers and the tech and auto industries. China was affected too, as businesses moved their manufacturing to countries like Vietnam and Cambodia to lower their costs.

A BBC chart showing US trade with China by imports and exports
1px transparent line

For 2019, the US trade deficit in goods with China was slightly under its 2016 level. American companies imported less as they sought to avoid Mr Trump's tariffs.

However, despite the coronavirus pandemic heavily influencing trends for 2020. America still imports more goods than it exports.

Tussles with China

This Trump tweet refers to a policy rollback so stunning that the phone call in question has its own Wikipedia page.

1px transparent line

On 2 December 2016, Mr Trump (then president-elect) took the highly unusual step of speaking directly to the president of Taiwan - breaking with a precedent set in 1979, when formal relations were cut. Carrie Gracie, then the BBC's China editor, predicted the move would prompt "alarm and anger" in Beijing, which sees Taiwan as a province of China not an independent state.

The bold opener from Mr Trump was the first in a multi-pronged poking contest between the great geopolitical rivals, which has sunk relations to their lowest point in years.

The US has irked China by declaring its territorial claims in the South China Sea illegal, heaping tariffs on its goods, banning downloads of the popular apps TikTok and WeChat, and blacklisting Chinese telecoms giant Huawei - which it claims is a threat to national security.

But the tensions did not begin under Mr Trump, and are driven in part by China's own actions. President Xi Jinping, in power since 2013, has presided over a highly controversial national security law in Hong Kong, and the mass imprisonment of China's Muslim minority Uighurs.

President Trump has renamed Covid-19 "the China virus", and while he may be keen to deflect scrutiny from his own handling of the pandemic, a change of US leadership wouldn't necessarily mean a more conciliatory tone. Democratic nominee Joe Biden has called President Xi a thug, and claimed the Chinese leader "doesn't have a [democratic] bone in his body".

An almost-war with Iran

"Iran will be held fully responsible for lives lost, or damage incurred, at any of our facilities. They will pay a very BIG PRICE! This is not a Warning, it is a Threat," Mr Trump tweeted on New Year's Eve, 2019. "Happy New Year!"

Days later, to global shock, the US assassinated Qasem Suleimani, Iran's most powerful general, and the man who spearheaded its military operations in the Middle East. Iran retaliated, firing more than a dozen ballistic missiles at two American bases in Iraq. More than 100 US troops were injured, and analysts deemed the nations on the brink of war.

There was no war, but innocent civilians still died: just hours after Iran's missile strikes, its military mistakenly shot down a Ukrainian passenger jet, killing all 176 people on board.

How did it come to this? A series of mutual miscalculations made against a backdrop of mistrust.

The US and Iran have been at loggerheads since 1979, when Iran's US-backed shah (its monarch) was overthrown, and 52 Americans were taken hostage inside the US embassy. In May 2018, Mr Trump ratcheted up tensions by abandoning a 2015 nuclear deal, under which Iran agreed to limit its nuclear programme in return for the lifting of economic sanctions. He then put in place what the White House called "the toughest sanctions regime ever imposed" - designed to compel Iran's leaders into a deal more to his liking.

Tehran refused to bend. The sanctions drove Iran's economy into severe recession, and by October 2019 the cost of food was up by 61% year-on-year and the price of tobacco by 80%. Suffering Iranians held widespread protests a month later.

While the coronavirus crisis has absorbed political attention in both hard-hit countries, their diplomatic channels remain few and their flashpoints numerous.